Logo que comecei minha longa jornada como gamer (lá pros meus dez anos de idade) eu fugia de rpg's como um fã de comics foge de otakus.
Meu domínio do Inglês ainda não era muito bom e as revistas de games da época tratavam o gênero como um demônio pedófilo vindo diretamente das profundezas da Rússia. Claro, eles não entendiam coisa alguma de rpg e qualquer game que tivesse mais texto do que Super Mario Bros 2 era tratado como se fosse do gênero.
Como toda criança que coloca fé demais em uma revista mal escrita, eu acreditava que rpg's sugariam minha alma caso eu tentasse jogá-los e procurava títulos realmente divertidos para passar meus finais de semana.
Foi desta forma que acabei jogando Dick Tracy, Fester's Quest, Dragon's Lair, Spider Man and the Sinister Six e tantas outras bombas abissais que as revistas e os funcionários de locadoras descreviam como "muito loucos" uma vez que não era preciso ser alfabetizado para jogá-los.
Avancemos a história em quatro anos. Meu domínio do inglês havia melhorado consideravelmente (graças a muitas e muitas sessões de Sexta Feira 13 legendadas) e eu havia feito amizade com um camarada de uma locadora que derrubou a imagem de rpg's como ferramentas de Satanás para criar comunistas ateus e canibais.
Graças a ele, aluguei meu primeiro rpg: Shadowrun, sobre o qual falarei outro dia.
E pouco tempo depois, joguei meu segundo rpg: Breath of Fire.
Pra você ter uma idéia de como fiquei fascinado pelo jogo, no dia que eu o aluguei, meus amigos haviam se reunido para assistir filmes pornôs.
Lembremos que em 1994, não havia a internet e arrumar pornografia era uma ocasião digna de festa. Meu amigo havia descolado dois filmes com o professor dele (não me perguntem o que o sujeito ensinava) e um deles se passava na Hungria e envolvia orgias com lésbicas.
Eu fiquei jogando por quatro horas antes de me reunir com meus camaradas, ignorando totalmente um filme onde garotas Húngaras ensandecidas fariam coisas que até Deus duvida umas com as outras.
E eu tinha 14 anos.
Este é o poder de Breath of Fire.
A história do game é bastante simples para os padrões atuais.
Existem dois clãs que estão em eterna guerra um com o outro: Os Dragões da Luz e os Dragões das Trevas. Logo no início da história, os Dragões das Trevas atacam a vila dos Dragões da Luz, destroem tudo e capturam Sara, a mais poderosa de todos os membros do clã.
Você controla Ryu, irmão mais novo de Sara, que parte em uma jornada para reencontrar a irmã e ao mesmo tempo por um fim nas atividades maléficas dos Dragões das Trevas.
Pode parecer um pouco simplório, mas tal tema funciona muito bem em Breath of Fire. Não existem reviravoltas dramáticas e complexas que possam dar um nó em seu cérebro, apenas a missão original de Ryu e as diversas aventuras pelos quais ele passa.
Mas nenhum homem é uma ilha e logicamente, Ryu poderá fazer várias amizades ao longo da história, cada uma com poderes e habilidades únicos.
A primeira companheira é apresentada de uma das maneiras mais geniais já mostradas em um game.
Em um certo ponto da viagem, Ryu passa a noite no reino de Winlan, pois busca uma audiência com o regente de tal lugar. O rei no entanto está doente e enquanto Ryu dorme, o jogador passa a controlar Nina, a princesa do reino que vai atrás de uma cura para seu pai.
A menina é então capturada por um feiticeiro DO MAL e Ryu é convocado para salvá-la. Após isso, ele ganha a companhia perpétua da garota.
Bacana, heim?
O resto do elenco não fica muito atrás e temos tipos como Karn, o ladrão que aprende técnicas de fusão mais adiante na história, Gobi, o homem peixe mercador que parece uma versão menos boca suja do Bender, Mogu, o menino toupeira e Bleu, a feiticeira serpente ultra gostosa que é uma pervertida bêbada.
Todos estes personagens só se unirão a seu grupo caso sejam ajudados com seus problemas pessoais primeiro. Tal decisão de design acrescenta muito sabor à aventura e faz com que seja muito fácil se apegar ao grupo.
O visual de Breath of Fire é bastante simples, mas competente.
O mapa funciona como em muitos jogos do gênero, com um enorme descampado por onde seu grupo pode andar e versões estilizadas das cidades que podem ser visitadas. Assim que se entra nas cidades, elas ficam em escala natural e muito mais detalhadas.
O game não se compara a outros títulos da época (como Final Fantasy VI), mas também não chega a ser feio. As cenas de batalha no entanto, possuem um visual bem superior à média, com versões grandes dos personagens, tanto inimigos quanto membros do grupo, ambos muito bem animados.
O áudio do jogo é agradável. Embora não possua nenhuma música que possa ser considerada épica ou icônica, a trilha de Breath of Fire flui muito bem e complementa as cenas com o tom certo para cada ocasião.
Os efeitos sonoros no entanto não são grande coisa, permanecendo bem naquele padrão de "ruído branco" ao qual nos acostumamos na era 8 bits e que prevaleceu em muitos títulos da geração 16 bits.
Tampouco existem vozes digitalizadas, mas como muitos jogos acabavam fazendo mau uso delas na época, talvez esta tenha sido uma benção disfarçada.
A jogabilidade é bastante tradicional.
Você anda pelo mapa com seus bonequinhos, enfrenta combates aleatórios, chega em uma cidade, resolve os problemas por lá e continua seguindo na história até encontrar seu próximo aliado ou seu próximo grande inimigo.
O funcionamento não é diferente dos JRPG's mais antigos, mas acrescenta algumas coisas até então inéditas ou pouco utilizadas à jogabilidade.
Por exemplo, o tempo se divide em dias e noites. Se passar muito tempo andando pelo mapa, começa a anoitecer e embora não haja muita diferença entre os inimigos encontrados durante o dia ou a noite, a movimentação das cidades sim.
Durante a noite, haverão menos pessoas nas ruas, assim como os balconistas de lojas não serão os mesmos que ficam durante o dia. É um detalhe que não faz diferença a longo prazo, mas que é divertido mesmo assim.
Existem também cidades onde só é possível entrar durante um determinado período do dia, o que o obriga a matar tempo enquanto espera o tempo passar.
Os combates são um bocado difíceis no começo do jogo, mas principalmente porque Ryu está sozinho ao enfrentar os chefes. Na medida que for reunindo seus companheiros, as coisas se tornarão mais simples, especialmente quando aumentar as habilidades de alguns deles.
Karn por exemplo, descobre a já mencionada habilidade de fusão. Ao utilizá-la, ele se une a alguns dos outros membros do grupo e se transforma em criaturas monstruosas e inacreditavelmente fortes. Graças a isso, é seguro dizer que ele se tornará um membro fixo de seu grupo ativo após um certo trecho do jogo.
Bleu possui todas as magias ofensivas do jogo e assim que entra para o grupo, já tem um belo arsenal delas e seus poderes evoluem um bocado conforme ela ganha level.
Mas Ryu possui o melhor de todos os poderes: ele pode se transformar em dragão.
Inicialmente, Ryu só é capaz de se transformar em filhotes com pouco poder ofensivo, mas conforme a história avança, ele ganha a capacidade de se tornar criaturas mais poderosas. O dragão definitivo é um ser colossal resultante da fusão de Ryu com todos os seus companheiros e que causa dano máximo sempre que ataca.
Supimpa, vou te dizer!
E o jogo possui um bocado de "backtracking" (quando você precisa voltar para checar áreas por onde já passou), mas faz isso da maneira certa.
Conforme viaja, você encontrará diversas áreas marcadas em terra fofa e que só podem ser acessadas quando Mogu estiver no grupo. Como demora um pouco até isso acontecer, re-encontrar tais lugares (e ter acesso a algumas das armas e magias mais poderosas do jogo) se torna uma aventura bastante divertida.
Não apenas isso, mas Nina e Gobi podem se transformar em um pássaro e um peixe gigantes respectivamente após determinados trechos do jogo. Graças a eles, é possível acessar diversos pontos antes inatingíveis, o que permite ainda mais exploração.
Breath of Fire é um rpg da velha guarda e com muito orgulho.
A jornada é linear, os vilões são cheios de clichês, o reencontro dramático entre o herói e sua irmã traz uma "surpresa" totalmente esperada. Este é um game que com certeza não agradará a garotada "sofisticada" que cresceu com Final Fantasy VII e VIII.
Mas tudo bem, porque Breath of Fire é dirigido para velhotes nostálgicos como eu e você!
E aliás, a Chun Li faz uma ponta no jogo.
Bons tempos esses...
Cheers!!!
22 comentários:
Aaaaa, Breath of Fire. Primeiro rpg que eu joguei na vida e sem dúvidas uma das franquias que mais adoro. Depois do 4 considero o primeiro o melhor da série. Lembro o quao louco ficava sempre que me transformava no Agani, que era apelação pura.
Esses dias joguei o Dragon Quarter e que decepção... fiquei pensando como esse Breath terminou naquilo...
Como vc disse o jogo é para nós, da geração 16-bits. Mas como eu gosto da franquia!
Talvez a franqueza desse jogo o torne tão especial, assim como acontece com Dragon Quest. A maioria não tem gráficos excepcionais nem histórias ultra-complexas (pelo menos considerando os primeiros DQ's). Mas têm uma sinceridade na forma como foram executados que faz com que amemos tanto os títulos.
Estarei à espera de outros "jogos de Satanás que aprisionam nossa alma" mais antigos e que eu sou tão fã.
PS: como assim a Chun-Li?? tenho que jogar de novo e chegar até o final pra tentar descobrir em que parte ela aparece! hahahaha
essa capa esta nas listas de piores capas do Snes.
Só joguei o 3, e mesmo assim não foi inteiro. Mas achava simpático... No mais, te convido a participar de um internet meme: http://warpzona.wordpress.com/2009/03/07/maisummem/
a coisa mais legal desse post foi o "Supimpa"! Viva as gírias idosas!
BF é muito bom mesmo, e a contuniação dele chega a ser ainda melhor na minha opinião. Só um pequeno acerto, o Kayer Dragon de Ryu não é causado pela fusão com os outros personagens não, é só que ele é tão "grande" que ocupa os 4 slots epersonagens quando ele transforma, colocando todo mundo pra escanteio quando ele ta batendo..... afinal porque um dragão gigante precisa de ajuda.... ainda mais sendo ele o poder do Kaiser Dragon (lembre-se Kaiser é um titulo equivalente a imperador).... acho que qualquer um ia preferir ficar fora do caminho para não apanhar junto por acidente.
me pergunto até hj pq a série MORREU. tipo, dragon quater (o breath of fire 5, por assim dizer) foi tão ruim assim? eu nunca joguei, por isso nem sei responder XD
podiam dar um revival na série, botar um time de primeira da capcom para fazê-lo.
Sim Thyago, pra mim pelo menos foi muito ruim. O enredo é pobre, os personagens nem um pouco carismaticos e pouco variados como estavamos acostumados e o pior de tudo é que voce não tem a liberdade de usar a coisa mais legal do jogo que é se transformar em dragões. Vc vira um único dragão sem graça e sempre que faz isso sobe uma porcetagem, que é impossivel de reverter e caso atinga 100% vc da game over... além do que essa porcetagem aumenta até enquanto voce anda e durante os turnos das batalhas, então voce joga o tempo todo preocupado e sem a liberdade de explorar e evoluir o quanto quiser.
Diogo, se não me engano, o nome original do poder supremo do Ryu é Infinity e não "Agni" como foi traduzido no ocidente.
Kaiser Dragon é a penúltima forma que se consegue no jogo, não o poder supremo.
Este poder permite que ele use a força de seus amigos como combustível para seu próprio poder.
Se reparar, o dragão em que ele se transforma possui características físicas de todos os outros personagens do grupo. As asas de Nina, a "Barba" de Ox e parte da sua cauda se assemelha a de uma serpente, como a de Bleu.
Outra coisa, você não pode se transformar em Agni caso Karn esteja em fusão com os outros membros do grupo, o que demonstra que todos precisam estar disponíveis para se unirem a Ryu para a metamorfose.
Não que isso esteja muito claro no jogo. Lí essa informação em outras fontes, mais bem traduzidas que o jogo.
Excelente escolha Amer!
No meio de tanta coisa horrível que tínhamos que encarar como sendo incrível nas revistas de games e que eram bombas disfarçadas, muitas coisas boas como Breath acabavam passando.
É hora de tirar o pó do Super Nintendo!
Amer,estranho.... em todos os outros BoF o dragao final é o Kaiser....
Sim, de fato.
Só Breath of Fire I e II tinham a magia Infinity como última do arsenal. Em BoF I era esse dragão monstruoso que já mencionei e em BoF II, era um ataque simbólico que só podia ser usado contra o último chefe para torná-lo vulnerável aos ataques normais.
Depois, removeram este poder, pois os BoF seguintes foram se distanciando cada vez mais da temática original.
(lembre-se Kaiser é um titulo equivalente a imperador)
Kaiser quer dizer Cesár^^ que quer dizer imperador.
cara eu joguei muuuito isso (Alias joquei quase todos os jogos que vc ja citou em seu blog) nossa tirava nota baixa por nao chegar a tempo nas provas do primeiro tempo de manha pq jogava ate 5 horas da matina auahuahuh.
nossa cara e incrivel como temos gostos parecidissimos. em pra ticamente tudo tirando DBZ que eu realmente detesto o resto e fielmente igual.
meu brother como faço pra falar com vc sobre usar um de seus textos ( alias pra mim o melhor de todos) em uma comu do orkut.
qlq coisa se vc tiver um tempo me add no msn.
edwandergreey@hotmail.com
e nao zoa que isso e meu nome mesmo.
meu irmao safado fez essa sacanagem comigo de por isso pra ser meu nome aff.
vlw bicho, sorte e sucesso sempre.
Roderyk, me procura no Orkut que a gente conversa.
Dark, o jogo é da Capcom, mas que distribuiu no ocidente foi a Squaresoft. A parceria só durou pelo tempo desse primeiro Breath of Fire, mesmo.
Nunca tive um SNes, jogava só no meu Mega Drive. Mas mesmo assim, nunca RPGs... ficar alugando eles era um saco, ainda mais dividindo o fim de semana de jogatina com meus irmãos. Agora com emuladores, to tirando o atraso desses jogos, e caramba, que jogo massa esse hein!!! Valeu pela dica! minhas madrugadas de insônia pós-trabalho estão sendo bem aproveitadas com esse jogo, já que não tenho nenhum console atualmente.
Caralho, zerei essa porra 3 ou 4 vezes sem nunca saber do poder de fusão do Karn. Que besta.
Faltou falar da maravilhosa opção de "se juntar" ao vilão no fim do jogo.
O que dizer de Breath Of Fire ?Eu modestamente zerei todos os breath of Fire existentes e acho o melhor jogo que existe ...Que se foda quem não gosta do gráfico ou do jogo,eu gosto mais que muita coisa inútil nesse mundo,por isso fico o dia todo jogando :).Breath Of Fire é o jogo com a melhor história de Games possivel ...Jáh a escolha de um personagem favorito é foda !!!Mais acho que meu personagem favorito mesmo é o próprio Ryu,com seus poderes ele humilha demais,não é todo jogo que você se trasforma em dragão fragla ?Mais eu prefito tambem jogar com uma equipe fixa em cada um ...No Breath Of Fire 01 por exemplo eu só jogo com o Ryu,Nina,Karn e Bleu.Breath Of Fire é o Melhor RPG da Capcom concerteza ...Alguns endereços aqui pra quem quer saber de tudo de Breath Of Fire
http://papajogos.uol.com.br/detonados/breath_of_fire_1_45.html
http://www.emulabr.com.br/Detonado_Breath-Of-Fire_21.html
http://www.tutomania.com.br/tutorial/detonado-breath-of-fire-1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Breath_of_Fire
http://pt.wikipedia.org/wiki/Breath_of_Fire_(jogo_eletr%C3%B4nico)#Jogabilidade
http://hg101.classicgaming.gamespy.com/bof/bof.htm
http://www.dragon-tear.net/bof/?it=char
Bom jogo é curtam bastante antes de zerar,porque o zeramento é MUITO doido ...Mais ai seu jogo acaba ...AH !Quem tiver passado do level 98 com a Nina me diz quais as próximas magias ?
Thaigo Timberlake Desliga(Sempre quis dizer isso :D)
Meu primeiro RPG e único que me já me maravilhou. Jogar BoF era uma experiência única, mágica. As sequências foram todas ruins (tirando o quarto da franquia, que é um bom jogo, apesar de realmente não dever ser chamado de continuação por se distanciar tanto das delícias do primeiro jogo).
ja zerei quase todos o breath of fire so falta o 2 ,e essa onda de q
breath of fire 5(dragon quarte) e ruim e tudo mentira o jogo so e muito dificil no começo achei q era ruim porq a turma falava ,mas quando comecei a joga gostei muito mas para isso tive q puxa muito os cabelos porq e muito dificil,e outra coisa o zeramento e muito foda bom mesmo quem puder jogue q e muito bom blz
Apenas escrevo aqui para dizer que zerei BOF 1 esse ano.... E não encontrei a chun-li quando tive oportunidade. Mais sorte na proxima
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