quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Mês das Bruxas: 25 Clássicos do Terror - Blood: The Last Vampire


Outro filme de vampiros?

Que é bom?

Em forma de Anime?

Japão, está oficialmente perdoado pela criação de Apocalypse Zero.

...

Não. Não tá não.


Nem a beira do Armagedom! Não há perdão!
Jamais haverá perdão!

A história se passa em 1966. Aqui, somos apresentados a Saya, uma linda menina asiática com cabelos negros como a noite e olhos azuis paralisantes (PIRIGÓTICA DETECTED), que viaja pelo mundo caçando Chiropteras, monstros similares a morcegos gigantes, que se alimentam de sangue humano, mas que podem assumir a forma de pessoas comuns e conviver com elas sem ser detectadas.

Após assassinar um homem (que o filme não deixa claro se era um Chiroptera ou apenas um infeliz morto por engano) em um trem, Saya recebe uma nova missão de David, o homem para quem trabalha: Disfarçar-se de colegial, e infiltrar-se na Base Aérea de Yokota, pois dois de seus alvos foram localizados lá.

Não demora muito, e Saya as encontra, bem na noite de Halloween, quando pretendiam lanchar Makiho, a enfermeira local. A garota parte uma das criaturas ao meio e fere gravemente a outra, que foge por sua vida. Começa então uma caçada brutal, e a pobre Makiho vive a noite mais aterrorizante de sua vida.

Aliás, Saya? É uma vampira. E a última “original”. Não que alguém faça questão de explicar o que significa isso, mas falo mais sobre este assunto daqui a pouco.

Por hora, apenas contemplemos que Saya é a versão japonesa e crescida
da Vandinha. E vamos todos sorrir com esta descoberta.

Blood: The Last Vampire, foi a primeira animação totalmente digital produzida no Japão. Embora pareça um Anime tradicional a primeira vista, cada centímetro seu foi desenhado, colorizado e animado em computadores.

Graças a isso, temos personagens muito bonitos (cortesia de Katsuya Terada, character designer de The Legend of Zelda: A Link to the Past e Tekken 5) e extremamente bem animados, em um mundo totalmente cinemático. B:TLV parece mais com algo que foi produzido em um estúdio, com atores de carne e osso, do que com uma típica animação japonesa.

E a direção de Hiroyuki Kitabuko (de Black Magic M-66) é simplesmente brilhante. Muitas cenas possuem um ritmo lento, que ajuda a criar um clima de suspense e tensão. Então, num piscar de olhos, a ação se torna rápida e extremamente violenta

O momento em que Saya invade a enfermaria e ataca as duas Chiropteras, ao som de Let’s Dance (da BBC Big Band Orchestra) é uma das coisas mais espetaculares que eu já vi. Não, de verdade. Se você é um fã de animação, esta é uma cena que ficará marcada em você pelo resto da vida.

Infelizmente, Blood: the Last Vampire é um filme curto, com apenas 48 minutos de duração, créditos inclusos. O lado positivo disso é que nenhuma de suas cenas é desperdiçada, e ele pode ser assistido repetidas vezes sem se tornar cansativo.

Mas o melhor de tudo é que não temos aquelas encheções de linguiça típicas de Anime que precisa preencher duas horas de duração com um orçamento que só dá pra 15 segundos. Nada de Asuka Langley fora da tela, falando por dois minutos sobre a calcinha com abertura na frente que vai comprar, mas NÃO VAI mostrar pro Shinji, porque ele é BAKA... Tudo isso enquanto a câmera foca na lata de cerveja imóvel largada sobre a mesinha da sala.

Não senhor. Nada de “jeitinho Evangelion” aqui! Pro inferno com Shinji e sua corja!

...

Ok, apesar de tudo, eu gosto da Asuka. Ela é a única com alguma personalidade naquela desgraça.

Embora ela provavelmente vá acabar trabalhando
com estas senhoras no futuro

Um dos grandes trunfos deste filme, é o quão pouca informação ele dá ao seu público.

Quem é Saya? O que é Saya? De onde ela veio? Quantos anos realmente tem? Ela é uma vampira, isso está no título do filme, mas por que é tão diferente dos monstros que enfrenta? E por que escolheu uma vida perseguindo tais criaturas?

E quanto a David? Quem ele é? Um militar norte americano, um agente da CIA? Quem funda suas operações? Talvez as Nações Unidas, ou quem sabe o Vaticano?

E os Chiropteras? São uma nova espécie de vampiros? Eles foram os responsáveis pelo fim da espécis de Saya por acaso? Seria este o motivo dela caçá-los?

Blood: The Last Vampire deliberadamente nos deixa no escuro. A história não perde tempo contando a origem de seus personagens, tampouco suas motivações. É como se alguém nos entregasse as peças para montar as bordas de um quebra cabeças, mas não aquelas que devem ficar em seu miolo. Quando terminamos de montá-lo, temos uma imagem incompleta, e temos de preencher as lacunas com nossa imaginação.

No fim, ficamos como a pobre enfermeira Makiho. Temos a sensação de que presenciamos apenas uma fração de um mundo muito mais vasto e estranho do que nossa mente pode conceber. E que permanece oculto, pois jamais conseguiríamos levar uma vida comum se soubéssemos o que realmente acontece quando a noite cai.

E é melhor assim. O mistério é o que mantém este filme em nossa mente depois que o assistimos. Afinal, o que é mais marcante? A imagem enigmática de Darth Vader em O Império Contra-Ataca, ou aquele Anakin Skywalker que não cala a boca e faz monólogos sobre areia em O Ataque dos Clones?

Pois é.

Mesmo assim, Blood: The Last Vampire teve sua trama estendida através de uma série de mangás, e de games para o Ps2 e o PSP.

Os mangás, de autoria de de Benkyo Tamaoki, trazem uma quantidade enorme de cenas de sexo quase explícito. Criadas provavelmente na tentativa de chocar o público e tentar fazer o quadrinho parecer mais maduro do que realmente era.

Além disso, o autor tentou usar elementos de ficção científica para explicar a origem de Saya e dos Chiropteras, com resultados bastante questionáveis.

Quanto aos games, são basicamente animações de duas horas onde o jogador de vez em quando escolhe uma opção que muda o rumo da história. Você sabe, um daqueles jogos que você morre duzentas vezes, apenas porque não tem uma noção básica do idioma japonês.

E claro, não posso esquecer de Blood+ e Blood-C, duas séries ao estilo Anime Miguxo, que foram inspiradas pela obra original. Quanto menos falarmos delas melhor.

Teve também o Live Action... Mas vamos ignorá-lo também.

De fato, façamos aqui aquilo que já fazemos com Matrix: Vamos ficar com o a produção original e fazer de conta que nada mais veio depois dela. É melhor pra alma.

Visto acima: Uma pessoa que achou que assistir Matrix Revolutions
seria uma boa forma de passar o sábado

Blood: The Last Vampire surgiu em um momento de transição em minha vida.

Eu já contei essa história mil vezes, mas eu era um Otaku GIGANTESCO na adolescência. Eu peregrinava constantemente até as locadoras de video do bairro da Liberdade atrás de Animes que porventura não conhecesse, ia religiosamente na Gibiteca Henfil, duas vezes por mês, para conhecer outros fãs de animação, e montei uma coleção de mais de 200 fitas VHS, com os mais vaariados títulos e das quais eu tinha muito orgulho.

Mas quando cheguei aos 20 anos, estava um pouco exausto dos Animes formuláicos que haviam se tornado parte da minha rotina diária. As séries adolescentes que tanto me empolgavam passaram a me cansar, e mesmo os desenhos considerados adultos, apenas traziam uma dose maior de nudez feminina (foi nesta época que descobri o que significava “fanservice”) e violência mais explícita, mas ainda sem nenhuma consequência real para os protagonistas.

Blood: The Last Vampire foi o primeiro Anime realmente adulto que assisti. Ele parece um filme criado cuidadosamente para ser apresentado em festivais de cinema, ao invés de uma animação feita as pressas e jogada de qualquer maneira no mercado, apenas para arrancar alguns trocados dos fãs mais compulsivos.

E é este cuidado que faz toda a diferença. Graças a B:TLV, percebi que produções como Akira e Cowboy Bebop não eram exceções no mercado de Anime, e que haviam outras excelentes opções para alguém que já havia se cansado do tradicional “herói que tira forças da fraqueza para derrotar um vilão que mostrou-se invencível nos últimos 37 episódios”.

Goku, Yusuke e J.J sempre seriam personagens queridos de minha juventude. Mas foi Saya quem me mostrou que era hora de buscar coisas novas, pois havia um mundo muito maior a minha espera.

Pirigóticas... Será que existe algum problema que elas não consigam resolver?

Cheers!!!

7 comentários:

Giovanni Seiji disse...

Achei que você não citaria nenhuma produção nipônica, Grande Amer!
Ainda bem que estava enganado!


E você tem tem meu "like" por ter citado Cowboy BeBop.
Porque Jazz é bom demais.

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

Já mencionou um anime com violência e sexo explicito... temo aonde vai parar nisso, Amer.....

Bom domingo de qualquer maneira

Amer H. disse...

Mas eu já falei de Vampire Hunter D também, Giovanni.

Adan disse...

Parece que tem alguma inspiração no terror cósmico do H. P. Lovecraft nessa observação das peças de quebra cabeças que precisamos montar sozinhos bem como na ideia de que algum conhecimento mais profundo da "realidade" é o suficiente para enlouquecer o ser.

Azrael_I disse...

Ainda bem que você apenas citou Blood Plus, Amer... fiquei com tanto trauma dessa joça (não por ser assustador, mas por ser uma bosta fumegante) que me recusei a ver Blood-C e demais spin-offs. Seja como for, eu gostei dos seis capítulos do mangá original, que apenas complementam um pouco a história, tornando-a ainda mais confusa... mas têm um bom traço e lutas legais.

Anônimo disse...

Blood - C pelo menos, fica interessante no final rs; mas vou procurar o mangá do The Last Vampire depois

Franci disse...

Nunca chame uma gotica de pirigotica, serio, isso pode resultar em morte sangrenta, dolorosa e anal.