sábado, 16 de fevereiro de 2019

Crítica do Amer: Resident Evil 2 Remake


Alguém chegou pra mim e disse: “HEY, SEU GORDO VIRGEM COM CHEIRO DE PRESUNTO FORA DA VALIDADE, VOCÊ DEVIA ESCREVER UM REVIEW DE RESIDENT EVIL 2!”

Então olhei bem para meu reflexo no espelho e respondi: “Mas eu já fiz um review de Resident Evil 2 muitos anos atrás, que você pode ler bem aqui.”

Então obtive a réplica: “NÃO, SEU MALDITO INCEL! O REMAKE QUE FOI LANÇADO ESTE ANO!”

“Oh”, exclamei e então indaguei: “Por que eu deveria fazer isso?”

“Porque são seis da manhã de um sábado, você não dormiu e seu cérebro está procurando razões para mantê-lo acordado. Se você deixar para escrever depois de repousar, seu cérebro o fará procrastinar por dezessete horas procurando Hentai da Ravena no Twitter e você perderá o interesse por fazer este artigo.”

Como adoro uma boa racionalização, esta é minha crítica de Resident Evil 2.

Remake.

Resident Evil 2 narra a história de Leon S. Kennedy, policial novato em sua primeira noite no trabalho, e Claire Redfield, motociclista durona e irmã caçula do herói do game original. Os destinos destes jovens tornam-se intrinsecamente ligados ao decidirem embarcar nesta terrível jornada.

Gostaram de como eu usei a palavra “intrinsecamente”? Isso se chama “classe”.

Bem, infelizmente a cidade de Raccoon City... Pleonasmo redundante... Está sofrendo de um caso grave de apocalipse zumbi. Cabe a estes dois jovens no auge de sua potencialidade sexual sobreviverem ao caos que se espalha ao seu redor. Ambos encontrarão outros sobreviventes, como Ada Wong, a chinesona do Frutilly, e Sherry Birkin, que possui orelhas de abano capazes de tirar o posto de “deformidade genética favorita da América” de Adam Driver.

Nossos heróis precisam sobreviver aos horrores que lhes são impostos, se quiserem viver para lutar mais um d... Vocês já conhecem toda essa história, jogaram o game anterior...

Bem, a história do Remake é exatamente a mesma da versão original de Playstation. Leon e Claire se conhecem, se separam, e precisam sobreviver em Raccon City, metendo bala em zumbis e demais monstros que convenientemente tem seus órgãos do lado de fora do corpo. Eventualmente eles vão parar em um laboratório secreto, matam mais alguns bichos e precisam fugir antes que o lugar exploda, uma terça-feira comum no mundo de Resident Evil.

A maior diferença do jogo original para a nova versão, é a forma como a história é narrada. No Playstation, Resident Evil 2 nem tentava se passar por uma história séria. O jogo sabia o quanto seu enredo era estúpido, sua dublagem sem qualidade e sua premissa retardada. Uma delegacia de polícia cheia de puzzles? Que servia de fachada para um mega laboratório subterrâneo fazer experiências com vírus e armas biológicas próxima a uma cidade habitada por potenciais vítimas e/ou testemunhas? Apenas uma pessoa com dano cerebral levaria esse roteiro a sério!

Algumas destas pessoas devem estar me xingando nos comentários neste exato momento.

O Remake, por outro lado, leva a premissa do jogo MUITO a sério. Os cinemáticos da história são pesados, dramáticos e transmitem um clima desesperançoso e sufocante. Raccoon City está condenada, e tudo que o jogador pode fazer é vê-la se decompor, enquanto luta para evitar de compartilhar o mesmo destino.

Em muitos aspectos, Resident Evil 2 Remake mostra que a Capcom guardou as lições aprendidas com Resident Evil 7, e decidiu que tratar horror com seriedade é de fato o melhor caminho para esta era de games ultra realistas em que vivemos.

Claro, você sempre pode jogar o Remake com as skins da versão original (que são DLC gratuito) e mandar este senso de realismo e drama pro vinagre, sempre que uma cena tensa estiver se desenrolando diante dos modelos inexpressivos e em baixa resolução do jogo original.


A apresentação do game é absurda, este é um dos jogos mais bonitos da atual geração.

Ok, aqui vai uma analogia.

Lembra da sensação de quando você se apaixonou pela primeira vez? Lembra de como o amor de sua vida era a garota mais bonita do mundo? De como o sorriso dela brilhava mais que o sol e era suficiente para afastar qualquer sentimento negativo de sua mente?

Resident Evil 2 Remake é mais bonito que aquela menina.

Especialmente porque nunca vai envelhecer, engordar e passar boa parte dos anos que antecedem seu 40º aniversário fazendo posts no Facebook sobre como “não precisa de homem" e "que só precisou passar por sete relacionamentos falidos até perceber isso.”

VIU SÓ PALOMA??? SE TIVESSE ME ACEITADO, PODERÍAMOS SER FELIZES HOJE!!! ESTARÍAMOS EM VENEZA, ACORDANDO COM O RAIAR DO SOL, FAZENDO AMOR ATÉ A HORA DO ALMOÇO E JOGANDO RESTOS DE COMIDA NOS GONDOLEIROS E RINDO DE COMO PRAGUEJARIAM EM ITALIANO!!! PODÍAMOS TER TIDO TUUUUDO ISSO, MAS VOCÊ NÃO QUIS, SUA PIRANHA RUIVA!!!

...

Mas estou divagando

A primeira coisa que verá ao iniciar o modo história é um hambúrguer sobre o console de um caminhão. Não se trata de um mero hambúrguer,  mas o hambúrguer mais detalhado da história dos jogos eletrônicos, onde é possível ver a gordura reluzindo na carne e o quão seco o pão deve estar. De fato, tremo em pensar quantas horas de sua vida um pobre designer gráfico deve ter gastado analisando hambúrgueres de paradas de caminhão até conseguir reproduzir com perfeição a textura de um deles dentro do jogo.

Sim, estou falando de um sanduíche digital... Mas apenas para tentar fazê-lo entender o nível de cuidado que foi dispensado a este game. Absolutamente tudo é lindo. O molhado da chuva nas roupas dos personagens, os efeitos de luz e sombra, a forma como os zumbis apresentam dano localizado dependendo de onde são atingidos, tudo foi feito com muita atenção e carinho. "Perfeição" não parece o termo certo para se definir, os produtores do jogo foram MUITO ALÉM do seu dever com este título.

Claro, não vamos esquecer dos modelos de personagens, que são tão bonitos que você torcerá por mods de nudez assim que colocar os olhos neles.

P.S: Já existem mods de nudez para Claire na versão de PC. VIVA A COMUNIDADE MODDER!

O áudio é igualmente bem trabalhado, com uma música ambiente que se mantém extremamente discreta a maior parte do tempo. Alguém dentro da Capcom percebeu que o silêncio (ou algo bem próximo a isso) ajuda a criar um ambiente de tensão. Quando o ruído mais perceptível é o som de seus passos em um corredor vazio, o jogador fica permanentemente tenso, esperando que a qualquer minuto alguma coisa pule da escuridão para acabar com sua relativa calma... O que na maioria da vezes acontece, seguido de um socão disparado pelo sósia de Dolph Lundgren mais putaço do mundo.

A dublagem também está sensacional. Enquanto o original parecia estrelado por pessoas que pareciam ter aprendido a ler e falar na manhã do dia de gravação, aqui contrataram um elenco que teve aulas de interpretação em algum momento de suas vidas. Nick Apostolides (Leon) convence como o policial bem intencionado atolado até o pescoço no horror da cidade, Stephanie Panisello (Claire) transmite dureza e doçura em doses perfeitamente equilibradas, Jolene Andersen (Ada) é uma fêmea fatal que tem um coração, e Eliza Pryor (Sherry) consegue ser adorável e vulnerável muito além das orelhas de asa-delta de sua personagem.

Você pode sentir falta da cena onde Ada e a mãe de Sherry discutem a catástrofe de Raccoon City com vozes sensuais de telessexo... Mas passa logo.


Agora, se você pensa que Resident Evil 2 Remake será apenas uma releitura do original com graficão e algumas coisinhas a mais, como aconteceu com a recriação para GameCube do primeiro jogo... ERROOOOOOUUUUUUU!!!

Tudo bem, eu pensei a mesma coisa.

Resident Evil 2 Remake parece ter nascido de uma belíssima relação incestuosa entre Resident Evil 4 e Resident Evil 7, o que explica a existência de suas funcionalidades deliciosas, bem como a presença de certas deformidades que tornam a experiência menos divertida do que poderia ser.

Ok, vamos a parte ruim: O remake tem BEM MENOS conteúdo que o jogo original.

Embora a uma primeira vista o jogo pareça replicar com perfeição a Raccoon City do título de Playstation, após algum tempo de partida é perceptível o quanto o mesmo adapta apenas parte do terreno que temos na versão clássica. Com uma hora de brincadeira, você terá visto sem esforço, pelo menos metade do que o remake tem a oferecer.

Para compensar o pequeno porte do jogo, a Capcom tomou a pior decisão possível: Backtracking. Você terá de ir e voltar diversas vezes, quase sempre porque encontrou um item que lhe permitirá explorar uma área antes inacessível.

Mas o maior pecado de Resident Evil 2 Remake é que diferente de sua contra parte de 32 bits, que possuía duas histórias extremamente distintas, aqui só temos uma.

Explico.

Lembra que no jogo original existiam as campanhas “A” e “B”? Claire e Leon se separavam no começo da história e seguiam para lados diferentes da cidade. Era possível terminar o jogo com um personagem, então escolher o outro e viver uma aventura completamente diferente.

Aqui, 75% da história, cenários, puzzles e inimigos serão EXATAMENTE OS MESMOS, INDEPENDENTE DE QUAL PERSONAGEM ESCOLHER OU DE QUAL CAMPANHA JOGAR!!!

E a coisa fica absurda quando vemos Leon e Claire, em histórias diferentes, recolhendo os mesmos itens para acessar as mesmas áreas, o que não faz sentido dentro da continuidade da história e é extremamente brochante para quem esperava o fator de replay presente na versão do Playstation.

Não que em geral o conteúdo do jogo seja ruim. A jogabilidade se espelha muito em Resident Evil 4, com visão por cima do ombro que torna o combate muito mais fluido que a câmera fixa de duas décadas atrás, a customização de armas é divertida e realmente faz diferença, o estilo de sobrevivência é extremamente bem trabalhado no sentido de não haver escassez tampouco abundância de itens de cura ou munição, tudo se encaixa como as engrenagens em um relógio suiço extremamente caro e montado por um velho minucioso cheio de transtorno obsessivo compulsivo... E justamente a quase perfeição de todos os demais ingredientes que torna a magreza de conteúdo na história tão mais gritante.

O jogo parece ter sido criado para que speedrunners pudessem se exibir no YouTube. Alguns dos troféus/conquistas reforçam isso, com prêmios especiais para quem terminar o jogo com menos de 14000 passos ou sem abrir o baú de itens uma vez sequer e outras loucuras do tipo que somente os mais autistas dentre os jogadores serão capazes de realizar.

Espero que isso não se torne uma tendência no futuro. Já me bastam as empresas que querem me convencer que o único jeito de atingir a felicidade é jogando online com moleques mexicanos que mandam ameaças de morte para meus já falecidos pais, não preciso que as empresas que decidiram ficar nos jogos Single Player tentem me forçar a adquirir os reflexos de um hipertenso viciado em café pra terminar seus jogos de dez horas de duração em vinte minutos com um sorriso no rosto e lágrimas de desespero escorrendo por minhas bochechas.


Eu sei o que você está pensando... Que eu não gostei de Resident Evil 2 Remake.

A bem da verdade, eu gostei. É um jogo bom, mas apenas isso: Bom.

Os visuais são espetaculares (você provavelmente terá um crush por Claire, Leon ou Ada ao fim da aventura), a história é mais bem narrada do que em sua encarnação original, os puzzles são desafiadores sem jamais se tornarem impossíveis, o combate é extremamente satisfatório e o clima de terror se aproxima mais daquilo que estamos acostumados a ver em Silent Hill do que em Resident Evil.

Infelizmente, a repetição da aventura em todas as quatro campanhas (Leon => Claire, Claire => Leon) tira muito do brilho deste game.

Resident Evil 2 Remake é como aquele sanduiche maravilhoso que você vê no poster de sua rede de fast food favorita. Ele tem dois andares de altura, com molho escorrendo sedutoramente por entre suas alfaces, tomates que brilham mais que a Espada de Grayskull durante a cena da transformação... E quando você compra, é um negócio achatado e triste, que implora para que você o coma e acabe com seu sofrimento.

Ainda é gostoso e o deixará satisfeito... Mas não é tão incrível quanto parecia.

Cheers!!!

9 comentários:

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

belo review Ameranha.

Agora que finalmente tenho um novo PC "ULtra Chimbauhaumba MAster Thanos Darkseid Dark Souls Race" de 5000 Bolsotrons, talvez eu possa ter esse remake em mãos. ver a minha Waifu de RE, Claire em HD, vai ser bom revê-la de novo.

devo ser um dos 3 sujeitos que gosta da Claire como Waifu, de RE, a maioria ou é a Jill ou a Ada Wong.

enfim, bom jogo a todos.

Sano-BR disse...

Lord Hammer despertou sua forma dourada!

Cassiotkg disse...

Bem ,não me importo o suficiente com RE2 pra comprar ele, mas é sempre bom ver uma nova critica do Amerindo.

Andrei 'Ashura' Melo disse...

Eu fui um dos que te aporrinharam nas lives para você fazer um review deste game... e você fez mesmo! Ótima crítica, Amiba!

Unknown disse...

Adorei o Review Amer e esse foi um game que conseguiu me surpreender na questão da jogabilidade, te fazendo questionar se o melhor é enfrentar ou fugir dos zumbis, a presença do Mr. X no ambiente deixa a situação tensa justamente por usar o silêncio para nos fazer ouvir seus passos e não saber de onde está vindo.
Em relação a história digo com certeza de que a campanha da Claire é mais interessante de jogar do que a do Leon pelas armas que temos a disposição, personagens secundários interessantes e uma história dramática.
Realmente o fato das campanhas quase não mudarem com relação a inimigos e locais acaba desagradando bastante.

Bier disse...

Amer, como proprietário de um PS4, eu deveria comprá-lo, ou esperar sair de moda pra me jogar no Remake?

LuisGameseAnimes disse...

"Lembra que no jogo original existiam as campanhas “A” e “B”? Claire e Leon se separavam no começo da história e seguiam para lados diferentes da cidade. Era possível terminar o jogo com um personagem, então escolher o outro e viver uma aventura completamente diferente.

Aqui, 75% da história, cenários, puzzles e inimigos serão EXATAMENTE OS MESMOS, INDEPENDENTE DE QUAL PERSONAGEM ESCOLHER OU DE QUAL CAMPANHA JOGAR!!!"
É Amer, acho que sua nostalgia distorceu bastante sua visão do RE2 original. As campanhas de Leon e Claire se diferem muito pouco, vc passa pelos mesmos cenários, faz os mesmos puzzles, enfrenta os mesmos chefes.... Acha que a diferença maior é que no jogo B vem o Mr X. O que eu sempre achei mais escroto disso, é o puzzle pra abrir a porta onde se encontra munição pra metralhadora. É dito que é necessário duas impressões digitais, na teoria vc coloca a impressão de um personagem na primeira campanha, na segunda vc coloca a outra. Primeiro vc precisa ligar a energia do laboratório, depois colocar a senha GUEST, e ai cadastrar a impressão digital. Mas quando vc vai na segunda campanha, é necessário fzr tudo isso de novo, ligar a energia, colocar a senha GUEST, e cadastrar a impressão. Não faz sentido pq se um personagem já passou por ali, a energia já deveria tá funcionando e a senha GUEST já deveria ter sido usada. Mas não, na disso foi feito ainda, mas ainda assim, a impressão digital do primeiro personagem consta como cadastrada.
Sempre achei esse negócio de jogo A e B uma baita duma pilantragem!

RGCampos disse...

Show o seu Review Xerife!

Alex Souza disse...

Revise sensacional!!