terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Crítica do Amer: Spider-Man: Shattered Dimensions


Eu adoro super heróis, sempre adorei. De fato, amo a época em que vivemos, onde a cada ano, pelo menos três personagens de quadrinhos ganham uma versão cinematográfica. Que era gloriosa esta, onde todos sabem quem é o Wolverine.


Mas há um efeito colateral disso, muitos sub-produtos de super heróis acabam sendo baseados em seus filmes, o que nem sempre é a melhor idéia. Os filmes são as versões que o grande público conhece, mas ela já é um destilado do material original, destilar mais ainda normalmente não dá bons resultados.

Isso é especialmente verdade nos games. Nos últimos dez anos, tivemos uma tonelada de games de heróis e grande parte destes foi baseada nos filmes dos mesmos. Com exceção de Spider-Man 2, a maioria absoluta destes games era lixo inquestionável (Superman Returns... oooohhhh... a dor...). Qual o problema em se criar games baseados diretamente nos quadrinhos?

Pois é o que Spider-Man Shattered Dimensions faz. E o game não se baseia em apenas uma, mas QUATRO versões diferentes do Homem-Aranha, todas provenientes de linhas diferentes dos quadrinhos do herói.

E como isso funciona? É o que vamos descobrir!


Um belo dia, enquanto patrulhava a cidade, o Amigão da Vizinhança deu de cara com Mysterio, vilão de segunda categoria e um de seus inimigos mais patéticos. O meliante atacava um museu e dedicava sua atenção a uma placa antiga que lá estava.


Lógico, nosso herói desceu a porrada em Mysterio, enquanto o bombardeava com piadinhas infames. Durante o combate a tal placa foi danificada e partiu-se em inúmeros pedaços. Como sempre acontece nestes casos, a placa era mais do que parecia e detinha controle sobre o tempo e o espaço. Fragmentos seus foram lançados em dimensões e eras diferentes e agora todo o multiverso corre risco de aniquilação total.

Felizmente, o Homem Aranha recebe a ajuda da Madame Teia, uma das psíquicas mais poderosas do mundo (e uma das coadjuvantes mais importantes de sua mitologia), que estabelece contato com outras três versões do herói, existentes em outras realidades e épocas. Os quatro Homens-Aranha juntos devem recuperar as partes da placa para restabelecer o equilíbrio cósmico e salvar a tudo e a todos.

A história é simples, mas cumpre tudo que se propõe a fazer. O maior atrativo do game não é um enredo digno do Oscar, mas sim a oportunidade de jogarmos com quatro versões diferentes do aracnídeo: Noir (do universo Marvel Noir, que se passa na década de 1930), Ultimate (o Aranha adolescente da linha conhecida por “Marvel Millenium” no Brasil) e 2099 (da linha de quadrinhos que se passava no futuro do Universo Marvel tradicional).

Não apenas temos versões diferentes do herói, como também de seus vilões. Oponentes clássicos como Doutor Octopus, Elektro, Abutre e Kraven dão as caras em todas as fases. Alguns em suas encarnações de sempre e outros em versões adaptadas as suas respectivas novas realidades.

É um fanservice enorme sim, mas e daí? Nem todo fanservice é composto de peitudas de Anime semi nuas.


A apresentação do game difere de um personagem para outro mas tudo se adequa às suas respectivas realidades.


Os universos Clássico e Ultimate possuem um visual que se assemelha muito ao de seus quadrinhos de origem, com cores muito vivas por todos os lados. A diferença entre eles é que o universo Ultimate possui traços mais fortes e o visual extremamente limpo, comum aos quadrinhos contemporâneos, colorizados por computador, enquanto o universo Clássico se assemelha mais aos quadrinhos do passado, quando os artistas tinham de usar a força de seus braços e a garra em seus corações para produzirem histórias de super heróis.

...

Algum fã de quadrinhos de longa data com certeza entendeu o que eu quis dizer.

O universo Noir utiliza tons de sépia e muitas sombras, algo típico deste gênero (como aprendemos com Sin City). Logicamente, esta dimensão é muito mais séria e sombria que as demais e a sua construção visual sem dúvida ajuda nesta ambientação.

Finalmente, o universo 2099 é o que mais se assemelha a um vídeo game normal, talvez como uma forma de representar o que ainda virá. Todos sabemos que os games são O FUTURO, certo?

Certo?

...

Bah, vocês não sabem de nada.

A trilha sonora não empolga muito. As músicas presentes no game não ofendem o jogador, mas também não empolgam, de fato, elas são completamente ignoráveis.

A dublagem é outra história e foi claramente produzida com enorme respeito e carinho aos fãs. Cada Homem-Aranha do game é interpretado por um ator que já emprestou sua voz ao personagem no passado.

O Aranha clássico é dublado por Neil Patrick Harris (que atuou naquela horrenda série em CG do herói), o de 2099 ganha vida graças a de Dan Gilvezan (que trabalhou em Homem-Aranha e seus Fantásticos Amigos), Homem-Aranha Noir é interpretado por Christopher Daniel Barnes (ator que o interpretou na série animada da década de 1990) e finalmente, a versão Ultimate do herói recebe a voz de Josh Keaton (que também foi o Parker na recente série O Espetacular Homem Aranha).

Para um fã do Homem-Aranha que acompanhou todas as versões animadas do herói desde os anos 80, este game é um orgasmo nerd, eu juro.

O melhor de tudo é que todos ainda estão afiados ao interpretar o personagem. Aqui, o Amigão da Vizinhança dispara piadinhas a cada dois minutos, como deve ser. Nada de herói maníaco depressivo como vimos no cinema.

Desculpe Tobey Maguire. Você é bom, mas nunca será o verdadeiro Homem-Aranha para mim.

E a cereja do bolo? STAN LEE EM PESSOA NARRA ESTE GAME!!!

EXCELSIOR!!!


Antes de falar sobre a jogabilidade, quero tirar uma pequena pedra do caminho: este game não possui um enorme mundo aberto para ser explorado como em Spider-Man 2 ou Spider-Man: Web of Shadows, as fases são fechadas e lineares.


Pode parecer um passo pra trás, mas funciona muito bem. Nem sempre um mundo aberto para se explorar é uma boa... todos lembramos de Spider-Man 3...

O game é dividido em três capítulos e cada um tem quatro fases, uma para cada versão do herói. Os universos Clássico, Ultimate e 2099 são os que se assemelham mais entre si, então falarei deles primeiro.

A construção das fases é bastante simples e sua missão normalmente consiste em perseguir o vilão específico da área e enfrentar todos os obstáculos que ele joga em seu caminho até o confronto final do capítulo. Há muitas etapas de combate e nossos heróis possuem uma gama de ataques especiais e combos bem vasta para lidarem com isso. Novos golpes podem ser comprados eventualmente, o que aumenta ainda mais o potencial agressivo dos Homens-Aranha.

As etapas do universo Noir se focam menos no combate direto e mais no stealth. Na maior parte do tempo, será preciso se esgueirar pelas sombras e cantos e neutralizar os inimigos sem que eles percebam (como em Batman: Arkham Asylum), se for detectado, é melhor fugir do que tentar um confronto direto com os adversários.

Como os universos 2099 e Ultimate são mais focados em combate que os demais (especialmente o Ultimate), os heróis destas realidades possuem poderes especiais para os momentos que a coisa apertar. O Homem-Aranha 2099 pode desacelerar o tempo, o que lhe dá vantagens óbvias em combate além da capacidade de direcionar projéteis teleguiados até seus inimigos. Já o Aranha Ultimate pode ativar um modo de “Fúria”, onde seus ataques se tornam muito mais rápidos, perigosos e afetam uma área maior.

Os combates contra os chefes são um espetáculo a parte, não basta colar neles e surrá-los, é preciso ser esperto e fazer uso do cenário para causar dano neles. Por exemplo, o Homem-Areia só fica vulnerável quando está molhado então é preciso arremessar barris de água nele antes de partir para ignorância. Este tipo de pegada se repete na maior parte dos confrontos com os super vilões.

Isso pra não mencionar as trocas de socos em primeira pessoa com eles, que são muito legais.

Finalmente, existem vários desafios podem ser completados em cada fase, que vão desde nocautear um grupo de inimigos em um tempo determinado até alcançar o Fanático usando como plataforma os objetos que ele arremessa em você. Nenhum destes desafios é obrigatório, mas todos acrescentam um tempero extra ao jogo e rendem pontos que podem ser gastos melhorando os heróis. Quanto mais desafios cumprir, mais habilidades, combos e uniformes novos ficam liberados para a compra.

É possível descolar as roupas de Fantástico Homem-Saco ou o do Homem-Aranha de 1602.

ESPETACULAR!!!


Então, qual o veredicto? Como um fã de longa data do senhor Parker, devo dizer que este é o melhor jogo do Homem-Aranha para os consoles atuais.


Tudo que o personagem é, foi representado com fidelidade no game, desde seu senso de humor ao seu eterno heroísmo. O game tem um pouco de tudo para todos, tanto fãs obsessivos quanto os mais novos.

O povo que tá correndo com a produção dos games novos do Thor e Capitão América (baseados nos filmes, claro) poderiam aprender um pouquinho com Spider-Man: Shattered Dimensions... mas o que se vai fazer?

Cheers!!!

14 comentários:

Kyo disse...

Esse, junto com Web Of Shadows (exclua a horrenda versão de PS2), é com certeza um dos melhores games do Spidey... Inclusive o Neil Patrick Harris ganhou um premio no VGA2010 pela interpretação do Homem Aranha. Das séries animadas, acompanhei mais a dos anos 90, aquela horrenda em CG (A série é vazia demais) um pouco da "Espetacular Homem Aranha". Cheguei a acompanhar aquela série boçal, a Spider-Man Unlimited, e até me amarrava (eu tinha 11 anos), pena que foi cancelada.

Blog do Sybão! disse...

Pronto, li! Neil Patrick Harris foi o cara que apresentou o VGA desse ano, certo? O cara parece um spider man da vida real! haha

Gostei do artigo, ja to vendo uns videos aqui!

Rael XX disse...

Esse era o jogo que eu estava jogando quando meu 360 deu 3RL pela segunda vez no ano passado. Sem conserto dessa vez. Poxa, eu sou muito fã do Spider 2099 e tava jogando a segunda fase dele.

Zé Abrão disse...

eu sou um fanzaço do Homem-Aranha, ele é de longe o meu herói favorito! Antes do xbox 360, eu tinha um ps1 e lembro que adorava os dois jogos do Homem-Aranha pra ele. Também gostei muito deste jogo Amer. Não o achei perfeito, mas é o primeiro jogo do Aranha que chama a minha atenção DESDE o ps1, nem o Web of Shadows conseguiu me convencer de tudo.

É isso. Ei Amer, uma sugestão de postagem para o seu blog regular: você já falou das coisas legais das décadas de 80 e 90, que tal fazer um falando sobre a primeira década dos anos 2000 que acaba de passar?
Abraços!

Evil Monkey disse...

Perca as esperanças, Amer, o estúdio que vai fazer Thor e o Capitão América é o mesmo que fez os jogos do Homem de Ferro.

E como todos sabem, os jogos do homem de ferro são duas das maiores batidas de trem dessa geração.

Eu manteria as expectativas baixas.

Ton-Kun disse...

Eu vi meu irmão jogando meia fase do Kraven do Clássico e o início da fase seguinte do Ultimate (não lembro contra quem)... Quase infartei. Simplesmente um dos melhores games do Aranha desde que joguei aquele primeirão do PSOne que tinha vários Easter Eggs. Emocionante ver a dedicação de tornar DIVERTIDO jogar, não apenas um poço de referências. Quando você está navegando por uma fase, você realmente sente que está jogando HOMEM-ARANHA. Gostei muito e realmente recomendo.

Jack, The Ripper disse...

Deve ser um baita jogo mesmo, o Homem Aranha era meu segundo super herói favorito na minha infância - o primeiro era o Batman.

E sem querer parecer chato pra caralho, mas por que tu não fazes um artigo sobre algum produto da série "Grand Theft Auto"?

Toni disse...

Feliz ano novo Amer!
Nas suas últimas postagens você comentou que gosta bastante de beat'em ups assim como eu,por falar nisso você já jogou Scott Pilgrim Vs The World? Com certeza daria um ótimo artigo xD

Rodrigo Narcizo disse...

Eu joguei este game e concordo com o review do Amer. É um grande jogo do Aracnídeo (e cheio de fan service), embora não supere o Arkham Asylum.

Só não gostei de algumas partes com o Aranha Noir, até porque a camera não ajuda em algumas situações onde você está escalando parede/teto.

Mas é um jogo muito bom!

Ah! Obrigado Amer pelos reviews do Splatterhouse e do Hokuto No Ken. Peguei os dois.

Kaum disse...

desde que saiu esse jogo que eu quero ele, mas queria ter certeza que ele é bom..até por que ele tá meio carinho, e é um jogo meio "curto"

mas que se dane. vou pegar ele do mesmo jeito...
se for comparável os Spider Man 1 do PSOne, eu to feliz da vida.


e todo esse papo dos desenhos do aranha me deixaram saudosista, e resolvi pegar toda a série antiga.
e também o "Espetacular", que fiquei muito triste em saber que foi cancelada (sim, sou atrasado pra caramba)

paulo disse...

Quando você diz que não tem aquela "exploração" de fase do web of shadows e do spider man 2 (e do 3, me desanimo pois amava aquilo, não gostava dos antigoes homem-aranha que era em fases, mas vou jogar o jogo..uma pena que descobri nos comentários aqui que spetacular spider man foi cancelado, vi as 2 temporadas... e vi a serie toda dos anos 90, tenho os epis em dvd.. gosto muito de homem aranha, principalmente pela liberdade dos jogos e pelo symbiotic

Rodrigo disse...

Grande Amer, sempre leio seus blogs, sou fã. Lamento quando vc não escrever durante um tempo grande, mas entendo q deve ter seus motivos. No caso do jogo dessa vez, quase concordo com vc, ainda prefiro o Web Of Shadows, o qual tem uma jogabilidade infinitamente superior ao Shattered Dimensions. O q ganha no SD é a história, muito boa e relembra os velhos tempos do aracnídeo. Tenho um pedido para fazer, se possível, claro. Gostaria muito de ler um review seu do God Of War 3.
Obrigado por todos os outros reviews, ótimo trabalho.

Warndarius disse...

Amer meu amigo(colega,conhecido,desconhecido,ameaça,inimigo, arque-inimigo,ameaça publica...meh...)
so tenho uma coisa a dizer
O astro do jogo foi o Spider-ham ELE QUE SALVOU TODO MUNDO!!!
desculpe não tenho tomado meus remédios

Rafael Sampaio disse...

Ai Grande Amer,leio todos os seus blogs,sou fã.Joguei esse game e tambem acho o maximo.Tenho um pedido a fazer.Gostaria muito de ler um review do Castlevania Aria of Sarrow.

Enfim,muito bom o review,ótimo trabalho.