quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Crítica do Amer: Afro Samurai


Hoje em dia eu não sou um grande fã de animação japonesa.

Quando eu era mais jovem, claro! Adorava! No auge de minha vida como fã de anime, eu cheguei a ter mais de duzentas fitas VHS dos mais variados desenhos: Dragon Ball Z, Urusei Yatsura, Hokuto no Ken, Guyver, Genocyber, Golgo 13, Vampire Hunter D, Devilman, Akira e a lista vai e vai e vai...

Hoje em dia, sou totalmente indiferente em relação à animes.

Por que? Por causa dos malditos otakus!!!

Como todo tipo de fã abilolado, otakus tem orgulho de demonstrar que sabem mais que você sobre um determinado assunto, vão iniciar discussões infinitas sobre "qual personagem é mais poderoso" (geralmente comparando tipos como Vegeta e Sakura Card Captors) e ficarão enfiando termos aleatórios de Japonês no meio de qualquer conversa.

E assim sendo, me afastei muito do meio dos animes e assisto muito pouca coisa vinda do Japão atualmente.

Claro, também tem o fator de que o Japão simplesmente tem reciclado as mesmas idéias nos últimos dez anos. Naruto é Dragon Ball Z com ninjas, enquanto One Piece é Dragon Ball Z com piratas e abastecido com crack.

Mas isso não me impede de encontrar uma ou outra pérola animada Japonesa de vez em quando, como é o caso de Afro Samurai.

Assisti à primeira série de seis episódios em um dia e embora não tenha mudado meu estilo de vida (aliás, nenhum anime jamais conseguiu), me divertiu um bocado com sua estética que mistura Blaxploitation com filmes de samurai e ficção científica.

E claro, Samuel L. Jackson foi produtor executivo e emprestou sua voz para o desenho, o que é um grande ponto a favor na minha opinião.


O enredo o jogo segue o mesmo da animação: Quando pequeno, Afro presenciou a morte de seu pai pelas mãos do vilão Justice.


O pai de Afro era o dono da "Faixa de N°1" o que o qualificava como o maior guerreiro do mundo e de acordo com a crença, lhe dava o status de um deus. Justice o matou e tomou o posto de "N°1" para sí. Afro foi então criado por um mestre espadachim e se tornou um mestre em seu próprio direito. Adolescente, ele dedicou sua vida a buscar pela faixa de "N°2", pois somente aquele que a possuir tem o direito de desafiar o "N°1" e tomar seu lugar.

E é isso. O resto do tempo da história é gasto com duelos violentos onde sangue e pedaços de pessoas voam para todos os lados.

Simples! Sem as complicações drogadas de One Piece ou o excesso de melodrama dos Caballeros!

Afro é uma figura solitária. Ele não se apega a ninguém nem fica muito tempo nos locais por onde passa, pois é constantemente desafiado por sua faixa de N°2.

Ele não está totalmente sozinho no entanto, pois uma companhia constante em suas viagens é "Ninja Ninja", um ninja (claro, com um nome desses não podia ser bicheiro), cuja personalidade de falastrão cria um contraste interessante com o calado Afro.

Mas mais que tudo isso, a história mostra os sacrifício que Afro faz em busca de sua vingança. Apesar de ser um conto de ação, Afro Samurai mostra os prejuízos que uma pessoa pode trazer para sua vida quando não consegue abandonar o que aconteceu em seu passado.

O game segue a história do desenho bem de perto e é bem mais fácil de entender caso você tenha assistido a animação. Se não for o caso, não se preocupe, pois as cutscenes reproduzem fielmente momentos chaves a animação e por sí só, permitem uma boa compreensão da história.

Ok, já falei muito do desenho. E o game?


O game é um beat'em up, pura e simplesmente.


Caso ainda não esteja acostumado ao termo (e você merece uma surra de pau se for o caso), é um daqueles games onde você avança com seu personagem e massacra legiões de meliantes com suas próprias mãos ou artefatos encontrados pelo caminho.

Assim como em Final Fight, Double Dragon e outros games sobre os quais já escreví ou ainda pretendo escrever por aqui.

Muita gente acredita que o gênero beat'em up morreu com a geração 16 bits, mas não é bem assim. O gênero evoluiu e se adaptou às novas tecnologias, gerando games como God of War e Devil May Cry, onde há muitos puzzles para se resolver e existe evolução de personagem, mas chutar bundas ainda é um fator primordial da jogabilidade.

Afro Samurai vai contra esta nova geração e funciona como um beat'em up das antigas. Você simplesmente guia o herói através do cenário, desmembra hordas de vilões e continua avançando até chegar em mais um grupo de pilantras que querem arrancar seu couro.

Há poucos puzzles pelas fases e normalmente são coisas simples como ativar alavancas para abrir portas, ou criar caminhos para apanhar os colecionáveis das fases. No geral, você vai passar a maior parte do tempo indo de um ponto a outro e espalhando as entranhas dos oponentes pelo cenário.

O visual de Afro Samurai é tremendamente impressionante e faz um uso bastante inovador do estilo cel-shading. O visual é de desenho animado, mas todos os personagens são meio "rabiscados" o que dá a eles um certo ar de "graphic novel" que é muito incomum para um trabalho originário no Japão.

Ok, baixou o Cara dos Quadrinhos em mim e meu último comentário deve ter sido ininteligível para muitos de vocês. Vou apenas dizer que Afro Samurai tem um visual bem bacana de quadrinhos e quando jogar, você vai entender.

A trilha sonora é comporta basicamente de hip-hop, o que combina bastante com o tema do personagem. As composições não ganham nenhum Grammy, mas são bastante cativantes e se enquadram bem na ação do jogo.

Quanto à dublagem, todos os atores da animação reprisam seus papéis aqui. Kelly Hu como Okiku, Ron Pearlman como Justice e claro, Samuel L. Jackson como Afro e Ninja Ninja.

Afro Samurai mostra que nao é preciso um orçamento bilionário para se fazer um bom game. Basta um time de bons designers.

Ouviu isso, Miyamoto? Eu cuspo no seu trabalho!!!


A jogabilidade é profunda em sua simplicidade, se é que isso faz algum sentido.


Afro tem um belo arsenal de combos. Alguns eficientes para desequilibrar grupos, outros para destrinchar inimigos individuais e a medida que se sobre de level, ele aprende ainda mais golpes e habilidades.

Você pode fazer bom uso de todos os combos, ou se for um preguiçoso de marca maior, pode se virar com um único combo o game inteiro. Isso pode desagradar a quem prefere um sistema de combate mais complexo, mas como a ação aqui é muito frenética, não precisar aprender a usar oito tipos de ataques diferentes acaba sendo uma boa.

Aliás, eu mencionei que Afro sobe de level! Deixa me aprofundar mais nisso.

Sim, você pode ganhar level! Quanto mais inimigos fatiar, mais forte Afro se torna e mais danosos serão seus combos, além dele ser capaz de aguentar muito mais castigo e seus inimigos.

Já que mencionei isso, não há medidores e energia. Para saber se Afro está muito ferido você se guia por suas roupas. Quanto mais ensanguentadas estiverem as vestimentas do personagem, mais próximo da morte ele chega.

Para recuperar suas energias, basta golpear ursinhos de pelúcia que aparecem pelos cenários. Caso não haja ursinhos, apenas concentre-se em fatiar seus oponentes e sua energia vai retornar conforme a contagem e corpos aumenta.

Eu sei que isso não faz o menor sentido, mas é bastante prático no funcionamento do jogo.

Mas a grande atração do game é o modo Focus.

Apertando um dos botões superiores, a tela fica em preto e branco e tudo se move em câmera lenta. Você pode então preparar um golpe horizontal ou vertical que se aplicado com o tempo correto, irá fatiar seu inimigo com a precisão de um chef cortando um peru de Natal.

E mais, você pode decidir onde quer fazer o corte, o que lhe permite fatiar membros específicos, cortar inimigos ao meio com precisão ou até mesmo amputar os pés daquele ninja metido a esperto que achou que saltando escaparia de seu campo de ação.

Você não pode usar o Focus o tempo todo, após três ou quatro ataques com o mesmo, é preciso recarregá-lo e isso é feito se massacrando inimigos da forma tradicional. Lembre-se também que este não é um ataque infalível e que até pegar o jeito com ele, os inimigos irão neutralizá-lo muitas vezes.

Mas vale a pena tirar um tempo extra para dominar esta técnica. Com alguma prática, você logo estará fatiando três inimigos com um único golpe.

E isso é arte!!!

O único grande problema do jogo é a câmera, que sempre fica mal posicionada e requer constante reposicionamento por parte do jogador. Não é algo que prejudica o jogo como um todo, mas enche muito o saco em alguns momentos.


Afro Samurai não é o tipo de game que muda a história, nem se torna um best seller e muito menos o assunto da vez em fóruns, mas isso se deve mais à resistência dos jogadores em tentar algo novo do que à qualidade do título em questão.


O game é simples e curto, mas é também bastante viciante e divertido e só por isso as pessoas deveriam ter a hombridade de testá-lo.

Mais do que isso, Afro Samurai é uma bem vinda mudança no excesso de jogos no estilo FPS todos iguais e tiroteios de machões mal barbeados que nos são empurrados goela abaixo nos dias de hoje.

Enfim, se você curte pancadaria, sangue jorrando e Samuel L. Jackson e não possui um ódio irracional por hip hop, experimente Afro Samurai. Acredito que ficará bastante satisfeito ao fim do dia.

You got that, homie?

Cheers!!!

18 comentários:

Bruno disse...

Já estava achando que você tinha morrido cara.

Já ouvi falar de Afro Samurai, mas naum quis pesquisar muito sobre o assutno.

Álias, estou jogando Shadow of the Colossus, muito bom esse jogo hein?

Elson disse...

Muito ruim ainda não ter ainda um video game dessa nova geração, vejo esses reviews e não posso jogá-los. Esse game, Bioshock e Mirror's Edge me chamaram bastante a atenção, mas...
Já ouvi falar muito bem de Afro Samurai e não foi por parte de nenhum otaku, na verdade as pessoas que comentaram nem curtem animações japonesas. Vou aproveitar que esse artigo me lembrou dele e vou baixar os episodios.

Thyago disse...

Eu tb assistir Afro Samurai e achei muito bom tb, bem legal as lutas do anime e a forma como ela é conduzida.

E acredite, a Gametrailers vai METER O PAU neste jogo, dando uma notinha mirradinha, assim como outros sites de games. Por isso que desisti de nota.

Agora me diz Amer, como um beat 'em up, ele tem algum valor de replay? Se não, vou apenas alugar

Nanda disse...

Devil May Cry!! \o/

Tãããão legal!

Nem sabia que tinha jogo do Afro Samurai! Que divertido!!
Pra que videogame é?!

Beijo!

Frodo Dylon disse...

Nanda, o jogo é para ps3 e xbox 360

Apesar de nao ser fã de Beat'em up moderno (eu me sinto tããão do contra qundo falo que não gosto de God of War =/), esse jogo eu gostei bastante, deve ser mesmo porque ele é simples (simples não é bem a palavra, acho que ele é sem frescura mesmo)

Thyago, eu sei que a pergunta não foi pra mim maaaaaaaas, espero que minha resposta seja útil a você: Afro Samurai tem o mesmo valor de replay dos final fight da vida...

abraços!

Nanda disse...

Brigada Frodo Dylon!!

Pelo visto só vou jogar esse quando eu arranjar um amigo bondoso que me empreste o ps3 ou xbox 360 dele!

Triste....

Frodo Dylon disse...

De nada Nanda!

Putz quando eu estava cogitando pegar um videogame da nova geração esse fim de ano, acontece a multipla morte de meus consoles velhinhos =/

1- Meu ps2 acabou de morrer (acho que vou doar os jogos, cabos e controles...)

2- Meu Phanton System fritou semana passada (ué, eu ainda jogava ele, caça ao pato é o melhor jogo do mundo! hahaha)

3- Meu DS tá fazendo um tour na europa

4- E por fim meu irmão seqüestrou meu psp pra jogar We 09 (odeio jogos de futebol!) e duvido que vou consegui-los de volta tao cedo...

De volta ao campo minado e ao copas! hahaha

abraços

(Amer, ia pedir para vc cogitar a idéia de fazer um review de caça ao pato, mas acho dificíl falar mais de um parágrafo daquele jogo =P )

Nanda disse...

"De volta ao campo minado e ao copas! hahaha"

HAHAHAHAAH! Adorei!

Não pode esquecer do Paciencia! É um clássico! ahahhahahaha!!

Elson disse...

Frodo olha o vilão que ocupa o 13º lugar aqui ó: http://blogdohammer.blogspot.com/2009/01/os-maiores-viles-dos-games.html
Não é um artigo inteiramente sobre o jogo, mas já é algo né.

Amer H. disse...

Espero que você tenha aprendido a lição, Frodo: Nunca empreste seus consoles para ninguém.

Pois depois você fica sem jogar e permanece triste e melancólico.

E Nanda, você deveria explorar os calouros fétidos de sua faculdade e juntar grana pra comprar um Xbox 360. Não está mais tão caro!

...

Bom, ainda tá caro pra cacete, mas vale a pena.

Frodo Dylon disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Frodo Dylon disse...

Elson, eu cheguei a ver essa reportagem e não lembrava mais dela, brigadao!

mas é fato: quem já jogou caça ao pato já tentou atirar no cão fdp! Pior é que quando vc consegue, vai para próximo pato com uma bala a menos.

Amer, o psp na verdade eu não emprestei, meu irmao pegou e saiu andando, e como ele mora em outra casa, só vou recuperar o fiote semana que vem! (coisas de irmão sabe?)

Já o DS eu emprestei pra minha namorada para e ser sincero ele não tá fazendo falta nenhuma (bah, cansei de ver jogos de cuidar de bixos ser lançados pela 647395789ª vez, e eu não consigo cuidar nem de uma planta de plástico...)

Há, achei um jogo MUITO bom perdido no meu pc: Incredible Machine! nossa, não acredito que eu tenho isso no meu ps e ainda não joguei! Da-lhe eu viciar denovo =P (alguem conhece esse jogo?)

abraços!

Amer H. disse...

Se você só tem Pc pra jogar, procura Fallout 2.

Roda em qualquer PC e é uma opção muito melhor que Campo Minado.

Frodo Dylon disse...

Fallout 2! claro! tinha esquecido da existencia desse jogo! eu devo ter o cd dele perdido em alguma case minha junto com os classicos como black dahlia, abes odissey (como passei raiva nesse jogo). a maldiçao da ilha dos macacos...

valeu mesmo pela dica! já ta escolhido o jogo

abraços!

Avalanche(Lance) disse...

Nanda...eu sou alto e grande pra caralho e tenho desde soco inglês a bastões, passando por depaços de viga de ferro até uma Ninja-To(se eu conseguir um tonel com um frango assado dentro eu viro o Haggar).

Vams começar uma sociedade de Bulling na sua faculdade e comprar um PS3 pra cada...

Thyago disse...

É, o jogo vale um alguel mesmo.

Nanda disse...

hahahahahahaha!! Auto-propaganda DETECTED no comentário do Lance!!

Vc é que nem o Hagar, Lance??
Eu tenho um trauma com o Hagar! ahahhahahahahahahahahahaah!!Triste história...

David disse...

Eu vi esse anime e achei que deu uma especie de sopro de novidade aos desenhos do gênero.Não que seja uma obra de arte, mas tenta sair do lugar comum qye muitos acabam se encaixando.
Quando eu descubri que existia o game eu fiz meu amigo querer jogar também só pra jogar na casa dele, pois eu não tenho o 360.Mas ele tem!!!viva!!!
abraços