domingo, 19 de abril de 2009

Crítica do Amer: Shadow of the Colossus


Sinceramente, acho que todo mundo perde quando alguém começa com a discussão de "games são/não são arte."

Ambos os lados envolvidos na discussão irão se negar a ceder sob os argumentos do outro. Aqueles que acham que games são arte defenderão tal visão com unhas e dentes, enquanto aqueles que acreditam que os mesmos não passam de um brinquedo glamourizado jamais irão aceitar aquilo que o outro disser.

Ou seja, é uma perda de tempo monstruosa para todos os envolvidos.

Como jornalista, acredito que games podem ser considerados uma forma de arte assim como o cinema, a literatura e os quadrinhos, mas nunca vou me aprofundar neste tema. Tenho plena noção que os games são um veículo midiático muito jovem e ainda tem muito que amadurecer antes que possam ser levados mais a sério pelo grande público.

Mas vez ou outra, surge um título que é tão diferente daquilo que estamos acostumados a ver e que mexe tanto com nossa imaginação e nossos sentidos, que é possível acreditar que os games estão cada vez mais perto de chegarem ao estado em que poderão ser inegavelmente considerados arte.

Shadow of the Colossus é um destes títulos.

O jogo foi desenvolvido pela mesma equipe responsável pelo maravilhoso ICO, um dos primeiros títulos do Ps2 e assim como seu antecessor, Shadow of the Colossus é totalmente diferente de tudo que foi lançado até o momento e consegue ser um dos títulos mais únicos e belos do console da Sony.

Muito bem então, vamos por partes.


A história de Shadow of the Colossus é simples, mas brilhante em sua execução. Aqui, acompanhamos a história de um rapaz chamado Wander, seu sacrifício e sua determinação em fazer tudo que for necessário em nome de sua amada.


Wander leva o corpo da garota até o vale que foi decretado como uma área proibída pelo seu povo. Lá, ele entra em contato com Dormin, um ser desencarnado com poderes muito além de nossa compreensão e se declara disposto a fazer qualquer coisa que o espírito venha a exigir dele, contanto que a garota seja trazida de volta a vida.

Dormin concorda e manda Wander encontrar e eliminar os dezesseis seres gigantescos que existem no vale e declara que após esta missão ser cumprida, talvez seja possível ressuscitar a garota. Wander não pestaneja e acompanhado de seu cavalo Agro, parte em busca dos Colossi que vivem no vale, determinado a destruí-los, sem nunca se questionar se é a coisa certa a fazer ou não, ou mesmo sem a certeza de que a promessa de Dormin será cumprida.

Isso é tudo que temos como história. O roteiro pode parecer simplório quando comparado a enredos rebuscados como o de Metal Gear Solid, mas em Shadow of Colossus a simplicidade é a chave.

As coisas parecem muito clara no início, mas cada Colossi morto libera uma energia que afeta Wander. Aos poucos, sua aparência se torna mais sombria e é impossível não se questionar se aquilo que ele está fazendo realmente é a melhor decisão ou se as consequências de seus atos são realmente um preço justo a se pagar para ter sua companheira de volta.


Tecnicamente, Shadow of the Colossus é uma das coisas mais impressionantes a aparecer no Ps2.


Os gráficos são razoavelmente simples. O modelo de Wander possui poucas texturas e é meio "pontudo" em algumas partes, assim como Agro, que também não é tão detalhado como poderia. O frame rate do jogo é baixo e em alguns momentos, os quadros de animação caem de forma bastante notável.

Isso é compensado pelo mundo gigantesco em que o jogo se passa. Shadow of the Colossus possui uma das maiores extensões territoriais já criadas para um game, com áreas bem distintas como rochosas, templos abandonados, grandes lagos, desertos, pântanos, uma área vulcânica e por aí vai.

Conforme cavalga pelos cenários, é possível ver mudanças sutis no território. Aos poucos, os gramados começam a rarear e virar um terreno rochoso, que aos poucos dá lugar a um deserto, embora seja possível seguir em outra direção quando estiver nas rochosas e ir parar em um pântano. A forma como as diferentes regiões do jogo estão interligadas é simplesmente fascinante.

O mais surpreendente disso é que não existe loading entre os cenários. A única vez que o jogo carrega algo é quando ele é iniciado, tudo mais corre sem interrupções durante o jogo, o que aumenta muito o fator imersão aqui presente.

Os Colossi também são um show a parte, cada um deles é individualizado e possui suas próprias características e habilidades. E eles fazem juz ao nome que possuem, pois são monstruosamente grandes, é preciso escalá-los para poder derrotá-los e em algumas lutas, isso acaba demorando um bocado.

De fato, as lutas com os Colossi são tão exaustivas na primeira vez que se joga, que é difícil enfrentar mais do que um por dia. Tal escolha de design aumenta ainda mais a sensação de imersão no jogo.

O som também impressiona, mas principalmente pela forma criativa como foi usado.

Os únicos momentos onde se ouvirão músicas serão durante as batalhas com os Colossi. Pelo resto da história, tudo estará no mais completo silêncio, exceto pelo som do galope de Agro, ou quando Wander chama por ele.

O silêncio opressor do jogo ajuda a reforçar o tema da solidão. Wander está sozinho no mundo e a ausência de música aumenta muito o aperto no peito que é sentido toda vez que nos colocamos no lugar do rapaz e sentimos o peso quase insuportável do fardo que ele se dispôs a carregar.

Embora existam poucos momentos de diálogos, os mesmos são gloriosamente executados. Wander e Dormin conversam com um dialeto que foi criado especialmente para o mundo do jogo, mas o fazem de forma tão natural que o mesmo soa como um idioma real.

As vozes foram escolhidas com perfeição, Wander soa como um jovem que só possui determinação dentro de sí, enquanto Dormin possui uma voz que mistura um tom feminino e um masculino e que soa extremamente sinistra com a distorção que está sempre presente quando fala.

Tudo que foi desenvolvido na parte técnica do jogo existe em função de ajudar a contar sua história única e neste ponto, Shadow of the Colossus tem sucesso onde muitos títulos fracassam miseravelmente.


A jogabilidade possui um conceito bem simples, mas com grande profundidade. Tudo que você precisa fazer é encontrar os Colossi e matá-los, mas a tarefa não é tão fácil quanto parece.


Em primeiro lugar, é preciso encontrar os gigantes. Isso é feito erguendo a espada de Wander e procurando pelo ponto no cenário onde os raios de sol refletidos na rama convergem e feito isso, seguir para lá.

Só que os cenários não são em linha reta, então é preciso escalar montanhas, entrar em cavernas, mergulhar em lagos, cruzar templos suspensos ou desbravar castelos subterrâneos até encontrar as criaturas, para só então enfrentá-las.

É preciso ter um bom senso de direção e localização nestes momentos, pois os raios de luz dão uma localização aproximada do Colossi em questão e cabe a você descobrir qual a melhor maneira de alcançá-lo. Embora isso possa ser frustrante em alguns momentos, é justamente um dos fatores mais fascinantes do título, pois você é obrigado a explorar tudo e exaurir todas as possibilidades para encontrar seus adversários.

Claro, quando os encontra é que a diversão de verdade começa.

Como eu disse antes, os Colossi são enormes, alguns com muitos andares de altura e logicamente, não adianta dar espadadas aleatórias em seres tão gargantuais e esperar que eles sejam destruídos, é preciso localizar os pontos vitais dos gigantes (evidenciados por ideogramas brilhantes em seus corpos) e só os atacando é possível destruí-los.

Localizar os pontos vitais é uma coisa, atacá-los é outra. Quase sempre eles estarão localizados em um local de difícil acesso, como o topo da cabeça do bicho e será preciso escalá-lo para chegar ao seu ponto fraco e poder golpeá-lo.

Em alguns casos, é uma mera questão de esperar uma folga nos ataques do bicho e então subir nee por suas pernas ou onde der, mas na maior parte das vezes, é preciso fazer algo específico para se poder escalar no bicho.

Um dos Colossi por exemplo, é uma águia gigantesca que fica sobre o alto de uma torre, sem sequer notar sua presença. É preciso dar um jeito de chamar sua atenção e então bolar alguma forma de subir nela nos momentos em que ela der um rasante para lhe atacar.

Parte da graça do jogo é descobrir a estratégia para se destruir cada um os titãs. A início não é uma tarefa fácil, pois exige uma boa dose de raciocínio e bom senso, mas quando se sabe como e onde atacar, derrotar os Colossi se torna uma tarefa muito simples, tanto que um modo Time Attack é destravado assim que se termina o jogo.

Claro, você sempre pode buscar um detonado ou FAQ que ensone como derrotar os Colossi, mas se o fizer, irá estragar boa parte da graça do jogo.

Depois não diga que não avisei.


Descrever Shadow of the Colossus em palavras é muito difícil, pois é uma experiência única que só pode ser verdadeiramente entendida uma vez que é jogada.


A melhor maneira de descrever este game é como uma fábula sobre moralidade muito bem mesclada com um excelente game de ação e estratégia. Pouquíssimos títulos da geração do Ps2 se comparam a este, tanto em criatividade, quanto em imersão ou beleza.

Se você tem um Playstation 2 (e quem no planeta não tem?) e nunca jogou Shadow of Colossus, abaixe sua cabeça de vergonha e vá correndo corrigir este erro. Games tão belos quanto este são raros e devem ser aproveitados sempre que a oportunidade nos é dada.

Cheers!!!

21 comentários:

Tes-Hahn disse...

Cara, eu não tenho um PS2!!!! Sério!!! É esse o único motivo pelo qual ainda não joguei Shadow of the Colossus!!! (E Okami, e Katamari Damaci, e...). Sempre fui fascinado por esse título, acho que vou comprar ele e invadir a casa dum amigo meu q comprou o PS2 recentemente nas minhas folgas só para jogar isso.
Virar esse jogo esta na minha lista de Must Do!!

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Cara, teus blogs são jóia!! O melhor daqui é ver reviews muito bem feitos de jogos tanto antigos quanto novos! Nem me impressionarei se um dia você fizer algum review de algum, jogo do Atari, huahaua

Bruno disse...

É Shadow of the Colossus é um game colossal.

Mas mudando de assunto, alguém aqui já jogou Ico? Zerei ontem, é bem curtinho, tal game.

Confesso que naum curti muito no começo, pela falta de adrenlalina, mas depois valeu a pena.

É um game´que é parecido com matemática, se você entende-lo, vai se divertir as pacas.

Mas voltando ao assunto, existe um boato de final alternativo no Shadow of the Colossus, alguém pode confirmas se existe esse final ou não?

Paulo_HT disse...

finalmente um review desse jogo fantástico, vou jogar denovo depois q zerar final fantasy XII (que eu tenho a quase um ano e ainda nao zerei).

e Bruno: já joguei ICO e é muito bom tambem, dizem que se passa no mesmo mundo de Shadow of the Colossus, só que no futuro.

eu também ja ouvi falar desse final alternativo, mas tem varios boatos sobre esse jogo. algumas pessoas encaram ele como em "O código Da Vinci" e tentam decifrar as coisas inexplicáveis do jogo.

olha na comunidade do orkut de SotC que tu acha um monte de mitos sobre o jogo.

Sergio disse...

"Se você tem um Playstation 2 (e quem no planeta não tem?) e nunca jogou Shadow of Colossus, abaixe sua cabeça de vergonha e vá correndo corrigir este erro"

haha eu deveria morrer de vergonha. como disse no post anterior, eu tenho o jogo mais nunca joguei.

um amigo meu me deu o jogo e tal, falando que era foda, mas como eu tava jogando outras coisas na epoca acabei deixando de lado.

vou zerar o que estou jogando no momento e reservar este para depois.

André disse...

Eu já joguei esse jogo e ele é realmente absurdamente incrivel o-o
mas eu não tenho um PS2 x_x
Adorei o review Amer \o

Avalanche(Lance) disse...

ahahuhua porra Bruno vc enchia pra ele falar do Shadow oF Colossus, e quando ele fala vc quer falar do ICO?

Tony Maclaod disse...

Shadow of Colossus e ICO são os unicos titulos de ps2 que eu tenho originais e nunca vou me desfazer. é um iten de colecionador sem igual. parabens de novo Amer. Otimo post

Scariel disse...

Esse jogo é realmente diferente de tudo q ja havia jogado.Qndo matei o primeiro Colossi, quando aquela música toca e aquela "eneregia" negra atravessa o personagem principal um monte de perguntas surgiram e isso acaba tirando um pouco do clima de roteiro simples q eu axava q era.
Olha na gamefaqs q vcs vão descobriri a respeito do final alternativo.
Ótima review Amer!

Thyago disse...

discordo da nota, merecia um 15 este jogo :P

ele é realmente perfeito, realmente é um jogo q faz vc mergulhar no universo dele.

Marcelo Maciel disse...

Concordo plenamente. O jogo é absurdamente único, e realmente, a única coisa que o lembra é ICO. Infelizmente eu nunca zerei ele por que as vezes fico muito tempo sem poder jogar, e quando posso é uma hora por dia, no máximo duas... se um dia sai isso pra um portátil, pretendo colocar como prioridade...

Detetive Quepe disse...

Melhor jogo do PS2. Sem mais.

Lhama Films disse...

mai uma ótima matéria, adorei.

como toda vez vou encher o saco pedindo matérias, não sei mas todas que eu peço acabam saindo....estranho O.o

Vou fazer meu momento nostalgia

Bike n' Mars, nem lembro se era esse o jogo do ratos motoqueiro
Road Rage do mega drive
Top gear, aquele de carro mo style
Os jogos do Dragon Ball Z, que quando eu tinha uns 8 anos jogava ficava me perguntando: QUE PORRA DE BOLA ROSA É ESSA, NOSSA, O GOKU CRESCEU, E TEM UM GOKU COM O CABELO CORTADO. CARAIO QUE É ESSE CARA DE CABELO ROXO. claro que sem os palavrões, e eu só assistia dragon ball no sbt.

Kallebe disse...

Shadow of the Colossus é realmente um título sensacional. Gosto muito.


Amer, você sabe qual é o último segredo do jogo? Eu não sei.

Cajun explosion disse...

Dei esse jogo pra um primo meu que tem o PS2 - eu sou desafortunado de não ter - e ele achou enfadonho. Eu assustei pq só vi críticas excelentes de SOTC e entendi quando ele disse que não tem quase nenhuma ação no jogo quando não se está matando os Colossi. Ele não entendeu a arte que é o jogo, as sutilezas da trilha sonora inexistente e da vastidão do cenário. E tudo o mais.
Jogar esse jogo é uma das coisas que eu vou fazer antes de morrer.

Belo post Amer, gostoso de ler e uma excelente escolha para o jogo. Quem sabe um dia verei Terranigma aqui, um jogo que tem essa mesma sensação de solidão do SOTC em algumas partes?

Fernando disse...

esse jogo esta sem duvida no top 10 do ps2

tenho ele e ja zerei duas vezes, o jogo é totalmente diferente dos outros titulos

nada de varias armas,armaduras, customizaçoes, etc
vc é apenas um jovem determinado a salvar sua garota =D

tenho varios colegas que nao gostam do jogo, mas eles nem ao menos jogaram, filhos da mae, ficam: mimimi, nao tem monstro no jogo, o jogo é vazio, nao tem itens, mimimi ¬¬

no mais, OTIMO artigo, esse é um jogo mt bom, vale a pena todas as horas jogadas =D

DukeGod disse...

comecei a jogar Shadow hoje,derrotei os dois primeiros colossos e pretendo derrotar o terceiro essa noite(depois de procurar ums upgrades)

a Bruno segundo um daqueles FAQs da GameFAQs(que provavelmente são confiaveis) não existe nenhum final alternativo não.Mas tem uma area secreta com frutas que TIRAM sua vida e stamina

outra coisa legal eh que se voce tiver um save do ICO no memory card o Agro vai ter uma marca diferente na testa dele

Bruno disse...

Agora estou zerando Shadow of the Colossus no dificil, para peggar itens depois, como flechas explosivas, etc.

Peralá, itens?

Esse jogo fica cada vez melhor.

E obrigado pela resposta galera.

Bruno disse...

E esperando pelo Review de qualquer GTA.

Joguei o Chinatowm Wars hoje, é bem legalzinho.

colossus disse...

e muito bom e zerie e recomendo pois eu achei o melhor jogo de aventura pois quando nos destruimos um dar vontade de encontrar outro

raphael disse...

cara eu zerei esse jogo e ñ teve uma vez q ñ senti pena d todos o gigantes q matei, sei q é um jogo, mas sempre matava o gigante com pena eles tavam lah tão quetinhos sem mexer com ninguem e xega um moleque só pra reviver uma menina matar os bixinhos, bixinhos ñ bixãos, mas o jogo é muito bom...

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

E ainda bem que mesmo com o sucesso lendário onde esse game conseguiu com honras, Fumito Ueda (produtor/criador do jogo) não encomendou uma sequência. Se bem que o The Last Guardian é uma continuação de uma certa forma.