Moonwalker

Quando pensa em Michael Jackson, qual a primeira coisa que vem a sua mente?

Ok, pergunta cretina. Eu sei exatamente no que você pensa.

Vou ser sincero aqui e dizer que sou uma das três pessoas no mundo que acreditam que o senhor Jackson nunca fez nada de obsceno ou errado com criancinhas. Claro, ele é estranho e excêntrico, mas se você tivesse balilhões de dólares no banco e pudesse comprar seu próprio país, você tabém teria hábitos inexplicáveis e incompreensíveis para a maioria dos mortais.

Lembremos também que Michael Jackson fez o disco mais vendido da história da música: Thriller!

E quando um mano é capaz de fazer os mortos dançarem, ele mais do que supera qualquer expectativa de AWESOMENESS que as pessoas possam ter em relação a ele.

Pode parecer estranho para vocês, jovens de hoje que não sabem de nada, mas Michael Jackson foi grandioso nos anos 80 e começo dos 90. De fato, Jackson sempre foi um grande homem de negócios, estando anos a frente de muitos de seus colegas no quesito de saber o que o seu público iria querer dele.

Em resumo, ele sacou que games eram um excelente veículo de auto promoção muito antes da maioria das pessoas e assinou um contrato exclusivo com a Sega, para que a empresa produzisse games com sua figura.

E assim foi feito.

O resultado? Um dos games mais memoráveis do lançamento do Mega Drive.

HOOOOOO!!!

Moonwalker não tem lá muita história, o jogo segue de forma aproximada o "enredo" desenvolvido para o filme homônimo.

Para quem não sabe, Michael lançou nos anos 90 um filme chamado Moonwalker, que não passava de uma grande coletânea de vídeos onde ele atuava com animações de stop motion e em cuja última meia hora, víamos os amigos mirins do astro sendo sequestrados por um Joe Pesci que usava uma trança antigravitacional no cabelo.

Claro, Michael não aceita isso quieto e se transforma em uma nave, um carro e um robô gigante para enfrentar a tirania do gangster de meio metro.

Quem diria? Michael Jackson é um Transformer.

Enfim, o jogo se baseia nesta última meia hora de filme e coloca Michael com o figurino do vídeo "Smooth Criminal" atravessando todo tipo de cenário para resgatar a garotada que Joe Pesci raptou.

Afinal de contas, alguem tem que pensar nas criancinhas.

Considerando que eram os anos 90 e a maioria dos games ainda usava o enredo de "salve a namorada" ou "salve o mundo", até que "salvar as criancinhas" não deixa de ser uma boa variação.

Sem enrolações nem mariolas, apenas avance resgatando os enfantes com o poder da música.

Bons tempos onde tudo era mais simples, não é como hoje, onde aquele tal de Snake fica trazendo mensagens anti guerra em todas as suas aventuras, ao invés de se concentrar apenas em chutar o rabo dos terroristas!

Moonwalker é um game que envelheceu bem em alguns aspectos mas não em outros.

Os personagens são bem feitos, mas a maioria dos inimigos não possui uma animação muito bem feita. Uma vez que em cada estágio enfrenta-se um único tipo de meliante que foi clonado inúmeras vezes, é de se esperar que eles pelo menos tivessem mais do que dois frames de movimento.

Os cenários são completamente diferentes uns dos outros, com um clube dos anos 30, um cemitério e uma base militar como alguns exemplos. Claro, os inimigos continuam se repetindo dentro delas, o que pode ser cansativo, mas pelo menos você sempre sabe o que vai enfrentar e pode desenvolver um modus operandi para sobreviver ao jogo.

É interessante ver que Michael Jackson é inacreditavelmente mais bem animado que os outros personagens. Todos os seus movimentos possuem muito mais frames de animação que qualquer inimigo e tudo que ele faz em seus video clipes pode ser reproduzido aqui.

Sim, do "Moonwalk" até aquela agarrada de virilha que ele faz e deixa a todos que estão assistindo confusos e constrangidos.

E já que falei nos clipes, a trilha sonora deste game é simplesmente fantástica. Não sei quem foi o responsável por ela, mas qualquer sujeito que consiga comprimir as fantásticas músicas do senhor Jackson em arquivos de MIDi é nada menos que um gênio.

Temos aqui "Smooth Criminal", "Beat it", "Billie Jean", "Bad" e por aí vai. A única falta notável é "Thriller", que por algum motivo não toca na fase do cemitério, exceto em algumas cópias do jogo, quando você usa o ataque especial da dança contra os zumbis.

E sei que aqueles que não jogaram devem ter ficado confusos com minha menção ao "ataque especial da dança", mas continuem lendo que tirarei todas as suas dúvidas.

A jogabilidade é típica de um side scroller dos anos 90. Você anda da esquerda pra direita, (pelo menos, boa parte do tempo) massacra inimigos e resgata criancinhas.

Os controles respondem bem e Michael sempre fará com relativa precisão tudo que você comandá-lo a fazer. Infelizmente isso não é o bastante e Moonwalker consegue ser um game infernalmente difícil.

A benção da animação detalhada de Michael é também sua maldição. Justamente por ter mais quadros de animação que seus inimigos, ele ataca de forma mais lenta, o que permite que seja atingido por um oponente mais mal animado e consequentemente mais ágil.

Para resgatar as criancinhas, é preciso procurá-las pelo cenário, revistando janelas, porta malas de carros, arbustos e o que mais houver no cenário que puder ser mexido. Infelizmente, não há nenhuma indicação de onde elas possam estar, então o processo de localização da garotada é por tentativa e erro e muitas vezes você vai andar a esmo pela fase tentando localizar a última criança do lugar.

As fases também possuem um design não linear, o que faz com que a busca pelas crianças se torne um bocado frustrante. As vezes é difícil saber por onde já se passou, devido a falta de checkpoints ou de locais nas fases que possam servir como marcos de quais lugares já foram revistados.

A única indicação de para onde avançar vem quando todas as crianças forem resgatadas. É quando Bubbles, o macaquinho de Michael Jackson (O macaco do Senhor Kaioh tem o mesmo nome. Coincidência?) aparece e lhe indica para onde ir.

Quanto aos ataques de dança, há um botão e ataque especial que faz um movimento diferente dependendo de quanto tempo for pressionado. Um toque faz Michael arremessar seu chapéu como um bumerangue, mas mantenha-o pressionado e nosso herói começa a girar e logo ... COMEÇA A DANÇAR!!!

HOOOOOOO!!!

Isso faz todos os inimigos da tela (sejam gangsters, punks, cachorros ou zumbis) dançarem também e quando a música acaba... todos morrem! Acredito que ninguem no mundo é poderoso o suficiente para acompanhar o ritmo de Michael Jackson sem ter um ataque cardíaco. De certa forma, este game prova isso.

O único problema de tal ataque é que ele consome quase toda a barra de energia e se mais inimigos aparecerem quando a dança acabar, o jogador está total e completamente ferrado. Não entendo por que não foi feita uma barra de especial exclusiva para este ataque. Golden Axe tinha, porque Michael Jackson não pode ter o mesmo tipo de poder que um trio de bárbaros?

Ao longo do game, é possível pegar uma estrela cadente (total e completamente aleatória) que transforma o Rei do Pop no Megatron e lhe deixa invencível e com poder de fogo o bastante para devastar toda a Groenlândia. Infelizmente é um acontecimento muito raro, mas cada segundo da transformação vale a pena.

E na última fase, Michael se transforma em uma nave espacial começa a perseguir e mandar bala na condução de Joe Pesci, mas quanto menos falarmos disso, melhor.

Moonwalker é uma pérola de uma época que passou.

O jogo tem inúmeras falhas e pode ser considerado tremendamente simplório quando comparado a outros side scrollers da mesma fase do console, mas permanece como um título muito querido para quem viu seu lançamento de perto.

Devo admitir que Moonwalker tem mais valor como objeto nostálgico do que como game, mas certas coisas são legais unicamente por nos fazer lembrar de tempos mais simples e que tiveram importância para nós.

E acho que isso já resume bastante o que sinto por este título.

WHO'S BAD!!!???

Cheers!!!