Crítica do Amer: WWE All-Stars

Recentemente, Edge, um dos lutadores mais importantes da WWE se aposentou.

Coisa de uma década atrás, ele quebrou o pescoço e teve de passar por cirurgias reconstrutivas em que placas de metal foram colocadas para substituir os ossos danificados. Mesmo após a cirurgia, ele levou chutes, socos e cadeiradas na cabeça, caiu do alto de escadas e foi arremessado através de mesas em uma base quase diária.

No dia da aposentadoria de Edge, um amigo meu disse sabiamente: “Edge lutou por quase dez anos com um pescoço quebrado e as pessoas vem me falar de contusão do Ronaldo?”

E eu concordo, acho que poucos atletas conseguem ser tão insuportavelmente durões quanto lutadores profissionais. E acredito que muitos compartilham de nossa opinião, pois fãs de luta livre profissional pipocam pelo Brasil todos os dias, mesmo que a WWE não seja exibida de uma forma decente por aqui.

Mesmo assim, não é todo mundo que curte os games da série Smackdown vs Raw. Eles são simuladores esportivos e como qualquer título do estilo, são tremendamente complicados para qualquer um que não tenha acompanhado seu desenvolvimento ao longo dos anos.

Felizmente para estes fãs, surgiu WWE All-Stars, que se distancia do realismo dos outros games e capitaliza no estilo cartunesco que é tão inerente a luta livre profissional. Mas o resultado final é um sucesso, ou uma bagunça tão incompreensível quanto uma promo do Ultimate Warrior?

É o que vamos descobrir!

WAAAAAAARRIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRR!!!

WWE All-Stars funciona como um grande encontro entre as lendas da luta livre do passado e as do presente. O elenco traz 30 lutadores, icones como Hulk Hogan, Macho Man Randy Savage e Andre o Gigante dividem o ringue com astros do presente, dentre eles Sheamus, Kofi Kingston e John Morrison, além de lendas que ainda dão duro no ringue, como Triple H, Kane e Undertaker.

Além destes inúmeros lutadores já estão disponíveis para download, como Honky Tonk Man, Dusty e Cody Rhodes, e Ted Dibiase pai e filho. Muitos lutadores mais logo serão liberados, se você gosta de conteúdo extra em seus games, este tem tudo para mantê-lo feliz por meses.

Sendo um game esportivo (sim, eu chame luta livre de esporte, não me encham o saco) WWE All-Stars não tem um enredo. O mais próximo disso é o modo Path of the Champion, onde é preciso enfrentar uma avalanche de lutadores para então derrotar Undertaker, Randy Orton ou D-X, e conquistar um dos títulos da WWE.

Muito bem, já que resolvemos isso, falemos da parte técnica.

OOOOOHHHHHH YEEEEEEEEEEEEAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!

WWE All-Stars segue um estilo visual bem único. Enquanto a série Smackdown vs Raw tenta recriar os lutadores detalhadamente até a última marca de Acne possível, WWE All-Stars segue um padrão totalmente cartunesco, com lutadores que parecem mais figuras de ação que qualquer coisa. Todos aqui são IMENSOS, com músculos gigantescos, queixos tão enormes que podem ser usados pra quebrar pedras e desproporções magníficas em seus corpos.

Mesmo todos sendo caricaturas, não há uma ridicularização dos atletas. As características que eles já possuem na vida real foram exageradas, de forma cômica, porém respeitosa. Eu ODEIO caricaturas, mas gostei muito do trabalho que aqui foi realizado, acho que isso já diz um bocado.

A animação dos personagens é bastante fluida e não deve nada aos títulos mais realistas da WWE, suas respectivas técnicas e ataques também estão representados aqui, mas de forma muito mais vitaminada. Socos parecem capazes de abrir furos na parede, lutadores arremessados voam muitos metros antes de cairem e ondas de choque se espalham toda vez que alguem atinge a lona.

Isso pra não falar dos efeitos de luz que acompanham os movimentos dos lutadores sempre que um golpe especial é utilizado. Todos estes exageros tornam os ataques especiais muito satisfatórios, é um prazer raro arremessar um homem sete metros no ar e causar um tremos de terra quando ele finalmente cai.

O audio é muito bom também, com efeitos sonoros que se aplicam bem a ação. A trilha musical é composta basicamente dos temas dos lutadores, sem os rocks genéricos que acompanharam muitos games da WWE no passado.

A narração fica a cargo dos veteranos Jim Ross e Jerry “The King” Lawler, que fazem um bom trabalho, mas que gravaram poucas frases para o jogo. Como resultado, suas locuções começam a se repetir após pouco tempo de luta.

Não há muito mais atuações dos lutadores, exceto no modo Path of Champions, através das promos de Undertaker, Randy Orton, Triple H e Shawn Michaels. Eles fazem um bom serviço, mas definitivamente não trazem a energia das apresentações na televisão em suas vozes. Verdade seja dita no entanto, um estúdio de gravação é um ambiente bem diferente de uma arena com 4 mil fãs enlouquecidos e com certeza não dá a mesma empolgação.

Há inumeros videos também, montados com cenas de mais de 30 anos de WWE. Promos do passado e do presente, editadas e narradas com a mesma qualidade encontrada nas montagens de divulgação da empresa ou em DVD’s de coletâneas. Para um fã de longa data, estas cenas são um presente inestimável.

IF YOU SMELL... WHAT THE ROCK IS COOKING!!!

A jogabilidade é bastante simples e consegue ser atraente para novatos e veteranos.

Existem dois tipos de ataques (fraco e forte) e dois tipos de agarrões (rápido e lento). É possível utilizar sequências curtas e rápidas de golpes, bem como emendar combos em que socos fracos e fortes se entrelaçam de forma eficiente. Da mesma maneira, é possível utilizar variados tipos de agarrões e os emendar em sequências capazes de dinamitar totalmente as energias do oponente.

WWE All-Stars possui uma curva de aprendizado bastante justa e intuitiva. Quanto mais jogar, maior será sua facilidade para emendar os mais variados ataques, mas caso prefira manter as coisas simples, utilizar combos curtos e agarrões normais é igualmente eficaz.

Na série Smackdown vs Raw, não há nenhuma indicação visual que mostre o quanto os lutadores estão detonados. É preciso prestar atenção em sua movimentação, se estão mais lentos, cansados, caminhando com dificuldade ou sangrando, para se saber o quão perto estão de uma derrota. WWE All-Stars segue o exemplo de Street Fighter IV e traz não um nem dois, mas TRÊS medidores, um para energia e dois para movimentos especiais.

O primeiro medidor de ataques especiais está logo abaixo de sua energia e possui três niveis. Cada vez que um deles for preenchido, é possivel utilizar um Signature Move em seu oponente, já a barra lateral é a do Finisher, que dependendo de quão ferido estiver o adversário, pode nocauteá-lo instantaneamente.

Aplicar o Finisher pode ser uma dor de cabeça inicialmente, pois seu lutador SEMPRE faz uma provocação antes de usar o ataque e fica com a guarda aberta. O jogo indica o melhor momento de usar (seu adversário piscará em vermelho e branco quando estiver vulnerável a um Finisher), mas até aprender, não se irrite se desperdiçar alguns destes golpes.

Ainda é possível criar seu próprio lutador, o que funciona muito melhor neste game do que em versões anteriores. Como todo o elenco é composto de monstruosidades disformes, qualquer personagem original, não importa o quão atroz seja, se encaixará perfeitamente ao elenco.

Diabos, é sua chance de construir Zangief e Mike Haggar e utilizá-los pra destruir  Hulk Hogan e John Cena! De fato, é o que farei assim que terminar este review.

Os modos de jogo são os tradicionais um contra um, lutas de dupla, Cage Match (lutas em jaula), Extreme Rules (onde vale tudo, até bater com um remo) e Handicap. Considerando tudo que game de esportes oferecem, WWE All-Stars é um pouco magro em suas opções, mas mostra potencial para uma série bastante sólida, contanto que que seus produtores tenham visão.

YOU CAN’T SEE ME!!!

Vou confessar que como fã vitalício de luta livre profissional, eu estava meio desanimado já há alguns anos com os games do gênero. Geralmente são versões melhoradas das que as antecederam, com poucas novidades e um elenco (mais ou menos) atualizado. A única coisa que me mantinha empolgado era quais lutadores lendários tomariam parte no jogo atual.

Afinal de contas, não é todo dia que podemos usar Terry Funk pra dar uma surra no Miz.

WWE All-Stars consegue misturar com sucesso a complexidade dos jogos atuais com a velocidade e diversão alucinada dos fliperamas antigos e traz uma lufada de ar fresco muito bem vinda ao gênero. Qualquer pessoa com um mínimo de apreço por estes titãs da lona, encontrará aqui uma ótima e duradoura diversão.

E se discorda de mim, tenho duas palavrinhas para você: SUCK IT!!!

Cheers!!!