Na época do Xbox original, Peter Molineux, criador de Populous e Black & White, anunciou que estava trabalhando em um game chamado "Project Ego", que seria de acordo com suas palavras, o game com jogabilidade mais aberta de todos os tempos.
Nele poderiamos lutar contra o mal, casar e constituir família, ter relações extra-conjugais se assim desejássemos, comprar todos os imóveis que quiséssemos, virar padres, abandonar a civilização e viver como bandidos na floresta ou nos tornarmos o mal supremo que aterrorizaria o mundo de Albion.
O céu seria o limite!!!
O game então foi lançado (já devidamente rebatizado de Fable) e uma comunidade de jogadores ansiosos colocou as mãos no título, esperando um mundo de possibilidades.
Eu e meu melhor amigo estávamos entre estas pessoas, por sinal.
E então... veio a decepção inevitável.
Fable era de fato mais aberto que a maioria dos games, mas não chegava nem perto do que Molyneux havia prometido. O game era um Action RPG com uma história incrivelmente genérica: sua família foi morta e você deve se tornar um herói para se vingar.
E é isso.
Existiam quests opcionais, seu personagem podia se casar e comprar todas as casas de Albion e era possível se cobrir de tatuagens e virar o cara mais mau de todo o mundo.
Mas nada disso fazia diferença. Fosse o maior herói ou o pior vilão do planeta, sua missão ainda seria completar a mesma jornada genérica e sem profundidade de buscar vingança.
Fable não era um game ruim, mas era decepcionante considerando tudo que Molyneux havia prometido.
Era como se alguém prometesse te levar um bolo de chocolate com recheio de pasta de amendoim e com cerejas na cobertura de brigadeiro... e levasse um simples bolo de chocolate sem cobertura ou recheio.
Seria um bolo gostoso de qualquer forma, mas não como esperávamos que fosse.
Ok, temos o Xbox 360 hoje em dia. Molyneux prometeu Fable II e que tudo que não pudemos fazer no game original, seria possível agora.
Ele cumpriu?
Resposta curta: Não.
Vamos agora para a resposta longa.
Fable II tem muito mais opções do que o game original. Para começar, podemos jogar com uma mulher, opção ausente no game original e que sinceramente me fez muita falta.
E seu herói (ou heroína) agora tem um cachorro.
Ok, vou deixar isso bem claro desde já: seu cachorro é a melhor coisa deste jogo. Ele está sempre ao seu lado, corre junto de você, encontra baús de tesouro pelo cenário, lhe mostra locais onde há coisas enterradas e é sua companhia mais constante ao logo do game.
Ele dificilmente vai lhe ajudar durante as batalhas, mas mesmo assim, é difícil não se afeiçoar a ele. Você pode elogiar seu desempenho, dar bronca nele, brincar com ele e lhe ensinar truques. E o melhor de tudo é que ele não pode ser morto pelos inimigos, vez ou outra ele aparece mancando depois de uma grande luta, mas é só para mexer com nossas emoções.
Eu juro, você vai acabar arranjando encrenca em alguma cidade, porque algum cretino vai chutar o cachorro sem motivo e você não vai conseguir evitar de matá-lo.
Enfim, falemos um pouco da história agora.
A quest principal é extremamente curta e pode ser concluída em pouco mais de seis horas, caso seja jogada direto.
Seu personagem começa como uma criança que mora com a irmã nas ruas de uma grande cidade e que um dia compra uma caixa de música mágica. Após abrir a caixa, o herói e sua irmã são levados até a mansão do cara mais rico do lugar, que prontamente mata ambos.
Claro, seu personagem sobrevive e descobre que é um dos quatro heróis destinados a impedir o tal milionário de dominar o mundo. Seu trabalho é encontrar os outros três.
Tal roteiro não ganha nenhum prêmio por originalidade, claro, mas é um pouco mais elaborado do que o "sua família morreu e você deve se vingar" do título anterior.
E os três heróis que devem ser encontrados se mostram personagens mais bem construidos e carismáticos que qualquer um dos coadjuvantes do game anterior.
Eu pessoalmente gostei de Hammer, uma ruiva gigantesca que cresceu entre os monges e carrega um martelo de guerra para onde quer que vá.
Falando em mulheres enormes que carregam martelos de guerra, é possível evoluir seu personagem de formas diferentes.
Uma das características de Fable é a possibilidade de evoluir seu personagem da forma que achar mais adequada.
Se quiser, pode transformá-lo em uma versão ultra-anabolizada do Conan ou em um arqueiro melhor que Robin Hood ou um feiticeiro mais poderoso que o Gandalf.
Infelizmente, o sistema de evolução não é equilibrado o suficiente. Não dá pra fazer o herói usar exclusivamente magias, pois elas são muito fracas no começo do game e é preciso usar de força física para enfrentar os oponentes no começo.
Provavelmente, você vai começar o jogo enfiando a porrada em todo mundo e quando tiver acumulado experiência o bastante para comprar as magias mais poderosas, irá recorrer unicamente a elas para liquidar os inimigos.
E dificilmente você vai usar as habilidades de destreza e tiro, pois verdade seja dita... não servem pra muita coisa.
Pra ser honesto, muitas coisas neste game não servem pra praticamente nada.
Novamente, você pode casar, mas isso não influi em nada no jogo, a menos que case com duas pessoas em cidades diferentes, o que vai gerar uma quest referente a isso. É possível ter filhos também, mas novamente, isso não faz a menor diferença em termos de jogo.
Sua família fica na sua casa, esperando pacientemente enquanto você viaja em aventuras e tudo que você precisa fazer é voltar de vez em quando para brincar com seu filho e transar com seu cônjuge para que ambos fiquem felizes.
Aliás, dinheiro também é uma questão importante aqui. Não é possível ganhar grana matando monstros (a menos que receba uma quest para fazer isso), então é preciso trabalhar.
Você pode descolar emprego de barman, ferreiro, fazendeiro e após algum tempo juntar grana o suficiente para comprar um imóvel. Então pode colocar o mesmo para locação e receber uma quantia fixa de dinheiro a cada cinco minutos de tempo real.
A parte de comprar imóveis é bacana, mas conseguir dinheiro no início do game é um saco. Trabalhar dá uma boa grana, é verdade, mas demora muito e se torna horrivelmente tedioso depois de um tempo.
Claro, você pode comprar duas ou três casas, colocá-las para locação e receber por isso. E uma vez que você ganha dinheiro mesmo que não esteja jogando, pode desligar o console e adiantar o relógio interno em um ano, recebendo assim uma verdadeira fortuna por praticamente nenhum esforço.
De fato, fazendo uso esta tática, você terá mais dinheiro do que poderá gastar algo que eu tenho certeza que os programadores não previram.
Pois bem, Molyneux prometeu mundos e fundos e não cumpriu. Mas sinceramente, considerando a decepção que o primeiro Fable acabou sendo, já era de se esperar que o segundo seguisse o mesmo caminho.
Se você quer um game onde suas decisões realmente tenham importância, eu recomendo Fallout 3. Mas caso não ligue para histórias genéricas e pessoas feias, jogue Fable II que pode lhe agradar.
Sim, pessoas feias... Fable II é cheio delas! Nunca ví uma população de mundo de games tão feia quanto esta! As pessoas mais bonitas são a irmã de seu personagem e as prostitutas das cidades.
Sem brincadeira, os maiores exemplos de beleza são as prostitutas.
E eu poderia usar isso para fazer uma referência às experiências pessoais de Molyneux, mas prefiro não descer tanto assim.
...
Hoje...
Cheers!!!
7 comentários:
Primeiro, gostaria de dizer que acho as suas matérias ótimas e gostaria de saber de uma coisa....pq você não fala tanto de 64???
Porra, foi um ótimo video-game, passei anos jogando ele desde 2001 até maio desse ano se não me engano, já joguei uma infinidade de jogos dele. Eu gostaria de pedir algo sobre body harvest que foi um dos primeiros jogos que eu pude pegar um veiculo e matar vários aliens, nele você achava ate moto. Tem tb Zelda, mas o melhor é ocarina of time, os 007, Mario Kart, Chromnicles os Aydin( acho que se chama assim, e to com preguiça de mais pra procurar no google.), Tem aquele que é mo legal que você está preso numa nave e você é um chip que pode entrar nos animais, tem turok, Star Fox 64, porra, posso passar o dia inteiro aqui falando. Só não gosto do jogo do banjo 2, foi uma merda na minha opnião.
Mas se não quiser falar o blog é seu e eu respeito isso, não vou ficar criticando seus post, dizendo que está errada sua lista de mega-drive, porque eu estou lendo que por vontade própria.
O único motivo para eu não falar de Nintendo 64 é que eu não tive um.
Tampouco encontrei um emulador decente do mesmo.
Mas assim que eu comprar um, ou descolar um emulador, farei reviews de jogos dele aqui.
Cheers!
Amer, q tal um review do God of War 2?
Eu ia adorar.
E sobre o post de hoje, esse cara prometeu um mundo e deu um pais.
Eu até que gostei do primeiro Fable, apesar de não ser o que o Peter prometeu.
Mas seja sincero, alguém AINDA leva a sério o que tal produtor de game fala? Eu levaria a sério somente se o Kojima falasse que iria criar um Fable da vida. Aí sim, podíamos esperar algo realmente grande.
Não, não sou um fanboy do ps3, apenas convenhamos, não conheço games ruins desse cara.
E sinceramente, todos sabemos que um game da magnitude que o peter sempre promete não será possível tão cedo, graças a atual tecnologia dos consoles. Quem sabe na próxima geração, ou na outra...
ahuauuha isso me lembra o Septera Core que as prostitutas eram sarcedotizas de uma deusa[:P]
aliás esse jogo ia ser legal ter uma refilmagem como rpg de ação.
Estava muito curioso para ver o seu review dessa jogo...
na minha opinião é um dos jogos mais overrated da história.
Quando comecei a jogar parecia que estava jogando o primeiro jogo da série....
Crap!!!!!!
Alias outra sugestão para jogos onde sua escolha influência a história..é o The Witcher, pra mim um dos melhores action-rpg já feitos...
E finalizando...não perca seu tempo com o N64...todos sabemos que isso foi um erro...e todos os jogos que valem a pena já foram lançados para outros consoles....bom tirando Golden Eye :)
Bela análise Amer. Pior que já tive esse jogo no meu X360 há muitas luas atrás, mas joguei apenas por uns 10 minutos e larguei mão. Quem sabe um dia de um chance a série?
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