domingo, 14 de agosto de 2011

Crítica do Amer: Catherine


A Atlus é possivelmente minha produtora de games favorita da atualidade. Não só a empresa é responsável pelas duas únicas séries de JRPG que conseguem ser interessantes no gênero (Shin Megami Tensei e Persona, pra quem não sabe), como ela também não tem medo de arriscar e trabalhar com temas que outros dentro do ramo considerariam tabú.

Este é o caso de Catherine, um game único e diferente de ser classificado, que envolve puzzles, decisões morais e a boa e velha dose de sobrenatural que é tão conhecida daqueles que acompanham seus trabalhos.

Então, Catherine vale a pena, ou é uma garota que seria melhor não conhecer?

Pois é o que vamos descobrir.


Aqui conhecemos Vincent Brooks, um sujeito comum, de trinta e poucos anos, que trabalha, sai com os amigos, enfim, não é marcante de maneira alguma.

Nas últimas semanas, ele vem sido pressionado por sua namorada, Katherine, para que se casem. Eles já estão juntos há cinco anos e a moça quer dar o próximo grande passo. Vincent não está nem um pouco empolgado com a idéia e tenta tirar a cabeça disso no bar, com seus amigos.

Enquanto tomava a saideira, Vincent foi abordado no bar por uma garota absurdamente linda, com quem conectou-se imediatamente logo a primeira vista. Antes que perceba, Vincent leva a moça misteriosa para casa e os dois passam a noite juntos.

Para cúmulo do cúmulo, a garota em questão também se chama Catherine.

Agora, Vincent tem de decidir o que fazer, se esquece a breve aventura que viveu com Catherine e leva adiante a vida que tem com sua noiva, ou se abandona seu relacionamento passado e entra de cabeça em um incerto romance com uma maluquinha que conheceu em um bar.

Pra piorar as coisas, desde que iniciou seu romance, Vincent passou a ter pesadelos. Neles, é necessário escalar uma parede que aos poucos desaba e chegar ao topo antes que seja tarde demais. Ele não está sozinho, nos pesadelos ele encontra com diversas “ovelhas”, que se parecem um bocado com pessoas presentes em seu dia-a-dia.

Finalmente, diversos homens da região passam a morrer enquanto dormem. Aos poucos, Vincent começa a acreditar que seus pesadelos são muito mais do que parecem.

A premissa do game é simples, mas perfeitamente executada. Do mesmo jeito que Persona 3 e Persona 4 traziam histórias surpreendemente concretas sobre adolescência e crescimento, Catherine nos mostra de maneira bastante palpável os relacionamentos da vida adulta.

A Catherine do bar é pura luxuria, interessada apenas em transar e mandar fotos sensuais para o celular do rapaz, ao passo que Katherine é o completo oposto e não faz cerimônia em despejar problemas na cabeça do namorado. Em alguns momentos, é realmente tentador seguir o caminho mais fácil.

Além de Vincent e as duas “Catherines”, existem inúmeros personagens fascinantes na história. Como Orlando, Toby e Johnny, eternos companheiros de copo do protagonista, Erica, a sensual garçonete do bar e os demais clientes do estabelecimento.

Você pode (e vai) passar um bom tempo batendo papo com essa gente e descobrindo mais a respeito deles. Embora não haja um sistema de amizade como em Persona 3 e 4, ainda é possível se envolver um bocado com os coadjuvantes e seus problemas.

Dito tudo isso, o ponto forte de Catherine é sua história. Se você é o tipo de jogador que mergulha de cabeça no enredo e personagens de um game, este título foi feito sob medida para você.


A apresentação do game é fenomenal, o que não é surpresa, se lembrarmos os altos padrões que a Atlus estabelece para seus títulos.

O design de personagens ficou a cargo de Shigenori Soejima, responsável por praticamente todo game que se passe no universo de Shin Megami Tensei. Fãs da franquia (seja lá em qual de suas encarnações) reconhecerão as similaridades entre o elenco deste e de games passados.

Existem diversas cenas em animação tradicional produzidas pelo Studio 4°C, (responsável pelo novo desenho dos Thundercats), todas com qualidade espetacular. Os gráficos do jogo são igualmente estupendos e simulam de forma grandiosa um Anime.

Cada personagem possui uma identidade visual própria, que reflete com perfeição sua personalidade. Vincent é um largado que parece não dar a mínima para aparência, Catherine é uma bomba de feromônios que exibe o quanto pode de seu corpo,enquanto Katherine é séria e rígida, fato refletido por suas roupas sóbrias e discretas.

O bar e a casa de sushi foram criados de forma a se assemelharem o máximo possível a estabelecimentos reais e são bastante convincentes em seu trabalho. O mesmo pode ser dito do apartamento de Vincent, que é uma zona, como a casa da maioria dos solteiros.

O visual do mundo dos pesadelos é mais abstrato, mas igualmente funcional. Não dá pra falar muito sem soltar Spoiler, mas assim que passar um tempo lá, será mais fácil perceber como as escolhas visuais para o local fazem sentido.

Embora não haja uma opção para deixar o diálogo em Japonês, a dublagem Norte Americana tem grande qualidade. Ela é composta de atores e atrizes que já emprestaram seus talentos vocais para Persona e qualquer um que tenha passado algum tempo com a série sentirão-se em casa aqui.

A trilha sonora é discreta no dia-a-dia e composta de música clássica nos pesadelos. Embora não seja ruim, não o empolgará a comprar o CD correspondente.


A jogabilidade de Catherine é incomum, para se dizer o mínimo. Existe a etapa de simulador de relacionamentos, mas também as fases de puzzle.

E rapaz, são puzzles como você nunca viu antes.

Em seu pesadelo, Vincent precisa escalar uma torre formada por diversos blocos encaixados nas mais variadas disposições. Algumas partes parecem uma conveniente escada, outras já são plataformas mais distantes e em algumas ocasiões, tudo que há em seu caminho é uma parede sem nenhuma forma aparente de ser escalada.

Sua função é rearranjar os blocos da maneira que melhor se adequarem a seu progresso. Pode ser algo simples como formar degraus com alguns deles ou absurdo, como reorganizar todos os que estiverem em seu caminho de maneira a transformar uma parede lisa em um grupo de plataformas.

E como eu disse anteriormente, a base da parede desaba em intervalos fixos de tempo, então não é aconselhável ficar embromando.

Conforme o jogo avança, a dificuldade aumenta drasticamente. Você irá se deparar com blocos de gelo, blocos com o dobro do peso, ou mesmo blocos explosivos, será necessário aprender a lidar com cada um deles e suas propriedades para prosseguir da melhor forma.

Existem diversos itens ao longo dos estágios. Alguns criam blocos novos para facilitar sua travessia, outros eliminam os inimigos da tela e por aí vai. A subida não é mole, mas pelo menos você não estará de mãos totalmente vazias.

No último andar de cada noite, além dos desafios normais, é preciso encarar um monstro gigante (cada um sempre relacionado a uma das insegurança de Vincente) que faz o possível para atrapalhar a subida. Cada um deles possui ataques especiais diferentes e será preciso aprender seus padrões para poder prosseguir.

Catherine pode ser um game frustrante em alguns momentos. A simples pressão de ter um tempo limitado já complica muito na hora de raciocinar sobre qual a melhor maneira de arrumar o terreno para sua subida. Jogando na dificuldade Easy no entanto, é possível “rebobinar” suas últimas ações e consertar erros, o que é o mais indicado para quem começar a ter enxaqueca com o game.

Entre um andar e outro existem territórios com confessionários, onde é possível conversar com as demais ovelhas e trocar técnicas com elas. Felizmente, tudo que o jogo tem a lhe ensinar é mostrado via práticos videos, que demonstram exatamente como as mesmas funcionam. Já dentro do confessionário, uma voz desencarnada faz perguntas a Vincent (do tipo “O que você faria caso se apaixonasse pela esposa de seu melhor amigo?”). As respostas dadas alteram seu medidor de moralidade.

Ah sim, falemos disso por um instante.

Existe um medidor que pesa suas ações e o define como “sujeito certinho” ou “safado lazarento” (pra colocar em temos simples). Todas as ações que der ao longo do jogo afetam este medidor, o que define o rumo que a história irá tomar.

E quando eu digo “todas as açõea afetarão o medidor”, eu falo sério. As respostas que der no confessionario, as conversas que tiver com os amigos no bar, responder aos torpedos de Catherine ou Katherine, os conselhos que dispensar aos demais clientes do bar, TUDO ISSO afeta a moralidade de Vincent. É preciso ficar de olho aberto se não quiser que balança penda para o outro lado.

Claro, sua moralidade define qual dos finais você verá, de um total de OITO finais, quem quiser ver tudo que a história tem a oferecer precisará terminar Catherine muitas e muitas vezes. O game é relativamente curto e pode ser terminado em um único final de semana se jogado com afinco. Esta premissa pode afastar alguns jogadores, mas é um prato cheio para aqueles que gostam de ver todas as nuances de uma história.


Catherine é um gosto adquirido e um dos poucos (talvez o único) game da atualidade totalmente voltado para adultos.

Sua jogabilidade que depende mais do raciocínio do que destreza e seu enredo que trata de problemas “de gente grande” pode não apetecer muito ao público mais jovem. Mas jogadores mais velhos que procurem algo diferente e com personagens com os quais possam se identificar, terão em mãos um dos mais incríveis títulos já produzidos.

Cheers!!!

13 comentários:

Sybellyus Paiva disse...

Boa!

Quando puder jogo para dar uma olhada! Tem um listão de rpgs da Atlus pra fechar e nada.

Scariel disse...

Joguei a Demo do jogo e já achei ele muito bom e muito dificíl!
Mas só os personagens desse jogo, já fazem ele vale a pena de ser jogado.

Renan vas Normandy disse...

haha muito bom esse jogo.fiz um final dele já e quero ver todos!
mas Amer,você esqueceu de citar que o Vincent já havia aparecido no Persona 3 falando sobre a mesma história que acontece com ele em Catherine(e se não esqueceu deveria ter citado).

De qualquer jeito ótima análise!

BAH disse...

Estou cada vez mais inclinado a adquirir um console HD. E não apenas por jogos como Catherine.

Amer, não sei se você já leu "Scott Pilgrim" (meu sentido de aranha diz que não). Se não leu, faça esse favor para si mesmo. Com sua formação "cultural" semelhante a minha (incluindo hqs, games e desenhos anos 80) é impossível não ser fisgado. Ainda mais para um admirador de "River City Ransom".

Mas se você já leu, então aproveito para pela primeira vez pedir o review de um jogo: "Scott Pilgrim vs. the World" que saiu apenas na Live/PSN.

Ah! Fuja do longa metragem. Por mais que tenha sido uma adaptação digna, ele é incapaz de transmitir o que a HQ tem de melhor.

brunoos01 disse...

Terminei esse jogo semana passada, e adorei ver um jogo que aborde temas mais adultos, me identifiquei com vários dos problemas citados no game. A arte do jogo é fenomenal, o rosa contrasta muito bem com o preto e animação é um show aparte. Mas como o Hammer disse, não é um jogo para todos, muitos podem achar a jogabilidade simples, e pessoas mais jovens podem não se interessar pelo tema proposto.

Sasoriman disse...

Amer, você ficou qual 'atherine? Quando eu vi o jogo eu pensei: "Pff, serei fiel." mas achei a Katherine MUITO, MUITO chata. D:
Ah! Eu gostei da Trilha sonora e comprei o CD imediatamente. E, só pra ser chato: Dá pra rebobinar as ações no Normal. E tem um modo Very Easy também(Acho que tu tem que segurar Select na hora de mudar de dificuldade, ouvir um barulho e selecionar Easy.).

eeeee disse...

sei não...
tenho 15 anos mas vou jogar mesmo assim...

Só por causa de você amer.(isso saiu meio gay)

Kaum disse...

Eu já estava com vontade de comprar esse jogo... E agora recebendo o "dedão positivo" do Amer estou quase correndo ir comprar.

E... 8 finais? DEUSES!

Raphael Soma disse...

Eu pegaria mesmo com ou sem aprovação do Amer, adoro os jogos NINTENDO HARD da Atlus!

E depois de saber que o Amer caiu na trap da ruiva, mais um motivo pra catar o game^^

Matheus White disse...

Catherine é um dos meus jogos favoritos desta geração. O jeito de narrar a história e ir "te avaliando" é legal demais. =)

Qual final acabou fazendo, Amer?

Blade Malik disse...

Hey Amer, eu poderia pegar esse artigo emprestado?

Achei o jogo foda, por sinal. (pelo que você escreveu, eu não tenho um Xbox.)

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

Catherine... uma das minhas 5 musas dos vídeo games.(Lightning(FFXIII),Shanoa(Castlevania),Arcia(Chaos Legion),Ashe(FFXII),Catherine....) ora diabos, ainda esqueci a Samus(Metroid),Alis(Phantasy Star) e a Bayonetta...

eu disse 5? quis dizer....ah, whatever


Amer, infelizmente não tenho um XBOX 360 ou PS3 para jogar(ainda) Catherine. mas jogo nas locadoras e geralmente compro os games, mesmo sem ter o console. mas Catherine não um desses que se joga em publico, principalmente com crianças do lado. só pelas cenas de...amor que o Vincent passa com as Catherines...amigo, é quase um soft hentai

isso me fez me lembrar porque fiquei com fama de tarado na minha rua, por causa de Kratos,Afrodite e uma senhoras que levaram seus filhos para jogar....mas isso é outra história.

Gabriel // zGABRIELz disse...

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