quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crítica do Amer: Parodius Da!


Uma verdade imutável da raça humana é que nós adoramos comédia.

Você pode achar que o cinema cômico atual não tem a mesma força do passado ou pode preferi-lo às pérolas cômicas de outrora, mas o que importa é que todo mundo adora dar algumas boas risadas assistindo alguma coisa.

E é curioso, pois os vídeo games permanecem até hoje como uma mídia quase que totalmente livre de comédia.

Acontece que escrever humor é MUITO mais difícil do que parece, eu cuido de um blog humorístico há dois anos e posso falar disso por experiência. Criar material que seja genuinamente divertido é uma tarefa tremendamente estafante e muitas vezes não valorizada.

E sejamos francos, a maioria das empresas de games não está disposta a enfiar a cara em uma empreitada dessas, correndo o risco de ser criticada por todos os lados, por gente que achou o humor inconveniente ou mal usado.

Mas a Konami não é a maioria das empresas, não senhor! A Konami tem bolas do tamanho do estado do Texas e um dia decidiu criar uma série com bom humor e comédia como sua base.

E como a empresa decidiu fazer isso? Satirizando uma de suas franquias mais populares: Gradius!

A Konami pegou sua amada franquia de shooters e substituiu tudo que era razoavelmente sério e baseado em ficção científica por situações e coisas que eram igualmente funcionais porem engraçadas.

E deu certo? É o que vamos descobrir!

Aliás, "Parodius Da!" significa "Isto é Parodius!"

Vivendo e aprendendo.


O primeiro game da série foi lançado para o MSX e embora já trouxesse a premissa inovadora de criar comédia com pixels, não foi lá um grande jogo. Era visualmente fraco, o áudio também não era grande coisa e lhe faltava muito do refinamento que viria nas versões seguintes, além de ser um título desnecessariamente difícil, o que o tornava mais frustrante que engraçado.


Este é o segundo game da série, foi lançado para fliperamas e recebeu uma conversão praticamente idêntica para o Super Famicon e que jamais chegou ao Ocidente.

Parodius Da! É um shooter de movimentação lateral. Você sabe, um jogo de “navinha” onde a tela se move sozinha e é preciso mandar bala em legiões de inimigos, recolher Power Ups e tentar sobreviver até o derradeiro conflito final.

Mas você já sabe como essas coisas funcionam, não? Aposto que quer conhecer o enredo do jogo!

Pois bem, não tem nenhum.

É, pois é.

Se você realmente faz questão de ver uma história, eu posso dizer que uma nave, um polvo, uma abelha e um pingüim uniram forças para sair flutuando pelo espaço enquanto mandam bala em vilões maléficos, Moais, palhaços, mulheres bonitas e porcos colossais lutadores de sumô.

Mais ou menos isso.

Diga-se de passagem, o elenco referido acima veio de outros títulos da empresa.

A nave é Vic Viper, a “protagonista” da série Gradius. Ela permanece praticamente igual ao que costuma ser em sua série de origem e é o único membro razoavelmente sério do elenco de Parodius, o que só faz com que ela destoe de tudo que está a seu redor.

O polvo é Takosuke e ele é... um polvo com uma bandana. Nos outros jogos da série ele usa bonés e calcinhas na cabeça, mas permanece o mesmo personagem. Ele sugiu com o primeiro Parodius.

A abelha é Twin Bee, que estrelou sua própria série de shooters para fliperama, NES e Super Nintendo, além de alguns side scrollers também para o 16 Bits do Miyamoto.

Por fim, temos Pentarou, o pinguim que estrela o jurássico Antarctic Adventure, um game que todos os velhuscos proprietários de NES devem ter jogado em um daqueles cartuchos de 200 jogos muito populares no passado.

Ok, Parodius Da! Não tem história alguma e possui um elenco burlesco, mas isto só acrescenta à experiência ridícula e hilária que este game oferece.

E por mais inacreditável que pareça, por trás de tudo isso existe um shooter bastante sólido e bem produzido.


A apresentação do jogo é excelente e cria com excelência todo o humor que o título quer reproduzir.


Os cenários são bastante coloridos e animados, o que traz uma grande diferença dos tradicionais jogos do gênero. Ao invés de fortalezas militares futuristas ou planetas inóspitos, nossos heróis atravessam mares, circos, casas de banho, fábricas de doces e por aí vai.

Os chefes também se desprendem do gênero científico sombrio e se mostram como navios piratas construídos ao redor de gatos voadores, uma águia careca com o chapéu do Tio Sam, uma dançarina de Las Vegas que no obriga a nos escondermos em meio a suas pernas (não como você está pensando, seu taradinho) e um polvo lavando a cabeça.

Sem falar nos Moais. Muitos e muitos Moais.

O visual de Parodius Da! Pode parecer infantil a primeira vista, especialmente quando comparado com jogos mais belicosos como Thunder Blade ou R-Type, mas é apenas uma questão de se habituar aos obstáculos cômicos e ter bom humor para entendê-los.

O áudio recebeu o mesmo tratamento e com certeza é parte da piada. Parodius Da! nos mostra que música clássica pode ser engraçada.

Somos agraciados com versões abobalhadas de canções de Johann Strauss, Beethoven e Tchaikovsky, entre outros que tornam a experiência ainda mais única e divertida.

É como assistir um daqueles episódios do Pernalonga ou do Pica Pau em que a história girava em torno de alguma música clássica.

E você gostava desses episódios que eu sei.

Sério, você não engana ninguém, seu pilantra.


A jogabilidade é bastante simples: um botão de tiro, um para acionar os Power Ups e outro para ativar os Bell Powers. Todos podem se configurados ao gosto do usuário, o que torna impossíveis as desculpas de “controle ruim, por isso que eu morri!”


Existem dois tipos de Upgrades que podem ser encontrados ao longo do jogo: cápsulas e sinos.

As cápsulas permitem ao jogador ativar as habilidades que aparecem na barrinha na base da tela. Cada nave possui armamentos próprios diversificados, Vic Viper por exemplo possui um laser continuo, enquanto Twin Bee tem um tiro triplo e Pentarou dispara balaços explosivos.

As diferenças não são meramente estéticas, pois cada personagem possui pontos fortes e fracos próprios. Cabe ao jogador testar todos os personagens e decidir qual deles se adéqua mais ao seu estilo de jogo.

Os sinos (ou “Bell Powers”, o que achar mais chique) oferecem poderes bastante úteis ou completamente idiotas, sempre que um sino aparecer, o jogador pode atirar nele até que ele mude de cor. Cada cor representa um pode diferente, como a capacidade de se tornar gigante e indestrutível por um curto período de tempo, proferir frases imbecis capazes de destruir qualquer inimigo por um megafone ou causar uma explosão nuclear na tela.

Caso prefira, é possível apanhar os sinos em sua cor original e acumular uma tonelada de pontos, o que lhe propiciará vidas extras o suficiente para encarar as fases finais do jogo com relativa tranqüilidade.

Embora não seja um game muito difícil, é bem possível morrer em diversos momentos do jogo caso não se dê a devida atenção ao que ocorre na tela. Se isso acontecer, há checkpoints suficientes espalhados pela fase para evitar que o jogador precise refazê-la desde o começo.

Mesmo assim, perder uma vida pode complicar o jogo em fases mais adiantadas, pois todos os upgrades conquistados se vão nestes momentos e há muitas etapas do jogo que se tornam um bocado cabeludas caso sua nave não esteja propriamente equipada.

Novamente, não tanto quanto em R-Type, mas o suficiente para fazê-lo cair de joelhos e praguejar contra o Olimpo enquanto se pergunta por que o destino é tão cruel.


Sendo o segundo título da série, Parodius Da! trouxe muitas melhorias em relação a seu antecessor, mas ainda estava longe de atingir o auge em qualidade, tanto humorística quanto de design que seus sucessores trariam.


Mesmo assim, este permanece como um dos shooters mais sólidos de toda coleção do Super Nintendo, tanto por seu visual e idéias divertidas, como pela jogabilidade equilibrada que não brutaliza os jogadores como outros games do estilo.

Se isso não lhe fizer se interessar, talvez a possibilidade de disparar mísseis na cara de uma loira o faça.

Quantas vezes temos a chance de fazer isso?

Cheers!!!

7 comentários:

Alm disse...

Gostei bastante do seu blog.

Eu acredito que já joguei esse jogo quando eu era pequeno, mas não tenho certeza.
E eu ainda gosto desses episódios do Pica-pau e do Pernalonga. xD

Caio C. Kapps disse...

Sinto um poko de falta dos jogos de PS2...

otimo post hammer...

Henrique de Matos disse...

Amer, você vai fazer uma review do jogo do Revenge Of The Fallen? Comprei para PS3 e é MUUUUUITO LEGAL, bem melhor que o jogo do primeiro filme.

Amer H disse...

Assim que tiver com um 360 novo, eu farei.

Sweet Tooth disse...

porra que saudade, doce gosto da minha infância hahhah
eu até tinha o segundo jogo da serie, que tinha mais personagens, inclusive um porquinho que virava pernil quando morria, era um sarro
vou baixar, belo post man

fabricio disse...

Ótimo post como sempre Amer!!!
Adodo sooters e adoro comédia, e Parodius é a combinação perfeita dos dois!!! e na verdade existe uma versão européia do jogo, chamada Parodius - Non Sense Fantasy, onde você pode conferir as frases idiotas que a sua Vic Viper profere contra os adversários!!! XD

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

zerei ele aqui, é realmente muito apelão...na verdade nem tanto, mas se não prestar atenção, você morre fácil. e é bem engraçadinho e fofinho. do jeito que a Nanda gosta, vou ver se ela curte esse. gostei mais da fase do polvo