Faz bastante tempo desde minha última crítica de um game do NES, não? Que tal corrigirmos este erro agora?
Sim, então falemos de Rollergames, jogo estrelado por um gordo de patins.
JUSTIÇA GORDA!!! |
Mas primeiro um pouco de história da cultura pop... Porque hoje em dia não se gasta tempo suficiente falando sobre programas de tevê de vinte anos atrás que não significam nada para ninguém.
RollerGames é baseado em um programa de televisão norte americano homônimo, que foi ao ar em 1989 e que era inspirado no esporte de Roller Derby, muito querido por pelo menos quatro pessoas na terra de Obama.
Para aqueles que não conhecem (e eu não os culpo), Roller Derby é uma competição onde duas equipes de patinadores ficam correndo em torno de um círculo e tentam ultrapassar uns aos outros para marcar pontos. É intragavelmente maçante.
Agora imagine isso misturado a teatralidade e os enredos da WWE. Pois é, imagine que Stone Cold Steve Austin e o Undertaker tem uma rivalidade, e ao invés de resolverem ela na porrada, decidem calçar patins e saírem rodando em uma pista feito dois gansos sem senso de direção. Basicamente, RollerGames era isso.
RollerGames durou só uma temporada nos Estados Unidos, o que explica porque nem a Rede Manchete teve coragem de importar essa desgraça. E olha que era o canal que exibiu WMAC Masters, nada era ruim demais para eles!
Mesmo que a audiência do programa se resumisse ao televisor que a sua avó com Alzheimer esqueceu ligada no fim de semana, alguém dentro da Konami achou que seria uma grande ideia criar um jogo eletrônico de RollerGames. E assim eles o fizeram... DUAS VEZES. Primeiro com um jogo de fliperama que pode ser descrito como “meh” e sobre o qual não pretendo falar mais até o dia 8 de junho de 2187.
O segundo game foi lançado para o NES, é bem mais memorável e o debateremos hoje.
"- Que dia lindo para os RollerGames, não acha, Tiago?" "- Vou dar um tiro na boca quando chegar em casa." "- Faça isso! E aconselho nossos espectadores a fazerem o mesmo!" |
Enquanto a versão para Arcade tentava duplicar as EMOCIONANTES COMPETIÇÕES que podiam ser vistas no programa de tevê, o game de 8 Bits é um beat’em up tradicional, com um enredo original e bastante comum ao gênero da época.
Pois bem, três equipes de patinadores DO MAL sequestraram o presidente da liga de Roller Derby. Os facínoras não fizeram nenhuma exigência... De fato, acho que eles não tem nenhuma. Eles são vilões dos anos 1980, que comentem atos de absurda canalhice apenas pelo prazer de serem lanfranhudos.
Cabe a três equipes de patinadores DO BEM, a ingrata tarefa de invadirem os territórios dos vilões, para resgatarem um velho bilionário que podia muito bem ter contratado uma equipe de seguranças profissionais, pelo menos para evitar dores de cabeça como esta.
Nossos heróis são os T-Birds, um equipe de patinadores obesos (não, sério), Hot Flash, um time de gostosas cor-de-rosa, e os Rockers, porque ser um clone do Vince Neil era o ápice de sexualidade ao qual todos os homens aspiravam naqueles tempos.
E unidos, nossos heróis patinam em nome da justiça, do amor, para salvar o presidente da liga... Quando seria muito mais fácil chamar a polícia. Os vilões estavam anunciando na televisão que eram responsáveis pelo sequestro, não seria muito difícil encontrá-los e tacá-los na cadeia.
"Você está presa, Vovó Mafalda!" "Impossível, como me descobriram?" "Tu apareceu na Globo, se queria ficar incógnita, devia ter anunciado na TV Cultura!" |
Tecnicamente falando, RollerGames é espetacular... Pro NES. Claro, eu preciso ser específico, senão me aparece pelo menos um filho de uma requelenga que vai comparar o jogo com The Order 1889, que vai me soltar um: “Ain, que nada a ver, essa merdinha de jogo não chega nem perto de Uncharted 4. Aposto que nem roda a 60 FPS.”
Ao que eu vou responder: SIM, RODA SIM! TODOS OS GAMES DO NES RODAM A 60 FPS!!! CADÊ SEU DEUS AGORA, NEXT-GEN MASTURBADOR CRÔNICO!!! QUEIMA NO INFERNO!!!
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ARRAM!!!
Mas continuando, o visual de RollerGa... O SUPER NINTENDO E O MEGA DRIVE TAMBEM RODAM TODOS OS SEUS JOGOS A 60 FPS!!! E O PS4??? FICA ENTRE 35 E 40 FPS NA MAIORIA DOS JOGOS!!! TOMA SEU TROUXA OBCECADO POR INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DESNECESSÁRIA!!! APOSTO QUE VOCÊ COMPROU WATCH DOGS NA PRÉ-ORDEM, FASCINADO COM QUELE TRAILER QUE TAVA NA CARA QUE NÃO IA CORRESPONDER AOS GRÁFICOS FINAIS DO GAME!!! PALHAÇO!!! CRETINO!!! COMEDOR DE LANCHES!!!
...
Ok, acho que essa era a minha última gota de ódio por hoje. Podemos seguir em frente agora.
Então, os gráficos de RollerGames são espetaculares, com personagens grandes, bem definidos e detalhados. Em uma época de Billys e Jimmys que eram distinguíveis apenas pelas cores de seus coletes, é refrescante (tenho certeza que este adjetivo não se aplica aqui, mas não consegui pensar em um melhor) ver heróis que possuem identidades visuais claras e bastante distintas umas das outras.
Os cenários também são bastante coloridos e possuem efeitos em parallax (planos de fundo que se movem de forma independente uns dos outros) tremendamente impressionantes.
A trilha sonora é espetacular, como a de todos os games que a Konami lançava na época. De fato, ela se assemelha muito, não em melodia, mas em estilo as trilhas sonoras de outros títulos da empresa, como Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project, e Castlevania III: Dracula’s Curse.
... Não, Nolan North não trabalhou na dublagem do jogo. O cartucho nem tinha espaço pra voz... Meu Deus, homem. Para de ficar procurando defeito em tecnologia de trinta anos atrás!!!
Mas eu posso imaginar a mina rosa com a voz da Laura Bailey, gritando: "Morra, chupador de ostra" a cada voadora. |
Agora, quero que fechem os olhos e imaginem uma cena.
... Pensando melhor, fiquem com os olhos abertos ou não poderão ler o próximo parágrafo e não saberão que cena eu quero que vocês imaginem. É claro, se forem cegos, não terão como ler o que escreverei a seguir de qualquer maneira, e este trecho inteiro acabou sendo uma grande demonstração de insensibilidade de minha parte.
Seja como for, imagine que Double Dragon e Castlevania se encontraram em um bar numa noite, encheram a cara de José Cuervo, e tomados pela paixão que só é possível quando seu corpo se tornou 87% álcool, treparam vigorosamente por toda a noite.
Mas na manhã seguinte, quando acordou com uma ressaca que derrubaria o próprio Zeus, Double Dragon percebeu que não havia feito sexo com Castlevania, mas sim... COM UMA FASE DO GELO DE MEGA MAN!!!
PAM-PAM-PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAMMMMM!!!
E uma semana antes, transou com Super Thunder Blade. |
Esta é a melhor maneira de descrever a jogabilidade de RollerGames. É um beat’em up com movimentação livre pela tela, como em Double Dragon, Final Fight e tantos outros games no estilo, mas ele possui elementos de games de plataforma, com muitos abismos a serem atravessados. E é preciso levar em consideração o efeito de aceleração dos patins usado pelos heróis, que pode atrapalhar na hora dos saltos. A perspectiva também pode ser um problema, uma vez que é difícil calcular a distância para se realizar certos pulos, e isso torna algumas etapas de RollerGames extremamente frustrantes.
Não tão frustrantes quanto... Qualquer etapa de Dark Souls, por exemplo. Mas suficientemente chatas para fazê-lo gritar sinônimos de genitália a plenos pulmões.
O combate é bastante simples e satisfatório. Cada um dos heróis possui vantagens e desvantagens típicas do gênero (o gordão é o mais forte, a gatinha a mais ágil e o roqueiro é um vagabundo que se recusa a arrumar emprego), e a maioria dos inimigos comuns são derrotados com um único soco. Novamente, a sua capacidade de controlar a velocidade e aceleração de seu personagem é quem decide se ele irá acertar os inimigos antes de ser atingido por eles.
Os chefes de fase são uma atração a parte. Cada um deles possui um padrão de ataques único, que é preciso ser explorado de modo que uma brecha possa ser encontrada e explorada. Assim, as chaves para o sucesso são observação e paciência, que tornam a consequente vitória muito mais satisfatória.
... Sim, exatamente como em Dark Souls.
Só que com menos cambalhota.
"- O senhor está salvo, presidente!" "- TIRE A MÃO DE MIM, SACRIPANTA! EU PROCESSO ESSA PORRA TODA!" |
RollerGames é uma pérola esquecida da época dos consoles de 8 bits. E em um mundo onde muita gente sente saudade de batidas de trem como Yo! Noid e Alex Kidd in Miracle World, isso é praticamente um crime.
Assim sendo, se você tem algum carinho por beat’em ups, patins ou gente gorda, faça um favor a si mesmo e jogue RollerGames. Tenho certeza absoluta de que não irá passar da terceira fase e ficará muito frustrado pelo resto do fim de semana.
Mas irá se divertir um bocado até isso acontecer.
Este foi RollerGames do NES. Em 171 anos postarei minha crítica da versão de fliperama.
Cheers!!!
10 comentários:
Amer, em uma nota parcialmente relacionada, a internet precisa de mais iluminação sobre batidas de trem de 25 anos atrás que todo mundo ama apenas por pura e simples síndrome de Estocolmo. Contamos com você para estragar sorrisos e arrancar textões!
Isso que o apresentador segura não é um microfone... é um pênis.
Vlw, Amer. Este jogo marcou minha infância.
E por algum motivo vinha escrito "DJ Boy" no meu cartucho.
Pessoas sentem Nostalgia de cada game superestimado que chega a ser feio,Tipo Dino Crisis o jogo que voce mais resolve palavra crussadas que enfrenta dinos
Você joga Dark Souls, Amer? Comecei a jogar o Bloodborne e tô gostando muito.
Já joguei esse game antes. Até que era divertido, não era um street of Rage, mas quebrava um galho
Esse eu só vi um detonado na revista videogame, se não me engano.
Nunca cheguei a jogar, vou tentar um dia destes.
Abraços e ótima semana. :)
AMER o MESMO AUTOR de HOKUTO NO KEN!!! ESTA FAZENDO UM NOVO MANGA! COM AINDA MAIS TOSTOSTERONA
http://mangafox.me/manga/kuzuryuu/
Esperarei animadamente pelacrítica da versão de arcade... em meu caixão.
Esperarei animadamente pelacrítica da versão de arcade... em meu caixão.
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