Crítica do Amer: Batman: Arkham Asylum

Vamos ser francos, Batman é um dos personagens mais fascinantes de todos os tempos.

O sujeito completou setenta anos agora em 2009 e mesmo já sendo um senhor de idade, ainda é lido, assistido e citado por pessoas do mundo inteiro todos os dias.

Se você morresse hoje, acha que daqui setenta anos as pessoas continuariam falando de você?

Claro, se você explodisse o Cristo Redentor ou a Estátua da Liberdade sim, mas este não é o caso... o caso é que O BATMAN É O MAIOR!!!

Mas mesmo sendo um herói tão infinitamente sensacional, já fazia um bom tempo que nenhum game decente com ele era lançado. Pense bastante e vai ver que os últimos bons títulos do Cruzado Embuçado nos foram dados durante a geração 16 Bits.

O Ps2 e Xbox só tiveram Batman Begins e quanto menos falamos dos games com o morcego para PsOne, melhor...

Mas ano passado, em meio ao absurdo hype criado pelo segundo filme do Morcego, foi anunciado o lançamento de um novo game, um título que desta vez nos permitiria jogar em um universo adequado para o Homem Morcego e com tudo a que o personagem tem direito.

E após um atraso que pareceu uma eternidade, uma demo que decepcionou muita gente e a polêmica da Eidos estar comprando críticas positivas para o jogo antes mesmo de seu lançamento, Batman: Arkham Asylum finalmente foi lançado.

Será que o game corresponde as expectativas, ou é um chute nas gônadas do Robin?

Vamos descobrir...

Eu sou Batman!!!

...

Agora direi isso com a voz do Christian Bale.

EU SOU BATMAN!!!!!!!!!!!

Em uma noite comum de Gotham City, o Cavaleiro das Trevas capturou o Coringa mais uma vez e o levou até o Asilo Arkham.

Mas havia algo estranho, o Coringa se rendeu quase sem lutar e o heroi ficou bastante preocupado com isso. Ele conhece o Coringa bem demais e sabe que seu adversário sempre tem uma carta na manga.

Literal e figurativamente.

Dito e feito, assim que chega ao Arkham, o vilão se solta e com o auxílio de sua namorada Arlequina, toma conta de toda a ilha e prende Batman no lugar. Nosso herói não tem escolha exceto atravessar a instalação, estragar os planos do Coringa e sobreviver ao reencontro com alguns de seus maiores inimigos.

Mas o Principe Palhaço do Crime não pretendia apenas infernizar nosso herói por uma noite, há um plano muito mais sombrio em andamento e se Batman não intervir, toda cidade de Gotham será destruída.

O enredo é simples mais muito bem escrito. Não há pontas soltas na história e tudo se desenrola com naturalidade.

Não é surpresa, pois o roteiro deste game foi escrito por ninguém menos que Paul Dini, roteirista e produtor de Batman Animated, Superman Animated, Batman do Futuro, Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites.

Santo currículo!!!

Não apenas isso, ele conhece muito bem os personagens e o que funciona para cada um deles.

A ambientação é perfeita, sombria como uma história do Batman deve ser e nenhum personagem está exagerado ou é interpretado de forma diferente da que estamos acostumados a ver. Batman é estoico e sério enquanto o Coringa é um contrapeso perfeito com sua loucura que varia ente piadinhas ingênuas a impulsos homicidas assustadores.

A caracterização perfeita não se aplica apenas aos dois protagonistas, mas também a seus coadjuvantes. Arlequina é a maluquinha que mesmo sendo uma homicida perigosa, não deixa de ser também uma garota adorável, Hera Venenosa é a ruiva voluptuosa que se torna cada vez menos humana mas que mesmo assim não perde seu poder de sedução, enquanto Croc é a fera irracional, incontrolável e extremamente assustadora que sempre foi.

Não bastaria que os personagens fossem bem caracterizados caso a dublagem não estivesse a altura do texto e posso afirmar que a maior parte dos diálogos foram gravados com uma perfeição que ainda hoje é incomum.

Mas falarei disso mais adiante.

A apresentação é fantástica. Os gráficos são extremamente detalhados e os cenários são muito bem construidos, mas é no visual dos personagens que este game brilha de verdade.

Cada um parece a mescla de inúmeras escolhas visuais popularizadas pelos mesmos em diversas mídias, mas todas as influências são bem dosadas e nenhuma acaba parecendo deslocada quando colocada junto das outras.

Batman veste uma armadura assim como nos filmes, mas ela utiliza o mesmo esquema de cores ao qual estamos acostumados nos quadrinhos e desenhos animados.

O Coringa possui traços faciais bastante parecidos com os de Jack Nicholson, embora seu sorriso exagerado seja o da maquiagem usada por Heath Ledger. Mas mesmo com estas influências centradas no mundo real, o personagem se veste com o terno roxo extremamente cartunesco dos quadrinhos.

Aliás, o uniforme de Batman vai ficando danificado conforme se prossegue no jogo. Parece um detalhe, mas é algo que acrescenta muito a experiência.

Os demais vilões receberam um banho de loja, o que gerou as reações mais variadas entre os fãs.

Arlequina não mais usa sua fofa roupa de palhacinha, mas veste um sensual uniforme que parece uma mistura de enfermeira com dominatrix e que surprendentemente combina com a personagem.

Hera Venenosa, como mencionei mais acima, possui diversas defomidades na pele que se assemelham as "veias" na folha de uma planta, mostrando o quanto a sua parte vegetal está se tornando dominante.

Todos os personagens estão muito bem construídos e suas aparências refletem personalidades e atitudes bastante únicas. Não existem figurinhas repetidas no elenco de Batman: Akham Asylum.

Exceto pelos capangas do Coringa, mas eles são só bucha de canhão, não merecem profundidade.

Os cenários são sombrios e muito sinistros. A ilha de Arkham não é um bom lugar para se visitar, quanto mais se passar a noite inteira e a coisa só piora a patir do momento que o Coringa se promove a "diretor" do lugar.

Conforme os prisioneiros se apossam dos diversos setores da ilha, é possível ver inúmeas mudanças no ambiente. Em um lugar onde inicialmente haviam ambulâncias e um grupo de bombeiros, mais tarde haverão corpos pendurados pelas árvores e veículos tombados, e as coisas ficam cada vez mais tenebrosas com o decorrer da história.

O som também é fantástico, os temas musicais foram compostos unicamente para o game, que não reaproveita a trilha sonora de nenhum dos filmes (diferente de Lego Batman) ou séries animadas.

A música é discreta nos momentos em que Batman se esgueira pelos cenários e se torna cada vez mais tensa em momentos de combate. Apesar de ser totalmente original, é impossivel não perceber a clara influência que a trilha sonora de O Cavaleiro das Trevas teve sobre este jogo.

Mas o ponto alto do som é a dublagem. Kevin Conroy empresta sua voz para Batman e Mark Hamill faz o Coringa.

Kevin Conroy simplesmente dublou o personagem em todas as séries do DC Animated Universe, começando em Batman Animated e prosseguindo até Liga da Justiça Sem Limites. Mark Hamill também atua como Coringa a todo este tempo.

A interpretação dos dois é perfeita, tanto Conroy quanto Hamill conhecem, entendem e sabem o que funciona para cada um dos personagens. Diga-se de passagem, é muito melhor ouvir a voz naturalmente forte de Kevin Conroy do que o Batman de Christian Bale, que parece gargarejar vidro moído toda manhã.

Quanto a Mark Hamill, bem, Heath Ledger que me desculpe, mas ninguém consegue ser um Coringa melhor que Luke Skywalker.

Arleen Sorkin reprisa seu papel como Arlequina com maestria e os demais vilões também tiveram atores bem escalados para os papéis. Alguns coadjuvantes são um bocado sem brilho, mas a atuação estelar dos atores principais mais do que compensa por isso.

A jogabilidade é tudo aquilo que um fã do Batman sempre quis ver em um video game. Ela engloba todos os aspectos do personagem de forma perfeita.

Em primeiro lugar, Batman é o maior artista marcial do planeta, poucas pessoas podem se equiparar a ele na habilidade para luta. O sistema de batalha funciona com perfeição. Batman pode emendar combos sensacionais nos capangas que encontrar pelo cenário e tem um verdadeiro arsenal de movimentos diferentes para descarregar nos adversários.

Mas nada durante as lutas é mais importante que usar os Counters.

Sempre que um inimigo o atacar, um brilho surgirá sobre a cabeça dele (por ironia, algo muito parecida com o "Sentido de Aranha" do senhor Peter Parker) e apertando o botão de Counter no tempo correto, Batman irá defender o golpe do oponente e revidar com um ataque próprio.

Claro, você pode simplesmente sair esmagando botões e obterá resultados bastante satisfatórios desta maneira, mas a verdadeira graça da coisa é lutar como Batman faria, não dando chance a ninguém de sequer encostar as mãos em você.

Mas Batman não é apenas um combatente marcial extraordinário, mas também é um ninja treinado e sabe usar as sombras a seu favor.

Digo... é por isso que ele se veste de preto...

O game oferece uma mecânica de jogo Stealth perfeita. Agindo corretamente, é possivel atravessar uma área infestada de inimigos sem ser detectado e derrubar a todos sem que eles nunca saibam onde você está.

Em diversos cenários há gárgulas espalhados próximos ao teto, tais estátuas podem ser usadas como pontos de vantagem e são sua principal rota de fuga em momentos que inimigos armados percebam sua presença. Basta saltar de uma para outra que eles logo perderão seu rastro.

O que mostra que o Coringa precisa contratar capangas melhores.

Mas veja você, além de artista marcial e ninja, Batman é um inventor genial!!!

Sem problemas, pois há um sem número de Bat Tralhas aqui, desde Batrangues dos mais variados tipos (sônico, radio controlado e por aí vai), passando por gel explosivo e indo até o fiel gancho de escalada de nosso herói.

Claro que todos estes itens não estão disponíveis desde o início do jogo, então é sempre legal ver qual tipo de parafernália nosso herói vai usar para superar os obstáculos que surgem em seu caminho.

Mas calma lá! Além de mestre em artes marciais, ninja e inventor, Batman também é o maior detetive do mundo!!!

Pois aqui há MUITO o que se investigar.

Muitas vezes, o caminho para o próximo objetivo está obstruído, então é necessário observar o ambiente, usar a cabeça e descobrir uma entrada (ou saída) alternativa. Dutos de ar que podem ser abertos, paredes frágeis que podem ser demolidas, aberturas no telhado e tudo mais.

Tais coisas nem sempre são fáceis de encontrar e por isso existe o Detective Mode. Ao toque de um botão, Batman aciona o mesmo dispositivo que utilizou ao final de O Cavaleiro das Trevas para descobrir em qual andar do prédio o Coringa estava.

Imagino que a esta altura da vida você já assistiu O Cavaleiro das Trevas e sabe do que eu estou falando, caso contrário, Santo Vacilo de sua parte!!!

Enfim, o Detective Mode mostra qualquer coisa que se destaque no cenário, desde dutos de ar que podem ser acessados, o número de inimigos que estão na área (e quantos estão armados) a passagens escondidas e colecionáveis.

Sim, há uma boa quantia de colecionáveis por aqui, que vão desde fitas onde alguns dos vilões são entrevistads pelos seus médicos a troféus escondidos pelo Charada.

E já que eu falei dele, o senhor E. Nigma escondeu diversos mistérios pelo jogo e lhe deixou pistas para os mesmos. Cabe a você descobrir a que ele está se referindo e escanear o dito item para desvendar o enigma.

Por exemplo: "A família mais influente de Gotham está muito acima da cidade!"

Para resolver esta charada, basta ir ao setor leste da ilha, olhar para Gotham e localizar a torre das empresas Wayne, que é o mais alto de todos os prédios da cidade.

Santo Sherlock Holmes!!!

O game está cheio destes mistérios e de colecionáveis (mais de duzentos, Santas Horas de Jogo), desvendar todos requer um bocado de concentração e raciocínio... exatamente como Batman faria.

Estes segredos não só aumentam bastante o tempo de vida útil do jogo, como também dão uma boa quantidade de experiência.

Ah sim, Batman ganha experiência conforme espanca meliantes, derrota super vilões e desvenda mistérios. Sempre que "ganhar Level" é posivel comprar um Upgrade para o personagem, desde melhorias para a armadura e equipamentos mais eficientes a combos novos.

Se quiser o Cavaleiro das Trevas operando com o máximo de sua eficácia, espancar bandidos não vai bastar. Usar a cabeça também é importante para um combatente do crime.

Não é exagero nenhum dizer que Batman: Arkham Asylum é o melhor game do Batman de todos os tempos.

...

Diabos, é melhor game de super herói de todos os tempos.

Todos os aspectos do personagem foram recriados com maestria neste game, provando que ele é um trabalho que foi feito com muito amor por pessoas que sempre gostaram muito do personagem.

Mas mesmo que você não seja um grande fã do Homem Morcego, vai encontrar um título com ótima ação, grandes momentos de Stealth e tralhas extras o suficiente para mantê-lo entretido por um looooongo tempo.

E não, não pretendo fazer nenhuma piada referenciando Feira da Fruta.

Sei que alguns de vocês estão decepcionados com isso, mas irão sobreviver.

Cheers!!!