quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Crítica do Amer: The Darkness


É razoavelmente raro quando alguma produtora resolve criar um game baseado em uma história em quadrinhos.

Claro, games de heróis temos aos montes, mas normalmente são baseados nas versões cinematográficas dos personagens e todos sabemos o tipo de calamidade que costuma vir de tais jogos.

Mas a história é diferente quando alguma produtora resolve trabalhar com a versão impressa de um personagem, principalmente porque eles são bem mais livres para adaptar o material original de forma que combine mais com um game.

Como é o caso de The Darkness.

The Darkness é originalmente uma história da editora Top Cow e foi criada por Marc Silvestri, Garth Ennis e David Wohl. A história gira em torno de Jackie Estacado, um matador da Máfia que aos 21 anos descobriu ser o hospedeiro de uma criatura tão antiga quanto o próprio tempo, chamada apenas de "Darkness."

A criatura lhe deu poderes imensos e facilitou muito sua vida como assassino, mas também trouxe um bocado de complicações e inimigos novos.

O quadrinho teve uma recepção muito boa perante o público e acabou sendo escolhido para ser transformado em um game.

E é sobre ele que falarei agora.


A história aqui também é sobre Jackie Estacado, o jovem matador da Máfia. No entanto, o game toma certas liberdades em relação ao enredo original.


No dia em que completou 21 anos, Jackie participou com outros dois mafiosos de uma coleta de dinheiro que não deu certo. Seu tio adotivo (e chefão da família mafiosa do qual Jackie fazia parte) Paulie não ficou nada feliz com isso e decidiu que era hora de “cortar relações” com Jackie após este ocorrido.

Se é que vocês me entendem.

Jackie conseguiu evitar as tentativas de assassinato de seu tio graças aos poderes do Darkness, que se manifestaram uma vez que ele completou 21 anos e que o tornaram muito mais letal em seu trabalho do que jamais fora.

Mas os novos poderes não vieram de graça. Jackie passou a lutar contra a influência maligna que a criatura exercia contra ele e precisava se controlar para não se tornar um mero marionete do Darkness.

Eventualmente, (após um momento extremamente traumático) o rapaz acorda em uma trincheira da Primeira Guerra Mundial e presencia soldados Alemães que se parecem com zumbis lutando contra soldados Ingleses que parecem ter seus corpos costurados como colchas de retalhos.

Neste lugar tenebroso e confuso, Jackie encontra seu Tataravô, que foi o responsável por permitir que o Darkness se tornasse uma maldição passada para cada geração da família Estacado. Jackie e seu antepassado trabalham juntos então para que ele finalmente possa controlar a criatura e tenha sua vingança contra Paulie.

A história do jogo se distancia em alguns aspectos da história original. Jackie por exemplo é um mafioso e apesar de ser um tanto violento, possui um código de conduta moral muito mais definido que sua contraparte dos quadrinhos.

Outros personagens também foram ligeiramente alterados, mas todos funcionam muito bem no game.


A parte gráfica é muito bem trabalhada. Os modelos de personagens são na maior parte muito bons e bem diferentes uns dos outros.


Claro que Jackie, Jenny e os demais personagens de grande importância são os mais bem feitos do elenco, a atenção com os detalhes neles vai ao cúmulo de Jenny ter uma cicatriz bem distinta acima do lábio superior.

É interessante perceber que mesmo sendo um game de ação em primeira pessoa, os programadores se deram ao trabalho de criar um modelo de corpo completo para Jackie. É possível ver seus pés e braços se você olhar para baixo ao andar e se parar em frente ao espelho, poderá vê-lo também.

Os transeuntes que encontrar pelas estações de metrô e no “Inferno” (por falta de nome melhor para definir o lugar) logicamente são um pouco menos detalhados e alguns são até meio sem gás quando comparados ao protagonista e aos coadjuvantes, mas mesmo assim, se encontram acima da média quando comparados a jogos onde os personagens que deparamos pelo cenário são praticamente todos iguais.

Droga Fallout 3, se não fosse por isso, você seria perfeito.

Os cenários são bastante adequados também. Interiores e exteriores são bastante diferentes, as estações de metrô tem a aparência adequada ao qual nos acostumamos a ver em filmes dos anos 70 e 80, as casas e restaurantes de membros da máfia em muito lembram as localizações que se tornaram conhecidas de O Poderoso Chefão, Os Sopranos e outras produções do gênero gangster e o Inferno parece com algo saído da mente de Clive Barker.

O som consegue ser ainda superior ao visual, a trilha sonora é muito boa e encaixa perfeitamente com a ação ou a falta dela, mas o maior chamariz mesmo é a dublagem. Kirk Acevedo, do seriado Oz, empresta sua voz para Jackie e dá a ele a entonação perfeita, o personagem consegue ser ao mesmo tempo um sujeito durão que sabe se virar muito bem e um cara legal e vulnerável nas horas em que está longe do meio de bandidos em que cresceu.

Embora todas as vozes sejam excelentes, o grande destaque vai para Mike Patton (isso mesmo, o vocalista do Faith no More) que dubla a entidade Darkness.

Sua interpretação visceral do monstro realmente faz com que ele seja uma coisa que parece saída do mais horrendo pesadelo de Stephen King e veja você... Patton não usou nenhum tipo de modulação ou distorção na voz para atuar. A voz abominável de Darkness veio do gogó de Patton mesmo.

Se isso não o convencer a jogar este game, acho que nada mais vai conseguir.


A jogabilidade se distancia saudavelmente do que estamos acostumados em jogos do gênero.


A ação é o que podemos esperar deste tipo de game, os inimigos vem pra cima, você espera a melhor hora de atacar, mete bala neles, pega as armas e munições que deixarem e por aí vai.

Claro, você pode usar os poderes do Darkness, que são o destaque deste game.

O Darkness lhe oferece quatro tipos de habilidades, que vão desde estender um tentáculo que empala e elimina qualquer inimigo com um único ataque, até abrir um buraco negro no meio da tela que irá tragar todos os pilantras próximos.

Também é possível fazer uma das serpentes que brotam de suas costas (sempre que evocar o Darkness, duas delas ficarão nas laterais da tela) rastejar pelo cenário para atingir inimigos sorrateiramente ou usar armas das trevas que drenam seus poderes do Darkness e são poderosas feito um coice de mula.

Usando estes poderes com criatividade e sabedoria, é possível atravessar hordas de inimigos sem levar uma bala sequer. Claro, leva algum tempo para aprender a dominar tais habilidades, mas compensa no final.

Um elemento de estratégia a mais nos combates é que o Darkness se torna mais fraco (e seus poderes menos eficazes) caso haja muita luz no cenário. Cabe a você eliminar postes de rua, lamparinas e o que mais estiver emitindo luz para poder usar todo a proteção que a escuridão lhe traz.

The Darkness é dividido em capítulos, mas possui poucos cenários. O mundo real tem bairros residenciais, as estações de metrô e alguns cenários internos onde existem boas chances de rolar tiroteios, enquanto o Inferno é dividido entre trincheiras, uma vila, um grande campo de batalha e um castelo que deve ser invadido.

O avanço do jogo se dá por objetivos, muitas vezes é preciso encontrar um personagem específico, conversar com ele e então cumprir uma tarefa, como fugir de um cerco policial, roubar uma maleta importante em um ponto secreto da cidade ou simplesmente reencontrar sua tia e os velhos mafiosos da cidade e permitir permissão para o banho de sangue que pretende causar.

Isso tudo dá um toque muito bem vindo de Rpg ao game, mas não chega a ser complexo para afastar aqueles que não curtem o gênero.

O design de fases também é muito bom. A primeira vista, é um pouco difícil se localizar pelos cenários, mas aos poucos você irá se acostumar e saberá onde encontrar tudo, como se estivesse andando por uma vizinhança conhecida.


The Darkness é um game bastante único do gênero FPS.


Traz uma história intrigante, personagens extremamente carismáticos, ação de primeira e violência gratuita para satisfazer o mais sanguinários dos jogadores.

Este título prova duas coisas, a primeira é que os games em FPS são um gênero que precisa evoluir como qualquer outro e que programadores talentosos podem trazer excelentes surpresas no estilo quando tem a oportunidade.

A segunda é que muitas vezes, é melhor procurar uma licença de quadrinhos mais barata e menos popular na hora de criar um game novo. O resultado pode ser surpreendentemente bom.

Sério, eu poderia ter sobrevivido sem os games baseados nos filmes de Superman, Hulk, Watchmen, X-Men, Quarteto Fantático... enfim, acho que já me fiz entender.

Cheers!!!

6 comentários:

UnderHell86 disse...

Ótimo review, Amer!

Darkness era uma das minhas HQs prediletas quando moleque na década de 90, nem sabia que existia um jogo.

Droga, porque não tenho um 360?

Avalanche(Lance) disse...

O Darkness é uma HQ que evelheceu ruim...mas ainda é beeeemmm melhor que o Spawn.

Se o jogo fizer sucesso aposte que vai sair o da Witchblade.

Ton-Kun disse...

Putz, eu vivo falando desse jogo. Não gosto do 360 mas acho que por esse jogo eu daria uma chance pro console.

evil monkey disse...

ei amer darkness vai ser lançado para ps3?porque se for vai direto pra minha lista de "jogos à comprar",
que eu estou fazendo pra quando eu finalmente comprar um ps3(é em novembro falta pouco)

Ton-Kun disse...

Já foi lançado, no ano retrasado, junto com a versão de 360...

evil monkey disse...

ótimo,ja entrou na minha lista!