Uma análise de Holy Avenger!

Bom, se você é meu contemporâneo, deve se lembrar da chegada dos mangás e animes no Brasil.

Primeiro, Cavaleiros do Zodíaco na saudosa Rede Manchete.

Depois, as toneladas de animes de segunda categoria que a emissora trouxe tentando duplicar o sucesso dos Caballeros. Bombas como Samurai Warriors, Shurato e o inesquecível U.S Manga, com sua música tema capaz de causar tumores e que ocasionalmente exibiu animes genuinamente bons como M.D Geist e Genocyber.

Embora o sucesso de Seiya e seus manos não tenha se repetido até a chegada de Yuyu Hakusho.

Então tivemos as Animecons, AnimeFriends, AnimeFests, AnimeBronsons e toneladas de outros eventos.

Havia também o Band Kids, que exibia alguns dos desenhos mais bestas do mundo, mas tinha uma apresentadora extremamente gata.

Finalmente, mangás começaram a chegar em nossas bancas. Tinha um Samurai X aqui, um Rayearth alí, e as coisas começaram a parecer melhores para os fãs desse estilo de quadrinhos.

Eis que aproximadamente nesta época, surge também um quadrinho nacional com o pé enfiado no estilo mangá: Holy Avenger.

O que diabos era Holy Avenger???

Vem comigo que eu lhe mostro.

Holy Avenger é cria de Marcelo Cassaro, editor de revistas de rpg, escritor de ficção científica, roteirista e no geral, ser multi-tarefa que criou o sistema 3D&T de rpg.

Ele também criou o Capitão Ninja! Personagem muito legal na época que era um cartum.

A história se passava em um mundo de fantasia medieval. Um tema que já foi bastante explorado, mas verdade seja dita, o autor da série não foi o primeiro a fazer isso e sem dúvida não será o último.

Usar tal cenário também era uma boa jogada de marketing, pois fisgou muitos leitores da Dragão Brasil e lembremos sempre que, por melhor que seja um quadrinho, ele não vale nada se ninguém o comprar.

Tudo gira em torno de quatro personagens e suas aventuras no mundo de Arton.

Temos Lisandra, criada em uma ilha cheia de dinossauros e que eu acho que é uma druida. A menina tem o poder de fazer armas e armaduras com a força da terra e está em uma missão sagrada e muito importante que discutirei em maiores detalhes depois.

Sandro Galtran é o típico rapaz-nobre-de-bom-coração-que-vai-todos-os-dias-ao-bosque-recolher-lenha e que tem por meta ajudar Lisandra em sua sagrada missão, pelo simples fato de que paga um pau violento pra ela. Ele quer ser o maior ladrão do mundo para honrar o nome de seu pai (que era ladrão) mas tudo que consegue é ser um bom guerreiro.

Temos Tork... um "troglodita anão"... que faz as vezes de baixinho invocado da galera, algo que é meio uma regra em grupos de heróis desde que o Wolverine foi criado nos anos 70. Novamente, Cassaro não é o primeiro nem será o último a fazer um personagem no estilo.

E por fim, temos Niele. A elfa maga peituda que se "veste" com tiras de couro e que deu um novo significado para o termo "fan-service."

O que essa galera faz da vida? Bom, eles tem a missão de reunir os Rubis da Virtude e usá-los para reativar o Paladino, o "maior herói de Arton."

Esse cara aqui, com um buraco pra encaixar a Duracell no peito.

Enfim, a história vai, os heróis juntam os rubis, passam aventuras, no final o Paladino fica louco e muito puto e vira um gigante.

É, pois é.

Bom, Holy Avenger já foi declarado como o quadrinho nacional infanto-juvenil de maior sucesso em nosso país. Não sei se isso é verdade, mas o fato da internet não ter caido com os protestos de milhões de nerds desocupados que discordavam desta afirmação indica que ela não está totalmente errada.

Mas sinceramente, tudo que vejo quando olho para Holy Avenger é um enorme potencial desperdiçado.

Muito bem, vamos por partes.

O tema original de Holy Avenger é a busca pelos Rubis da Virtude. Lisandra os quer para recolocá-los na armadura do Paladino e trazê-lo de volta a vida, sem saber direito o que a motiva a fazer isso.

Sandro resolve ajudá-la, pois está apaixonado por ela e Niele resolve seguir o Sandro porque não tem mais o que fazer com seu tempo livre em excesso.

Tork resolve ajudar a menina porque Lisandra é sua filha adotiva e assim a história segue. A trama simples se divide em outra sub-tramas e por aí vai.

O problema é que as sub-tramas começam a se quebrar em mais sub-tramas em um determinado momento. Toneladas de personagens novos são introduzidos sem nenhum aprofundamento e quando menos percebemos, temos meia dúzia de narrativas perdidas em um oceano de referências à animes.

Falo de tais referências daqui a pouco.

Enfim, o roteiro é inconsistente e há vários momentos climáticos que surgem de lugar nenhum.

Por exemplo, em um um determinado momento Lisandra e Tork estão nas costas de uma tartaruga gigante, quando Mestre Arsenal (o vilão da história que parece uma mistura de Soundwave com Thor e Darth Vader) aparece do nada, bate nos dois e os joga no mar.

Daí, cada um deles segue sua própria história paralela onde mais meia dúzia de personagens sem muita relevância são apresentados e tudo continua nesse ritmo bagunçado até o final da saga, quando descobrimos que Arsenal é o pai da Lisandra e o Paladino se transforma em um gigante maléfico.

Transformação esta que na minha opinião, mostra que o autor não tinha planejado nada para a história e simplesmente foi inventando e improvisando conforme o quadrinho era lançado.

Uma má escolha.

Improvisar é uma boa caso você seja um pirata e se chame Jack Sparrow... mas quando você é um roteirista, esse é um dos piores caminhos a serem tomados.

Claro, o autor não precisa saber nos mínimos detalhes tudo que vai acontecer em sua história, mas deve ter uma certa idéia de como tudo vai começar, se desenvolver e acabar. Não apenas para que a história tenha coerência, mas como sinal de respeito para seu público.

Agora vou debater em maiores detalhes aqueles que acredito serem dois enormes furos do roteiro.

O primeiro é que o vilão é pai da mocinha. Sério, esse tipo de coisa só foi legal em 1980, quando as platéias do mundo ficaram estupefatas ao ouvir Darth Vader dizer "eu sou seu pai" para o Luke. Qualquer história pós Star Wars que tenha esta "reviravolta dramática" em seu enredo está simplesmente dando um tremendo vexame.

Dragon Quest (aquele anime que passou no SBT) cometeu o mesmo erro.

O segundo... vou bater na mesma tecla... é que o Paladino ficou gigante no final.

Sério, fazer um personagem de tamanho normal se tornar um gigante é o maior dedo do meio que um autor pode mostrar para seu público. É como se ele dissesse "eu que escrevo esta birosca e eu faço o que eu quiser! Dane-se se vocês não gostam!"

Claro, o autor tem o direito de mandar na história, mas novamente, tem de respeitar a inteligência de quem a lê. Agigantar um personagem do nada demonstra exatamente o contrário.

Quer ver outro momento em que tal recurso foi mal usado?

Piratas do Caribe 3, quando Calypso deixa de ser mortal e volta a ser uma deusa. Qual a primeira coisa que ela fez? Ficou gigante!

Não venham me dizer que nos dias de hoje, onde efeitos especiais conseguem fazer um Líder Optimus realista, não havia outra forma de se demonstrar o poder divino da personagem e que ela precisava ficar gigante pra que isso ficasse claro.

Fazer alguém virar gigante de repente é uma prova de que o autor não foi criativo ou teve preguiça de pensar em outra solução.

Mas aí você diz: "Amer, seu hipócrita! Você adora o Unicron e ele é um robô do tamanho de um planeta! Quando é Transformers você perdoa, seu cretino?"

Ao que eu respondo: Unicron já apareceu como gigante. Ele não era um ser de tamanho normal que se agigantou "porque sim." Há uma grande diferença.

Em resumo, se seu personagem não é o Ultraman, não faça com que ele fique gigante!

"O Ultraman pode, seu animal?" Sim, pode! Ele foi o primeiro a fazer isso e sua transformação não é um acontecimento Deus Ex Machina para solucionar tudo, mas sim a tônica da mitologia do personagem.

Ah sim, os diálogos também são tremendamente fracos.

Digam o que quiserem, mas eu acredito que 50% de um quadrinho depende de seus diálogos, pois é a partir deles que a história nos será contada.

Não havia naturalidade nas conversas dos personagens. Sandro falava como um moleque tentando ser "cool", Niele parecia uma cosplayer hiperativa que fugiu da Anime Friends, Lisandra era tão expressiva e interessante quanto um joanete e Tork... falava como se seus diálogos tivessem sido escritos por alguém que não faz a menor idéia de como um sujeito que frequenta bares barra pesada costuma falar.

E todos os vilões falavam como se tivessem se formado em Letras e vivessem lendo Saramago, ou seja: chatos e formais ao extremo.

Mas claro, nem todos os problemas de Holy Avenger estavam no seu roteiro. Sua arte deixava muito a desejar também.

O traço de Erica Awano era bem fraquinho na maioria das vezes.

Primeiro, os personagens eram todos iguais fisicamente. Todas as mulheres tinham o mesmo típo físico (com uma ou outra exceção) e o mesmo rosto. A única forma de diferenciá-las era pelo cabelo e pelas roupas.

Os homens se dividem em dois tipos: de rosto arredondado e de rosto quadrado, novamente sendo distinguíveis apenas pelo penteado e pelas roupas.

Mas a ofensa maior em minha opinião é que 99% dos quadrinhos não possuia cenário.

Já ouvi várias desculpas para isso. Uma das versões que ouvi foi que "o primeiro quadrinho da cena é o único que precisa de cenário, pois dará a ambientação do momento e em seguida, o fundo se torna desnecessário."

O que na minha opinião é uma bobagem sem tamanho.

No entanto, serei justo: Tais desculpas normalmente eram dadas por fãs, que na sua fúria em defender o quadrinho querido, criavam motivos esdrúxulos para as falhas dos artistas e acabavam fazendo eles ficarem muito mal na foto.

Mas tem mais! Lembra que eu falei que a história se perdia em um oceano de referências a anime?

Dá só uma olhada.

Entendo que o autor seja fã de animação Japonesa e queira referenciar seus desenhos favoritos na sua obra... mas não é assim que se faz.

Uma referência é uma coisa discreta. Algo rápido que alguns fãs vão perceber na primeira vez que virem e outros vão precisar ver duas ou mais para notar.

O negócio é que Holy Avenger ficou ENTUPIDO DE REFERÊNCIAS em um determinado ponto de sua vida.

Em uma história aparecia um bardo tocando a música de Rayearth na viola.

Na outra, Niele estava cantando o tema de Dragon Ball Z.

Depois, aparecia um Bulbassauro perdido no canto de um quadrinho.

A seguir, Niele aparecia cantando o tema de Ranma 1/2.

Logo depois, aparecia o cetro da Sakura Card Captors e uma Dragon Ball na escrivaninha de um dos personagens.

E na aparição seguinte de Niele, Lina Inverse aparecia no mesmo quadrinho e a chamava de "Naga."

Sério, isso deixa de ser referência e se torna algo bobo.

E aliás, eu sei que mencionei as referências fora da ordem em que aconteceram, então não escrevam querendo me corrigir nisso.

Então alguém diz: "Oras merda! Se o autor de Holy está errado em referenciar os desenhos que gosta desse jeito, como deveria ter feito, seu metido?"

Excelente pergunta!

Talvez devesse ter feito assim:

Este foi um episódio de As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy, onde o pai do Billy descolava uma motoca infernal e saia transformando todas as pessoas da cidade em demônios sem querer.

Em um certo momento, Mandy fica de saco cheio de toda a esbórnia espalhada pelos demônios e tranca a rua com uma moto.

A moto da Mandy não lhes parece familiar? Pois é.

Quer mais um exemplo?

Aqui tem uma cena do longa Ben 10 - O Segredo do Omnitrix.

Na batalha final, Ben se transforma em um alienígena gigante branco e vermelho com uma crista na cabeça e nas costas.

Lembra alguém? Então.

Eu poderia citar também o episódio da Liga da Justiça onde Superman e Batman derrubam um robô verde parecido com um EVA, mas acho que já me fiz entender.

Os filmes de Kevin Smith são cheios de referências, mas todas são razoavelmente discretas e não serão notadas logo de primeira.

Essa é justamente a graça de uma referência: ela tem de ser descoberta.

Mas quando duas personagens são vestidas como as protagonistas de Pokémon... perde a graça pois a coisa foi esfregada na sua cara. Deixa de ser algo discreto, que nem todos vão notar.

Mas sinceramente, uma coisa de boa veio do universo de Holy Avenger.

Victory.

Admito que colocar uma gostosa semi-nua como o ser mais poderoso do universo não é algo tremendamente criativo, mas a série tem seus momentos.

A arte é infinitamente superior à de Holy Avenger e a personagem é bastante carismática em sua simplicidade.

Além de ser ruiva.

E devo admitir que adoro a frase "Ela tem a metade de um poder infinito", que foi usada na divulgação da história. É na minha opinião uma das "catchphrases" mais brilhantes já criadas.

Os diálogos não são grande coisa também e os demais personagens são bem clichês, mas Victory é uma história de ação e apenas isso. Não é pretenciosa nem tenta ser mais do que é.

Basicamente temos Vitória, que é a suposta filha do Paladino. Ela tem a já citada metade de um poder infinito e o usa pra enfrentar um bicho do tamanho de um continente.

Pronto! Não precisa de mais que isso!

Victory foi tão melhor produzido que chegou a chamar a atenção lá fora. Foi publicada nos EUA pela Image, mas até onde eu sei, acabou não vendendo tão bem quanto seu criador gostaria.

Mas aí não é culpa da série, o mercado editorial Americano é imenso e tem toneladas de títulos sendo lançados todos os meses. Alguns deles acabam sendo engolidos no oceano de quadrinhos que são lançados por lá.

Se você entrar no deviantART e digitar "Victory" na barra de busca, vai encontrar algumas ilustrações da elfa peituda feitas por artistas internacionais, o que mostra que a série de fato conquistou alguns leitores lá fora.

Nada mau, considerando que ela competiu diretamente com trinta títulos do Homem Aranha, quarenta do Batman e mais uma tonelada de coisas que com certeza foram desenhadas pelo Jim Lee.

E é isso que me deixa decepcionado no tocante a Holy Avenger, pois é desse potencial desperdiçado que eu estou falando.

A equipe por trás de Holy Avenger é muito mais competente e capaz do que demonstrou com a série.

Por exemplo: Marcelo Cassaro, o autor, é uma das poucas pessoas do Brasil que REALMENTE SABE como fazer quadrinhos. Ele tem uma boa noção de narrativa e sabe fazer uma história fluir. E ele sabe criar boas histórias. Afirmo isso com base nos dois livros dele que lí.

Espada da Galáxia é um excelente livro de ficção científica e embora eu ache a história de Lua de Dragões um pouco perversa em certos momentos, é uma obra muito bem escrita também.

Não vamos esquecer que ele foi editor da Dragão Brasil por sabe lá Deus quantos anos e fez dela uma das revistas mais inteligentes e divertidas do nosso mercado. Eu nem jogava mais RPG no auge da Dragão e a comprava sempre, pois me divertia muito com ela.

E conheço muita gente que fazia o mesmo. Aliás, quando ele saiu da Dragão, a revista passou a valer menos que uma tigela de diarréia.

Algum tempo atrás, ele me mostrou uma nova história em quadrinhos que estava produzindo e estava anos-luz a frente de Holy Avenger. Era muito bem escrita, com uma narrativa infinitamente superior e com diálogos bem mais trabalhados.

Em outras palavras, o cara é talentoso pra diabo. Discordamos de muitas coisas (digo, MUITAS mesmo, o suficiente pra entrarmos em guerra caso fossemos regentes de nossos próprios países), mas eu sempre vou reconhecer que ele é um grande profissional da área.

Por que raios ele não usou todo esse potencial em Holy Avenger? Não consigo entender isso.

A parte visual também poderia ter sido melhor, pois a senhorita Erica Awano é muito mais talentosa do que demonstrou.

Vou desenterrar uma pérola aqui para exemplificar isso: lembro de quando ela dava aulas de desenho na saudosa revista Animax, substituindo o sujeito que desempenhava tal função. A senhorita Awano explicava com grande maestria no pouco espaço que tinha na revista, algo que demonstrava que ela tinha (e tem) grande talento para desenhar.

Raios, algumas ilustrações avulsas que ela fez para Holy Avenger são maravilhosas. Neste artigo mesmo, tem a imagem da Niele com roupinha de passeio, que é belíssima.

E não venha me dizer que foi a colorização, pois colorista nenhum conserta um desenho mal-feito.

Sal Buscema que o diga.

Enfim, entendeu o que eu quero dizer? A equipe de Holy Avenger era muito competente mas não deu o máximo de sí.

Se o tivessem feito, poderíamos ter em mãos uma obra como esta:

Sei que já falei bastante de Avatar em outra ocasião mas preciso citá-lo aqui.

Ao criar Avatar, Michael Dante Dimartino e Bryan Konyetzko pesquisaram fundo a cultura asiática de forma a criar um mundo de fantasia que ao mesmo tempo parecesse plausível. Os estilos de dominação elemental são todos inspirados em artes marciais reais e cada uma das quatro nações tem suas raízes muito bem fundadas nas culturas em que foram inspiradas.

O mundo é complexo e bem construido, e seus personagens tem conflitos muito interessantes. Mas a narrativa é bem simples de se acompanhar.

Aang é o Avatar e precisa aprender a dominar os quatro elementos para derrotar a tirânica Nação do Fogo e encerrar a guerra que há um século varre o mundo.

Só isso.

O resto da história é preenchido com o desenvolvimento dos personagens, bons diálogos e momentos emocionantes de verdade. Sem excesso de referências ou fan-service.

Ao que alguém chega e diz: "Claro que é melhor! Os caras tinham milhões de dólares pra fazer o desenho! Se liga, seu otário!"

Que fique clara uma coisa, estou comparando apenas O ROTEIRO das duas séries. E não os valores de produção ou o fato de um ser animado e o outro ser quadrinho.

Muitos quadrinhos acabam sendo vastamente superiores à animações. O roteiro da versão impressa de Akira é muito superior ao do longa animado.

E aliás, milhões de dólares não fazem uma boa história.

Batman & Robin custou alguns bons milhões de dólares e é um dos piores filmes de todos os tempos. Eu tenho certeza que é usado para torturar prisioneiros de guerra na Birmânia.

E nem vou começar a falar de Waterworld...

Holy Avenger poderia ter sido o "nosso Avatar", mas infelizmente, não foi o que aconteceu.

Enfim, não tenho muito mais a declarar sobre este quadrinho.

Holy Avenger foi um sucesso porque apareceu na hora certa e pegou o público certo. As pessoas estavam começando a se interessar por mangás e enquanto não chegavam as enxurradas de material vindo do Japão, este quadrinho preenchia muito bem o espaço.

Holy Avenger repetiria o mesmo sucesso hoje? Com toneladas de mangás genuínos e de qualidade muito superior nas bancas?

Não sei. Se a série quisesse chamar atenção hoje, ia ter de ralar um bocado e ser um produto de qualidade igual ou superior aos XXX-Holic's e Berserk's da vida. A equipe de produção de Holy tem plena capacidade para isto, eu só queria tê-los visto usar.

Holy Avenger foi uma tremenda oportunidade desperdiçada, pois se tivesse sido produzido com afinco real, poderia ter aberto muitas portas para o pessoal que sonha em produzir quadrinhos no Brasil.

Mas como foi uma obra fraca e puramente auto-referencial, tal oportunidade se perdeu para sempre.

Antes de ir, quero mencionar o desenho animado da série.

Pois bem, fazem anos que a produção está parada. Mas uma vez que estamos no Brasil e descolar fundos pra criar uma animação é virtualmente impossível, isso não chega a ser uma surpresa.

Fora o quadrinho, só o que produziram da série foi um CD onde vários dubladores nacionais de alto quilate interpretavam os personagens e tem também a abertura da série animada!

E me desculpem, mas o tema da série é terrível. Quando foi que esta pareceu ser uma boa música?

Deixarei vocês com esta dúvida!

Cheers!!!