Resident Evil 3: Nemesis

Finalmente chegou a hora de falar do terceiro game da série! Viva! Mais alguns meses e estarei escrevendo sobre Resident Evil 5.

Enfim, Resident Evil 3 foi o último título a ser lançado para PsOne (não estou contando os abomináveis Gun Survivor), ele complementa o enredo de Resident Evil 2 e seu enredo fecha o ciclo de história da primeira trilogia da série.

De fato, Resident Evil 3 começou a mostrar um certo distanciamento da jogabilidade original.

Enquanto nos dois games anteriores os recursos, munições e tudo mais eram escassos, aqui temos bastante tralha para acumular durante o game. Ainda não seria aqui que Resident Evil se tornaria uma série de ação e tiroteio, mas a semente sem dúvida foi plantada.

Mas estou me adiantando, vamos por partes!

STAAARS!!!

A heroína da história é Jill Valentine, uma das protagonistas do game original, ex-membro do grupo especial S.T.A.R.S e caso amoroso não muito bem definido de Chris Redfield.

Digo, é óbvio que existe uma tensão sexual entre eles e ambos ficam nessa relação platônica há mais de dez anos. Por que um deles não toma uma atitude? Vão ficar nesse chove não molha até quando? Resident Evil 27?

Mas estou divagando.

Jill (que aqui ainda era morena) deu o azar de estar em Racoon City bem no momento da infestação de zumbis de Resident Evil 2. Ficar em uma cidade cujos habitantes enxergam você como um belo prato de buchada é uma má idéia, Jill reúne seu equipamento, coloca a roupa mais decotada que possui (partindo do princípio que mostrar o corpo é uma boa idéia ao enfrentar criaturas que podem lhe infectar com uma mordida) e decide se mandar da cidade antes que tudo acabe muito mal.

Claro, ela não está sozinha, pois dá de cara com um grupo de mercenários a serviço da Umbrella, que foram enviados para fazer uma queima de arquivo na cidade. Um dos membros do grupo é Brasileiro, se chama Carlos (porque os Japoneses acham que este é o único nome existente em nosso país) e passa a maior parte do tempo tentando chegar até as calcinhas de Jill.

Mas o astro maior do game é sem dúvida alguma Nemesis, um novo modelo de Tyrant que foi jogado em Racoon City para se livrar de todos os membros do grupo S.T.A.R.S, que já há algum tempo eram uma pedra no sapato da organização Umbrella.

Como sempre, o enredo de Resident Evil 3 desafia o bom senso e definitivamente não pode ser levado a sério.

A Umbrella tem laboratórios secretos subterrâneos maiores que o Terrordrome da Organização Cobra em praticamente todos os locais que nossos heróis visitam e sempre há um mecanismo de destruição pronto para levar estas fortalezas abaixo ao menor sinal de invasão. O quanto esta empresa perde por ano reconstruindo fortalezas destruídas precipitadamente? E de onde diabos tiram tanta grana? O mercado para compra e venda de zumbis ainda não é grande o suficiente! E quem faz negócio com eles? Não acredito que Donald Trump ou algum outro magnata queira fazer negócios com uma companhia envolvida em escândalos com monstros canibais e destruições de cidades do interior.

Ou sei lá... talvez a Umbrella e o McDonalds sejam a mesma empresa...

Enfim, Resident Evil 3 faz um bom serviço em amarrar algumas pontas soltas. Por exemplo, Brad (o piloto do helicóptero do primeiro jogo) aparece transformado em Zumbi em Resident Evil 2, aqui podemos ver exatamente como isso aconteceu.

Pois é, o enredo funciona bem para um game da franquia. Mas sinceramente, não espere um romance de Dostoiévsky.

Na parte técnica, o game não é um enorme passo adiante da série.

Os gráficos são ligeiramente melhores que os da parte 2, com modelos um pouco mais bem construídos e texturas um pouco mais limpas. Não é algo que salte os olhos e muitos jogadores podem não perceber evolução visual alguma nesta versão, mas ela está lá.

Os cenários ainda são pré-renderizados e assim sendo, estáticos. Uma vez que Jill está atravessando a mesma cidade que Claire e Leon enfrentaram no game anterior, alguns cenários são conhecidos. Ao invés de simplesmente reciclar estes trechos sem nenhuma alteração, os mesmos recebem alguns detalhes novos, como chamas em pontos específicos ou uma aparência mais destruída, o que dá um certo ar de novidade ao mesmo tempo que sentimos familiaridade com o ambiente.

O áudio é bastante competente, dos gemidos dos zumbis as explosões no cenário, tudo foi feito de forma convincente e que ajuda bastante na imersão do título. Já a dublagem, esta é outra história.

Embora não seja ridícula como aconteceu no primeiro game da série, ela não chega a ser cheia de interpretações estelares como aquelas presentes em títulos mais recentes.

É interessante perceber que os mercenários que vieram de países Europeus tem um sotaque bem pronunciado, mas Carlos fala sem sotaque algum. Aparentemente os produtores do game não faziam a menor idéia de como um sotaque Brasileiro no idioma Inglês deve ser.

Não é nada insuportável e sem dúvida alguma acrescenta um bocado de charme a série, mas é difícil não rir feito um demente quando a melhor fala do game é uma frase de efeito como “You want S.T.A.R.S? I’ll give you S.T.A.R.S!”

Mas tudo bem, ninguém leva Resident Evil a sério.

Não é?

Heim???

Eco!!!

Como eu disse anteriormente, Resident Evil 3 mostra mudanças na jogabilidade que seriam a base para a nova face da série que nasceria com o quarto game da franquia.

Ainda há puzzles a serem resolvidos (e que muitas vezes, ainda não fazem o menor sentido no contexto da história), mas há um foco bem maior no combate do que nas outras versões. Nos games anteriores a munição era razoavelmente escassa e o jogador era obrigado a decidir quais os melhores momentos para lutar e quando fugir, sair massacrando zumbis com as armas mais poderosas era um convite para ficar despreparado na hora de encarar os chefes.

Felizmente, isso não é um problema aqui. Não apenas Jill encontra munição o suficiente para trazer uma lágrima aos olhos de Charlton Heston, como também pode confeccionar sua própria, utilizando pólvora e elementos encontrados ao longo do cenário. Em alguns pontos você pode acabar com tanta munição que será obrigado a abandonar alguma por falta de espaço em seu inventário.

Os controles ainda são os mesmos de sempre, que tratam o personagem feito um tanque. Direcional para os lados para realizar um movimento de rotação no personagem e para cima ou para baixo para fazê-lo respectivamente caminhar ou recuar em relação a direção para onde está virado.

Embora pareça pré-histórico nos dias de hoje, é bastante funcional. E Jill ganhou também um movimento de esquiva que auxilia muito contra inimigos mais ágeis que avancem contra ela.

Definitivamente, o melhor acréscimo ao desafio é a presença de Nemesis. Vez ou outra, o gigante vai derrubar alguma parede do cenário e investirá contra Jill, que pode fugir dele ou enfrentá-lo. Se fugir, é preciso passar por diversos cenários até que o bicho canse da perseguição, o que pode fazê-lo perder um bocado de tempo para voltar ao ponto onde estava antes do ataque, mas se decidir enfrentá-lo, você corre o óbvio risco de levar porrada até o Puro-Osso vir te buscar.

Nemesis não é nenhum peso pena, mas pode ser derrotado com as armas corretas e um bom posicionamento. Cada vez que é levado a nocaute, Jill pode recolher nele acessórios para customizar suas armas e deixá-las muito mais poderosas. Verdade seja dita, tais armas tornam a batalha contra ele muito mais fácil e fugir do grandão passa a não ter mais sentido, mas de qualquer forma, sua presença acrescenta muito ao suspense do game.

Finalmente, o game traz também o inovador modo “Mercenaries” que fica disponível após se terminar a aventura principal.

Aqui, é possível escolher um dos três mercenários da Umbrella (Carlos, Mikhail ou Nicholai) e com ele é preciso atravessar um cenário específico em um tempo determinado, lidando com todas as criaturas monstruosas no caminho. Após se completar o percurso, o jogador é recompensado com um prêmio em dinheiro, que pode ser utilizado para comprar novas e devastadoras armas, ou uma mochila especial que dá munição infinita a todo o armamento do game.

Cada um dos mercenários possui equipamento diferente e é mais fácil terminar este modo com um personagem ao invés do outro. Claro, após muitas partidas e a memorização do melhor caminho e do posicionamento dos inimigos, terminar este modo é bastante simples e acumular dinheiro se torna bem mais fácil.

Não apenas o modo Mercenaries aumenta o valor de replay do jogo (pois voltar a certas locações com munição infinita é uma diversão inigualável) como também há uma loja no início do game com várias vestimentas diferentes para Jill. Cada vez que terminar o game, uma roupa nova é liberada, indo desde um terno feminino da década de 1970 até uma completa mudança de visual, que transforma Jill em Regina da série Dino Crisis.

E tem os perfis dos demais membros da série também, liberados um de cada vez sempre que se termina o jogo.

Quem quiser liberar 100% do game vai passar um loooongo tempo com ele.

Resident Evil 3 é um dos melhores jogos da franquia.

Não trouxe a evolução embasbacante de dois CD’s, duas histórias e dois pontos de vista do game anterior, mas tornou as diversas vezes que jogaríamos o game, bem mais recompensadoras e muito menos frustrantes do que no passado.

Resident Evil 3 foi o último da série a ser lançado para PsOne (embora depois tenha sido convertido para o Dreamcast também) e trouxe um final muito digno para a jornada de Jill e seus colegas no console da Sony. O próximo game da continuidade principal seria lançado no Dreamcast e traria os zumbis e eternas conspirações da Umbrella para os 128 bits.

Eles conseguiriam manter a mesma qualidade pelo qual Resident Evil ficou conhecido?

...

Descobriremos isso... um dia...

Cheers!!!