quarta-feira, 22 de julho de 2009

Crítica do Amer: Final Fight 2


Games são uma indústria muito parecida com a do cinema e como tal, segue as mesmas fórmulas.

Por exemplo, quando um filme faz sucesso e gera uma bilheteria absurda, os estúdios responsáveis por ele começam a pensar na continuação, contratam o elenco para a segunda parte, injetam muita grana no projeto e criam um monstro que pode acabar sendo um grande filme... ou não.

Você com certeza assistiu o segundo e o terceiro Piratas do Caribe e entende o que eu quero dizer...

Games funcionam de forma parecida, mas razoavelmente mais controlada. Jogos que façam muito sucesso sem dúvida geram continuações, pois é mais seguro investir em uma franquia conhecida do que criar uma nova, a diferença para o cinema está no fato de que muitas vezes, as continuações nos games não são criadas para serem excessivamente maiores que seu antecessor, mas apenas uma versão refinada da mesma fórmula.

Tomemos Final Fight 2 como exemplo, o jogo é um repeteco do primeiro game, onde podemos guiar três heróis através de vários cenários e espancar meliantes das mais variadas formas até alcançar o chefe a fase e ensinar-lhe todos os sabores da justiça.

Pra ser muito franco, Final Fight 2 foi o pedido de desculpas da Capcom para os fãs do jogo original que o compraram para Super Nintendo. Claro, era fantástico na época, mas hoje em dia, quando temos emuladores e uma dúzia de coletâneas com a versão de arcade nelas, não é difícil perceber as inúmeras falhas da versão de Super Nintendo.

Não permitia dois jogadores, tinha um personagem e uma fase a menos e a versão de Sega CD vivia apontando pros jogadores de Super Nintendo e rindo.

Pois bem, Final Fight 2 foi a lavada de alma que os donos de Super Nintendo tanto queriam e valeu cada minuto de espera... lembrando que sem internet pra nos in formar, cada game parecia levar uma eternidade pra ser lançado na época.

Sem mais delongas, vamos em frente!!!

HUHRYAA!!!


No jogo anterior, Haggar, Cody e Guy espancaram todos os membros da gangue Mad Gear e limparam a cidade de Metro City, ao mesmo tempo que resgataram Jessica, para alegria do papai Haggar e de seu namorado Cody, que provavelmente recebeu muita gratidão da menina por várias noites.


Várias e várias noites...

Enfim, tudo está bem e bonito, até o dia que Haggar (ainda prefeito) recebe um telefonema de Maki Genryusai, ninja em treinamento, gatinha e primeira personagem mulher da série em que os jogadores não batem.

Se bem que Poison era travesti, então acho que ela não conta como mulher...

Enfim, o pai e a irmã de Maki foram sequestrados por uma versão nova e melhorada da Mad Gear, que desta vez se espalha pelo mundo inteiro e age mais como uma organização terrorista para militar do que uma gangue.

O que me faz pensar, como eles conseguiram grana pra reerguer o grupo? Será que a Mad Gear em Metro City era só um braço da gangue e ela é na realidade tão grande quanto a Yakuza? Por que raios uma gangue recruta pessoas tão extravagantes como seus membros?

Mas estou divagando, o negócio é que Maki precisa resgatar a família e Guy não pode ajudar, pois está em uma viagem de aperfeiçoamento, assim sendo, a menina telefonou pra Haggar e implorou por sua ajuda.

Diga-se de passagem, a irmã de Maki é noiva de Guy e mesmo assim ele não quis interromper seu treinamento para salvá-la... pois é, dá pra perceber o grande marido que ele vai ser.

Haggar aceita ajudar Maki, pois adora sair por aí surrando as pessoas e chama Carlos Miyamoto para ajudar. Carlos é um vagabun... digo, artista marcial que viaja o mundo para aperfeiçoar suas técnicas com a espada e que estava hospedado de graça na casa do Mike.

Carlos sabe que seria jogado porta fora de casa que nem o Tio Phil faz com o Jazz caso negasse ajuda, portanto resolve se unir ao bigodudo e a gostosinha pra espancar vilões e resgatar aqueles que devem ser resgatados.

Sim sim, uma obra dedicada ao excesso de testosterona!

E nossos heróis então deram a volta no mundo, lutando, fraturando ossos e mostrando pro Andoré que são fãs do Hulk Hogan, para assim trazer a paz de volta a casa de Maki!

Um enredo digno de Oscar! E tem gente que acha que "O Curioso Caso de Benjamin Buttons" merece prestígio!

BAH!

Duplo BAH!!!


A apresentação do jogo faz bonito e tem aquele típico toque que a Capcom dava a todos os seus games na época.


Os gráficos são bonitos e bem trabalhados, com sprites grandes e personagens cheios de detalhes. Os inimigos dividem este cuidado no viausl e todos são bastante únicos, mesmo aqueles que são repetições de gráfico (como as garotas por exemplo) receberam um tratamento para não parecerem como o Ryu e o Ken dos velhos tempos.

Os cenários também são bem feitos e variados, indo desde um cais em Hong Kong, passando por uma estação de trens em Londres e levando nossos heróis até Veneza. Claro que os países não são reproduções perfeitas dos territórios originais, mas fazem um trabalho muito bom no tocante a ambientar a ação.

O som é bacana, com uma trilha sonora bem mais expressiva que a do game anterior. Claro, nenhuma das músicas possui o mesmo charme atemporal do áudio de Street Fighter II, mas no geral elas complementam o jogo de forma muito competente.

Não existem muitas vozes digitalizadas no game, exceto pelos tradicionais gritos de ataque dos heróis e dos urros de morte dos vilões. Não precisa muito mais que isso em um beat'em up, sejamos francos.

Infelizmente, os efeitos sonoros perderam um pouco da graça em FF2 e todos são estampidos um pouco "surdos", que não passam a mesma força e exagero de impacto dos ataques do Final Fight original. É um problema mínimo e que em nada afeta a qualidade do jogo, mas não há como negar que os socos, voadoras e golpes com canos de chumbo soavam de forma muito mais satisfatória no primeiro jogo.

Não se pode ter tudo.


A jogabilidade é a mesma a que estamos acostumados no gênero: siga da esquerda para a direita, massacre pilantras, lontras e o Zé Pilintra e depois colete um ou outro almoço grátis no lixo para recuperar as energias.


Final Fight foi o game que refinou o estilo Beat'em Up e o tornou um gênero descomplicado, portanto é de se esperar que a continuação não acrescentasse muito a mesa. Pra que servir caviar quando um hamburguer satisfaz mais?

Uma vez que existem três personagens, os três logicamente possuem as típicas diferenciações dos games do gênero. Haggar é o mais forte e com golpes extremamente pedreiros, Maki é a mais ágil mas possui um curto alcance e baixa força e Carlos é equilibrado e burro pois carrega uma espada nas costas e só a usa nos ataques especiais.

Diabo Carlos, Vocês estão lutando por suas vidas e você não quer sacar essa espada? Qual é o seu problema?

Enfim, o maior atrativo do game era sem dúvida seu modo para dois jogadores, algo que ficou de fora no primeiro Final Fight para Super Nintendo e que sem dúvida fez muita falta.
Existem também os tradicionais estágios de bônus, com o clássico "destrua o carro de outra pessoa na porrada" e o "segundo estágio de bônus que não tem graça e ninguem lembra" que era composto de se quebrar barris em chamas.

Considerando tudo, Final Fight 2 pega a bola lançada pelo primeiro jogo e corre com ela, sem fazer nennuma mudança no plano de jogo. As inovações viriam em Final Fight 3, mas por hora, a mera possibilidade de jogar Final Fight com um camarada em casa já era o suficiente para alegrar a toda uma geração.


Final Fight 2 pode ser considerado um clássico da ação no Super Nintendo.


Não é um game que reinventa a roda, nem trouxe inovações tecnológicas burlescas, tampouco gerou uma revolução paradigmática no gênero, como Street Fighter II fez com os games de luta, mas existe um ditado que diz "um clássico nunca sai de moda."

E Final Fight 2 é a prova viva disso.

Aliás, a Chun Li e o Guile estão escondidos pelos cenários das fases. Mesmo hoje, mais de uma década após seu lançamento, tem um ou outro Zé que nunca os viram.

Devem ser os mesmos caras que nunca encontravam o Geninho no desenho da She-Ra, que coisa mais triste.

Cheers!!!

7 comentários:

André disse...

No paragráfo que você comenta sobre as fases bonus, ri muito Amer.
Adoro esse tom bem humorado que você faz os seus reviews, anima mais as pessoas a lerem e não fica tedioso.
E Finak Fight 2 é genial! Vivo zerando ele aqui no emulador, não tem a mesma graça que no videogame né, mas o que farei.

Avalanche(Lance) disse...

Puta que pariu...abri a págia e quase me caguei de emoção...

E poxa Amer...o único Brasileiro em Final Figth e vc zoa ele?

BAH disse...

Até hoje eu tento entender porque eu não me empolguei com Final Fight 2.

Pior é que se o jogo fosse de outra franquia, com a participação do Haggar, é bem capaz que eu fosse ao delírio.

Vou conversar sobre isso com meu terapeuta (assim que eu arrumar um).

E o Guy é mesmo um José Arroela. Briga com o amigo Cody por causa da Jessica e agora deixa a noiva na mão.

Queimou o filme com o sogrão e a cunhada, praticamente empurrou a pretendida para os braços de Carlos (se é que ele sacou a espada) e agora fica fazendo bico em diversos games da Capcom.

evil monkey disse...

ai ai...
bons tempos,amigos indo em casa,discutindo se era melhor substituir um-ao-outro depois de morrer ou depois de perder todas as vidas,todo o mundo querendo jogar com o haggar...como era divertido
bons tempos nunca morrem...
...

evil monkey disse...

oi de novo amer
eu já havia parabenisado você pelo artigo e agora vou entrar aqui com um pedido(rimou)de um review
chrono cross!
eu li a matéria do seu outro blog em que você cita chrono cross mas não fala nada dele.
eu pessoalmente nunca joguei chrono cross e só joguei chrono trigger muitos anos depois,porque eu tinha um mega drive e não um super nintendo.
em fim chrono trigger hoje é um dos meus jogos favoritos e eu queria ver se vale a pena jogar sua continuação.
...

Thiago Borges disse...

FF 2...grandes lembranças...sempre alugava no japônes perto da minha escola....


enfim, Amer, deixo a dica para um post com grandes trilha sonoras da história dos games...talvez se encaixe melhor no outro blog que vc tem...

abs

Avalanche(Lance) disse...

Tava pensado....acho que o único personagem "agil" que era popular era o Guy.

Talvez o Lancelot no "knights of the round"