quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Crítica do Amer: Castlevania III - Dracula's Curse


Muito bem, Castlevania II deixou um gosto amargo na boca de quase todos que o jogaram. Não era um game insuportável como tantos outros do NES, mas também não fazia jus a ação presente no primeiro título da série.

Felizmente, a Konami aprendeu com seu erro. Castlevania III seria um merecido retorno às origens, com ação, monstros, chicotadas e uma dificuldade tão infernal que somente os mais perseverantes seriam capazes de chegar ao desfecho da aventura.

Então, o legado dos Belmont recuperou sua dignidade, ou o terceiro game da série denigre a imagem dos vampiros mais do que toda a série Crepúsculo junta?

Vamos ver!


A história se passa em 1476, quase duzentos anos antes do primeiro game da série. Drácula reuniu seu exército das trevas e declarou guerra a humanidade, pela morte de sua amada esposa Lisa, mãe de Alucard, que fora queimada na fogueira como bruxa (fato que seria relembrado anos depois em Castlevania: Simphony of the Night).


A população está em pânico, sendo transformada em refeição no melhor dos casos. A Igreja não vê solução, exceto pedir ajuda ao clã Belmont, que foi expulso do país anos antes, por causa da força e resistência quase sobrenatural de seus membros.

Trevor Belmont (Ralph C. Belmont, na versão Japonesa) atende ao chamado e com o fiel chicote Vampire Killer, atravessa os territórios dominados pelas forças das trevas, até finalmente se deparar com Drácula e bani-lo de volta até as trevas, onde ele ficará... até o momento que a Konami decidir lançar mais um game da série.

O herói não está sozinho em sua empreitada, pois ao longo da viagem, Trevor pode recrutar a ajuda de Grant Danasty, um ladrão amaldiçoado por Drácula por se opor a ele, Sypha Belnades, uma sacerdotisa com domínio sobre magias extremamente destrutivas e Alucard, filho do próprio conde, que se opõe à opressão de seu pai.

Castlevania III foi o primeiro game da franquia a trazer um enredo mais detalhado que o clássico “ache Drácula e espanque-o”. De fato, foi este título que apresentou pela primeira vez personagens e fatos de relevância para o futuro da mitologia da série, como Alucard e o fato de Trevor e Sypha serem os ancestrais dos demais Belmont que apareceriam no resto da franquia.

Sim, Trevor e Sypha se casam depois dos eventos deste game. Soltei um Spoiler com mais de uma década de idade, me processe!!!


A apresentação de Castlevania III não é boa apenas para os padrões da série, como também é uma das melhores já vistas em um game para o NES.


Os gráficos são excelentes, extremamente detalhados e bem construídos. É bastante simples identificar as criaturas que encontramos ao longo das fases, zumbis são zumbis, esqueletos são esqueletos e anões saltitantes são enfurecedores. Os cenários também foram cuidadosamente criados e possuem identidades únicas, o que sem dúvida dignifica a aventura de Berlmont como uma jornada heróica.

O áudio novamente conta com algumas das melhores canções já compostas e executadas para o Nintendo. Temas estes que eu não canso de frisar, você estará cantarolando até o seu leito de morte.

Diga-se de passagem, a versão Japonesa possui o som estupidamente superior à Americana.

No Japão, Castlevania III contava com um chip especial de áudio, cujas especificações técnicas eu não faço a menor idéia (sério, não perguntem), mas que tornava as músicas do game superiores as de praticamente qualquer outro título do aparelho. Os consoles 8 bits Americanos não davam suporte a chips de expansão e o mesmo teve de ser retirado dos cartuchos gringos.

Se puder, compare as duas versões. Você soltará mais palavrões de estupefação que em qualquer momento de sua vida.


A jogabilidade voltou ao bom e velho estilo de ação apresentado no primeiro game. Avance por cenários, mate tudo em seu caminho, recolha armas e upgrades, derrube paredes para encontrar pernis (ou costeletas, ou presuntos, ou seja lá o que fosse aquilo) e tente sobreviver às hordas implacáveis que servem ao Conde Drácula.


Trevor é mais ágil que Simon no primeiro game. Ele se move e ataca mais velozmente e possui um melhor controle do salto, mas nem por isso o game é mais fácil, os mesmos perigos de antigamente se encontram presentes aqui; cabeças de medusa e morcegos atrapalharão seus saltos, inimigos variados terão um alcance e velocidade de ataque muito superiores a você e escadarias o deixarão mais vulnerável que uma baleia nos mares do Japão.

Castlevania III é um game para os perseverantes e infinitamente teimosos.

Mas existem novos mecanismos que existem para ajudar um pouco no difícil prosseguimento do game. Após algumas fases, Trevor se depara com uma bifurcação onde é possível escolher qual será a próxima fase. Se achar alguma etapa difícil demais, apenas evite-a e siga por outro caminho.

E como mencionei antes, ao longo do game também é possível recrutar a ajuda de outros personagens, cada um com habilidades específicas. Grant é capaz de escalar paredes e tetos, e possui um salto bastante alto, Sypha não tem muita resistência física ou poder de ataque, mas pode utilizar magias bastante poderosas ao invés das armas secundárias, e finalmente, Alucard possui o poder de se transformar em morcego e dispara bolas de fogo como principal forma de ataque.

Só é possível ter um companheiro por vez, embora o jogador possa trocá-lo por outro eventualmente. As diferentes habilidades dos personagens complementam a jogabilidade e podem facilitar muito a travessia de certos cenários. Grant pode escalar as paredes de uma subida vertical para evitar inimigos, Sypha pode utilizar suas magias para limpar o caminho de adversários fortes demais para serem enfrentados no corpo a corpo e Alucard pode simplesmente sobrevoar longos trechos de terreno e evitar os perigos por completo.

O uso dos aliados, somado aos diversos caminhos possíveis de serem tomados ao longo do game dão a Castlevania III um fator replay absurdo. Sempre é divertido jogar mais uma vez para se tomar um novo caminho ou selecionar um aliado diferente.

E novamente, a versão japonesa leva a melhor em relação a Americana. Embora ambas sejam impiedosamente difíceis, o cartucho Nipônico possui algumas diferenças que dão aos jogadores alguma margem para respirar.

No jogo Americano, todos os inimigos causam a mesma quantia de nado, que aumenta progressivamente conforme se avança na aventura. Desta forma, um morcego comum é capaz de causar quase tanto dano quanto um chefe de fase, nas etapas finais do game. No jogo Japonês, cada tipo de inimigo causa uma quantia fixa de dano, do começo ao fim da história, o que dificulta bem menos a vida do jogador.

O ataque de Grant foi modificado de uma versão para outra também. Originalmente ele disparava adagas sem que isso lhe custasse corações (a munição do jogo, para quem esqueceu), enquanto na versão Americana ele conta apenas com um curto golpe de faca. Não é preciso dizer que devido as suas grandes habilidades, Grant é o melhor companheiro da versão Japonesa e desequilibra totalmente a dificuldade do game em seu favor.

Por causa desta dificuldade mais justa e do melhor áudio, muitos fãs preferem a versão Japonesa em vez da Americana e honestamente, eu concordo com eles.


E qual o veredicto? Castlevania III: Dracula’s Curse é FANTABULOSO!!!


Claro que o game é implacável e assim que o terminar, o jogador estará careca e com duas pilhas de cabelo uniformes uma de cada lado de sua poltrona, mas no final das contas, é um dos games de ação mais sensacionais que o velho e querido Nintendinho pode nos oferecer.

E este seria o último jogo da série a dar as caras no console 8 Bits da Nintendo. A próxima vez que veríamos um Belmont em ação seria em um aparelho com bem mais potência e Mode 7 em demasia... mas essa história fica para o próximo artigo.

Aliás, pra quem ficou curioso, a versão Japonesa de Castlevania III se chama Akumajō Densetsu, o que em minha humilde opinião faz muito mais sentido, considerando que este game é uma prequência.

O que este título significa? Diacho, estude Japonês e descubra sozinho! Já terminei o game por vocês, o que mais querem de mim?

Cheers!!!

10 comentários:

Cristiano G. disse...

Cacildis, eu tava jogando esse jogo ontem de madrugada!

Timing perfeito, Amer!

No mais, eu sou fanático por Castlevania, e é o meu jogo preferido da franquia!

Mas eu só joguei a versão americana, vou procurar a japonesa pra ver se eu arranco menos cabelo.

E vale lembrar que o Alucard não tinha o visual de moçoila que foi adotado no Symphony Of The Night.

Ótimo Review!

Jack, The Ripper disse...

Secónd!

Tá postando com frequência, ein Amer. I like that.

Otávio disse...

Meu favorito (seguido de perto pelo Bloodlines, mas confesso que parei nos 16 bits).

Detalhe: só pude jogar esse jogo ano passado, o que mostra o quanto ele envelheceu bem (não havia fator nostalgia e me apaixonei pelo game)

Otávio disse...

Em tempo! Também acho que o SNES tinha mode 7 em demasia!

Pra mim, é incrível como, à parte de algumas boas pérolas do SNES, a biblioteca do Mega acabou envelhecendo bem melhor.

Quando olho para trás (mas repito, nunca comprei nada depois do Sega CD, bem como não me lembro de ter jogado mais do que algumas vezes Cube, Wii, Play 2, Play 3..., então minha visão é parcialíssima) os meus consoles favoritos são Mega e Nes. Não por acaso, um foi feito para desbancar o outro e carregou muito de seu espírito (basta comparar os Contras ou Castlevanias, por exemplo. Os do SNES já caminham em outra direção, mais embrião de um PS1. As limitações do Mega geraram ideias que envelheceram, NO GERAL, melhor).

Scariel disse...

Esse pra mim é o melhor de NES.
Excelente review Amer,como sempre.
Não sei qual vai ser o próximo se é o Super Castlevania ou aquele do Richter,só sei que esse do Richter nem com savestate deu pra mim.

Blog do Sybão! disse...

Aiai, da vontade de jogar a série inteira!

Mas só nas férias! =\

Contudo, boa matéria, man!

edmetal666 disse...

o do richter seria o do pc engine? o jogo é infernal de dificil!!!!
já super castlevania é outro clássico, a melhor ost do snes.

Lucita disse...

Ahhh, como eu queria ter tido um Nintendinho......

Avalanche(Lance) disse...

Porque o povo smepre paga pau pro Nintendinho....cacete eu tinha um master Systen...ninguém faz review deles...


...ahh é lembrei pq...

Otávio disse...

Lance, tinha jogo bom pro Master sim, mas é que não só foram bem menos se comparados com os do NES como mundialmente o console nunca vendeu taaaaaaaaaanto assim (no Brasil ele foi melhor por causa da tectoy, salvo engano), daê com os anos ele ficou em segundo plano mesmo (uma pena, pois quem jogou California Games sabe que o Master podia ter jogos melhores do que os equivalentes pra Mega).

Pra mim, o melhor da velha guarda foi Atari 2600, Nes, Mega e Snes, não necessariamente nessa ordem, mas o Master seria o primeiro dos que não estão na lista.