domingo, 22 de fevereiro de 2009

Crítica do Amer: Streets of Rage


Em 1991, os beat'em ups eram o gênero mais popular de games entre os jogadores, você já deve estar cansado de saber disso, pois eu sempre menciono tal informação quando posso.

O fato é que mesmo tendo diversas opções de pancadaria em casa, poucas realmente se equiparavam aos títulos disponíveis nos fliperamas.

As versões domésticas de Double Dragon eram boas, mas não chegavam nem perto de suas versões originais para arcade e Final Fight no Super Nes era praticamente uma piada de mal gosto, com uma fase e um personagem a menos e a impossibilidade de se jogar em dupla.

Streets of Rage surgiu como uma abençoada forma de preencher esta lacuna, nos dando um game doméstico cuja experiência se aproximava muito do que tinhamos nos arcades.

Pode não parecer grande coisa hoje em dia, mas Streets of Rage foi o game que fez muita gente se decidir a comprar um Mega Drive e que acabou pavimentando o caminho para o sucesso monstruoso que Sonic faria ao ser lançado alguns meses depois.

Mas não foi apenas a jogabilidade que fez este game se destacar, mas também sua trilha sonora, que até hoje permanece como uma das melhores já compostas em um game.

Muito bem então, vamos por partes!


Nossa história começa em uma grande metrópole de nome não definido. Um grande chefão do crime apareceu, juntou um exército de meliantes e mandou que eles espalhassem o caos pela cidade.


E assim eles fizeram! Lojas eram saqueadas, pessoas agredidas, bandidos atravessavam a rua fora da faixa, lixo era jogado no chão, um completo e total pandemônio!!!

De alguma forma, Mr. X (o mencionado chefão do crime) ia lucrar com tudo isso. Provavelmente o mesmo jeito que os duendes das cuecas lucram com o roubo de roupas íntimas.

E a polícia não faz nada? Claro que não, toda a força policial da cidade foi comprada pelo bandido, tudo que eles fazem é se entupir de rosquinhas enquanto o mal paira sobre a cidade.

Digo, todos os policias... menos três!!!

Desiludidos com os seus colegas tiras, três jovens oficiais se demitem da força e decidem eles mesmos acabar com o crime da cidade... usando seus próprios punhos... e desafiando as RUAS DA RAIVA!!!

Uau, o nome do game sem dúvida soa estúpido quando o traduzimos.

Enfim, temos Adam, o cara forte e lento do grupo que por algum motivo gosta de bonsai, Axel, que é o típico personagem equilibrado e uma cópia descarada do Cody e Blaze, a morena que foi a primeira paixão de muitos moleques da minha geração e que curte... Lambada?

...

Meu Deus, lambada! Eis a prova do quanto este game é velho, ele é da época que lambada era uma febre mundial!

De fato, tinha até um filme onde a mocinha usava lambada para derrotar os empresários do mal que queriam derrubar a floresta Amazônica.

Acho que se chamava "Lambada: A Dança Proibída" e a lambada era tratada como a arte marcial mais letal da história da humanidade, com direito a um velho dizendo pra menina usar a dança com sabedoria e somente para o bem.

Eu juro, era uma época muito estranha...

Mas voltemos ao game.


Os visuais são bons. Os personagens são um pouco pequenos mas considerando a época em que o game foi lançado se tratando de um título doméstico, não chega a ser uma ofensa.


A animação no entanto é menos constante, os movimentos dos personagens parecem um bocado cortados, como se estivessem rodando com menos frames que o normal. Isso é especialmente notável nos três protagonistas, embora seja bastante perceptível nos vilões também.

Os cenários são muito bem feitos e sempre diferentes. Como era de praxe no gênero, cada fase representa um local totalmente diferente do anterior e nisso, o jogo foi muito bem produzido.

Temos uma grande avenida comercial, uma praia, uma ponte em construção, um braco e a cobertura do prédio do grande vilão, que só pode ser alcançada via um grande elevador de serviço (disparado, minha fase favorita no game).

O áudio no entanto é uma obra de arte.

As músicas do game foram compostas e executadas por Yuzo Koshiro, um dos sujeitos mais talentosos da indústria dos games. Ele conseguiu extrair o máximo da capacidade sonora do Mega Drive e criou músicas espetaculares em arquivos MIDI.

Qualquer um que tenha passado algum tempo com o Mega Drive, se lembra do quanto era difícil termos músicas com som cristalino e boa execução nos jogos do console.

Embora todas as trilhas sejam baseadas no estilo Techno e Dance que estava em voga nas danceterias do Japão e da Europa no início da década de 90, o som não envelheceu e permanece como um dos principais motivos para se jogar SoR até hoje.

Eu juro, na época, muitos de nós deixavam o jogo ligado no Sound Test e tocando as músicas das fases enquanto íamos fazer outras coisas.

Pelo menos, até nossos pais entrarem no quarto e brigarem com a gente por estarmos com a televisão ligada a toa... eram bons tempos, apesar de estranhos.


A jogabilidade não é muito profunda, mas funciona perfeitamente bem.


Você pode socar seus inimigos, bater neles com armas que encontra pela rua, arremessá-los ou mesmo dar suplex neles quando os agarra.

Diga-se de passagem, os agarrões eram uma belíssima forma de se eliminar os oponentes, pois o suplex era incrivelmente forte e causava dano alto até mesmo nos chefes e uma sequência de golpes com o adversário preso (cotoveladas, joelhadas, o padrão neste tipo de game) costumava causar mais dano que os combos normais com socos.

Uma coisa legal é a possibilidade de executar golpes em dupla. Para isso, é necessário que um jogador agarre o outro, se o fizer pelas costas, o agarrado pode dar um belo coice em quem estiver na sua frente. Se aquele que agarrar arremessar o amigo, ele executará um golpe aéreo forte o bastante para eliminar a maioria dos inimigos normais com um único acerto.

Infelizmente, os personagens não possuem muita variação entre seus golpes. Blaze possui um arremesso que joga o inimigo bem mais longe que o mesmo ataque dado por seus colegas, mas fora isso, não há muita variação de utilidade entre os ataques dos personagens.

Mas a marca registrada de SoR é sem dúvida o ataque especial do carro de polícia.

A qualquer momento da fase, o jogador pode chamar o auxílio de um quarto policial, que virá em uma viatura e irá disparar um míssil na tela, eliminando todos os bandidos e causano um belo dano em qualquer chefe de fase presente.

Interessante notar que o disparo nunca afeta seu personagem, mesmo ele estando no epicentro do ataque. Talvez ele tenha sido vacinado contra bombardeios, eu sei lá.

Um detalhe curioso é que tal auxílio não pode ser chamado na última fase, sendo que é a única que ocorre em um lugar fechado (a já mencionada cobertura de Mr. X) e não nas ruas. Legal que a Sega se preocupou com esse detalhe para que a coisa fosse mais realista, mas não ligou para o fato dos heróis não sofrerem com os tiros de bazuca disparados em sua direção.

E aliás, Streets of Rage tem um final feliz e um infeliz! Na época, isso era uma tremenda inovação, eu lhe digo!

Ao chegar em Mr. X, o bandido pergunta se você quer se aliar a ele. Se estiver jogando sozinho e disser que sim, ele abre um alçapão e o joga de volta na sexta fase, mas caso diga que não, você o enfrenta e acaba com seu reino de terror na cidade.

Agora, se estiver jogando com um amigo e um de vocês responder que sim e o outro que não, então os dois tem de lutar até a morte. O vencedor ganha o direito de porrar Mr. X e tomar seu lugar como rei do crime na cidade.

Com direito a sentar no trono e rir maleficamente durante os créditos finais! Ahhhh, como era bom matar o amigo e estragar a tarde que ele passou jogando... puxa vida...

Claro, isso explica o fato de eu não ter mais nenhum amigo da época em que este jogo saiu, mas tudo bem, um homem tem de ter suas prioridades.


Para os padrões atuais, Streets of Rage pode não parecer grande coisa, mas ainda é um excelente game de pancadaria que pode lhe entreter por um bom tempo. Não é tão refinado quanto sua continuação (sobre o qual escreverei um dia), mas sem dúvida é uma das melhores opções para o Mega Drive.


E caso não tenha mais seu velho aparelho e tenha sentido uma súbita saudade deste game, não tema: recentemente foi lançada a coletânea Sonic's Ultimate Genesis Collection, para Playstation 3 e Xbox 360, e tal jogo tem os três Streets of Rage em emulações perfeitas do game original.

E em alta definição!

Assim sendo, você não tem desculpa para não jogar! Vá porradear alguns bandidos antes que eu lhe dê umas palmadas!

Anda logo, não me faça tirar meu cinto!

Cheers!!!

11 comentários:

Bruno disse...

Putz, você adora beat'em ups (é assim que se escreve?) não é mesmo?

Esse é o que? O décimo do genero avaliado no blog?

Enfim, esperando pelo Review do STREET FIGHTER IV.

Lhama Films disse...

putz, eu gostaria de pedir review de alguns jogos O.O.

Steambot - ps2
Final Fantasy 7 -ps1
Carmaggedom ( não sei se escreve assim)
digimon, aquele primeiro lançado pra ps1
breath of fire 2 . super nintendo
Kirby - super nintendo

E gostaria de dar parabéns pelo ótimo blog que você tem feito.

André disse...

Eu também tou esperando pelo review de SFIV
mas poxa
sempre bom ler um review de beat'em ups
são ótimos jogos e enquanto a maioria dos sites por aí fica falando (quase) só de fps, o Amer fala de beat'em ups
(na minha singela opinião, muito mais divertidos)
:D

Default the Wolf disse...

Certíssimo André!!!!!
Beat'em ups Rulez!!!!
Adoro seus reviews dessa categoria,
Mande mais e faça um leitor feliz!!!!
To acompanhando os dois blogs,
Muito bom seu trabalho.
Não pare com os Beat,
Mas tbm to ancioso pelo review do SFIV...
Pq eu ñ vou jogar tão cedo...

Nanda disse...

Awwww.. que nostálgico... *lágrimas nos olhos*

.." e a cobertura do prédio do grande vilão, que só pode ser alcançada via um grande elevador de serviço (disparado, minha fase favorita no game)."

Eu ODIAVA essa fase!! Eu sempre era arremessada pelos bandidos...
*se encolhe num canto*


Mas realmente era a fase clássica.. E os carros de policia sempre acertavam os misseis, mesmo com o elevador subindo o tempo todo! ahahahhaha!!

Mas pra mim, o mais legal desse jogo são os chefes!! Aqueles das garras (que tão na imagem do post) eram terriveis!!
E tinha aqueles gordões, que se vc tentava dar suplex eles caiam em cima de vc e te tiravam moh vida!!!!
Era revoltante!!!

Ok, me empolguei! ahhahaha!!
Agora quero SoR 2!!! \o/

Rafael disse...

Pra epoca devia significar muito pq pra mim beat'em ups estão em tres generos
HAggar
tartarugas mutantes ninjas
e outros

Acho que não foi bem aceitada a ideia de trair o amigo la nos US pq não tenho conhecimento, não grande mas basico, sobre jogos que isso era possivel no Fliperama devia ser pior vc e seu amigo lutando com o dinheiro que sobrou(não de onde sua geração tirava dinheiro pra comprar coisas escondidas dos pais)
ai chegava no ultimate boss e ferrava o colega

Smile Time disse...

Phase 1: Chaos in the City
Phase 2: ?
Phase 3: Profit!

Avalanche(Lance) disse...

Vai ver o Mr.X tinha uma compania de segurança.


Mas ai...se a Blaze tinha 21 anos quando SAIU da força policial....ela entrou na polícia com qual idade?O.o

Amer H. disse...

Vai ver ela ficou na força por dois meses e resolviu sair junto de seus colegas porque tava a fim do Axel e combater o crime pelas ruas seria uma boa oportunidade para eles conversarem.

Cajun explosion disse...

SoR era muito bom!
Só conseguia jogar quando ia na casa de um amigo meu e o primo dele emprestava o Mega Drive pra gente jogar.
Era o único momento em que encostávamos o SNES...caramba, o jogo era bom de verdade!
Nunca cheguei a zerar, mas vou pegar ele aqui pra jogar no PSP, vamos ver se eu desenferrujo dos beat'em ups...

Marcelo Hazuki disse...

É um dos meus beat'em ups favoritos, minha infância foi marcada por SoR. Comecei jogando no Master System III, depois joguei no Sega CD. Baixei da internet um tal de SoR Remake para pc, efeitos visuais melhorados, músicas remasterizadas e outras coisas. Dá uma procurada porque vale a pena, os desenvolvedores em breve vão lançar uma versão com Netplay.
Excelente post Amer, continue assim.

Cheers and Justice for all