Eu não sou fã de filmes de
espionagem. Em minha humilde opinião, tais produções sempre seguem um dentre
dois caminhos extremamente pré-determinados.
No primeiro tipo, o protagonista
se vê as voltas com algum crime ou mistério, e a medida que tenta solucioná-lo,
bate de frente com uma conspiração imensa e muito pouco crível, que torna-se
mais complexa a medida que o filme avança, até o ponto de tornar-se
incompreensível em seus minutos finais.
Por exemplo, O Espião que Sabia Demais.
Certos críticos e esnobes de
cinema adoram este tipo de filme. Eles sempre clamam que “entenderam tudo” e
aceitam este tipo de obra como prova de superioridade sobre a plebe remelenta
que prefere passar seu tempo com Star
Wars ou Harry Potter.
O segundo tipo de filme de
espião, é um jogo de machos. O protagonista é um machão, que se envolve em uma
grande rede de intrigas e acaba em uma guerra de testosterona com seu inimigo.
Os dois medem forças sem se importar com quantos inocentes morrem no caminho e
no fim da história, descobrimos qual deles é o macho alfa da história.
Normalmente, o que acaba com a
mocinha no fim. Mocinha esta que só existe como um joguete na história dos dois
machos.
Todos os filmes de James Bond se
encaixam nesta categoria.
November Man - Um Espião Nunca Morre tenta ser uma amálgama dos dois
tipos, fracassa em ambos e consegue ser um dos longas mais maçantes e
previsíveis da carreira de Pierce Brosnan.
E estamos falando de um homem que
trabalhou em Não Sei Como Ela Consegue.
Digam o que quiserem, mas aguentar uma explosão deve ser menos ruim que suportar a Sarah Jessica Parker |
Aqui acompanhamos a história de Peter
Deveraux (Pierce Brosnan), espião extraordinaire.
O tipo de cara que frustra um golpe comunista no café da manhã, tem um caso
extra-conjugal a tarde e espanca o marido de sua amante a noite. Um macho pra
ninguém botar defeito.
RAWR!!!
Devereux é um ex-agente da CIA.
Ele se aposentou após uma operação dar errado e custar a vida de uma criança.
Após este incidente, Devereaux mudou-se para a Suiça, abriu uma cafeteria e
passou a viver seus dias pacificamente entre hipsters e demais criaturas que
desperdiçam seus dias em tais estabelecimentos, se entupindo de cafeína e
usufruindo do wi-fi alheio.
Mas os dias de preguiça de
Devereaux chegam ao fim, quando ele é contatado pelo seu antigo chefe, John
Hanley (Bill Smitrovich), para realizar a extração de Natalia Ulanova (Mediha
Musiovic), uma agente em solo russo. A moça passou os últimos meses fingindo
ser a assistente do candidato russo Arkady Fedorov (Lazar Ristovski) e
descobriu uma testemunha que pode associar Fedorov a crimes de guerra e acabar
com suas chances de chegar à presidência
PAM-PAM-PAAAAAAAAAM!!!
Claro, Devereaux resgata Natalia...
Mas ela é assassinada logo em seguida. OH! QUE SURPRESA!!!
Em seu último suspiro, ela revela
o nome da testemunha: Mila Filipova. Começa então uma corrida contra o tempo,
onde Deveraux precisa localizar a garota, antes de seus rivais da CIA e do
próprio Fedorov. Além disso, o veterano entra em confronto com David Mason (Luke
Bracey), seu antigo pupilo e responsável pelo fracasso da missão que o fez se
aposentar.
DRAMAAAAAAA!!!
A única pessoa disposta a ajudar Devereaux,
é Alice Fournier (Olga Kurylenko), uma assistente social que pode ter
informações sobre o paradeiro de Mila Filipova. Obviamente, é como se ela
pintasse um alvo enorme nas costas, pois absolutamente todos querem matá-la a
partir do momento em que ela se associa ao agente. Mas que bom que ela tem um
homem grande e forte para protegê-la, não?
Argh...
Como eu disse antes, November Man - Um Espião Nunca Morre não
sabe o que quer ser. O filme alterna uma complexa conspiração política
envolvendo a CIA, com cenas de ação cartunescas. Em um momento, o personagem de
Brosnan está em um bordel arrancando informações vitais de um ex-oficial russo,
na cena seguinte, ele tem de lidar com uma assassina profissional que parece ter
saído da série Hitman.
Misturar ação com suspense é
muito complicado e poucos diretores acertam na medida. Batman: O Cavaleiro das Trevas é um exemplo de como se faz isso da
forma correta.
November Man é o exato oposto.
"Sou tão macho que ignoro o quão idiota é entrar voando em uma sala cheia de bandidos armados. HA! Eu rio!" |
Agora, vamos falar do elenco.
Todos estão péssimos.
Pessoalmente, acho que Pierce
Brosnan não deveria mais atuar em filmes de ação. Isso não tem nada a ver com
sua idade, mas com o tipo de “vibe” que ele passa.
Por exemplo, Liam Neeson tem 62
anos, mas tornou-se um excelente herói de ação nos últimos tempos. Isso porque
ele passa a impressão de ser um cara muito sereno e amigável, mas capaz de arrancar os intestinos de alguém que ameace aqueles que lhe são queridos.
Brosnan, por sua vez, parece
aquele cara que foi um gatão na juventude. O tipo com quem todas as mulheres
queriam dormir, mas que hoje, é o tio da Sukita. O camarada que anda por aí com
a camisa aberta, exibindo o peito peludo, se achando o máximo e sem perceber
que seus melhores anos já passaram.
Sinceramente, acho que ele devia se dedicar mais ao papel de ex-arrasador de corações... Como ele fez em Mamma Mia. E ele estava ÓTIMO nesse
filme.
... Sim, eu assisti Mamma Mia. É o maior legal, ok?
"Está pensando o mesmo que eu, Pinky?" "Sim, Cérebro! Esta piada é previsível e totalmente sem graça." |
Não que o resto do elenco esteja
muito melhor. O personagem de Luke Bracey é um agente da CIA que recebe casos
importantes e que é visto como uma peça vital dentro da organização, mas que
vive atormentado, pois um dia foi rejeitado por seu mentor. Seria um conflito
interessante, mas infelizmente é representado com a mesma emoção e interesse
que um caixa de super mercado demonstra ao atender os clientes ao final do
expediente.
E os vilões (sim, porque há mais
de um) parecem ter saído de um episódio do Capitão
Planeta. Eles são caricatos, parecem se esforçar para ser desprezíveis,
como se não quisessem deixar dúvidas de que são eles a quem o público deve
odiar. De fato, a única maneira de serem mais óbvios, é se amarrassem uma
virgem na linha do trem, enquanto comem um gatinho assado no espeto.
Quanto às personagens femininas,
elas só estão aqui para serem vítimas ou joguetes dos homens. Mesmo aquelas que
supostamente são capazes de se virar, estão sempre um passo atrás de todos os
machos alfas ao seu redor.
Mas serei justo. É difícil para
qualquer ator dar vida a um personagem que consegue ser menos profundo que um
pires. E tudo que os atores e atrizes deste longa tem para trabalhar, são
estereótipos ligeiramente mais detalhados que a média. O elenco de November Man - Um Espião Nunca Morre teria
mais chance de desenvolver seus personagens se eles fossem parte de um comercial de Sucrilhos.
Tony Tigre sempre traz a tona o melhor que há em cada ator.
Tony Tigre sempre traz a tona o melhor que há em cada ator.
Acredito que qualquer tipo de
história pode ser interessante quando bem escrita. Mas acho que o cinema
evoluiu o suficiente como forma de arte para deixar para trás este tipo de
fantasia machistoide e belicista que só agrada a homens inseguros ou que já estão na crise da
meia-idade.
"Trabalhe em November Man, eles disseram. Vai ser divertido e nem um pouco objetificante, eles disseram..." |
Em resumo, eu não gostei de November Man - Um Espião Nunca Morre.
Os personagens não passam de um
bando de clichês, a trama é mal escrita, a grande conspiração parece algo saído
de Chiquititas... Enfim. Este filme é
uma perda de tempo absoluta.
Se quer passar por bons momento
junto de Pierce Brosnan, tire seu Nintendo 64 do armário e jogue algumas
partidas de 007 Goldeneye.
Honestamente, eu acho que o senhor Brosnan também faz isso, quando quer lembrar
os bons tempos em que seu nome era sinônimo de heroísmo e não de pelancas.
Cheers!!!
7 comentários:
É, tava olhando feio pra esse filme quando vi o poster dele no cinema.
E mais uma coisa:
"O elenco de November Man - Um Espião Nunca Morre teria mais chance de desenvolver seus personagens se "
se... se... SE O QUÊ?! Não me mate de ansiedade, homem!
Amer,você ainda faz matérias para alguma revista? outra perg: vc joga online com seus amigos/admiradores no ps3?
Arrumado, Twero. As vezes o Word come um parágrafo ou outro do texto.
Murasaki, eu escrevo esporadicamente para a revista Old Gamer. E não, não jogo online. Detesto jogar online.
já assisti "O Espião que sabia demais" e confesso que só consegui vê-lo até o fim, porque tinha o Comissário Gordon e o Sherlock no filme, além de um Timelord...e eu tinha dormido na metade do filme e somente fui acordar quando o grande dilema da história (que eu não tinha entendido patavinas) estava para ser solucionado.
sobre o filme do Bronsnam, devo concordar. o 007 da minha geração não tem mais folêgo para filmes como antigamente.
No aguardo pelo novo e melhorado Blog do Amber,espero que continue do jeito que eu eu gosto:artigos inteligentes,humor ácido e muitas ruivas...huuum,ruivas!E pelo amor do milho,não permita que o layout do blog fique poluído com anúncios sobre impotência sexual e outras coisas!
Ei amer vc poderia fazer top 10 melhores e piores desenhos pf ?
Sinceramente, acho o Pierce Brosnan um excelente ator (apesar de ele ainda achar que tá interpretando o James Bond...), mas tá na hora do cara se reciclar, rever melhor os papéis que seu agente lhe envia etc., ou daqui a pouco vai acabar tendo que trabalhar em dublagem (que não é um emprego tão ruim lá fora, diga-se de passagem, mas é a diferença entre um Mark Hammil e um Harrison Ford: ambos ficaram famosos em Star Wars, mas o primeiro é conhecido hoje por ser a voz do Coringa no desenho do Batman, e o segundo é o Indiana Jones).
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