quinta-feira, 8 de abril de 2010

Crítica do Amer: F-Zero


Acredito que o prova definitiva para a qualidade de um game é o teste do tempo.

Assim que um game muito esperado chega a nossas mãos, estamos com expectativas, queremos apreciar aquele produto que esperamos por tanto tempo e estamos dispostos a perdoar suas pequenas falhas, contanto que o produto final seja satisfatório.

Se jogarmos o mesmo título um ano depois, nossas percepções a seu respeito podem ser completamente diferentes. Não temos mais expectativas e podemos fazer análises mais objetivas de suas qualidades e defeitos.

A medida que envelhecemos, nos tornamos (ou deveríamos nos tornar) mais críticos e meros efeitos especiais e explosões não bastam para enganar nossos sentidos e nos satisfazer, são necessários produtos de qualidade real para isso.

Agora, jogando um game um ano após seu lançamento, já alteramos muito nossas percepções sobre ele, o que dizer de um título lançado há duas décadas?

Pois é, desde o lançamento de F-Zero, já tivemos três gerações de consoles. A tecnologia usada em sua concepção há muito é obsoleta e em teoria ele não é mais capaz de nos surpreender.

Teria F-Zero resistido ao avanço do tempo, ou seu charme era apenas uma ilusão causada por nossas mentes jovens e imaginativas?

Vamos descobrir, sim?


A história se passa no ano de 2560 e a corrida espacial se tornou uma coisa rotineira. A humanidade fez contato com várias raças alienígenas e se espalhou pelos quatro cantos da galáxia.


Como não poderia deixar de ser, empresários aproveitaram o vasto novo território para vender seus produtos e assim sendo, ficaram multi bilionários.

Que tipo de produtos eles venderam e o que recebiam como pagamento é um mistério. Não acredito que raças alienígenas tenham as mesmas necessidades que nós (não acho que todos os seres do universo tenham sovaco, o que seria um problema para a Axe), tampouco creio que o mesmo tipo de dinheiro seja usado ao redor do universo.

Mas o que eu sei, né?

Enfim, os ricaços desta época estão entediados. Aparentemente, daqui a meio século não vai haver muito o que se fazer, mesmo que todos possam apanhar naves para ir passar o fim de semana em Marte (o Arnold fez isso uma fez, com resultados sensuais). Desta forma, este povo cheio de dinheiro resolveu ressuscitar um esporte do passado para seu próprio entretenimento: a FÓRMULA 1!!!

Exceto que a Fórmula 1 é muito lenta e seus pilotos muito chatos para os padrões futuristas.

Então eles decidiram criar a F-ZERO... que é igual a Fórmula 1, mas com carros que flutuam a um metro do solo, pilotos estereotipados e caricatos, e com explosões muito mais fantásticas dos quais ninguém sairia vivo, nem mesmo em um game da Nintendo.

E neste esporte se destacam quatro (sim, só quatro) pilotos: Captain Falcon, um sujeito que parece a mistura do Sonic Blast Man com o Capitão America, Dr. Stewart, um cientista que sabe lá Deus por que, também é corredor, Pico, um alienígena verde cuja cabeça parece um picles e Samurai Goroh, que sabemos ser o vilão do game porque ele é o único gordo entre os protagonistas.

As distinções de “bom” e "mau” eram mais fáceis de se fazer há vinte anos.

E estes quatro corredores competirão pela glória, dinheiro e todas as mulheres alienígenas que o título de campeão na F-Zero puder lhes dar.

O futuro parece um lugar muito bom pra se viver, de fato.


Os gráficos de F-Zero eram muito impressionantes para sua época e continuam sendo até hoje.


Tenha em mente que nenhum polígono foi usado aqui (este foi um dos primeiros games lançados para o Super Nintendo, pelo amor de Benji) e mesmo assim, o visual em 3 D é de primeira e ainda capaz de deixar muitas pessoas boquiabertas e estupefatas.

Isso graças ao Mode 7, o super poder principal do 16 Bits da Nintendo, que era capaz de usar superfícies planas em 2D para criar efeitos que simulassem gráficos em terceira dimensão.
Fascinante!

Os cenários são bem feitos e coloridos e variam bastante a cada estágio. Temos grandes cidades, regiões lacustres, desertos, áreas vulcânicas e localizações árticas. Embora não dê pra reparar muito nos detalhes presentes durante a corrida (afinal, é preciso ficar de olho na pista), todo o cuidado tomando com a criação da parte visual ajuda muito na impressão de que as corridas não se passam em nosso planeta.

Os veículos principais são bem diferentes e cada um traz uma identidade própria, que reflete um pouco a personalidade de seu piloto. O veículo do Dr. Stewart tem um design mais arrojado e prático, o que remete a sua personalidade como cientista, enquanto o veículo de Samurai Goroh possui labaredas em sua lataria, o que lhe garante um visual mais agressivo e seu formato arredondado o faz parecer um pão doce flutuante.

Porque... você sabe... ele é gordo.

O áudio é sensacional, decididamente um dos melhores já criados para o Super Nintendo.

As músicas são fantasticamente bem compostas e executadas, mesmo sendo executadas somente pelos sintetizadores do Super Nintendo, cada peça musical é única e memorável. Tenho certeza que muitos dos temas deste game estão presentes em sua cabeça até hoje e você os cantarola nos momentos que menos espera.

Como por exemplo... AGORA!!!

Os efeitos sonoros são muito bons também. Cada carro possui um som apenas seu, um “ronco do motor” futurista que indica a potência de suas turbinas e o nível atual de sua aceleração, e que dá a ele ainda mais identidade.

Claro, ainda é feito algum uso de ruído branco, como quando se bate em outros carros, ou o som das chamas quando algum veículo explode. Mas considerando que este game foi lançado em um momento que os produtores ainda nem sabiam do que o Super Nintendo é capaz, isso é perfeitamente perdoável.

E não é como se fossemos ligar para isso com a excelente trilha sonora, do qual sempre lembramos como por exemplo... AGORA!!!

Sim, ao terminar de ler este artigo, você vai sair correndo atrás dos CD’s com a trilha sonora deste game, definitivamente.


A jogabilidade é perfeita, os veículos respondem com precisão a todos os comandos dados e o sucesso ou fracasso na partida depende unicamente da habilidade do jogador.


Dito isso, os quatro veículos disponíveis operam e possuem características totalmente diferentes. Um jogador habilidoso e que treine muito pode se dar bem com dois deles, mas é muito difícil pilotar todos os quatro com igual eficiência.

Blue Falcon (obviamente, o veículo do Capitão Falcon) é equilibrado, Golden Fox (o veículo do Dr. Stewart) é frágil, possui baixa velocidade final mas tem uma aceleração estúoida, Wild Goose (o veículo de Pico) é muito resistente a colisões, mas tem baixa aceleração e pouca estabilidade e Fire Stingray (o pão d... veículo de Samurai Goroh) tem baixa aceleração, a maior velocidade máxima e excelente estabilidade.

Fire Stingray é ideal para se fazer curvas fechadas sem perder velocidade, enquanto é um suicídio fazer isso com Golden Fox. Cada veículo possui um estilo de pilotagem muito único, o que facilita a identificação dos jogadores com cada um.

Acredito que até hoje, sou o único jogador do mundo que usa o Wild Goose. Não querem jogar com o carro verde azar de vocês, sobra mais pra mim.

As pistas são muito variadas e trazem todo tipo de desafio. Algumas contam com poucas curvas, outras possuem áreas derrapantes, algumas possuem campos minados, enquanto outras tem imãs que puxam seu carro e o danificam e as demais possuem abismos enormes que o jogador precisa saltar.

E uma ou outra pista tem todos os perigos descritos acima e mais alguns, só pra estragar seu dia.
Todos estes obstáculos não estão aí de graça, os veículos possuem medidores de energia e sofrem danos a cada batida. E todos sabemos o que acontece quando sua força se acaba em um vídeo game, não?

Para aliviar a barra, existem “pit stops” onde seu veículo pode recuperar suas energias. Alguns estão bem visíveis, outros estão no meio do caminho e não há como evitá-los. É sempre bom ficar de olho nesses pontos de recarga para manter o medidor cheio.

A cada volta completada, seu veículo ganha um Turbo e pode acumular três no total. Estes Turbos podem ser usados a qualquer momento, mas são melhor aproveitados caso seu carro seja ultrapassado, para recuperar sua posição. Se utilizados quando você estiver em primeiro colocado, não lhe darão nenhuma vantagem.

É preciso também estar atento a “posição segura” determinada durante a corrida. Em cada volta, é preciso estar em uma posição específica, que diminui conforme o final da prova se aproxima. Se a posição segura for por exemplo o 7º lugar, e você terminar a volta em 8º, perderá a corrida e terá de tentar outra vez.

Finalmente, seu carro possui um estoque de vidas extras. Cada vez que sua energia acabar, for arremessado para fora da pista ou simplesmente for desclassificado, gastará uma para tentar de outra vez. Novas vidas são ganhas cada vez que se atinge 20 mil pontos.

F-Zero possui o modo Grand Prix e o Time Trial, em ambos o game salva seus melhores tempos e os registra. Não é possível assinar seu nome neles, mas diabos, se não consegue lembrar quais são seus recordes, pra que é que você serve afinal?


F–Zero prova que games bem feitos permanecem divertidos não importa quanto tempo passe.


Ele é simples o bastante para permitir que qualquer um jogue e se divirta, mas complexo o suficiente para serem necessários dias, talvez semanas de dedicação até que seja total e completamente dominado.

Muitos fãs consideram este o melhor game da série e acreditam que as versões de Nintendo 64 e Gamecube não conseguiram superá-lo, mesmo sendo tecnologicamente muito superiores. Eu concordo veementemente com esta afirmação.

De fato, os únicos games que chegam perto de superar F-Zero foram BS F-Zero Grand Prix e Bs F-Zero Grand Prix 2, continuações diretas lançadas para o Satellaview, um sistema de distribuição de games via satélite da Nintendo que só existiu no Japão.

Mas isso é uma outra história a ser contada...

Cheers!!!

19 comentários:

gshgsh disse...

Belíssima review, Amer, F-Zero é mesmo um clássico!
Quem nunca jogou, ele está no VC do Wii e é um must buy!
Aliás, Mute City é o toque do meu celular!

Frodo disse...

acho a musica do f-zero ate melhor que o jogo em si! hauahuahau


mas em materia de musica, nada mais marcante em minha vida do que a musica do top gear.... aquilo e foda demais

Agronopolos disse...

Saudades disso, gostaria até hj jogar esses jogos que sairam via Satella

pena tb que não temos os mapas disponiveis (até HJ!!!) com as rampas e caminhos secretos que os proprios jogadores descobriram, sempre achei muito F@$A ele

Avalanche(Lance) disse...

Alienigenas de três peitos \o/

Rodrigo disse...

9.5?! Caramba, F-Zero merece 10! Foi o primeiro jogo de corrida em que eu pus minhas mãos e amo ele até hoje! Nossa... momento nostalgia... Nessas horas eu vejo como eu to ficando velho...

Elvis disse...

Boa review, Amer...muito interessante.

F-Zero foi um dos primeiros jogos de corrida que joguei na vida, e era bem impressionante graficamente mesmo.

Scariel disse...

Um Clássico!
Lembro que tinha som até na hora da ultrapassagem!Fantástico!
Eu voto na música Big Blue.
Valeu,Amer!Excelente review!

Johnny Von Arthoneceron disse...

Belo post Amer! Sintetiza tudo o que eu sinto em relação ao game e essa época mágica.

Eu só discordo de um pequeno detalhe do antepenúltimo parágrafo, dizendo qual game é melhor que o outro. Sinceramente, não dá pra se comparar F-Zero com F-Zero X e F-Zero GX. Isso porque eles são tão diferentes entre sí que, na minha opinião, é até meio ingênua a tentativa.

F-Zero do Snes criou a franquia, isso faz com que o game seja automaticamente um clássico, e como o seu review deixa bem claro, é perfeito.

F-Zero X, na minha opinião, é o momento de experimentação da franquia. Isso faz com que exista uma modificação da estrutura do game, na intenção de criar uma atmosfera mais fidedigna com o que se imaginava (e se imagina até hoje) sobre corridas espaciais em highspeed, com todos os seus loopings inacreditáveis e a possibilidade de saltos estratosféricos. É claro, de todos os games, é o que possui mais falhas, mas o que podemos exigir de um game de Nintendo 64?

O F-Zero GX, do Game Cube, é o que mais chega mais próximo do balanço entre os dois games. Isso porque o game consegue sintetizar as duas principais características dos games de mesa: Perfeição técnica do primeiro com as inovações do segundo. Aliado a um desafio insano (que eu, até hoje, não consegui terminar o modo Story), temos um bom desafio em mãos.

Fechando o raciocínio, se é para compararmos os games da franquia, que seja pelo menos o GX com o X. Torna-se um pouco mais aceitável.

Vale ressaltar que três games foram lançados para o Game Boy Advance: F-Zero Maximum Velocity, F-Zero GP Legends, e F-Zero climax. Os games remontam ao clássico do Super Nintendo. Seria legal se você fizesse um review de alguns desses games, isso se já tenha jogado algum.

No mais, abraço!

Thyago disse...

nunca consegui jogar muito desse jogo...
emuladores, eu invoco vocês!

Doofie disse...

Eu tenho esse jogo na caixa, lacrado *-*

Confesso que às vezes bate uma puta vontade de rasgar o plástico e conferir o game, maaaaas... :(

Isa disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Isa disse...

Olá Amer, gosto mt de ler seus blogs, principalmente o sobre cultura pop, mas estou começando a ler este também!Ah, e uma curiosidade, seu nome é Amer mesmo? Ou seria Américo ou algo parecido?

Amer H. disse...

... sim, meu nome é Amer mesmo...

Já é a segunda vez que me perguntam isso esse mês, não é possível, você combinaram ou algo assim?

Jonas Santos disse...

F-Zero é o único jogo de corrida que eu gosto. Eu tinha o GX pro Gamecube, e é um dos jogos mais absurdamente difíceis que eu ja ví (talvez por isso que eu gostei tanto dele). Mas graças à umas trocentas horas de jogo eu consegui liberar tudo e passar aquele modo história do inferno no Very Hard.
Outro grande artigo Amer, você poderia fazer uma análise do primeiro Disgaea no próximo artigo.

evil monkey disse...

F-zero tinha história?

Eu pulava tudo.

Pra mim era a história do capitão falcon, lutando para libertar a sua amada danielle e seu povo das garras terríveis do IMPÉRIO DUUUU MAAAL!!!

E o único jeito de fazer isso era ganhando o lendário torneio de corridas intergaláticas com os maiores pilotos da galáxia...
...
papa-pa-pããããã
...
F-ZERO!!!!!!

E receber a mais poderosa nave do universo, com ela libertar sua raça e provar a todos que ele não é um covarde, mesmo tendo fugido na hora em que seu planeta foi abduzido.

Como eu nunca zerei eu posso dormir tranquilo a noite imaginando que a minha história é real.

ai-ai...

Quem não tem o que fazer é foda...

Guidcs disse...

f-zero era bom d+ ,sempre jogava na casa de um amigao meu(ele so tinha f zero e metroid ).So acho que tanto o x e gx sao muito bons tb , enquanto na matéria ficaram parecendo ser jogos de segunda , vivendo as custas do nome f zero.Ótimo posto como sempre amer.

== ADR == disse...

F-Zero é MUITO BOM!! Só conheci esse jogo por agora que eu to voltando a jogar os jogos de SNES, tava perdendo um jogão e nem sabia!

J.Dione disse...

Grande game mesmo, joguei muito no snes, parabens pelo artigo, ficou perfeito.

ritalinando disse...

Hahahaha acabei de falar muito mal do carro do Pico - o carro verde. Daí leio que é teu preferido. O "jeito" de jogar videogame é realmente um ato subjetivo.