domingo, 5 de outubro de 2014

Mês das Bruxas: Vamos falar de Zumbis


Nota do Amer:

CRAP BASKETS!!!

Então, decidi abrir o Mês das Bruxas com um artigo em que divago sobre a popularidade do gênero zumbi na atualidade. Eis que ao finalmente terminar meu texto, descubro que Doug Walker, o Nostalgia Critic, fez um vídeo com o mesmo tema. E que muitas de nossas opiniões a respeito são semelhantes.

Passei os últimos dias pensando se publicaria de fato meu texto e até comecei a escrever outra crônica para abrir o mês. No fim das contas, decidi mandar tudo pro diabo e iniciar outubro como havia planejado.

Afinal, a internet é um lugar vasto e milhões de pessoas compartilham idéias similares diariamente. Não há porque engavetar um produto apenas por ele não ser 100% inédito na rede.

Enfim, aqui vai o primeiro artigo do Mês das Bruxas, espero que gostem. E fiquem também com o link para o vídeo do Nostalgia Critic, caso a crônica que estão prestes a ler não satisfaça sua fome por carne humana e seres putrefatos.

Divirtam-se.


*******

Então... Estamos em outubro. Vocês sabem o que isso significa?

Bom, se leram o título do artigo, vocês provavelmente fazem. E esta pergunta seria muito mais sensata se eu não fosse tão estabanado em avisar qual tipo de mês comemorativo enfiarei goela abaixo de vocês a seguir.

Não importa. Sejam bem vindos a mais um Mês das Bruxas! Esta época tão mágica, em que celebramos a existência de monstros, fantasmas, capetas, psicopatas, zumbis, vampiros, Geisy Arruda e outras criaturas abomináveis que nos aterrorizam, mas que estão eternamente em nossos corações.

Menos a Geisy Arruda. Essa nos aterroriza, mas não está no coração de ninguém. No máximo, ela fica em nossas bundas.

...

Eu nem vou debater as complicações horrendas do que acabei de sugerir.

Mas não percamos tempo falando de monstros da vida real (afinal, já escrevi um artigo inteiro sobre o assunto no passado), vamos nos concentrar em um dos maiores símbolos do horror moderno: Zumbis!

Sim, vivemos hoje na era dos zumbis. Existem filmes, seriados, games e quadrinhos envolvendo tais seres... E provavelmente muitos outros produtos de qualidade questionável que nem me darei ao trabalho de pesquisar para escrever a respeito.

Mas por que este fascínio pelos mortos-vivos? O que eles tem de tão interessante que atrai a atenção das multidões? Não acho que seja um único fator, mas uma série deles. Então vamos debatê-los agora, sim?

SIGAM... ME!!!

Nenhuma legenda pode descrever a fantasticabilidade
desta imagem

Pra começar, eu não acho que zumbis são personagens interessantes por si próprios. Tecnicamente, eles são cadáveres reanimados que andam cambaleando, gemem bastante e querem comer qualquer pessoa ou coisa que cruze com eles.

Não há o que se fazer com criaturas assim em termos de desenvolvimento de personagem. E monstros, como qualquer outro ser dentro da ficção, precisam de alguma profundidade, se seus criadores quiserem que eles sejam lembrados pelo público.

Tomemos como exemplo o Pinhead, de Hellraiser. Originalmente, ele era um humano chamado Elliot Spencer, que serviu durante a Primeira Guerra Mundial. Após presenciar o pior que a humanidade tinha a oferecer, ele perdeu a fé em Deus e voltou-se para um estilo de vida hedonista, repleto de sexo e drogas. Ao atingir os limites da experimentação humana, Spencer buscou outras maneiras de aliviar sua dor... E foi aí que ele encontrou a Configuração do Lamento.

Você sabe, aquele cubo que é a marca registrada da série. Pois então, Spencer teve sua alma dilacerada e reconstruída pelo artefato e tornou-se o líder dos Cenobitas, as criaturas que regem sobre a versão do inferno nesta serie.

E o histórico do Pinhead lhe dá uma profundidade bastante interessante. Ele é um demônio, mas não uma fera irracional. É possível dialogar e fazer acordos com ele. Além disso, ele possui um senso de honra bem notável, provavelmente vindo da época em que ele era um militar.

Um exemplo disso pode ser visto em Hellraiser II. Uma menina traumatizada e fascinada por quebra-cabeças é convencida pelo seu médico a resolver a Configuração do Lamento. Ela o faz e abre os portões para o inferno, de onde saem os Cenobitas . Mas Pinhead impede que seus servos torturem e matem a garota, uma vez que ela não os invocou por vontade própria, mas foi manipulada a fazê-lo.

E toda essa caracterização (junto da atuação sensacional de Doug Bradley) fez com que Pinhead se tornasse um dos monstros mais marcantes do cinema. Em outras palavras, desenvolvimento de personagem é muito importante.

Ou você por acaso se lembra do nome do assassino em Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado?

Sem mais perguntas, meritíssimo.

Visto acima: Desenvolvimento de personagem

Pois bem, se zumbis não podem ser desenvolvidos como personagens, por que gostamos tanto deles?

Acredito que na verdade, não nos interessamos pelos zumbis, mas pelo tipo de cenário que é retratado em suas histórias.

Sempre que assistimos um filme de terror, gostamos de imaginar o que faríamos se colocados na mesma situação do elenco que o estrela. Quando vemos Sexta-Feira 13, por exemplo, acreditamos que jamais sairíamos da casa, no meio da noite, para ir até um barracão de ferramentas, pegar algo que não é de importância vital no momento. Fantasiamos sobre como não correríamos riscos desnecessários e sobreviveríamos a toda provação imposta pelo filme.

Uma história de zumbis gera o mesmo tipo de pensamento, mas em uma escala muito maior. Ela nos faz questionar qual o limite de nossa moralidade.

Filmes (e série, games ou quadrinhos) envolvendo zumbis normalmente seguem uma mesma fórmula: Os mortos se erguem, atacam os vivos, as autoridades e a sociedade não sabem lidar com o problema, o caos é instaurado e nossa civilização cai em meros meses.

Sem comunicações, sem meios de transporte e sem um governo centralizado. Os seres humanos se vêem forçados a voltar a um estilo de vida nomádico, pois permanecer em um só lugar por muito tempo é perigoso.

Então, diante deste cenário, qual seria nossa primeira atitude?

Muitas pessoas provavelmente pensariam em estocar o máximo de comida possível e fortificar as defesas da casa, outros já iriam preferir ir até o shopping center e roubar tudo aquilo que sempre tiveram ter, mas nunca puderam comprar.

Existirão aqueles que tirarão proveito da situação para agredir ou possivelmente matar antigos desafetos. E mais do que alguns farão todo o possível para estuprar a vizinha bonita que nunca lhes deu bola... Ou sua irmã adolescente.

Claro, estes são exemplos extremos. Mas dentre aqueles que apenas querem sobreviver, qual seria o limite de sua moral?

Se você tem alguem para alimentar, é aceitável roubar a comida de uma mãe e de seus filhos que não podem se defender? Se encontrar uma pessoa ferida, ignorá-la para poupar seus escassos recursos médicos é uma atitude compreensivel?

E até onde conseguiríamos justificar nossas ações em prol da sobrevivência? Neste ambiente tão pesado, aceitaríamos que a desumanização é a única maneira possível de sobreviver?

Sem contar que, em meio a um apocalipse zumbi, não é mais possível ter uma boa noite de sono. A qualquer momento um “errante” (só pra não repetir demais a palavra com “Z”) pode derrubar uma janela e trazer uma horda consigo pra dentro de nossa casa. Isso se uma gangue de humanos mal intencionados não decidir fazer o mesmo para tomar o pouco que possamos ter conosco.

E após todos esses conflitos morais e éticos, fica a derradeira pergunta: Vale a pena viver em um mundo assim? Em constante medo e com nada em mente exceto chegar vivo ao dia seguinte?

Não seria melhor simplesmente engolir uma bala e colocar um fim a tudo?

O papo ficou sombrio de repente. Então aqui vai: Um pônei!

Mas há também um lado muito mais positivo para essa história, que é a liberdade que surgiria em um mundo assim.

Agora, eu não quero soar como um hippie (porque eu odeio hippies. Hippie bom é aquele que é vira hambúrguer), mas somos prisioneiros de nossos estilos de vida. Quantas pessoas não acordam todos os dias as cinco da manhã, pra irem prum emprego que odeiam, só porque precisam pagar as contas no fim do mês?

Pra não mencionar que vivemos em constante bombardeio de uma mídia que tenta nos convencer de que somos as pessoas mais feias que já existiram. Somos muito gordos, somos muito magros, somos muito altos, somos muito baixos, o rapaz tem espinhas, a moça tem peitos pequenos, você tem músculos demais, você não tem músculo algum... A menos que nos dediquemos de corpo e alma para nos adequar a um padrão inexistente, seremos constantemente lembrados de quão hedionda é nossa aparência.

Isso pra não mencionar o quanto pressionamos uns aos outros. Você não bebe? É um esquisito. Você é homem e não transa no primeiro encontro? Virjão. Você é mulher e transa no primeiro encontro? Vadia. Você não comprou um iPhone 6? Perdedor. Você prefere ficar em casa num sábado a noite do que ir na balada? Otário.

Honestamente, é uma surpresa que conseguimos ser funcionais em meio a tudo isso. E um apocalipse zumbi oferece um cenário em que podemos respirar aliviados, sem precisarmos nos preocupar com todas estas cobranças.

Quem liga se seu emprego não paga um salário de cinco dígitos? Dinheiro não vale nada após a queda da civilização. E daí que você está meio gordinho? Se não estiver em decomposição e cambaleando, você é bonito o suficiente. E quem liga pra iPhones que entortam se bater vento neles? Não existem mais meios de comunicação, então não há motivo pras pessoas continuarem dando grana pro cadáver do Steve Jobs.

E em um mundo onde todos podem morrer a qualquer momento, não há porque nos rendermos as inibições sociais. Se você gosta daquela menina (ou daquele cara) do seu grupo de sobreviventes, porque não confessar o que sente de uma vez? Ninguém tem tempo pra jogos de sedução e não é necessário tentar impressionar uma pessoa quando todos ao seu redor têm cheiro de sovaco.

É um ponto que foi tocado no filme Zumbilândia. Os protagonistas da história genuinamente gostam uns dos outros e desfrutam o tempo que passam juntos. Acho que hoje ficamos preocupados demais em não mostrar o que sentimos, com medo do “julgamento social” que virá, e não aproveitamos nossas amizades e namoros como deveríamos.

Por mais que um apocalipse zumbi possa desumanizar as pessoas, também existe o potencial de aproximá-las. Afinal, tudo que elas terão neste tipo de ambiente é umas as outras. Por que não desfrutar da oportunidade ao máximo possível?

E o fim do mundo é um motivo bom o suficiente
pra se xavecar a Emma Stone

Juntando ambos os lados da moeda, acredito que um apocalipse zumbi é interessante pois nos oferece todas estas questões e possibilidades. E podemos fantasiar a respeito sem precisar sair de nosso conhecido cenário urbano.

Quando deixamos nossa mente vagar por um ambiente hipotético como este, ficamos em um mundo que é familiar, mas novo. Seguro, mas perigoso. E onde não precisamos ser cavaleiros ou samurais, mas apenas nós mesmos, heróicos, cheios de vilania, ou como bem entendermos.

Esta chance de sermos honestos com nós mesmos torna-se mais rara a cada dia. Talvez suportar uma infestação de mortos vivos seja realmente um preço pequeno a pagar pela chance de abandonarmos nossas máscaras sociais.

Só uma coisinha para pensarmos neste mês de outubro.

E por hoje é só. Voltarei muito em breve, pra falar de Nicolas Cage... Ou de um Anime ruim.

Ou talvez dos dois.

Cheers!!!

14 comentários:

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

Eu num apocalipse Zumbi eu não seria o líder de um grupo. mas procuraria ser util em tudo que pudesse ajudar o meu pessoal, sou mole demais para ser um FDP. eu poderia me ferrar por causa disso, mas. e melhor não me meter com a garota lindinha do grupo, uma coisa que aprendi em mundos destruídos e em Hokuto no Ken, é que mulher bonita só dá em merda...nem vou enfatizar, imaginem as consequências.

voltando, se bem que mataria sem dó umas pessoas que não gosto....desde que fossem zumbis...ou não. hehehe. enfim, sobre a modinha, eu sou do tempo que "errantes" eram burros e andavam lento. hoje em dia virou uma palhaçada.

zumbis que correm em usam armas,eu não consigo conceber.

só me lembro daquele filme "Meu namorado é um Zumbi" e a menina cogitou em transar com o namorado morto. é isso povo, vamos incentivar a necrofilia!! #SQN.

sobre os jogos, sou feliz matando zumbis no Fallout New Vegas com o meu rifle.

belo post Amer.

Twero disse...

Gostei do seu ponto de vista, Amer!
Foi por isso que eu curti tanto o jogo da Telltale games sobre Walking Dead, repassou bem essa sensação da humanidade vivendo em seu extremo, ao mesmo tempo em que as pessoas procuravam deixar suas diferenças de lado (mas as vezes não conseguiam) em prol ao grupo.

Agora, estendo um pouco mais, creio que uma galera curta a temática de zumbis não por esse lado, mas pelo lado da galhofa: é a forma socialmente mais aceita de você trucidar pessoas como bem entender, sem ter muito dó em comparação à uma pessoa viva. Só ver como o jogo Dead Rising e o último Dead Island ligam o "foda-se" e te manda sambar na cara dos zumbis, pelo simples motivo de fazê-lo.

Eu pessoalmente não sou muito fã disso, mas vejo uma galera pagando pau pra zumbi só pra vê-los se fuderem e serem triturados, mas como uma válvula de escape das pessoas verem outras se massacrando sem sentir muita pena por isso.

Denis disse...

Acho que existe diversos cenários que são muito atraentes para produtores e consumidores de ficção. Navios piratas, ilhas desertas, faroeste (que já foi o grande cenário do cinema em outras épocas), naves espaciais, etc. Esses cenários oferecem muitas opções, instigam muito a imaginação de qualquer um. E o cenário do apocalipse, que é mais moderno e faz muito sucesso agora, não é diferente. Esses motivos que você listou mostram isso muito bem, a tentativa de sobrevivência, a queda da civilização e dos medos, a possibilidade de ser outra pessoa, muito menos reprimida, tudo isso é muito instigante para a imaginação. Eu sou escritor amador e vejo muito bem o apelo nesse cenário, ainda que não escreva sobre isso exatamente.

Anônimo disse...

Américo, os melhores críticos de tv e cinema na minha humilde opinião são você e Doug Walker.Aprendi com vocês que é possível expressar informação com leveza e humor,sem parecer que foi um robô que escreveu o texto.

Anônimo disse...

Gostei do post do que você falou eu achoque em um apocalipse Zumbi viraria um anti-heroi pois tentaria ser um pouco de tudo isso que você falou achei interessante o que você falou sobre falar seus sentimentos para aquela pessoa de quem você gosta no grupo (no meu caso seria uma moça) e como o Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner tem aquele filme "Meu namorado é um Zumbi" que a quem diga é um "crepúsculo com zombies" (a quem diga que é um crepúsculo melhorado) uma sujestão você poderia falar da serie sobrenatural ou fazer uma resenha de um episodio seria augo interessante de ler e conbina com a tematica de outubro.

Anônimo disse...

A eu não sou muitofã do subrenatural

Unknown disse...

Amerindio, parabéns. É engraçado que faz muito tempo que acompanho sua saga e rio de praticamente todos seus posts (esse não foi exceção) mas sem dúvida esse passou uma percepção realmente muito interessante da realidade.Imaginar o quanto estamos livres de zumbis mas presos por "forças sociais" por assim dizer que nos impedem e nos auxiliam a nos auto-sabotar é uma maneira de crítica social bastante valiada e na minha opinião, mais que necessária. Parabéns pelo trabalho e continue com posts assim, com um humor inteligente que também nos ajude a refletir sobre a nossa própria vida.

Unknown disse...

Não sou um grande fã do gênero, confesso, porém ele nos deixa respirar dos espécimes perfeitos de humanos que vemos em tantos filmes e seriados ultimamente.
O plano de fundo de um bom filme de zumbis e sempre o mundo atual sem grandes exageros e com pessoas que poderíamos encontrar na fila só supermercado.

Euclydes disse...

Ammer, como vai? Saudades de vc!
Mas vou falar este texto tem uns erros de português (falta de revisão) que não são seus!
Cuidado, ok?

Euclydes disse...

Só mais uma coisa:
em "eu sei..." o nome do cara é "Ben" e na continuação "Benson", que literalmente significa "filho de Ben".
e não, não olhei no google, ok?
Fui...

Anônimo disse...

Outro ponto legal sobre os zumbis, é que quando bem empregados eles são ferramentas incríveis para se fazer criticas e abordar temas delicados. Romero adora usar os mortos vivos em criticas ao consumismo e abordagens políticas e a série In The Flesh e o filme Otto. Ou Viva Gente Morta soube aproveitar o tema para falar sobre a intolerância, homofobia e preconceito.

E Paranorman é perfeito com a abordagem do bullying.

Mista disse...

"Nicholas Cage ou um anime ruim"

Hooray para o final! Os dois assuntos estão me interessando muito! O Nicholas Cage é foda (sentido desse foda? Muitos ao mesmo tempo) e anime ruim... UHUUUU! Eu adoro quando o você faz uma crítica ao estilo dos filmes de Cavaleiros do Zodácio, o que será que pode ser? Violence Jack? Boku no Pico? School Days? QUE HYPE DO SATANÁS!

Ah e também, relendo algumas postagens antigas gostaria de ver a sua opinião sobre Lovecraft, sendo uma postagem ou só um comentário.

Franci disse...

Tomo liberdade pra comentar esse artigo só por conta que ele me fez refletir e em outra parte que sem querer bancar o intelectual mas sempre tento explicar a todos que ninguém é realmente livre nessa sociedade que vivemos.

Unknown disse...

esse post foi tão dahora que vou zerar resident evil 2 hj a noite, casou bem pq assisti ontem o ep do TWD e foi um bom episódio, só n espero que a serie caia no marasmo de sempre. eu sempre fico fantasiando como seria se aqui acontecesse um apocalipse zumbi, depois que minha filhinha nasceu fica tenso pensar nisso, porem as ideias de sobrevivência afloram mais rápido kkkkkkkkkk sacome né