sexta-feira, 1 de abril de 2011

Crítica do Amer: Dragon Age II


A Bioware está rapidamente se tornando minha produtora de RPG’s favorita da atualidade. Ela não apenas é responsável por Mass Effect, a saga espacial mais perfeita a agraciar um console, como também criou um dos melhores cenários de fantasia medieval de que se tem notícia, o que sinceramente, não é uma tarefa fácil.


Dragon Age: Origins foi um bom início para a franquia, possuia personagens carismáticos, um enredo envolvente e conteúdo o suficiente (tanto no disco, como por conteúdo pra download) para manter uma pessoa presa ao console por semanas.

Infelizmente, a interface do jogo não era das melhores e seu combate era bastante travado, graças a isso, a experiência de Dragon Age: Origins se tornava desnecessariamente frustrante em alguns momentos.

Mas a Bioware aprendeu com seus erros, deu um muito necessário banho de loja em sua franquia medieval e a colocou no mesmo caminho para a grandeza que é trilhado por Mass Effect no momento.

Desta forma, acompanhe-me meu jovem, há muito que se ver nesta bela terra.


A história é contada via flashback por Varric, um dos membros principais de sua equipe no jogo. Em um interrogatório, Varric narra toda a aventura de que participou ao lado de Hawke, o protagonista, desde seu início humilde, até a glória do qual desfrutou ao fim de sua aventura.


Hawke é um refugiado de Ferelden, terra onde se passa Dragon Age: Origins. Ao se ver diante de uma guerra civil e do avanço de uma legião de seres das trevas, Hawke e sua família optam por deixar sua terra natal e seguirem para Kirkwall, cidade onde descobrem que são pouco mais que mendigos e precisam lutar se quiserem ter algo mais na vida.

Acompanhamos então uma história de crescimento pessoal que se estende por sete anos, período em que Hawke abandona a pobreza e se torna uma das pessoas mais importantes e influentes de Kirkwall. O herói (e consequentemente seus companheiros) eventualmente percebe que tudo tem seu preço e torna-se peça chave do conflito político travado entre as quatro frentes presentes na cidade.

Dragon Age II possui um enredo menos épico que seu antecessor, mas muito mais complexo. A aventura passada colocava o protagonista como a última esperança de todos os povos contra a Blight, enquanto aqui, Hawke não é um herói, mas alguém que está sempre no lugar certo na hora certa e que não foge de seu destino e graças a isso, alcança a grandiosidade.

Aliás, Hawke é sempre Hawke. Diferente de Dragon Age: Origins, não é mais possível escolher a origem ou raça do herói, apenas seu sexo. Embora a primeira vista pareça uma má decisão, temos um protagonista mais concreto graças a isso. Hawke ainda é uma folha em branco e as decisões do jogador moldarão sua personalidade, mas ele é bem menos genérico do que o Grey Warden.

Os membros de sua equipe também são indivíduos fascinantes, como Varric, o narrador da trama, que é um anão nascido na superfície, que faz questão de manter-se bem barbeado, Merril, a ingênua maga elfa que por um motivo terrível foi exilada de seu povo, ou Isabela, a capitã pirata que perdeu seu navio e tripulação, mas manteve sua língua afiada e voraz apetite sexual.

Cada membro da equipe possui uma história pessoal própria. É possível dedicar um bom tempo a simplesmente conversar com eles, bem como ajudá-los com missões pessoais (algo herdado diretamente de Mass Effect 2), eventos que revelam muito sobre o passado de cada um e os torna personagens muito mais tridimensionais.

Também é possível ter um romance com um de quatro dentre seus companheiros de equipe, e todos estão disponíveis para Hawke, seja ele um homem ou uma mulher. Se quiser, seu protagonista pode ser gay, uma decisão bastante ousada da Bioware e que mais produtoras deveriam seguir em minha opinião.

Finalmente, é possível carregar seu save de Dragon Age: Origins logo no começo da aventura. Isso não lhe dará nenhuma vantagem prática (exceto por um Achievement/Trophy ao fim do jogo), mas suas ações no título passado serão muitas vezes referenciadas aqui, bem como vários personagens que deram as caras anteriormente e que retornam, terão conversas específicas sobre algumas de suas experiências.

Veteranos do jogo original darão pulos ao reencontrar a bruxa do pântano, ou ao reverem um certo elfo famoso por seus galanteios...


Os gráficos receberam uma melhoria absurda, a primeira coisa a ser notada assim que ligamos o console. Os personagens principais estão muito bonitos, com características que os destacam de forma bastante particular, já os personagens secundários mais relevantes ao roteiro também receberam este tratamento e são muito mais marcantes agora.


As raças principais agora possuem qualidades físicas únicas, que aumentam ainda mais a diferença entre elas. Elfos agora possuem olhos maiores e mais expressivos, e um nariz mais reto, o que faz com que não mais se pareça com meros humanos de orelhas pontudas. A mudança visual maior no entanto, foi aplicada aos Qunari, que agora são gigantes pálidos e com chifres enormes, que os torna muito mais intimidadores que no passado.

Nem todos os personagens receberam a mesma atenção em sua aparência. Pessoas encontradas aleatoriamente pelas cidades parecem ter sido construídas com a ferramenta básica de criação de personagens (com o qual é possível modificar a aparência de Hawke) e nunca terão o mesmo apelo do elenco principal.

As animações ficaram melhores e mais fluídas, cada membro da equipe possui movimentos únicos, que condizem muito com suas personalidades. Monstros e cenários também estão mais detalhados e as magias possuem efeitos bem mais impressionantes desta vez.

Mas tenha em mente que Dragon Age II foi criado tendo televisões de alta definição em mente. Se jogar em uma televisão normal e minúscula (como foi meu caso), você poderá enfrentar aquele chato efeito em que as coisas na tela são “esticadas” para se adequarem do Widescreen para o Fullscreen. Se existe um game que provou que eu preciso de uma televisão nova, é este.

O som de Dragon Age II é grandioso, como não podia deixar de ser. Há horas e horas de diálogos gravados por excelentes atores, que fizeram um trabalho excepcional em capturar a essência de cada personagem. Um ou outro personagem coadjuvante parece ter sido dublado por alguém que estava com pressa de ir para casa, mas no geral, as atuações são do mais alto quilate.

A trilha sonora é épica, poderosa e se adéqua a todas as situações com perfeição. Enquanto jogar Dragon Age II, você se sentirá em um filme de fantasia medieval cuja trilha sonora foi composta por Basil Poledouris!

Ele mesmo!

Se não sabe quem é, pesquise!

Pois é!


A jogabilidade foi intensamente melhorada, especialmente no combate, que se tornou muito mais ágil e satisfatório. Agora, sempre que optar por atacar, um toque no botão de ação fará seu personagem responder imediatamente, com um segundo toque mais um ataque é proferido, e assim por diante. A dinâmica das batalhas se tornou muito mais próxima de um título de ação do que de um RPG.


Ataques especiais e magias podem ainda ser configurados em uma série de janelinhas no canto inferior direito da tela, para um acesso rápido durante combates. Se usar a cabeça e tiver bons reflexos, você pode emendar ataques normais e especiais em combinações mirabolantes que devastarão a maioria de seus inimigos.

As demais habilidades que não forem configuradas podem ser usadas através de um menu circular com abas para os diferentes poderes presentes e embora seja a mesma interface de Dragon Age Origins, ela se encontra muito mais limpa e fácil de ser entendida.

O mesmo vale para as telas onde se aumentam os atributos ou adquire-se habilidades ao se evoluir a equipe. Estão mais organizadas e é bem mais fácil se orientar e decidir quais habilidades são ou não relevantes para cada personagem. Se fizer tudo direito, seus personagens se tornarão quase imbatíveis, capazes de dizimar pelotões inteiros de soldados, magos ou demônios sem problema algum.

Dragon Age II possui um mapa menos vasto em comparação com seu antecessor, só é possível explorar áreas dentro da cidade de Kirkwall e algumas regiões fora de suas muralhas. Será preciso ir e voltar inúmeras vezes pelos mesmos lugares, o que pode se tornar maçante ou simplesmente não fazer diferença, dependendo do tipo de jogador que você é.

As diferentes partes de Kirkwall podem ser exploradas durante o dia ou a noite, que dão um contraste imenso ao lugar. Durante o dia, mercadores, guardas e cidadãos cuidam de seus afazeres tranquilamente, quando a noite cai, as ruas ficam desertas e gangues de bandidos esperam para tirar uma casquinha de gente desavisada. Tais encontros com patifes facilita um pouco sua vida caso precise de alguma experiência para ganhar Level, mas não espere encontrar aqui o mesmo tipo de grinding presente em JRPG’s.

A estrutura de progressão da história é centrada em três tipos de missões diferentes: as principais, que são atreladas ao roteiro e lhe permitem progredir na história, as secundárias, que lhe rendem bons itens, dinheiro e experiência, e as já mencionadas missões pessoais que são entregues por seus companheiros e que lhe dão a chance de descobrir mais sobre eles.

O sistema de relacionamentos também recebeu uma nova roupagem, agora ele pode oscilar entre amistoso ou rivalidade. Se for gentil e der presentes para seus camaradas, sua amizade com eles aumentará, caso seja agressivo, eles se sentirão inclinados a iniciarem uma rivalidade com Hawke. As decisões que toma em relação aos eventos da história também modificam a impressão deles sobre você, alguns amigos gostam quando Hawke é ganancioso, outros desgostam se você tomar o partido de magos em uma discussão. É importante prestar atenção a personalidade de cada um para saber como guiar sua relação com eles.

Dito isso, assim que maximizar seu relacionamento com algum personagem, seja pra amizade ou rivalidade, o mesmo receberá uma habilidade extra, que lhe dará vantagens no combate e impedirá que o abandonem no decorrer da aventura.

E sim, você pode namorar alguém com quem tenha alta rivalidade. Eu não faço a menor idéia de como isso funcionaria na vida real, mas que se dane, tamos falando de um video game.


Dragon Age II tem uma duração que vai de 30 a 40 horas, mas todo esse tempo vai passar voando. Este é um daqueles jogos que esticamos o máximo possível, fazemos tudo que ele nos oferece, não por um desejo de completismo, mas simplesmente porque não queremos que ele acabe.


Mas sem problema, após concluir a aventura, o jogo permanece em aberto, assim como aconteceu com Mass Effect 2. E se a segunda aventura da Comandante Shepperd nos ensinou algo, é que teremos DLC o suficiente para nos manter entretidos por pelo menos mais um ano.

Muito justo, afirmo sem medo de errar que Kirkwall é um excelente lugar para se passar os feriados.

Cheers!!!

10 comentários:

Jack, The Ripper disse...

First

Frodo disse...

Dragon age e Mass Effect fazem Jogos como Fable parecem bem mais simplorios (e olha que eu gosto bastante de Fable)

E graças a essa nova geração de Rpgs "ocidentais", que me fizeram parar completamente de jogar Jrpg (grinding é sofrível e não tenho mais pacienvia para 150 horas de jogo com uma historia tão cheia de reviravoltas que me obrigam a ler um livro sobre ele para entender)

assim que eu terminar fable, dragon age sera o próximo a morar dentro do meu xbox!

abraços Amer

Franci23 disse...

Nunca fui muito chegado a RPG's mas daí vieram jogos como Mass eFFECT 2 e mudaram totalmente a minha percepção da porra toda, agora acho que vou tentar jogar o Dragon Age para ver se tenho a mesma experiencia de Mass Effect e assim poder ter outro grande jogo em mãos.

Smile Time disse...

"Isso cria uma falha de continuidade na série, já que Sten, representante dos Qunari em Dragon Age: Origins, não possuía nenhuma destas características."

Foi dito no fórum da Bioware que os Qunari nascidos sem chifres são considerados especias, que tem um grande destino a cumprir

Amer H disse...

Hmmmm, bom saber. Arrumarei o texto depois, se o Blogspot cooperar.

conversasaopedofogao disse...

To na segunda zerada,usando um Mago,homen,diplomatico!o jogo e bem melhor que o origins mais uma vez o efeito masseffect ataca!

Kaum disse...

Estava esperando por esse review.

Eu baixei a demo desse jogo e gostei bastante, mas queria saber se o jogo inteiro se mantém no mesmo nível.

E um review seu tem certa credibilidade comigo, já que graças aos seus reviews conheci os ótimos Fallout 3, Mass Effect e outras pérolas que não sei como minha vida seria caso não tivesse jogado eles.

Assim que eu terminar ME2 (tenho um PS3, então só consegui ME2 a pouco tempo) pretendo comprar esse jogo.

Dane-se minha vida social

Rodrigo Narcizo disse...

Bom review, Amer. Mesmo assim achei o Dragon Age 2 inferior ao Origins. Concordo com as melhorias gráficas e de jogabilidade, mas a história (exceto pelo conflito final) não cativa nem um pouco


No Origins tudo era mais épico, a começar pelo plot. Sem querer entrar nos spoilers (e por favor apague meu post se isso acontecer), DA 2 em termos de história serve como prólogo para o DA3.

E mesmo fazendo cerca de 90% das quests do jogo, não consegui chegar nas 30 horas de jogo.

DA 2 é um bom jogo, mas não bate o primeiro.

danielt3 disse...

Amer

Excelente review, como sempre. Parabéns.

BTW, você conhece o projeto Streets of Rage - Remake? Saiu a versão final hoje. Ficou muito bom. Fica a dica para um próximo review.
http://www.bombergames.net/sorr_project/

Felipe Nogueira disse...

1. Dragon Age 1 era a esperança de que viessem a fazer, na continuação, um RPG moderno a altura de Baldur's Gate. Esperança que a Bioware mandou pro espaço.
2. Basil Poledouris já morreu e nunca fez trilha pra video game nenhum (infelizmente).