quarta-feira, 31 de março de 2010

Crítica do Amer: Dead Dance


Como alguns de vocês talvez já saibam, recentemente comprei uma estante e comecei a rearranjar a mobília do meu quarto.

Não apenas a mobília, mas como pela primeira vez em anos eu tenho lugar para guardar (quase) todas as tralhas que possuo, precisei mover meus consoles, Transformers, livros e cartuchos dos lugares onde antes estavam guardados para a nova peça de mobília do cômodo.

Foi assim que encontrei muitos jogos que nem lembrava ter, como Wing Commander, Muscle Bomber, Populous e Power Athlete.

Embora eu não tenha conseguido encontrar meu cartucho de Super Empire Strikes Back.

Mas enfim, entre meus achados estava um game de luta do Super Nes que eu simplesmente adorava na juventude, Dead Dance, que nasceu durante o boom de cópias de Street Fighter II que infestavam o 16 Bits da Nintendo.

Naqueles tempos, jogávamos qualquer coisa que colocasse dois lutadores um contra o outro, mas conforme o tempo passou, nos tornamos mais exigentes (ou ficamos de saco cheio do gênero de luta) e muitos dos games que amávamos provavam não serem capazes de sobreviver à prova do tempo.

Dead Dance sobreviveria a tal teste? É o que vamos descobrir!!!


Pois bem, a história se passa em um futuro pós-apocalíptico (sim, mais um), onde o mundo foi destruído por uma causa não especificada. Eu aposto em guerra nuclear, sempre é guerra nuclear.


Enfim, neste mundo, apenas os fortes sobrevivem e as pessoas estão sempre lutando para decidir qual delas é... a mais forte e vai... sobreviver...

É... pois é...

Um belo dia, um sujeito enorme chamado Jado (Jade na versão Americana) encontrou uma armadura que lhe deu PODERES, e com eles saiu socando todo mundo até se tornar o regente do planeta.

Como o senhor de um mundo apocalíptico vai ter muita gente querendo usurpar seu poder e ainda mais gente tentando lhe vender planos de internet, Jado construiu uma torre e colocou seis estereótipos de lutadores para defender cada um dos andares. Muitos tentaram escalar a torre, mas morreram no caminho.

Então, surgem quatro guerreiros mais determinados que a média, prontos para enfrentar todos ao guardas de Jado, chutar a bunda do vilão e... tomar o mundo para si... libertá-lo... ou seja lá o que pretendem fazer uma vez vitoriosos.

Definitivamente, o enredo não é nem um pouco inspirado. Parece que os produtores leram Hokuto no Ken, assistiram Gladiadores do Futuro (filme de treta com Rutger Hauer), misturaram tudo e deram seu trabalho como terminado.

Agora, quando me referi aos personagens do game como estereótipos, eu não estava brincando. Syoh é o Ryu de camiseta, calça jeans e ombreiras, Kotono é a obrigatória adolescente oriental com peitos tão grandes que deveriam prejudicar seu equilíbrio, Beans é um punk Nova Yorquino, Dolf é um militar da Líbia que sempre carrega uma bazuca consigo (sim, porque todo árabe tem nome Europeu e é belicista), Rei é a japonesinha andrógina que só existe para confundir a percepção dos adolescentes e por aí vai.

Mas esse amontoado de clichês funciona muito bem, de uma forma cômica, claro. A criação do elenco foi tão pouco inspirada que ele involuntariamente se tornou cômico.

Isso ficará claro quando você presenciar uma japonesinha descomunalmente peituda disparando adagas em um lutador profissional que ainda veste suas roupas de ringue (com máscara e tudo mais) após o apocalipse nuclear.

Aliás, ao longo do modo Story, os lutadores conversam um com o outro para dar maior profundidade a “história” do jogo. Os diálogos normalmente seguem o rumo de “Derrotarei Jado... a qualquer custo!” ou “Sua força não é o bastante para me derrotar", o típico papo de Anime que cansamos de ver em Naruto, Cavaleiros do Zodíaco e muitos mais.

Os diálogos entre as lutas foram removidos da versão Americana e não fizeram falta alguma, o que prova a competência com o qual foram escritos.

As vezes, os censores Americanos acertam.


Os gráficos são bons, bastante coloridos, com personagens bem desenhados, embora não muito grandes.


A animação por outro lado é inconsistente, alguns movimentos possuem um bom número de frames e outros tem bem menos. Não é um problema capaz de aleijar o jogo, mas pode incomodar gamers com olho clínico para tais detalhes.

Os cenários não são exatamente inspirados, mas alguns deles possuem bons efeitos que deixam as coisas um pouco menos paradas. O cenário de Beans possui uma perpétua nuvem de poeira atravessando a tela, enquanto Dolf luta em um silo, onde mísseis lentamente surgem ao fundo no início da batalha.

Como um silo de mísseis fica no segundo andar de uma torre é uma boa pergunta, mas deixemos isso de lado por enquanto.

Um dos detalhes mais criativos do jogo é que após perder uma certa quantidade de energia, os lutadores ficam com o rosto ensangüentado. Claro que isso não vai conseguir mais do que uma interjeição sarcástica dos jogadores atuais, tão acostumados a serrar Locusts ao meio, mas para a década de 1990, era bem legal.

O sangue foi removido da versão Americana, porque todas as crianças dos Estados Unidos aparentemente são como o Quico e desmaiam ao ver hemoglobinas.

FRACAS!!!

Outro detalhe legal é que conforme se avança no modo Story, os ataques dos protagonistas ganham novos gráficos e parecem se tornar mais poderosos. Syoh dispara projéteis parecidos com um Hadouken no início e próximo ao final, seus projéteis assemelham-se a um dragão, enquanto Kotono começa o jogo arremessando adagas e no final, dispara projéteis parecidos com mini ogivas de energia.

É bem legal jogar do começo ao fim para ver como seus ataques evoluem ao longo da história.

O som é... ruim.

Quero dizer... RUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUIM.

Com exceção de duas ou três músicas, a trilha sonora é muito mal composta. Não é nem que as canções sejam chatas, elas são irritantes mesmo, do tipo que faz valer a pena tirar o som na hora de jogar. Pior ainda, elas são mal executadas, boa parte do áudio do game soa como um concerto de flautas de plástico tocado por crianças sem a menor aptidão musical e com tremenda má vontade, pois os pais as obrigaram a fazer isso.

Os efeitos sonoros dos ataques não são nem um pouco empolgantes. Eles não transmitem força nos impactos, mais soam como estagiários de um escritório socando um saco de batatas na hora do almoço.

O game também tem algumas vozes digitalizadas, mas são muito abafadas. Todos os lutadores parecem falar de dentro de um saco de compras.

Entendo que este é um game em formato cartucho, mas tenha dó! O Super Nintendo é capaz de fazer muito melhor que isso no departamento sonoro, os programadores deste game queriam sair mais cedo do trabalho e não deram a mínima para o que estavam fazendo.

Tudo bem, todos já fizemos isso vez ou outra, mas puxa vida, viu!


A jogabilidade é o que podemos esperar de um game do gênero: personagens com movimentos e estilos similares ao que já cansamos de ver no meio se enfrentam e só poder haver um... de pé ao final da batalha.


Como bom clone de Street Fighter, seus lutadores principais possuem ataques muito familiares e que facilitam a identificação com os mesmos. Syoh e Zazi são Ryu e Ken, Vortz é um Zangief mais fácil de se usar e Kotono tem os golpes de carregar ao estilo Guile e é a mais indicada para contra ataques, ao contrário do que sua aparência possa indicar.

Diga-se de passagem, Dead Dance não é um game que prioriza a capacidade estratégica dos jogadores, mas seus reflexos. Mesmo na menor dificuldade, as batalhas com o computador são bastante intensas, a máquina tenta evitar e contra atacar seus movimentos o melhor que pode e sua única maneira de vencer é tentar fazer o mesmo.

Curiosamente, conforme se avança no modo Story e os poderes de seu personagem aumentam, as lutas se tornam mais fáceis. Embora aparentemente os movimentos continuem causando o mesmo dano, seu campo de ação aumenta consideravelmente com o visual novo e facilitam a tarefa de atingir os inimigos.

Ou seja, o último chefe é mais fácil que o primeiro oponente. Paradoxal, não?

A longevidade do modo Story se baseia em ver o final dos quatro heróis, mas diferente de Street Fighter, onde um jogador habilidoso pode usar razoavelmente bem qualquer lutador, aqui é preciso rebolar pra se aprender a usar todos.

Aliás, uma vez que só é possível utilizar quatro lutadores neste modo (três, se considerarmos que Syoh e Zazi são iguais), dá pra ficar de saco cheio dele rapidinho.

Dead Dance possui os modos Vs CPU e 1P VS 2P, que eu acredito, dispensam maiores explicações. Com truques, é possível jogar com os chefes, mas mesmo sendo bastante variados entre eles, não possuem muitos movimentos e não aumentam a diversão, no máximo, acrescentam alguma variedade as partidas.

Não que isso ajude a essa altura.

Finalmente, é possível assistir a um replay dos últimos momentos da luta assim que ela acabar. Não é muito útil, mas serve pra infernizar seus amigos sempre que os vencer e quiser mostrar a eles os erros que cometeram.


Dead Dance não é o game de luta mais brilhante ou bem planejado de todos os tempos, mas tem algumas boas idéias. Todas são soterradas por uma avalanche de péssimas execuções, mas mesmo assim valem a pena ser vistas.


Um detalhe curioso deste game, é que quando foi lançado nos Estados Unidos, teve seu nome alterado, de modo a ficar mais “descolado” para agradar a juventude americana e seus dialetos de rua.

O nome gringo é: Hey Punk! Are You Tuff E Nuff?

...

Pois é...

...

Malditos punks...

Cheers!!!

18 comentários:

Scariel disse...

Só joguei esse no emulador.As duas coisas que me impressionaram foram as cara ensaguentadas e o replay das lutas.Pra mim só o futebol tinha replay na epóca do SNES...
Tomei um susto com essa capa xD
Toda vez que eu arrumo meu armário eu lembro do Indiana Jones,por algum motivo...

== ADR == disse...

Muito legal esse blog, já venho acompanhando ele a um certo tempo.

sobre o jogo, acabei de experimentar, e até que não é ruim não! da pra joga um por um tempo. também achei legal o replay controlável.

Marcelo Maciel disse...

Posso estar sendo injusto, mas não consigo me lembrar de um game BOM MESMO da Jaleco...

Darker disse...

Queria parabeniza-lo amer, você realmente é muito bom no que faz e estou virando um grande fã seu, queria dizer também que quero fazer reviews de jogos e fiz até um mini review nas pressas mas fiz, se puder me dar uns toques XD
www.rodrigodarker.blogspot.com

Avalanche(Lance) disse...

EU joguei esse jogo por 10 minutos...


Mas sempre curti esse lance dos personagens se arrebentarem conforme apanham, no AoF aontece isso também, não?

Amer H disse...

Sim, Art of Fighting foi o game que iniciou isso. Dead Dance não tem rostos inchados e hematomas, mas sangue no Super NES era tão raro que Dead Dance merece um abraço por isso.

Rodrigo disse...

Apenas uma coisa a dizer. Ryoh é o Kenshiro de camiseta vermelha... Alguem que leu o mangá vai negar?

Kabral disse...

CARALHO, nunca imaginei ver um review desse jogo obscuro e esquecido, o qual me divertiu muitíssimo nos meus 12, 13 anos, no SNES. Hoje, 17 anos depois, tenho medo de jogar no emulador e arruinar minhas boas lembranças! LoLoLoL

Pyro_DarkNicto disse...

Depois de estraçalhar tanto o jogo, um 6.5 é muito, Amer...
@Rodrigo, sabe que eu pensei a mesma coisa quando vi a imagem? hahahaha

Zigga disse...

Santa Miracema do Norte, nunca tinha ouvido falar desse jogo... Nem no Bauru de Jogos tem. Desenterrou essa, hein?

E eu tou ficando doida ou o tal do Beans parece uma drag queen performática?

Amer H disse...

O Beans parece muitas coisas, menos um punk... apesar do que sua descrição dentro do jogo diz.

Malditos punks...

E apesar de seus defeitos e imbecilidade, Dead Dance é razoavelmente jogável. Não é ruim como Predator para o Nes, se querem saber.

Kabral disse...

Predator de SNES nunca existiu - afinal, sonhos ruins existem apenas nas imaginações ruins que ocasionalmente temos. LOL


Pô, eu curti Dead Dance na época! Só não tenho coragem de jogar agora. :D

Joao disse...

bom,esse jogo pra mim é muito importante pq foi a primeira "fita" minha do SNES,em vez de vir o super mario,veio essa,entao vcs ja devem imaginar q eu tenho um certo amor por esse jogo.Enfim,recomendo para um fim de tarde de domingo,com suas musicas q ADORO e seus cenários,
pq tem o seu valor apesar de ser tachado de cópia de SFII...

Ðoug ॐ disse...

Jaleco tem vários games bons para aquela época. Dead Dance pra mim foi infinitamente superior a Street Fighter. Outra obra prima de Snes produzida pela Jaleco foi a série Rushin Beat =)

Joao disse...

eu adoro esse jogo porque fez parte da minha infância e tbm ele tem umas características que gosto,como as músicas...SF não tem nada de mais senão a história...

Devil Inside disse...

Gente, pensei que só eu lembrava deste jogo! Aliás, dia desses eu procurei o tema da Rei na internet - esse tema é muito bacana.

E achei no youtube!

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

vou dar uma chance a esse jogo. eu apenas oguei uma vez na locadora e num gostei

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

vou dar uma chance a esse jogo. eu apenas oguei uma vez na locadora e num gostei