Quando um game faz sucesso, sua produtora decide transforma-lo em uma série, bla bla bla, continuações, bla bla bla, jogabilidade, bla bla bla, lucro, bla bla bla, entrevistas, bla bla bla, mulheres, bla bla bla, iate.
Sim, você já está careca de saber essa história.
O negócio é que quando um game faz sucesso e se torna uma série, seu público cria certas expectativas sobre ele. Se prestar atenção em anos recentes, verá que cada novo título da série GTA é acompanhado com intensa ansiedade e salivação dos fãs.
Na época do Mega Drive era parecido, e um game como Golden Axe III, encerrando uma série que era tão amada pelo público, tinha uma enorme responsabilidade nas costas. Infelizmente, o game não trouxe aquilo que o público esperava e foi impiedosamente massacrado por todos que o jogaram.
De facto, acredito que tamanho ódio do público foi o responsável por este game nunca ter saido do Japão.
Passados mais de quinze anos desde seu lançamento, vejamos se ele realmente merece toda a hostilidade que lhe é direcionada.
A história se passa em uma terra medieval que pode ou não ser a mesma dos outros dois games. Todos os sinais apontam que sim, mas os cenários deste game não passam uma sensação de familiaridade para com os games anteriores. Para todos os efeitos,vamos considerar que sim, é o mesmo país, continente, província, tanto faz.
O Machado Dourado é roubado (sim, de novo) por um vilão conhecido como Damud Hellbringer. A terra cai em desgraça, bandidos rondam as vilas e escravizam os pobres camponeses e o responsável por isso tudo fica sentado em seu trono, rindo enquanto lê revista Mad e toma uma Fanta Uva.
Pelo menos, é o que eu faria em seu lugar.
Os heróis deste mundo foram amaldiçoados por Damud e agora o servem, mas Gillius Thunderhead liberta um deles do feitiço (o personagem que o jogador escolher) e o incumbe de salvar o povoado, trazer os outros heróis de volta para o bem e chutar a bunda de Damud como a de Death Adder foi chutada no passado.
Entre os protagonistas estão Kain Grinder, um bárbaro de cabelo bem cortado que assume o lugar de Ax Battler, Sarah Barn, uma amazona que poderia ganhar muitos campeonatos de fisiculturismo e toma o lugar de Tyris Flare, Proud Craggler, um meio gigante que usa um penteado adequado a bandas de metal farofa da década de 1980, e Chronos “Evil” Lait, um homem pantera que só está aqui porque os produtores acharam que ainda não haviam aberrações o bastante no elenco principal.
O enredo de Golden Axe III simplesmente repete a história dos anteriores com nomes novos no elenco. Uma vez que a história não é o foco do game, isso em nada prejudica sua apreciação.
É preciso chutar bundas, quantos motivos pra isso você precisa?
O visual é uma sacola de sortidos, com partes boas e outras nem tanto.
Os quatro protagonistas são muito bem desenhados, com visuais que realçam seu individualismo. Nota-se que os designers tiveram muito cuidado e carinho na concepção dos heróis do game. Preste atenção aos músculos de Sarah e perceberá quanto tempo foi dedicado a fazê-la parecer-se com uma guerreira embrutecida e não com uma modelo da Marie Claire.
Infelizmente, os inimigos são um bocado mornos. Ao longo do game você encontrará eternamente os mesmos “cara com a lança”, “cara gordo com um tacape” e “amazona com um mangual” com ocasionais variações causadas por um esqueleto animado ou outro. Golden Axe III segue a mesma tendência de seus antecessores de reutilizar os inimigos com cores diferentes ao longo do game, mas já que os oponentes aqui não são os mais criativos já feitos, essa repetição se torna cansativa após algum tempo.
Mesmo os chefes não são muito interessantes. Enquanto nos games anteriores enfrentamos gigantes e cavaleiros... também gigantes, aqui enfrentamos os outros personagens que não foram escolhidos e os oponentes imensos aos quais nos acostumamos surgem em poucos momentos e são bem menos impactantes.
A animação também não é muito boa e a falta de quadros na movimentação dos personagens é muito perceptível, especialmente nos quatro heróis.
Os cenários são bem feitos embora um pouco simples demais. No geral, os gráficos não são tão limpos quanto no game anterior e são um bocado “arenosos”. Pode soar estranho, mas ao jogar é fácil entender esta colocação.
A trilha sonora é outra história e soa simplesmente fantástica, com algumas das melhores composições e execuções já vistas no Mega Drive, as canções variam de temas razoavelmente alegres e dançantes a temas pesados e belicosos, que parecem ter sido compostos pelo próprio Basil Poledouris. Os efeitos sonoros não são nada especiais, com os amontoados de ruídos brancos comuns ao Mega Drive. As vozes são boas, embora “roucas”, outra característica do console.
Tecnicamente, o game é bem executado, embora deixe um pouco a desejar se comparado aos outros títulos da série, especialmente Golden Axe II.
A jogabilidade é onde este game se destaca do resto da série. Os títulos anteriores eram beat’em ups, mas possuíam uma identidade única, que os diferenciava dos outros milhares de títulos do gênero. Golden Axe III abandona essa premissa e usa mecânicas de jogo que o aproximam mais de Final Fight e Rival Turf.
Os quatro protagonistas são completamente diferentes: Kain possui boa força e o melhor alcance, o que o torna uma boa opção para iniciantes, Sarah é veloz, mas possui baixa força, Chronos é ainda mais veloz que Sarah, mas possui baixo poder de ataque, enquanto Craggler possui força devastadora, mas baixa velocidade.
Curiosamente, há um desequilíbrio muito grande entre os heróis. Kain possui o maior alcance de todos, ou melhor, o único alcance decente, todos os demais personagens possuem ataques que só são eficientes quando muito próximos dos inimigos, o que os coloca em uma desvantagem desnecessária ao longo do game.
A gama de movimentos é muito maior que nos games anteriores, mas desequilibra ainda mais os personagens. Os movimentos especiais de Sarah são muito pouco eficientes, enquanto Chronos possui uma corrida com ataque indefensável e que bem utilizada, pode permitir ao jogador terminar a aventura sem perder uma vida sequer.
Não há diferença no nível de magia entre os personagens, o que sem dúvida tira uma das marcas registradas do jogo.
Os inimigos possuem habilidades e ataques muito difíceis de serem evitados e contra atacados, que tornam a dificuldade muito injusta. Sempre que montar em um dos animais de ataque disponíveis, os oponentes na tela utilizarão um movimento específico para derrubá-lo de sua montaria. Na maior parte das vezes eles tem sucesso e cavalgar as criaturas do game se torna uma experiência frustrante.
Este foi só um exemplo, mas o jogo está cheio de momentos em que os inimigos tem uma vantagem chata sobre seu personagem. Claro que com prática as coisas melhoram e um game difícil sempre é atraente, mas Golden Axe III é difícil pelos motivos errados, o que pode frustrar os jogadores e fazê-los se afastarem do produto.
Por outro lado, o game traz idéia bastante inovadoras para um game de console doméstico da época, como a possibilidade de se escolher diferentes caminhos ao longo da fase. Tais trilhas o levariam a chefes diferentes e fases distintas no decorrer da história.
Outra inovação era a possibilidade de se salvar reféns dos vilões, o que gera vidas extras conforme se acumulam resgates.
Há um modo versus no game onde dois jogadores podem escolher seus personagens favoritos (entre os quatro protagonistas e um personagem secreto) e sair na porrada. Não há profundidade nenhuma neste modo, mas é uma boa variação para quando você e seu amigo cansarem de jogar e resolverem ver qual o melhor bárbaro do mundo.
Lógico que quem escolher Chronos e usar sua corida com ataque invencível não pode ser derrotado... mas contanto que você o escolha antes do seu amigo, quem liga para o que ele pensa?
Normalmente julgo um game pelo que ele é e tento não compará-lo com outros do gênero. Com este review fiz o exato oposto, pois o comparei com seus antecessores todo o tempo, mas foi algo que achei ser necessário.
Golden Axe III foi malhado desde seu lançamento por se diferenciar dos games que vieram antes dele. Concordo que este título não acerta em tudo que faz, mas traz boas idéias e as executa bem em diversos momentos.
Não é a despedida que a franquia merecia no Mega Drive, mas também não é o pior game do mundo. Acredito que a maioria das críticas a seu respeito são bastante injustas.
E acredito também que se este game fosse exatamente igual aos anteriores, ele não seria melhor. Golden Axe III comete erros, mas pelo menos são OS SEUS ERROS e não os dos outros.
Só por isso, acho que este game merece um pouco mais de respeito do que é lhe dado.
Cheers!!!
12 comentários:
Vamos pensar assim... É melhor que Yo! Noid. Pelo menso eu tive essa impressão o_o
Third (terceiro)
Esse jogo é frustante e dificil demais, vc apanha dos caras simples até não poder mais, o ataque com corrida do Chronos é indefensável, mas ele é mais fraco que Skol oque torna jogar com ele cansativo.
isso que as vezes os inimigos te cercam(com grande facilidade) e vc fica apanhando sem parar até morrer.
Nunca tive oportunidade de jogar este jogo. Graças a deus, pois não parece ser uma experiencia tão boa!
Pelo menos é melhor que Yo!Noid.
É, mesmo sendo ruimzinho esse jogo alegrou uma ida ao supermercado.
Bem, eu tenha ido no extra, e sem nada pra fazer eu resolvi ir na seção de eletrônicos para ver se eles tinham tomado vergonha na cara e começado a vender games para ps3.
não
Mas no caminho eu encontrei um grupo de caras jogando o dito jogo no mais novo console dessa geração, o mega drive...3!
Uau, e depois eu achava que o ps3 tinha poderio gráfico.
O fato deles estarem vendendo como novo um console dos anos 80-90 não me impediu de ir lá e esperar pacientemente a minha vez.
No começo eu achei que fosse Golden Axe 2, depois eu achei que fosse um beat'em up genérico, até que eu perguntei e ele me respondeu, nas palavras dele que era: "um jogo que tirou as melhores partes de golden axe 2 e ainda se julga no direito de se chamar de continuação".
Eu achei meio exagerado, apesar de que o jogo era realmente frustrante.
Eu nem consigo imaginar uma criança jogando aquilo sem arrancar a própria cueca com os dentes de raiva.
Eu cheguei bem perto disso.
O maior e mais frustrante problema foi o que o lance disse, ser cercado por inimigos comuns e ficar apanhando até morrer.
Bem, no fim ficamos um grupo de sete garotos entre treze e vinte e dois anos ao redor de um mega drive sentados em lugares improvisados e gritando com um console durante umas três horas.
Pensando bem, até que não foi tão ruim...
...
legalzinho...amer:poderia fazer um review sobre algum final fantasy?
Na época a gente nao pensava em qualidade grafica ou coisa assim, so queriamos chutar bunda nos jogos de porrada so isso,pelo menos aonde eu passei a minha juventude era assim.
Muita gente olha esse jogos antigos do mesmo modo que olha um jogo de play 3.
ai ficam dizendo que jogo é isso ou aquilo, mas a 15 anos atras era um jogao hahahaha
abraço pessaol
Ótimo review Amer.... eu era mto fã de Golden Axe 1 e 2... o terceiro eu consegui alugar uma vez, mas a cópia não era muito confiável e não pegou no meu Mega, então nunca joguei, nem em emulador!!
Aproveitando a deixa, tem planos de review do Golden Axe - The Duel e do novo Golden Axe pra PS3 e X360?
Eu gostava desse jogo!
Não era nenhuma Brastemp, e tinha seus defeitos, mas era um bom jogo!
E eu usava MUITO o golpe do Baguera (como eu chamava o Chronos nos anos 90) pra me livrar dos inimigos.
No mais, ótimo review, Amer!
E se te interessar, visite o meu blog: www.raisfonorgrei.blogspot.com
Um abraço!
nem sei o que dizer,entretanto já está pacifico entre os fãs da série que o III, realmente decepcionou
A fim de fazer parceria com meu blog?
http://onegaigames.blogspot.com/
Mt bacana o seu! Parabéns. :)
eu jogava muito com o Homen Pantera. sei a Tyris ou...aquele cara que quer ser o Conan, ficou meio chato. mas ainda sim, meio que gostei do jogo. e concordo com o Lance, é difícil para diabo.
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