Crítica do Amer: Street Fighter IV

E após muuuuuuuuitos anos enrolando seu público, a Capcom lançou Street Fighter IV em 2009!

Pra falar a verdade, o game já tava disponível no Japão desde o fim de 2008, nos fliperamas de todo Japão. Mas como os arcades estão mortos e enterrados aqui no ocidente, só agora temoa a oportunidade de colocar as mãos nesta beleza.

Quando SF IV foi anunciado, a industria dos games e o público ficaram meio malucos. A empresa não lançava um game novo da série há quase dez anos (não contando as "atualizações" de Street Fighter Alpha e Street Fighter III) e o novo título tinha um estilo totalmente diferente dos games anteriores.

E apesar da enorme ansiedade de grande parte da comunidade gamer, houve um bocado de céticos que não se impressionaram aquilo que foi mostrado.

Claro, a jogabilidade parecia ser a mesma de sempre, mas os gráficos em 3D fizeram muitas pessoas torcerem o nariz para o game. Não apenas isso, mas os novos lutadores fizeram mais de uma pessoa achar que o game seria uma catástrofe (especialmente Rufus).

Sem contar que a Capcom "gritou lobo" (se não entendeu isso, você não teve infância) muitas vezes ao longo dos últimos tempos, não era surpresa ver que apesar da grande ansiedade cercando o título, muita gente se mostrou totalmente cética quanto à sua possível qualidade, esperando até finalmente ter o game em mãos para emitir uma opinião.

Pois bem, eu o tenho em mãos agora.

E ele vale a pena?

É o que vamos ver!!!

A história se passa no período de tempo entre Street Fighter II e Street Fighter III. Está rolando mais um torneio patrocinado pela Shadaloo, mas o grande vilão não é Bison e sim Seth, uma espécie de bio-andróide (mais ou menos como Cell, de Dragon Ball Z) que se tornou líder da organização após a derrota de Bison no torneio anterior.

E com o anúncio do evento, lutadores de todas as partes do mundo novamente se encontram no campo de batalha, cada um com seus próprios motivos.

Basicamente é isso.

O enredo de SF IV não é muito profundo e nos mostra apenas o básico necessário para entendermos as motivações de cada lutador. Zangief quer provar que é o homem mais poderoso do mundo, Chun Li está investigando o novo líder da Shadaloo, Guile não acredita que Charlie morreu de verdade e busca informações sobre ele, Abel não tem memória e busca descobrir a verdade sobre seu passado e Ryu... simplesmente quer brigar com todo mundo que puder.

Street Fighter IV não é um romance de Machado de Assis (graças a Deus por isso), mas a história nunca foi o ponto forte do game. Street Fighter sempre teve a seu favor um elenco extremamente carismático e sempre foi este o motivo que nos fez gastar uma quantidade infinita de tempo com suas versões anteriores.

Aliás, as histórias de cada personagem são contadas em curtas animações exibidas no início e fim da história de cada um. Tais animações não são brilçhantes, mas cumprem bem sua função, além de serem uma mudança bem vinda ao excesso de cenas em CG que temos hoje em dia.

Diga-se de passagem, a Capcom aprendeu com o erro cometido em SF III e ao invés de criar um elenco totalmente novo, trouxe de volta todos os personagens clássicos e SF II, mantendo os novatos em um número mínimo.

As opiniões sobre os novos personagens variam muito de pessoa pra pessoa (exceto que todo mundo concorda que o Abel é legal pra diabo), mas qualquer antipatia criada por eles acaba tendo um efeito mínimo na impressão do jogo, graças a presença massiva do elenco original.

As versões domésticas ainda tem vários personagens exclusivos, como Dan, Fei Long e Cammy, além dos mestres Gouki e Gouken. Liberar toda essa gente leva um tempo saudável e dá uma boa duração ao tempo de vida do modo single player.

O visual é estupendo.

Embora a primeira vista o jogo possa parecer meio estranho, Street Fighter IV é um dos games mais impressionantes dos últimos tempos.

Os personagens são incrivelmente bem construídos e detalhados, além de possuírem uma animação capaz de fazer queixos coletivos atimgirem o chão. Claro, todos possuem visual estilizado, com mãos e pés enormes, músculos exagerados e proporções femininas bastante generosas, mas esta é a graça de Street Fighter, pois não é um game que prima ser realista.

E sinceramente, o game não seria a mesma coisa se Guile fosse um novo Marcus Fenix. Seria qualquer coisa, menos Street Fighter.

As animações são detalhadas não apenas nos movimentos dos lutadores e efeitos especiais que recheiam as lutas (como o ventinho que estufa o kimono de Ryu toda vez que ele dispara um Hadouken), mas também na expressividade dos personagens.

Ao longo da luta, as expressões de seus personagens variam de triunfo a dor e austeridade inúmeras vezes. É meio difícil reparar em toda gama de sentimentos que cada lutador pode demonstrar em meio ao calor da batalha, mas para os mais atentos, tais expressões são um espetáculo à parte.

Especialmente quando você ataca seu oponente com um Ultra Combo. Preste bem atenção ao rosto ele nestesa momentos.

O som do jogo é muito bom, as músicas dos lutadores clássicos estão todas presentes e remixadas. Algumas músicas se tornaram mais dramáticas (como a de Ryu), enquanto outras ficaram mais rápidas e animadas (como a de Zangief), mas independente de qual seja, todas as canções icônicas da série trarão uma sensação nostálgica muito boa que com certeza lhe fará ter mais carinho pelo jogo.

As novas músicas são bem compostas, mas se mostram um pouco inexpressivas quando comparadas à trilha sonora clássica. Mas até aí, comparar os novos temas musicais com os clássicos que escutamos desde 1992 é uma tremenda covardia.

As vozes dos lutadores se encaixam muito bem neles e você pode escolher dublagem em Inglês ou em Japonês. Talvez o mais legal seja a possibilidade de se decidir que lutadores específicos falem em Inglês ou em Japonês.

Por exemplo, se quiser que Sakura (que com certeza nunca fez Pink & Blue) fale Japonês, enquanto o machão Norte-Americano Guile fale em sua língua pátria, você pode assim o fazer.

Embora as falas das animações fiquem em um idioma só, poder personalizar os idiomas falados pelos lutadores durante o jogo sem dúvida acrescenta mais profundidade a eles.

Quanto à jogabilidade, é simplesmente perfeita.

Eu joguei a versão de Xbox 360 e todos adoram dizer o quanto o direcional de seu joystick é duro.

Bom, com o direcional "duro" do 360, eu conseguia executar os Pilões Giratórios de Zangief com uma facilidade imensa. Não apenas isso, mas consigo atacar com seus Super e Ultra Combos (dois 360° no direcional) o tempo todo.

E só para constar, nunca consegui usar Pilão Giratório nas versões 2D de Street Fighter. Me mantive longe de Zangief e Thunder Hawk o quanto pude graças a isso.

Admito que os controles de hoje em dia não são tão "macios" quanto os da época do Super Nintendo, mas a jogabilidade de Street Fighter IV é extremamente refinada e precisa. Acredito que algumas horas de jogo são mais que o suficiente para que o jogador se acostume aos controles e comece a aplicar combos como se não houvesse amanhã.

Ou é possível também usar o analógico, que funciona surpreendentemente bem no jogo e pode facilitar a vida de quem não se acostumar com o D-Pad. Na pior das hipóteses, há inúmeros controles Arcade ou Joysticks específicos para se comprar e jogar SF IV, não precisa fazer o "mod da tampa de Nescau" em seu joystick.

Sério, não faça, é uma idéia de gerico que não tem tamanho.

Quanto ao jogo, ele puxa seu funcionamento de Street Fighter II. Cada lutador tem vários ataques especiais, um Super Combo e um Ultra Combo.

A barra de ataque especial é segmentada como em Street Fighter Alpha, mas não permite que você use um Super Combo em três intensidades de força. Ao invés disso, você pode gastar um dos segmentos da barra especial mandando um um ataque "EX", que nada mais é que uma versão turbinada de um ataque especial normal.

Tal mecanismo é muito semelhante aos ataques "ES" de Darkstalkers e sua execução é idêntica: basta usar o comando normal do ataque especial, mas apertar dois socos (ou dois chutes). Tais ataques são simples, mas podem virar uma luta facilmente se bem utilizados.

Os Super Combos funcionam exatamente como em Super Street Fighter II Turbo, espere a barra se carregar por completo e então desfira o ataque mais poderoso de seu personagem. Simples como comer um hamburger.

Por fim, a maior novidade são os Ultra Combos. Ao lado de sua barra de Super Combo, existe uma barra menor e amarela, que enche cada vez que o inimigo o atingir e assim que um de seus níveis de força estiver cheio, você pode executar um Ultra Combo, que é uma versão extremamente mais forte de seu Super Combo, executada com o mesmo comando, mas com os três socos (ou novamente, os três chutes) ao invés de um só.

Os Ultra Combos causam um dano massivo ao oponente caso o acertem em cheio e podem encerrar uma luta bem mais cedo que o normal, caso sejam bem usados. Mas caso seu adversário sobreviva ao seu ataque, a barra de Ultra Combo dele vai encher e aí é você quem deve ficar com medo.

Com muito... muito medo.

A barra de Ultra carrega mais rápido que a de Super Combo e assim sendo, você vai usá-la muito mais do que os Super Combos, mas o extremo equilíbrio do jogo impede que apelões supremos façam mau uso dela e estraguem o jogo dos outros.

Street Fighter IV é um dos games mais fantásticos desta geração.

Não apenas é um dos games mais impecáveis tecnicamente, mas também é infinitamente divertido. Perfeito para ser jogado com uma galera em "partidas de contra" infinitas.

E com a Capcom anunciando que há a possibilidade de disponibilizarem novos personagens para download, o fator replay de Street Fighter IV é quase infinito.

Claro, se você é da minha geração e espera ter com SF IV as mesmas experiências e sensações que teve com SF II, talvez se decepcione. É um game que bebe muito na fonte de seu antecessor, mas que tem sua própria identidade.

E venhamos e convenhamos, era uma época diferente e todos nós eramos pessoas diferentes.

SF IV não é uma experiência idêntica a SF II, mas evoca toas as emoções e a diversão daquela época e isso é muito mais do que qualquer um de nós poderia querer. Um título obrigatório para qualquer um que se considere um gamer de respeito!

E vou dizer mais uma vez, pois ainda estou no clima:

NÓS VAMOS AO ENCONTRO DO MAIS FORTE!!!

Cheers!!!