segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Crítica do Amer: Star Wars Rebels


Não faço segredo algum do desgosto que criei com Star Wars com o passar dos anos.

Star Wars era uma de minhas maiores paixões na infância. Eu assisti a trilogia original até decorar todas as falas, tinha os brinquedos, jogava os video games, diabos, eu gravei o Especial de Natal em uma fita VHS velha, e ela era a jóia da coroa da minha coleção.

Então, vieram os episódios I, II e III. E tudo que eu amava em relação a série foi jogado fora, em prol de comerciais de brinquedos com duas horas de duração.


Agora, quero deixar clara uma coisa, não tenho absolutamente nada contra um artista ganhar dinheiro com sua criação. Diabos, eu QUERO que as pessoas que eu admiro tenham sucesso com suas ideias e enriqueçam com elas, pois assim elas podem continuar produzindo coisas novas.

Mas o que George Lucas fez... Foi criminoso. A segunda trilogia não era apenas ruim de um ponto de vista cinematográfico, mas parecia ter sido criada unicamente para empurrar uma nova linha de brinquedos goela abaixo do público. E a magia da saga original foi sacrificada porque Lucas queria adicionar alguns cifrões a sua conta bancária.

Não apenas isso, mas o diretor modificou a primeira trilogia até ela ficar quase irreconhecível. Porque ele sabia que a comunidade de fãs de Star Wars, devotada que só ela, compraria os mesmo filmes de novo, de novo e de novo, se fossem relançados com meio segundo de CG a mais neles.

Devido a todas estas atrocidades, eu dei graças a Deus quando soube que a LucasFilm havia sido comprada pela Disney. Claro, muita gente discorda desta opinião e houve um sem número de reclamações, de pessoas que acreditavam que a casa do Mickey DESTRUIRIA PARA SEMPRE o legado de Star Wars.

Bom, se Star Wars Rebels indica alguma coisa, é que aquela galáxia muito distante está finalmente em boas mãos.

"Eu ouvi as histórias, de como um Hutt chamado "Lucas" destruiu
as vidas de incontáveis inocentes. Mas finalmente acabou..."

Star Wars Rebels acontece entre Episódio III e Episódio IV. Mais precisamente, a série se passa cinco anos antes de Uma Nova Esperança. Em outras palavras, na cronologia da série, Star Wars Rebels está mais próxima de Luke Skywalker que do Anakin.

Mas calma, fica melhor, continuem lendo.

Pois então, as Guerras Clônicas acabaram, os Jedi foram exterminados, o Império Galáctico controla tudo e o povo vive atemorizado com a presença do exército de Palpatine. Neste cenário, conhecemos Ezra Bridge, um pilantrinha de 14 anos que não vê mal em tirar proveito do Império (e as vezes de cidadãos comuns) para sobreviver.

Um dia, durante uma trambicagem padrão, Ezra cruza com um grupo de rebeldes que frustra as operações do Império em todas as ocasiões que pode. Como sempre acontece nestes casos, o garoto acaba a bordo da nave do bando e relutantemente envolve-se na pequena guerra que eles iniciaram contra a maior força opressora da galáxia.

Sim, é uma história bem padrão, mas mesmo a trilogia original de Star Wars não era totalmente composta de ideias novas. O que a tornou um sucesso foi a forma que tais ideias foram executadas e como seus personagens foram desenvolvidos.

E estas são duas coisas que Star Wars Rebels parece fazer muito bem.

Outra coisa que a série faz bem, é que traz os Stormtroopers mau humorados
clássicos de volta. Clones são um saco

Então falemos do elenco primeiro, sim? Pois são personagens interessantes como há muito tempo eu não via em Star Wars.

Ezra Bridge é meio que um Han Solo adolescente. Ele pensa em si mesmo em primeiro lugar e reluta um pouco em ajudar os outros, mas no fundo tem um bom coração e é isso que o motiva a sair de seu mundinho de pequenos golpes e unir-se aos demais rebeldes e a sua missão.

Claro, a arrogância de Ezra o torna meio chato as vezes, mas acredito que essa é a intenção. Todos fomos chatos insuportáveis durante a adolescência e há muito material para desenvolvimento de personagem aí.

Em seguida, temos Kanan Jarrus, um Jedi que sobreviveu a Ordem 66 e que age como um dos líderes do grupo. Jarrus era apenas um Padawan quando os Jedi foram massacrados, então podemos deduzir que ele nunca concluiu formalmente seu treinamento.

Isso oferece possibilidades muito interessantes, uma vez que Jarrus pode ser um guerreiro poderoso, mas com limitações bem definidas. Não sei vocês, mas estou muito feliz em ver um Jedi que não será usado como uma saída Deus Ex Machina para todos os conflitos do roteiro.

Há também Zeb Orrelios, o cara GRANDE da equipe. Ele preenche o papel do resmungão, que não gosta de Ezra no começo, mas que eventualmente aceita sua presença, o de sempre. O que o diferencia da norma é que bem... Ele é meio covarde e egoísta.

Lembram como Chewbacca era um sujeito capaz de pular na frente de uma ogiva nuclear se isso protegesse seus amigos? Orrelios não é assim, e de vez em quando ele escolhe a auto-preservação ao invés de fazer a coisa certa. Ele também evita assumir qualquer responsabilidade sobre seus erros se puder.

Ou seja, toda a panca de machão e ranzinza pode ser apenas uma fachada pra esconder que na verdade, Orrelios não passa de um covarde. Não sei vocês, mas isso me parece um personagem muito interessante.

"Me comparando ao Chewbacca? Você sabe o fim estúpido
que ele teve no Universo Expandido?"

Agora, estes são apenas os rapazes do grupo. Temos também duas garotas, e elas são personagens tão interessantes quanto seus colegas. Elas não estão lá apenas para torcer pelos meninos ou fazê-los parecer legais.

É triste, mas muitas séries ainda se limitam a usar mulheres como mero enfeite de cenário. Mesmo hoje, em 2014.

A primeira delas é Hera Syndulla, uma Twi’lek (e todos amamos Twi’leks) que pilota a nave da equipe e que a lidera, junto de Kanan Jarrus. Ela não é a segunda em comando, vejam bem, mas alguem com o mesmo nível de autoridade do Jedi. Eles debatem e tomam decisões juntos, sem que um mande no outro.

Além disso, Hera é apresentada como uma pessoa experiente, que já viveu bastante e viu de tudo. O grupo a respeita e parece escutar o que ela tem a dizer. Ela assume um pouco o papel de mãezona da equipe, mas de forma natural, como um adulto que se preocupa com pessoas mais jovens que estejam sob seus cuidados.

Agora, vou falar da personagem que mais gostei no desenho: Sabine Wren.

Essa moça linda aqui

Primeiro de tudo, ela é uma Mandaloriana. Vocês sabem, o povo do Boba Fett.

Sim, ela tem uma armadura parecida com a dele.

Quero deixar claro que não sou fã do Boba Fett e sempre o achei um dos personagens mais super valorizados da franquia. Mas gosto muito dos Mandalorianos, provavelmente por causa de Canderous Ordo.

Quem jogou Knights of the Old Republic sabe a que estou me referindo. Para os demais, soei apenas como um velho louco. Oh, bem.

Mas Sabine não é só um Boba Fett com armadura rosa (a armadura dela é ROSA! SENSACIONAL!), mas uma guerreira a ser temida. Ela sabe se virar muito bem em combate e é também uma perita em demolições.

Explosivos. As coisas fazem *BUM* quando ela quer.

Não apenas isso, mas ela tem uma tridimensionalidade ainda rara em desenhos animados, especialmente no tocante a personagens femininas. Sabine é vaidosa, mas não de forma nociva. Ela não passa seus dias na frente do espelho reafirmando o quanto é linda, mas customizou sua armadura (que é ROSA! TOMA ESSA, BOBA FETT!) e faz mechas coloridas no cabelo. Sabine tem orgulho de sua aparência e o demonstra de forma saudável.

Vou dizer que gosto muito dessa caracterização. As pessoas podem ser mais de uma coisa e é bom ver que personagens femininas fortes estão quebrando o padrão “sou durona e emburrada” que vimos com a Viúva Negra no cinema.

E considerando que a série nem estreou e já existem fanarts de Sabine, acho que muitos vão criar um xodó por ela.
 
E acredito que ela não vai ser devorada por um buraco no deserto,
o que é sempre um ponto positivo

Se me permitem, falarei um pouco sobre a parte técnica da série agora. Concordam?

Não que vocês tenham escolha. O site é meu e eu decido o que vou escrever.

Pois bem, a animação é muito boa. As sequências de ação são fluidas e fáceis de acompanhar, algo muito bem vindo depois de todo o caos visual que se tornou uma das marcas de Star Wars nos últimos anos. Mesmo os momentos mais calmos, onde os membros do elenco apenas conversam, são bem dirigidos e não se tornam maçantes.

Bem diferente do “pessoas andando em linha reta enquanto debatem monotonamente segredos de estado”, que George Lucas tanto adorava usar na segunda trilogia.

Mais importante que isso, o design dos personagens é bastante criativo. Para começar, o elenco principal é bem variado etnicamente. Ezra parece ser de descendência árabe, Jarrus é caucasiano e Sabine tem traços asiáticos. Acho muito legal que Star Wars deixou de ser uma “festa do pão branco” e está dando chance a todos os povos de se identificarem com seus heróis.

De fato, muitos dos visuais de Star Wars Rebels foram baseados nos conceitos de Ralph McQuarrie para os três filmes originais da saga. Zeb Orrelios foi criado com base em um design não usado de Chewbacca.

Além disso, a série presta tributo a época em que a trilogia original foi lançada. Vários personagens usam visuais que remetem a “moda disco” que estava em seu auge na época. Em especial as magníficas costeletas do agente imperial Kallus, que fariam os membros do Abba tremerem.
 
"Sua Aliança Rebelde não é páreo para
minhas costeletas cósmicas"

Como vocês podem deduzir, eu fiquei muito feliz com Star Wars Rebels.

Admito, a nostalgia tem muito a ver com isso, mas apenas ela não é suficiente para me fazer gostar de uma série (ouviu isso, Transformers Prime?). O que mais me agrada aqui é o quanto esta animação tenta se afastar de um período desgastado da franquia e tenta injetar nova vida em algo que perdeu muito de seu brilho.

Da mesma forma que Ezra e seus amigos são uma fagulha daquilo que um dia viria a ser a Aliança Rebelde, Star Wars Rebels é a centelha que indica que esta saga, tão amada pelo mundo afora, pode distanciar-se de toda estagnação em que se encontrava e reconquistar a glória de seu passado.

A série está programada para estrear no dia 3 de outubro no Disney XD norte americano. Aqui no Brasil será lançado até o fim do ano. Então eu ficaria de olho nos comerciais do canal se fosse vocês.


Cheers!!!

14 comentários:

Leonardo Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leonardo Marques disse...

Concordo que Star Wars perdeu um bocado do brilho a partir da segunda trilogia. Estou torcendo pra que Star Wars Rebels faça muito sucesso.

Hikaruon disse...

Agora está ansioso pela versão dos personagens em Disney Infinity né Amer? XD

Anônimo disse...

Nesse momento o Abner deve estar caído no chão cercado de latas de redbull vazias.O blog tá atualizando mais do que eu consigo ler!

Unknown disse...

Putz! Me encheu de esperanças quanto aos eps VII E VIII! Amer não abandone o blog de games, eu adoro ele!

Anônimo disse...

Interessante nunca entendi esse povo que reclama que a disney vai estragar a Lucasfilmes e ia ficar "Disneyficada" enclusive falaram a mesma coisa da Marvel mas sobre esse Star Wars Rebels pelo que você falo parece ser bom ou pelo menos melhor que Star Wars: The Clone Wars vou dar uma futura confeirda quando poder enclucive sempre quis saber sua opnião sobre Transformers: Prime

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

que bom saber que a Disney não colocou seus personagens clássico na nova empreitada do Star Wars.

se bem que gostaria de ver o Donald como um Sith. (Jedis são menos interessantes ao meu ver, e como o próprio Amer afirma: eles são cachorros do governo) mas melhor assim, os personagens da Disney não são tão icônicos como nos anos 80 e 90. resumindo a jovens achocolatados ultimamente

pela sua resenha, até deu vontade de ao menos ver o primeiro épisódio.

eu aguardo a seu post sobre o Batman, que chuto que deve ser falando dos filmes do Christian Nolan e as suas expectativas com o Batman VS Superman.

Pedroca West disse...

Jorrando cachoeiras da minha calcinha com esse Kallus aí *0*

Twero disse...

Olha, curti a pacas esse grupo de rebeldes! Bem diversificado, cada um com seus traços e todos me parecem ser deveras carismáticos!

Parece ser a melhor coisa de Star Wars desde aquela mini-série em 2D das Guerras Clônicas.

Vou acompanhar de perto quando estrear no Disney XD brasileiro.

comer e legal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
comer e legal disse...

não gostei muito da animação no vídeo de apresentação, mas vou dar uma olhada na serie só porque tu causa safado seu eu não gostar tu vai para na macumba, aquela droga do "Star Wars: The Clone Wars" do George Lucas foi traumático
cara faz um artigo sobre Transformers: Prime.

Éder disse...

Putzgrila vou ter que queimar minha lingua , tava esperando que esse novo Star Wars saísse um horror que nem mesmo Lovecraft conseguisse mentalizar , mas com sua opinião sempre confiável vejo que posso assistir sem susto

Jlucas disse...

E eu sempre dava um olhar torto pra essa série. Agora eu concordo que se a Diney não tivesse comprado a LucasArts o George Lucas iria destruir a própria franquia. E o posto ainda me fez lembrar do Caderous, meu segundo personagem favorito em kotor depois do HK-47.

SEMI disse...

Finalmente pararam de punhetar as guerras clônicas!

Será que a força voltará a ficar comigo?