Crítica do Amer: Kid Chameleon

Uma coisa que se mantém constante sempre que vejo uma lista de melhores games do Mega Drive, é que Kid Chameleon sempre tem uma posição na mesma. talvez não entre os cinco primeiros, mas sempre está lá.

Quando eu fiz a minha lista de melhores games do Mega Drive, acredito que fui um dos poucos no planeta que não colocou Kid Chameleon. De fato, não o coloquei sequer entre as menções honrosas.

E por que? Porque eu odiava este game!!!

Você pode achar que é uma atitude pouco profissional, afinal eu trabalho com jornalismo de games. Mas vou te dizer uma coisa, mesmo quem está dentro da indústria tem o direito de abominar um game ou outro.

Mesmo assim, muita gente me pediu pra escrever a respeito de Kid Chameleon e bom, decidi jogar este título que odiei por dezesseis anos somente para fazer um review.

E fiz isso porque gosto muito de vocês!

Portanto, da próxima vez que me vir, me dê um grande abraço, ou pelo menos não arremesse pedras em mim...

Muito bem, vamos ao game.

Kid Chameleon foi lançado em 1992, uma época em que realidade virtual era o assunto do momento. Todos acreditavam que ela seria o futuro do entretenimento e que em 2010, todos teriam equipamentos de RV em casa e bastaria colocar um capacete para que uma Daryl Hannah virtual aparecesse e realizasse todas as nossas fantasias.

Estamos em 2008 e nada de Daryl Hannah virtual...

E pra ser muito sincero, eu ia preferir uma Halle Berry ou uma Lucy Liu virtual, muito obrigado.

Mas de qualquer forma, realidade virtual era o assunto do momento e aqui não era diferente. Em Kid Chameleon, um fliperama de realidade virtual criou inteligência própria e começou a engolir pessoas.

Mais ou menos isso...

E então, a única pessoa capaz de salvar todas as vítimas era o Kevin Arnold do Futuro!!!!!!!!!!

...

Diabos, olhe a maldita imagem acima e verá que o herói parece um Kevin Arnold vestido como um Terminator!!!

Mas por mais cool que este garoto pudesse ser em 1992, ele sozinho não seria capaz de enfrentar hordas e mais hordas de vilões e é aí que entravam em cena suas máscaras do poder!!!

O game tem dois chamarizes, um deles é a possibilidade de se mudar de forma e ter novos poderes ao longo da história e o outro é o número burlesco de fases.

Das fases eu falo depois, vamos nos concentrar nas máscaras por enquanto.

Conforme avança, nosso herói de brilhantina no cabelo encontra diversas máscaras dentro de cubos espalhados pela fase e cada uma lhe dá uma habilidade diferente.

A de Samurai lhe permite atacar com a Katana e aumenta ligeiramente a altura de seu pulo, a máscara de hockey lhe transforma num sósia do Jason que arremessa machados, a de rinoceronte (que se eu bem me lembro se chamava "Berserker") lhe permite derrubar paredes na base da cabeçada e dá pra virar um tanque de guerra... que mal consegue se locomover pela fase e que é um alvo fácil para todos os inimigos...

É... nem todas as transformações eram úteis...

O negócio é que em sua forma normal, Kid Chameleon é mais frágil que um brinquedo novo nas mãos de uma criança pequena, então é preciso usar as máscaras e seus poderes diferentes ao longo das fases para aumentar suas chances de sobrevivência.

Em alguns momentos, você acaba trocando de poderes três vezes seguidas em questão de segundos para atravessar obstáculos específicos muito próximos uns dos outros.

Essa esbórnia de poderes dá variedade ao jogo. Por mais que você goste de ser um Jason, em algum momento terá de virar um rinoceronte para derrubar algumas paredes e terá de se contentar em terminar a fase assim, pois não encontrará mais máscaras de hockey antes de chegar ao objetivo.

Por falar em fases, este game tem muitas.

MUITAS!!!

Não sei o número total de fases, mas reza a lenda que haviam mais de 100 ao longo do game. E este cartucho não tinha saves ou passwords, portanto acho que muita gente chegou a terminar para poder me confirmar.

Eis um dos fatores que me fez odiar este game por tanto tempo, como se espera que um garoto de doze anos vá ter paciência de terminar uma coisa dessas?

Mas hoje em dia existem savestates nos emuladores e na versão deste game que saiu na Sega Genesis Collection de Ps2 e PSP.

Mas posso definir que os maiores problemas de Kid Chameleon são dois.

Primeiro, o design de fases é caótico. os estágios nunca se repetem e isso acrescenta mais variedade ainda ao jogo, mas é muito fácil se perder pelo cenário e não saber pra onde diabos é preciso ir.

Há teleportes ao longo dos cenários que acabam lançando seu personagem para outras fases, o que torna tudo ainda mais confuso. A única forma de se terminar algumas fases é avançar e prestar atenção se os cenários de fundo não estão se repetindo, pois se não fizer assim, você vai acabar perdido e morrerá quando o tempo acabar.

O segundo grande problema é sua dificuldade brutal. Algumas fases são incrivelmente sádicas e parecem ter sido feitas para lhe matar.

Uma delas tem uma grande parede de brocas avançando em sua direção e é preciso fugir dela e atravessar um oceano de obstáculos e inimigos no caminho, sem contar que se não prestar atenção, vai errar a plataforma final onde está o ponto de chegada do final da fase.

Sem brincadeira, eu tive de refazer esta mesma fase mais de dez vezes ontem e só passei dela por causa dos savestates que me permitiam recomeçar do ponto mais próximo de onde havia morrido. Houve um momento que eu estava achando graça da dificuldade burlesca e me perguntando quantos adolescentes enfurecidos comeram seus joysticks por causa da frustração.

Não apenas aí, mas há muitas fases que se esforçam um bocado para te matar. A dificuldade dá um salto dramático a partir de um trecho e só aqueles que são REALMENTE insistentes vão ter a fortitude intestinal de chegar ao fim do game.

Após tudo isso, minha opinião sobre Kid Chameleon mudou?

Bem... sim.

É um game bastante variado e divertido. A dificuldade Dantesca da coisa é meio brochante pra mim, mas sei que algumas pessoas começam a salivar com o prospecto de um título infernalmente difícil.

Considerando tudo, é um bom game e merece ser jogado caso você curta side-scrollers do passado.

Mas ainda assim, não acho que merece entrar no meu Top 20 de games do Mega Drive.

Cheers!!!