quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Crítica do Amer: Bioshock


Ninguém tem muita certeza de quando o gênero FPS nasceu. O mais provável é que o primeiro game no estilo tenha sido Maze War, lançado em 1973, mas o gênero ganhou notoriedade mesmo foi com Wolfenstein 3D em 1992.

O game era simples. Você jogava como se fosse o protagonista e via a tela através de seus olhos. Se alguém viesse por trás, você não o enxergaria, pois não tem olhos atrás da cabeça e isso o forçava a ficar alerta em todos os lugares que entrava. Você andava, matava alguns nazistas, abria portas e encontrava novas salas, matava mais nazistas, encontrava alguma chave para uma porta trancada e continuava avançando até chegar no chefe e reduzí-lo a um amontoado de pixels ensanguentados e disformes.

E então você repetia este procedimento até chegar em Hitler, descobrir que ele era um ciborgue gigante armado com metralhadoras giratórias e perceber que tudo que aprendeu nas aulas de história da escola estava errado, pois sua professora mencionava o Fürher como um nanico não-cibernetizado.

Enfim, o gênero explodiu com Doom, que substituia nazistas por demônios e a Alemanha por Marte (eu acho que era Marte, nunca fiz questão de me certificar) e dalí pra frente se tornou um estilo de jogo praticamente obrigatório nos computadores dos nerds do mundo.

O problema é que o estilo FPS estagnou. Doom era genial em sua época, mas houve muito pouca variação do gênero nos anos que seguiram, pois os jogadores ainda eram obrigados a atravessar labirintos atirando e coletando chaves.

Ou em arenas, matando uns aos outros...

A medida que a tecnologia avançava, o realismo aumentava. Víamos buracos de bala em tempo real nas paredes, os inimigos reagiam de formas diferentes dependendo de onde os acertassemos (o que fez de todos nós um pouco mais sádicos) mas a jogabilidade continuava a mesma de "avance, siga, encontre tal coisa."

Bioshock foi um dos primeiros FPS a quebrar esse paradigma.

Claro, a jogabilidade ainda envolve ir do ponto A até o ponto B, mas é tudo aquilo que você faz no meio que torna o game único.

Vamos a ele então!


A história se passa em 1960 e você joga com Jack, talvez o cara mais azarado do mundo.

Nosso herói estava em uma viagem quando seu avião caiu no mar. Ele despertou em meio aos destroços do veículo e percebeu que o único ponto com terra por perto era uma ilhota com uma estranha contrução. Lá havia uma batisfera e através dela era possível chegar à Rapture.

Rapture?

Sim! Rapture!

E o que raios é Rapture?

Bem, Rapture é uma cidade submarina que foi construída pelo magnata Andrew Ryan e tinha como objetivo ser um refúgio para todos aqueles que eram "dignos" de escapar da imunda e corrupta sociedade da superfície. Ryan pretendia criar um novo Jardim do Eden e através de pesquisa genética, passou a "melhorar" os habitantes de sua cidade, lhes dando poderes e habilidades sobre humanas.

Claro, o tiro saiu pela culatra e Rapture virou um inferno, onde todos tentavam matar uns aos outros em busca de ADAM, componente chave para as mutações e poderes dos habitantes enlouquecidos do lugar.

E é neste inferno que você cai e precisa sobreviver a todo custo, enfrentando mutantes enlouquecidos, monstros titânicos e crianças aparentemente diabólicas.

O enredo de Bioshock ganha muitos pontos pelo simples fato de que você não é obrigado a salvar o mundo nem tem por objetivo derrubar um super vilão ensandecido. Sua meta inicial é sobreviver, pura e simplesmente.

Pelo menos, esta é sua meta inicial. O enredo se complica aos poucos e você se vê em meio a um grande dilema moral conforme avança na história e é este o tempero de Bioshock.

Mas estou me adiantando. Falo mais disso daqui a pouco.


A jogabilidade de Bioshock é a típica de um FPS. Ande, escolha sua arma e meta bala em tudo que se mover e neste aspecto o game é tremendamente satisfatório.


Seu arsenal é bastante vasto. Você tem à sua disposição desde armas tradicionais como a pistola e a shotgun, até uma besta e um disparador de produtos químicos, que pode incendiar, eletrocutar ou congelar o inimigo, dependendo do tipo de munição que a arma estiver usando.

Mas em termos de combate, o que rouba a cena são os Plasmids, poderes dos mais diversos tipos que você pode equipar em Jack.

Os Plasmids lhe dão a capacidade de disparar labaredas, eletricidade, levitar objetos, congelar inimigos ou até mesmo controlar nuvens de insetos. Além dos usos óbvios, há formas bastante criativas de utilizar tais poderes, como disparar uma rajada de eletricidade em locais alagados, eletrocutando todos os inimigos que estejam alí.

Se você é um sádico de plantão, vai abrir um sorriso igual ao do Grinch quano vir as barbaridades que pode fazer aqui.

Existem também os Tonics, que são habilidades extras que podem ser equipadas em Jack. Algumas aumentam o dano causado por algum ataque específico, enquanto outras fazem com que itens de cura restaurem mais energia.

Grande parte da graça do jogo está na customização de seu personagem. Não é possível equipar todos os Plasmids e Tonics que encontrar, então será preciso escolher muito bem quais poderes e habilidades você prefere ter.

Dependendo de como fizer, Jack pode se tornar um monstro superforte capaz e matar qualquer inimigo com golpes de chave inglesa, ou pode ser capaz de usar seus Plasmids com uma potência absurda. Vai unicamente do gosto do jogador.

Tal opção aumenta muito a vida útil do game, pois você pode customizar seu personagem de uma forma diferente a cada vez que jogar e assim passar por uam experiência diferente a cada partida.

Tecnicamente falando, Bioshock é um assombro.

Os gráficos são fantásticos e ao mesmo tempo únicos. Os cenários, equipamentos e maquinários são tremendamente realistas, mas os personagens possuem um visual mais estilizado.

Um exemplo são as Little Sisters, que possuem olhos grandes e feições que se assemelham mais às de um personagem de desenho animado que de uma pessoa real. De fato, as Little Sisters me lembram um pouco da Betty Boop quando as vejo.

Não apenas as pequenas, mas todos os habitantes de Rapture são meio estilizados. Isso não é ruim, pelo contrário! A direção de arte do game ajuda muito a passar um clima meio nostálgico, de uma época que já passou. Uma vez que a história se passa há mais de quarenta anos atrás, tal escolha funciona com perfeição.

E o clima opressivo de Rapture é passao com perfeição. É impossível se aproximar de uma das janelas do lugar, ver o oceano do lado de fora e não se sentir pequeno e aflito, sabendo que está em um lugar onde ninguém poderá resgatá-lo caso o pior aconteça.

O áudio do jogo ajuda muito em manter a constante aflição. Muitas vezes você ouvirá os inimigos chegando antes de vê-los, o que aumentará um bocado a tensão do momento e o fará engolir em seco muitas vezes antes de conseguir neutralizar de vez o perigo.

Bioshock não é exatamente um título difícil. Se jogar no Easy será praticamente um Highlander que ninguém conseguirá matar, já no Normal terá um pouco mais de emoção, mas a única forma de suar de verdae com este título é jogando no Hard.

Se você se acostumou com games que lhe matam a cada passo, talvez ache Bioshock mel na chupeta, mas poderá se divertir mesmo assim.


A grande sacada do game é o compasso moral que ele obriga o jogador a ter.


Eu mencionei as Little Sisters e mencionei o ADAM, que é algo que todos os moradores insanos do lugar querem ter. As Little Sisters carregam uma quantidade imbecil de ADAM consigo... some dois e dois.

Em termos práticos, você usará ADAM para comprar novos poderes e habilidades, e precisa lidar com as Little Sisters para conseguí-lo. Você pode matá-las e ganhar muito ADAM ou salvá-las e receber menos ADAM.

Pois é, simples assim!

Bom, não tão simples, pois cada uma delas está sempre acompanhada de um Big Daddy, criaturas tão grandes e fortes que fariam o Batista parecer o Salsicha. Somente após destruir o grandalhão que você pode decidir o destino das pequenas.

Colocando os números no papel, não há muita diferença no ADAM recebido em salvar ou ceifar as meninas. Claro, quando as salva você ganha muito menos, mas eventualmente receberá ADAM de presente da cientista que o pediu para salvar as meninas, além de Plasmids exclusivos que não poderia conseguir de outra forma.

Em termos puramente técnicos, tanto faz matá-las ou não, então lhe resta apenas a escolha moral. Ao ver uma menininha indefesa bem na sua frente, chorando e com medo, você a mataria ou a salvaria

Pense bem em sua resposta, pois não é possível desfazer o que foi feito.

Este é o maior trunfo de Bioshock e aquilo que o torna um dos maiores divisores de águas em termos de FPS. Não basta sair atirando e seguindo de um lugar para o outro, é preciso fazer uma viagem interior e descobrir se você é um monstro como aqueles que já residem em Rapture ou se será o lampejo de esperança para os últimos inocentes do lugar.


Minha única reclamação de Bioshock é a forma como a história é contada. Ao longo do game se encontra diversos diários gravados em fita espalhados por Rapture e é através deles que vvocê poderá se aprofundar na história.


Tal escolha é criativa, mas pouco prática. Muitas vezes você não vai querer interromper a ação para sentar e ouvir um relato gravado de quase dois minutos de duração, o que pode criar certos buracos na narrativa do enredo.

Claro, não é um problema grave, pois o grosso a história pode ser entendido conforme o jogo avança. Mas pode desagradar a aqueles que querem conhecer todas as minúcias por trás de Rapture.

Enfim, Bioshock é um game único. Extremamente recomendado para quem curte FPS, histórias de terror ou simplesmente quer um título inesquecível em sua coleção.

Se já entrou na nova geração, faça um favor a sí mesmo e experimente Bioshock! Garanto que não irá se arrepender.

Cheers!!!

13 comentários:

Bruno disse...

Quando vi o título no meu Painel quase chorei.

Digo, Bioshock é um game fantástico, vi vários vídeos dele e gostei muito.

Principalmente os vídeos que aparecem os Big Daddyes, esses bichos enormes e gordos que tem uma broca na mão e mataram todos os azarados que passarem a sua frente.

Mas na revista em que você trabalha a nota que você deu para ele foi 9,0 e aqui foi 9,5, por que?

Por que é a versão do Xbox 360 não é?

PS: Boa escolha de jogo, gostei muito.

Tony Maclaod disse...

excelente post.
nunca joguei esse jogo.
vou procura-lo com urgencia.
que tal um post sobre resident evil, castlevania ou contra.

Felipe disse...

Esse jogo teve tantos reviews positivios que eu o comprei numa promoção, mas ainda não consegui jogar!! está lacrado aqui em casa...

Amer H disse...

Bruno... não. As duas versões são iguais e eu definitivamente não sou "ista."

Esse meio ponto a mais saiu por um lapso de atenção. Eu esqueci a nota que havia dado antes e chutei...

Vou arrumar agora.

Tony, Castlevania e Contra virão em seu devido tempo (se vocês soubessem metade dos reviews que tenho planejados...), paciência.

E Felipe, jogue que você se tornará uma pessoa melhor!

Detetive Quepe disse...

Tá aí o jogo que me fez comprar o meu 360. Este ano sai o 2! Urrú!

Nanda disse...

"que tal um post sobre resident evil, castlevania ou contra."

"Tony, Castlevania e Contra virão em seu devido tempo"

Por que o preconceito com Resident Evil?!
Eu me junto ao Tony no apelo: que tal um post spbre resident evil?? \o/

Não gosto de jogos FPS.. Me dá agonia! ahhahahahaha!!

Beijo!!

Edmilson disse...

Uno-me ao coro. Uma resenha de Resident Evil seria muito legal. Êta joguinho bom (todos eles).

Oghma disse...

Acredita que eu, um fã completamente descaralhado de System Shock (que é considerado o antecessor espiritual tanto de Bioshock quanto do também fodão Deus Ex) que ficou esperando QUALQUER COISA dos criadores e contou os dias pra sair Bioshock, não joguei até hoje?

Triste, né?

Bom, paciência. Ler essa resenha só faz com que eu sinta mais vontade de jogar, então vai ver que eu tomo vergonha na cara, compro um computador decente e vou ficar apavorado como uma putinha como fiquei nos melhores jogos que já joguei^^

Mas há uma coisa que devo comentar, Amer: o recurso de fazer com que a história seja contada por meio de logs torna tudo muito, mas MUITO mais horrível, e principalmente mais TRISTE, quando você pensa nele direito. Não quero fazer spoiler dos dois System Shock, mas se você jogar eles você vai entender o que eu quero dizer.

Nisnast disse...

Bioshock é um jogo muito foda,sinto extrema vergonha de nunca ter jogado ele,e eu vi o final bom dele e fiquei com vontade de chorar,(como se metade das pessoas que viram ele nao tivessem ficado com vontade)

Nisnast disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

esse post me deu vontade de joga-lo. eu até baixei a versão PC. todos falam muito bem desse game, vou ver se possível explorar Rapture. e conhecer uns Big Daddy por lá.

quando jogar o game, verei.

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

eu terminei o game, dependendo da fase, a pessoa passa entre uma entre duas horas. só a primeira fase do game, me fez me borrar de medo. e apenas RE e Silent Hill(nos tempos de outrora, diga-se de passagem.)que fizeram isso comigo e olha que Bioshock é um FPS.

os inimigos são tensos de enfrentar, mas com o tempo se acostuma, pois como todos piraram, geralmente se ouvem os inimigos falando sozinhos BEM ALTO. aí fica fácil de localiza-los e eles lembram aqueles caipiras de Pânico na Floresta...tenso.

as armas são realmente uteís. as plasmids são legais, mas como soube que os cidadãos ficaram deformados por usar muito esses poderes, procurei não abusar deles e fui mais na bala e chave inglesa.

mas a parte que me deu um nó no coração, foram os Big Daddies. tipo, eu achava que eles eram uns monstros terríveis, mas ao lidar com uma Little Sister e o seu protetor, me escondi e prestei atenção. meu, ele a tratava como se fosse algo especial, uma relação de pai e filha e ver a menininha arrancado o ADAM num corpo e bebendo, foi a coisa mais bizarra, mas ao mesmo tempo era adorável.(para não dizer fofo)

eu ficava com muita pena, mas para fazer o final bom, tem de salvar as Littles Sisters e os Big Daddies não deixariam. e tem vezes que em certa fases que você os encontra sendo atacados por outros inimigos. eu matava os vilões para os deixarem em paz. mas...teria que matar o grandalhão...

e o pior que eles geralmente são pacíficos, a não ser que os provoque. eles sem uma Little Sister, praticamente te ignoram, mesmo estando perto deles.

e o chefe final...não vou dar Spoiler. mas algo nele me lembra alguém de Street Fighter, mas quem? joguem e saberão.

Bioshock foi uma das experiências mas foda que já tive em jogos. tanto que vou jogar Bioshock 2 e o Infinite.

excelente game, sem mais.

Gabriel // zGABRIELz disse...

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