quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Crítica do Amer: Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola


Houve uma época em que eu acreditava que Seth MacFarlane seria o futuro da comédia. Eu adorava Family Guy, American Dad, e tolerava The Cleveland Show. Quando Os Simpsons tornou-se uma mera sombra do que costumava ser, as aventuras de Peter Griffin tornaram-se uma lufada de ar fresco na televisão.

De fato, eu gostei muito da atuação de MacFarlane como apresentador do Oscar. Em um mundo politicamente correto que acha aceitável chamar Ellen DeGeneres de “transfóbica” por causa de uma piada (se conhecem a moça, sabem como essa acusação é absurda), foi divertido vê-lo cantar sobre peitos e não dar a mínima para as críticas dos guerreiros sociais.

E Ted, seu primeiro filme, teve momentos hilários. Claro, se ignorarmos que supostamente é um plágio IMENSO de outra história.

Infelizmente, parece que a estrela de Seth MacFarlane entrou em supernova, pois Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é a prova cabal de que ele precisa se reinventar.

Já.

Neste minuto.

Imediatamente.

Você está se reinventando no meio dessas ovelhas?
Tudo bem, então. Prossiga.

A história se passa no Velho Oeste. Acompanhamos o adorável idiota Albert (Seth MacFarlane), um pastor de ovelhas que não tem a hombridade ou a determinação necessárias para viver nesta época tão dura. De fato, sua bananice é o motivo que faz sua noiva Louise (Amanda Seyfried) terminar com ele e iniciar um romance com Foy (Neil Patrick Harris), dono da bigoderia local.

Qualquer um que já jogou com Mike Haggar sabe da importância de pelos faciais. Lógico que em pleno Oeste Selvagem, o dono de uma bigoderia é uma figura de grande influência.

Abandonado, deprimido e achocolatado, Albert só tem a companhia de seus dois melhores amigos, Edward (Giovanni Ribisi) um cristão devotado, e sua noiva Ruth (Sarah Silverman), a extremamente requisitada prostituta local.

Ora, não se atreva a julgar. Eram tempos difíceis, as pessoas aproveitavam o romance onde ele aparecia.

De repente, uma nova moçoila chega à cidade: Anna (Charlize Theron). E por motivos que só Jesus entenderia, ela se interessa por Albert e decide ajudá-lo a reconquistar Louise. Infelizmente, Anna também é a esposa de Clinch Leatherwood (Liam Neeson), o bandido mais violento, trapaceiro, sujo, sarnento e pestilento dos Estados Unidos da América, e todos podemos imaginar como essa história se desenrola, não?

Bom, ser previsível não é pecado. Além do mais, o humor do filme deve compensar por esta falha, certo?

Certo?

Correto?

Sabem o que sempre é correto? BIGODES!!!

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola tenta misturar vários tipos de humor diferentes e na maioria dos casos, eles não funcionam.

Pra começar, o personagem de Seth MacFarlane é muito consciente de seu ambiente e perde-se em longos monólogos sobre como a vida no Velho Oeste é ruim, sobre como ele e seus amigos podem morrer a qualquer momento, vítimas de doenças, sendo assassinados ou atacados por animais selvagens. Além disso, ele reclama do caos de sua sociedade O TEMPO INTEIRO.

Soa forçado, pois o personagem está analisando sua época com uma visão contemporânea. Seria como se um personagem numa comédia dos anos 1980 criticasse a moda de seu tempo com a perspectiva que temos dela hoje. Não funciona e torna-se cansativo rapidamente. O seriado That 80's Show foi a prova definitiva disso.

O que foi? Você nunca ouviu falar de That 80's Show? EXATAMENTE!!!

De fato, muitas das piadas do filme parecem ter sido escritas para uma apresentação de stand-up, pois elas simplesmente não tem graça na telona. Se Seth MacFarlane se vestisse de cowboy, fosse até um clube de comédia e fizesse os mesmos monólogos, ele com certeza arrancaria muitas risadas. No cinema, não.

MacFarlane também tenta duplicar o humor que tornou-se sua marca em Family Guy: Piadas rápidas, referenciais e em sequência, que tem pouca ou nenhuma ligação com o roteiro principal. Na animação elas dão certo, porque o enredo de seus episódios é criado apenas para servir de trampolim para a comédia, o que é adequado para algo com vinte minutos de duração. Um filme de duas horas precisa de mais do que um fiapo de história e centenas de piadas soltas para ser divertido.

E aliás, vou ensinar a vocês uma pequena lição sobre comédia: Mídias diferentes requerem piadas e timing diferentes. Uma piada que funciona em um filme, não funcionaria em uma história em quadrinhos. Uma piada que funciona em uma série animada não funcionaria em uma apresentação de stand-up e assim por diante.

Comédia é uma arte DIFICÍLIMA de ser dominada. E é por isso que eu me irrito quando um zé bunda qualquer acha que é comediante porque passa dez minutos gritando em vídeos no Youtube.

Mas estou divagando. Por favor, me ignorem.

Mas bem, temos Charlize Theron. E ela resolve qualquer parada
Bom, menos o enredo de Prometheus...

Mas o maior pecado deste longa é sem dúvida seu protagonista.

A lição número 1 do cinema, é criar um protagonista de quem o público goste. Afinal, acompanharemos a história dele, então é bom que ele nos cative.

Rocky Balboa, por exemplo. Ele é um sujeito meio simplório, fortão, sem muito estudo, mas que tem um coração enorme, é incrivelmente leal as pessoas de quem gosta, e que possui uma determinação inabalável. Essas qualidades nos conquistam e fazem com quem torçamos para que ele tenha um final feliz.

Bom, não dá pra se importar menos com Albert e tudo por culpa de seu intérprete. Seth MacFarlane pode ser um bom comediante e roteirista, mas ele não possui carisma NENHUM para ser um protagonista no cinema. Ele funcionaria como o melhor amigo do herói, mas de forma alguma consegue carregar um filme inteiro nas costas.

Mas o que me irritou mais neste filme, é como ele é, em seu âmago, uma fantasia masculina extremamente estúpida e adolescente.

Seth MacFarlane é o cara legal, tímido, mas incompreendido, que toma um fora da sua namorada gostosa. Mas tudo bem, porque ele consegue uma namorada ainda mais gostosa, que não poupa esforços em falar para o mundo o quanto ele é um partidão.

Sério, tem uma cena em que Charlize Theron vai até Amanda Seyfried e fala, com todas as letras, como o MacFarlane é um cara fantástico e que é um absurdo ela não perceber. Não vejo um diretor filmar uma cena de "vocês deviam me valorizar" tão escancarada desde que M. Night Shayamalan colocou-se em A Dama da Água como o escritor destinado a salvar o mundo.

E todos sabemos o que aconteceu com Shayamalan depois que seu ego ficou inflado, não? Pois vamos torcer para que o mesmo não aconteça com Seth MacFarlane.

Digo, não acho que MacFarlane possa realizar algo tão traumático quanto O Último Mestre do Ar, mas bem... Todo tipo de horror pode acontecer em Hollywood...

Não há motivo para essa imagem estar aqui. Eu só
adoro a Sarah Silverman mesmo

É uma pena, mesmo. Acho que o sucesso de Ted deu a MacFarlane muita liberdade para injetar o que bem entendesse em seu segundo filme. Infelizmente, excesso de piadas nem sempre quer dizer excesso de risadas, e espero que o diretor tenha aprendido esta lição agora.

Não é como se Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola não tivesse seus bons momentos. O humor pastelão ultra violento (o fotógrafo que explode, por exemplo) consegue arrancar boas risadas, e pelo menos uma referência a um filme querido dos anos 1980 estampará sorrisos em muitos rostos.

Mas se você tem ódio de Seth MacFarlane e gostaria de vê-lo sendo espancado por uma gangue de dentistas suecos até virar doce de mocotó, não será este filme que o fará mudar de ideia.

E mocotó é nojento.

Cheers!!!

13 comentários:

Anônimo disse...

mas um cuidado se não assim eu me acustumo até levei um susto ao abrir a pagina do seu blog e ver que estava atualizada

Anônimo disse...

Interessante sua critica eu particularmente não sou o maior acompanhador do trabalho do Seth MacFarlane mas pelo que conhece do seu trabalho ele tem/tinha talento pra comedia uma pena ver que esse tipo de coisa acontece só da pra desejar sorte para que ele tenha aprendido a lição e faça algo mais decente nos prosimos filmes

Anônimo disse...

Interessante sua critica eu particularmente não sou o maior acompanhador do trabalho do Seth MacFarlane mas pelo que conhece do seu trabalho ele tem/tinha talento pra comedia uma pena ver que esse tipo de coisa acontece só da pra desejar sorte para que ele tenha aprendido a lição e faça algo mais decente nos prosimos filmes

Giovanni Seiji disse...

C-C-C-Combo hit!!
Dois artigos em uma semana Grande Amer! faz alguns anos que não vejo isso!
Desse jeito vai nos deixar mal-acostumados.
Você me interessou a procurar esse filme, não sou um grande fã do Seth MacFarlane, na verdade eu até gosto de Family Guy porém acho que ele força muito em algumas coisas e pega MUITO pesado em outras situações.
Mas vou dar uma olhada no filme!

Obrigado Grande Amer! Estoy Aqui esperando novos post ou gameplays!

E eu gosto de mocotó....

Júnior disse...

Bela matéria, apesar de curta, passou bem o que esperar do filme.
Ainda pretendo assistir só pra ter uma noção, afinal eu ADORO os trabalhos do Seth MacFarlane. Sempre defendo que Family Guy foi a melhor coisa que a América nos fez em relação a humor adulto nos últimos, não sei, 20 anos.
Ah, e uma coisinha, Amer. Mandei uma mensagem na sua página do face... Depois dê uma conferida lá, hehe.

Unknown disse...

Cara, comentei a mesma coisa que tu escreveu em outro blog. Não precisava o McLanche ser o protagonista. Dá a impressão que ele acha que mais ninguém vai conseguir falar o que ele escreve.

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

outro post? mal a resenha do Angry Nerd assentou e já temos outra crítica? beleza então.

sobre o filme.....errr...quando foi que lançou esse nos cinemas? na minha cidade não foi, com certeza. mas eu iria ao cinema por causa do Liam Neeson. acho hilário quando um cara de filmes de ação faz comédia, soa duas vezes mais engraçado. no dia que Jason Sthanham fizer um filme do gênero, ele terá o meu respeito.

bem...nem sempre funciona, Clint Eastwood acho que fez um filme na época aúrea dele e não achei engraçado. vai ver porque ele perpetualmente vive mal-humorado até quando ri ou faz piada.

bem como não assisti esse, até porque nem sabia da existência do filme, não sei dar uma opinião. mas tem a Sarah Silvermann, onde em comédias funciona bem, penso eu.

PAULO HENRIQUE DE DEUS disse...

Segundo post em menos de uma semana, seus leitores vão ficar desacostumados. Não acompanho muito o trabalho do Seth MacFarlane, mas pelo que eu entendi do post, esse é mais um em que o ego ficou maior que o talento.

L disse...

É a mesma coisa que tá acontecendo com o Adam Sandler, no filme Grow Ups ele é o mais bem sucedido dos 4 caras, ah e o filme é uma bela duma bosta.

Kamen Homer disse...

será que o Macfarlane esta virando um Al Jean?(um dos produtor executivo dos simpsons que fez a serie se arruinar quando a 13ª temporada surgiu)

André Colin disse...

na minha opinião tudo que o McFarlane fez de bom se resume ao trabalho dele na Hannah Barbera e nas primeiras temporadas de Family Guy...a fórmula de humor dele já mostra cansaço a muito tempo e ele já deveria ter se reinventado a pelos menos uns 5 anos.

Carlos_Magnum disse...

Vi ele dublado no plano de fundo enquanto arrumava a casa e passava roupas, pareceu um bom passatempo. Deve ser legal de ver com os amigos enquanto bebe algo, mas sendo assim até o programa da Fátima Bernardes é.

gustavorv12 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.