Crítica do Amer: Transformers: Revenge of the Fallen

A essa altura da história, dois terços do planeta já assistiram Transformers: A Vingança dos Derrotados, segundo filme da franquia e nova tragédia da carreira de Michael Bay.

Sim, porque sejamos francos, o filme é um batida de trem de tão ruim. Não tem história, nem desenvolvimento de personagens, o humor é grotesco e descobrimos que o Líder Optimus tem um fetiche por rostos, comprovado pela sua agora icônica fala "Give me your face!"

Mesmo assim, A Vingança dos Derrotados pode ser divertido se ignorararmos todos esses defeitos. Um prazer culpado, como devorar uma torta de chocolate inteira quando se está sozinho em casa.

E como qualquer Ultra Blockbuster que estréia nos cinemas atualmente, ROTF já tinha um game engatilhado com seu nome prestes a sair.

Todos sabemos como essas coisas acaba saindo: o filme tem uma data de lançamento, o game precisa estar nas lojas junto do filme e muitas vezes, um título que poderia ter sido muito bom acaba sem refinamento e se torna mais uma coisa mediocre que ficará encalhada com os jogos da Sininho e Hannah Montana.

Será que Optimus e seus camaradas conseguiram escapar deste triste destino? É o que vamos descobrir.

Transformar e rodar!!!

Logicamente, o game segue a história do filme, com ligeiras alterações.

Os Autobots já estão na Terra há alguns anos e dedicam seu tempo livre a caçar os Decepticons que permanecem escondidos em nosso planeta, enquanto isso, os Decepticons planejam ressuscitar Megatron e ativarem um dispositivo que destruirá o Sol e o converterá em energia para os vilões.

Blá, blá, blá, cuecas, lucros.

Uma vez que foi baseado no filme, o enredo do game não é grande coisa e pode ser resumido como "Proteja com os Autobots" e "Destrua com os Decepticons."

Como eu disse acima, há ligeiras diferenças entre a história do filme e a do game, nada grandioso, apenas a maneira como alguns personagens morrem ou como uma e outra coisa ocorre. Apenas o bastante para manter a surpresa de certas cenas, para quem jogou o game antes de assistir ao filme.

E pra falar a verdade, o game anterior da série contava a história de forma muito melhor, com alguns videos (ainda que ruinzinhos) entre as fases. O máximo que se tem aqui são cenas com os Autobots e Decepticons debatendo os resultados da missão anterior.

Ou seja, você não perde nada da história mesmo que tenha um crayon enfiado no cérebro.

Visualmente, o game faz bonito.

Os robôs são reproduções muito fiéis de suas versões cinematográficas, com uma tonelada de detalhes e praticamente todas as peças mostradas na tela grande recriadas com grande cuidado para o game. No início de cada fase, o game dá um belíssimo close nos personagens, o que mostra que os produtores tem muito orgulho dos robôs digitais que criaram.

Os cenários são bons, mas não impressionam tanto quanto o visual dos robôs. Eles não são especiamente detalhados e apesar de serem danificáveis, não são totalmente destrutíveis, como poderiam ser.

O som tem seus altos e baixos. Boa parte dos personagens são dublados pelos mesmos atores que os representaram no filme, mas isso não significa necessariamente um bom trabalho. Shia Lebouf e Megan Fox dublam Sam e Mikaela, mas na maior parte do tempo, eles soam como se quisessem estar em casa com um balde de batata frita, assistindo o futebol na Globo.

Os dubladores dos robôs fazem um trabalho muito superior, embora em alguns momentos a modulação da voz dos Transformers torne um pouco difícil entender o que eles estão falando. Optimus é quem mais sofre com isso pois a modulação em sua voz faz parecer que seu dublador, Peter Cullen, tem um severo caso de língua presa.

E OPTIMUS PRIME NÃO PODE TER LÍNGUA PRESA!!!

Mardição!

O resto do audio permanece nessa média, com bons efeitos sonoros e uma trilha musical imperceptivel na maior parte do tempo. Provando que nem todos os games podem ter uma trilha sonora digna de Streets of Rage.

O mundo não pode ser tão perfeito assim.

A jogabilidade foi a maior melhoria desde o título anterior.

O primeiro game tentava ser uma espécie de "GTA com robozões" e embora tivesse sucesso em alguns setores, fracassava miseravelmente em outros. A dificuldade era inconstante, os controles caóticos e as missões se resumiam a repetir as mesmas ações muitas e muitas vezes.

Aqui, as missões são igualmente pouco variadas, mas são mais curtas. Normalmente será preciso defender ou destruir uma instalação (dependendo de qual exército você estiver controlando), passar por corridas com checkpoints ou derrotar um determinado número de inimigos em cada cenário, o que pode culminar na batalha com um chefe no final.

Os controles respondem muito bem e é bastante fácil guiar seu robozão pela tela. O maior ponto de contovérsia em relação a isso é quanto a maneira como os robôs se transformam.

ara converter os personagens do modo robô para o modo veículo, é preciso apertar um dos "Shoulder Button" (os botões no alto do controle) e mantê-lo pressionado. Enquanto segurar o dito botão, o personagem irá se manter como veículo e irá acelerar, assim que o solta, o Transformer voltará a seu modo robô.

Parece uma péssima idéia, mas até que não funciona mal. Venhamos e convenhamos, você vai passar a maior parte do tempo transformado em robô, porque é o modo e que os personagens estão mais bem armados e só irá reverter para veículo quando precisar fugir de um tiroteio ou for perseguir um inimigo.

Claro, é um pouco difícil controlar as transformações e a direção no começo, mas é uma mera questão de se acostumar. Com alguma prática, você logo estará executando ataques especiais bastante bacanas com as transformações.

Logicamente, a direção dos veículos não é nem um pouco refinada uma vez que você estará constantemente acelerando, mas ela serve bem para as funções do game que lhe cabem.

Todas as fases possem um "Time Trial" e você pode repetí-las quantas vezes quiser para melhorar seu tempo e sua pontuação no processo.

Os ditos pontos são convertidos em Energon, a fonte de energia dos Transformers, que aqui pode ser usado para comprar Upgrades. É basicamente como se voê usasse biscoitos de chocolate para comprar coisas na vida real, mas funciona bem aqui.

Finalmente, existe uma tonelada de coisas que podem ser destravadas para sua diversão no game, como o esquema de cores do desenho original para alguns personagens, artes conceituais e até mesmo episódios do desenho dos anos 80 em boa resolução e prontos para serem assistidos.

Liberar todos estes extras acrescenta algum tempo de vida a experiência do game.

Transformers: Revenge of The Fallen não é uma obra de arte, mas consegue ser um pouco melhor que a média dos games baseados em filmes e apesar magro, oferece uma boa diversão para todos.

Logicamente, será melhor aproveitado por quem gostou do filme ou é fã obsessivo dos robozinhos e pode ser uma boa opção para aqueles fins de semana sem absolutamente nada para se fazer. Mas não espere uma diversão duradoura, pois uma vez terminado, você provavalmente nunca mais jogará este game.

Mas só pelo fato de neste game o Devastador não ter testículos, eu acredito que seus programadores deveriam ser canonizados.

Maldito Michael Bay...

Cheers!!!