Crítica do Amer: Dragon Ball Z Infinite World

Dragon Ball Z Budokai 3 foi lançado em 2004 e era o game que todos os fãs da série esperavam há anos.

O visual era perfeito, a jogabilidade veloz, o elenco de personagens trazia mais gente do que podíamos esperar (nunca eu imaginei que ia poder jogar com Cooler e Bardock) e havia especiais que explodiam o cenário!!!

Especiais!!!

Que explodiam o cenário!!!

...

Pense nisso por alguns instantes.

Há uma espécie de prazer silencioso em soltar um ataque tão poderoso que exploda uma pequena parte do planeta no processo de atingir o inimigo.

Tudo isso é só pra lembrar que Budokai 3 foi e ainda é um dos melhores games da franquia do senhor Toriyama.

E Infinite World é somente uma versão temperada de Budokai 3. Por isso, ao mesmo tempo que é um bom jogo, é também decepcionante.

Sério, se DBZ Budokai 3 fosse um game de computador, Infinite World seria seu pacote de expansão, pois os acréscimos foram mínimos.

Ok, as mecânicas de luta não mudaram, o que é bom, a jogabilidade foi de fato simplificada, o que é ainda melhor. Em Budokai 3, para carregar a barra de KI era preciso segurar o botão de defesa e apertar o direcional duas vezes para trás, algo que não fazia o menor sentido, considerando o monte de botões que existe no joystick do PS2.

Aqui, finalmente temos um botão próprio para isso.

Fora isso, temos oito personagens novos, mas depois eu falo deles. Nos foquemos um pouco no modo Story.

Novamente, você tem de guiar Goku e seus amigos através das principais sagas do desenho animado: Enfrentando os Saya-Jins, Freeza, os Andróides e Cell, Majin Buu e os vilões de GT.

Encerrado tudo isso, você pode enfrentar os personagens exclusivos dos longa metragens e pronto.

O funcionamento do modo Story mudou em relação ao game anterior. Nele, você escolhia um personagem e o guiava voando em um enorme mapa em tempo real, enfrentando as batalhas na ordem que bem entendesse.

Aqui, o mapa mais parece um tabuleiro de WAR, com pontos específicos marcados e o jogador guia um bonequinhos do Goku através dos estágios, que podem ser mini-games ou batalhas contra os vilões da série.

Os mini-games são o principal diferencial deste para o game anterior, pois eles adicionam novos tipos de jogabilidade ao título.

Há corridas com checkpoints, sessões de tiro ao alvo, mapas enormes onde é preciso destruir máqiuinas espalhadas para no fim pegar uma Dragon Ball e por aí vai. Há mini-games específicos também, como tentar agarrar o Bubbles (o macaco do Senhor Kaioh, para vocês que diferente de mim tem uma vida e não decoram o nome de todos os personagens secundários dos desenhos).

Verdade seja dita, nem todos os mini-games são legais. Claro, correr atrás do Bubbles é divertido e meter bala e reproduzir a famosa cena em que Tenshinhan segurou o Cell pra Andróide 18 poder fugir é empolgante, mas o resto dos mini-games não se segura tão bem.

As corridas são irritantes e as fases com cenários onde se precisa encontrar os checkpoits são simplesmente chatas. Embora acrescentem novidades na jogabilidade, Budokai 3 funcionava melhor por se focar nas lutas e o mapa ser um mero meio de se chegar a elas.

E é preciso terminar o modo Story duas vezes, para se liberar todos os personagens. Na primeira vez que jogar, você só pode controlar o Goku e usá-lo nas lutas específicas em que ele tomou parte, enquanto na segunda outros cenários de batalha serão abertos e será possível jogar com os outros personagens em outras batalhas específicas e liberando o resto do elenco no processo.

E por falar em lutas, o jogo é um bocado desequilibrado.

Mas antes de dissertar sobre o desequilíbrio, quero falar sobre os personagens novos! São oito ao todo: Goku e Vegeta versão GT, Pan, Paikuhan, Janemba, Great Saiyaman 2, Super Baby e Super Andróide 17.

Ok, eu sempre sou a favor de ter a Pan nos jogos, uma vez que sou a única pessoa do planeta que gosta dela, mas sinceramente, estes personagens novos parecem ter sido simplesmente "copiados e colados" no jogo, pois não há nenhum refinamento nos mesmos.

Por exemplo, toda vez que utilizar um Ultimate Attack (aqueles especiais que DESTROEM O CENÁRIO) o jogador precisa passar por um mini-game de medição de forças onde tem que preencher uma barra. O jogador que deixar a barra mais cheia ganha a disputa e causa dano total com o poder ou se for quem está recebendo o Ultimate Attack, reduz o dano do golpe pela metade.

Com os personagens novos não rola este mini-game. Todos sempre causam dano total com seus Ultimate Attacks, o que pra mim é sinal de preguiça da produtora, que não quis criar duas animações diferentes para os U.A dos personagens novos.

Nem preciso dizer o quanto isso desequilibra a luta. Se Broly estiver lutando com a Pan e usar seu Ultimate Attack, a menina tem a chance de reduzir o dano do golpe pela metade, mas caso ela use seu U.A contra Broly, o pobre Saiyajin Lendário sempre receberá dano total.

E não é como se os Ultimate Attacks dos novos personagens fossem fracos. O do Super Andróide 17 é um tapa na orelha e causa um dano enorme. Saber que não há chance de defesa tira um pouco da graça da brincadeira.

Não bastasse isso, a dificuldade do modo Story é ridículamente alta.

Budokai 3 tinha uma dificuldade equilibrada. Alguns oponentes (como Broly e Majin Buu) eram extremamente trabalhosos, mas podiam ser derrotados caso o jogador fosse prudente. Aqui, mesmo jogando no Very Easy, o computador vencerá pelo menos metade das lutas de formas inacreditáveis, como aplicando três combos seguidos, tonteano seu personagem e usando um Ultimate Attack a seguir, só pra colocar sal na ferida.

O único jeito de melhorar as coisas pro seu lado, é ir até a loja de cápsulas, comprar golpes novos, itens de cura e tralhas que aumente a defesa e o ataque, equipar tudo e esperar o melhor.

Claro, equipar cápsulas com habilidades sempre foi um dos chamarizes da série Budokai, mas nunca foi obrigatório. Um jogador habilidoso podia se virar tendo apenas os golpes e transformações básicas equipadas, mas aqui... isso não chega nem perto de ser o suficiente.

E quando você ganha por muito pouco a primeira luta contra o Raditz, é porque tem algo errado com o game.

Ah sim, removeram coisas neste game!!!

Alguns personagens presentes em Budokai 3 foram limados: Kid Goku, Cell Jr, Uub e Kaiohshin (o supremo Senhor Kaioh).

Tá certo que eu não jogava com Cell Jr, mas não há razão para personagens serem cortados. Não é como se um DVD não tivesse espaço para alocar dois membros a mais do elenco.

E plus, alguns Ultimate Attacks foram removidos. Vegeta não tem mais a (animalesca) animação do Final Flash e o Makankousanpou (aquele disparo em espiral) de Piccolo foi reduzido a um ataque normal.

Então, para cada duas coisas novas que ganhamos, perdemos três.

Você deve estar pensando então que este game é uma batida de trem, pois até agora eu só o critiquei.

Na verdade não, é um bom jogo apesar de tudo. O problema é que deixou um pouco a desejar, porque Budokai 3 foi perfeito demais, e após a perfeição, qualquer coisa menos acaba sendo decepcionante.

Mas sejamos justos, DBZ IW é aquilo que eu chamo de "game de baixo orçamento."

Pegaram Budokai 3, acrescentaram algumas coisas novas e colocaram à venda pela metade do preço. Custou barato pra ser produzido e assim sendo é vendido barato, gerando lucro pra empresa de qualquer forma.

Levando isto em consideração, Infinite World não é um jogo ruim, afinal não foi produzido com um orçamento que faria Stan Lee corar.

E se pensarmos em todas as formas sujas que a empresa poderiam ter usado para faturar grana em cima dos incautos, esta aqui não é das piores.

DBZ IW não é o melhor game da franquia, mas com certeza supera de longe Burst Limit.

E pense por um instante que eu estou dizendo que um game do PS2 deixa um de Xbox 360 e Ps3 no chinelo.

Pois é.

Se você curte Dragon Ball Z e pode sobreviver aos percalços apontados, este game é uma boa adição à sua coleção. E sinceramente, considerando os poucos games decentes de Ps2 que tem sido lançados, não é como se tivessemos muita opção, certo?

...

E eu fiquei feliz em ter a Pan, mas custa fazerem um Budokai em que possamos jogar com todos os membros das Forças Especiais Ginyu? Estamos em 2008, pelo amor de Deus! A ausência deles é indesculpável!!!

Cheers!!!