sábado, 25 de junho de 2011

Crítica do Amer: Streets of Rage Remake


Todos já passamos por uma situação como esta: você assiste um filme ou joga um game e não gosta do produto. Quando está tentando explicar o que o desagradou nele, um espírito de porco entra na conversa sem ser chamado e solta a lendária frase “faz melhor então, mano!”

Um belo dia, um grupo de fãs (auto-batizado de Bomber Games) estava provavelmente reclamando do fato da Sega regular o lançamento de um novo Streets of Rage e do quanto a empresa abandonou seus ideais para apenas prostituir o mascote da casa em games imbecis, ou títulos esportivos com aquele que um dia havia sido seu maior rival.

Alguem então deve ter entrado na conversa e dito “vão fazer um Streets of Rage então, já que vocês são os bonzões!”

E assim eles fizeram! De 2003 a 2011, o grupo dedicou-se de corpo e alma a recriar a saga de pancadaria da Sega, com todo o amor que somente um fã é capaz de dispensar. Após quase uma década de trabalho árduo, o jogo foi terminado e colocado na internet gratuitamente, para todos os que tivessem curiosidade de jogar.

Uma semana depois, a Sega pediu a eles que tirassem o jogo do ar.


Ciumes, Sega? Ou medo de todos verem que um grupo de fãs sem grana consegue produzir algo muito melhor do suas centenas de programadores?

Enfim, uma das minhas regras ao escrever críticas de games, é que não avalio trabalhos de fãs. A maioria não tem a qualidade que se espera de um título profissional, fica difícil achar pontos positivos e julgar um produto amador baseado em suas falhas chega até mesmo a ser cruel.

Mas Streets of Rage Remake é uma exceção a esta regra e vou lhes mostrar por quê!

Uma massiva organização criminosa chamada O Sindicato, tomou as ruas da cidade. Capangas de baixo nível, gangues de rua, psicopatas e assassinos profissionais estão todos sob o controle do chefão Mr. X, que estendeu suas garras por toda a cidade e se diverte com ela como se fosse um mero brinquedo.

A polícia nada pode fazer a respeito, é quando três oficiais abandonam a força e decidem eles mesmos dar um jeito na situação. Adam Hunter, Axel Stone e Blaze Fielding partem em busca de trazer um pouco de justiça e paz para as ruas de sua cidade. Mas eles não estão sozinho, pois contam com a ajuda de Max Thunder, lutador profissional, Sammy Hunter, irmão de Adam e Dr. Zan, ex-membro do sindicato.

Juntos, os seis pretendem enfrentar com coragem e determinação às RUAS DA RAIVA!!!

...

É.

Streets of Rage Remake pega a trilogia original e mistura o enredo de todas as versões em uma única história. Os fãs mais puristas podem torcer o nariz, mas não é como se a série tivesse a história mais original de todos os tempos. Normalmente ela envolve Mr. X dominando a cidade e sendo deposto pelos heróis, a única real variação é se ele usa robôs ou não.

Sendo Streets of Rage Remake uma amálgama dos demais títulos da série, não é surpresa que TODOS os personagens que apareceram na trilogia original tomem parte deste aqui. Não me refiro apenas aos seis heróis, mas a chefes e inimigos comuns também, de Roo a Shiva, todo aquele que foi espancado nos títulos do Mega Drive dá as caras aqui, de uma forma ou de outra.

Mas estou me adiantando. Falemos um pouco da parte técnica do jogo.


Os gráficos e som de Streets of Rage Remake são simplesmente espetabulosos, não há como descrevê-los de outra maneira. Os caras da Bomber Games reaproveitaram tudo que puderam dos jogos originais, mas também criaram muita coisa, para tornar a experiência a mais completa possível.

Os sprites de animação de Axel, Blaze, Sammy e Dr. Zan foram retirados de Streets of Rage 3 (ou Bare Knuckle III, o que eu prefiro), os mais completos da série. Max veio de Streets of Rage 2, que não possui tantas animações quanto o elenco da parte 3.

Sem problemas, os programadores criaram animações de corrida e um ataque com corrida para Max, habilidades que só surgiram em SoR 3. Adam, que havia parado no primeiro game da série, recebeu um sprite de animação completamente novo, com toda a mobilidade característica do terceiro game da trilogia.

De fato, todos os cenários e inimigos que foram aproveitados do Streets of Rage original receberam um tremendo banho de loja. Cenários foram recriados e inimigos ganharam novos modelos de animação. Oponentes inéditos foram adicionados ao jogo também, com reaproveitamento de gráficos de personagens já existentes.

Infelizmente, nem tudo é perfeito, os novos sprites de animação não são detalhados como aqueles criados para os jogos originais. Tenha Axel e Adam juntos na tela por muito tempo e a diferença na qualidade entre ambos se torna notável. Não é algo que destrua a diversão, mas pode se tornar um incômodo para aqueles com olho mais clínico para detalhes.

Muito melhores são os efeitos de luz e sombreamento. Sempre que seu personagem estiver próximo a uma fonte de luz (como uma chama) é possível perceber o brilho da mesma sobre sua pele. As sombras dos personagens na tela são projetadas pelo cenário de acordo com a iluminação ambiente.

Mas caso prefira um visual mais clássico, é possível mexer em inúmeras opções no menu de gráficos, decidir a quantos frames por segundo o jogo deve rodar, escolher um filtro de imagem que melhor se adeque a seu monitor ou mesmo escolher qual modelo de sombra, o moderno ou o clássico (aquele círculo preto abaixo do personagem) que será visto no jogo.

Entre todas as fases existem cenas narrativas, que existem para ajudar a história a prosseguir. Apesar da boa idéia, elas não ajudam muito ao já magricelo enredo do jogo e francamente, não são muito bem desenhadas. O trabalho pode não ser profissional, mas não é como se não existissem excelentes artistas amadores no deviantART que adorariam tomar parte neste projeto.

O som por outro lado, é simplesmente PERFEITO! Lembra das composições de Yuzo Koshiro para a série original e o quanto eram boas, saindo de um cartucho de Mega Drive? Pois imagine-as recriadas com tecnologia de som moderna.

AAAAAAHHHHHHHH SIIIIIIIIM!!!

Eu não entendo muito de música e não sei dizer se foram recriadas com programas músicais ou se foram executadas por músicos de verdade, mas o simples fato de eu estar em dúvida já mostra o quanto a trilha sonora de Streets of Rage Remake é fantástica. Faça um favor a si mesmo e use fones de ouvido na hora de jogar, faz muita diferença.

Os sons do ambiente foram refeitos também, mas todas as vozes permanecem as mesmas, só pra manter um toque saudosista. O audio de Streets of Rage Remake é o melhor dentre os melhores, simplesmente.


A jogabilidade aqui apresentada é a clássica da série, com acréscimos e extras suficientes para deixar até o mais chato dos fãs feliz.

Assim que escolher um dos seis heróis, é preciso selecionar um dentre quatro “caminhos”. Três deles representam os jogos originais, com as mesmas fases e na mesma sequência dos quais nos lembramos, o quarto apresenta alguns estágios originais que eventualmente nos levam às etapas finais de um dos outros caminhos.

Os personagens possuem todo o arsenal de movimentos de Streets of Rage 3, o que é um bocado, diga-se de passagem; sequências de socos, os mais variados agarrões, a corrida com ataque e até os movimentos especiais. As vantagens apresentadas nele também estão presentes, a corrida com ataque evolui sempre que se atinge uma certa pontuação e os golpes especiais ainda possuem uma barra que se preenche automaticamente e que evita o gasto de energia quando um destes movimentos é usado.

E aliás, sabe quem está de volta? O carro de polícia!

Isso mesmo! O carro de polícia de Streets of Rage 1, que disparava um míssil na tela (ou uma saraivada de tiros) e matava tudo que estava ao seu redor! Ele voltou, e com uma capacidade destrutiva ainda maior do que no passado!

E quando seus personagens estiverem em um local que o carro de polícia não pode chegar (como o topo do vagão de um trem), será um helicóptero que fará uma limpeza na tela.

BRUTALIDADE POLICIAL! É ISSO AÍ!!!

Mas não é porque você tem golpes especiais e o policial Tackleberry ao seu lado que as coisas serão fáceis. Os chefes de fase podem dar um trabalho considerável, bem como os inimigos comuns, que em alguns momentos conseguem cercá-lo e podem dizimá-lo quase que sem esforço. SoR Remake não chega a ser desleal como SoR 3, mas oferece um ótimo desafio e você estará cometendo um erro em subestimá-lo.

Para os solitários que não dispensam uma partida em dupla, existe a opção de jogar com um parceiro controlado pelo computador, assim como em Final Fight 3. É possível escolher como será o comportamento do colega, entre agressivo, passivo, balanceado ou outras que lhe apeteçam. Se você sente saudade da época em que jogava com seu amigo fominha, que recolhia todas as vidas, matava todos os inimigos e comia todos os frangos, é só programar o computador pra agir como um lazarento egoísta e relembrar dos velhos tempos.

Finalmente, Streets of Rage Remake possui QUILOS de extras que podem ser comprados e que aumentam a vida útil do jogo. Ao longo da partida, é possível recolher dinheiro, jóias e vários itens que lhe rendem pontos, assim que terminar o jogo, todos eles serão convertidos em dinheiro e somados a uma graninha que é recebida de acordo com seu desempenho na partida (quantos Continues usou, nível de dificuldade e por aí vai). Tudo que precisa fazer, é ir até a lojinha de Blaze e torrar essa grana nos itens lá presentes.

Dentre os itens a venda, é possível comprar o modelo japonês de Blaze (que mostra a calcinha quando usa uma voadora), a habilidade de transformar todas as armas do jogo em Lightsabers ou mesmo vidas infinitas. Existem ainda seis personagens secretos que podem ser liberados para o uso no Story Mode, não vou revelar quem são, divirta-se destravando todos.

Claro, liberar todos os extras leva um LOOOOOOOOOOONGO tempo, recomendo que você compre uma cadeira de computador bem confortável se quiser liberar tudo. E um joystick de qualidade, SoR Remake pode ser jogado com o teclado, mas só com um controle nas mãos é possível aproveitar a experiência na íntegra.


Muitos podem dizer que Streets of Rage Remake é um crime que viola a propriedade intelectual da Sega. Eles não estão errados, mas prefiro ver este game como a declaração de amor de um grupo de fãs, por uma indústria que muitas vezes os ignora.

Mais do que isso, Streets of Rage Remake é um elo com o passado, uma época em que mentes criativas eram mais decisivas na criação dos games do que o setor de marketing, um tempo em que as empresas não lançavam jogos incompletos na esperança de lucrarem por meses as custas de DLC, nem dedicavam-se a periféricos que serão deixados de lado pelo público casual assim que a novidade deles se acabar.

Streets of Rage Remake não é perfeito, mas nenhum game é. O que importa é que este título, provavelmente criado em quartos apertados, através de muitas madrugadas em claro e por pessoas que não ganharam um centavo sequer, nasceu com qualidade o suficiente para assustar uma gigante da indústria. Motivo mais que o suficiente para merecer nosso prestígio e admiração.

E mesmo após ter sido tirado do ar, SoR Remake não será esquecido. A internet não se esquece de nada.

Cheers!!!

18 comentários:

Rod disse...

...É Amer eu tenho essa versão para PC...e realmente é excelente...isso prova que as grandes empresas de games da atualidade ( salvo rarissimas exceções ) não passam de meras sombras do que foram um dia...tornaram-se prostitutas... e pessimas prostitutas que nem fazem o serviço direito...parabens pelo post...

Caio Catarino disse...

Review foda como sempre, Amiba!

Vou dar um jeito de baixar esse jogo, de um jeito ou de outro! E a Sega tá perdendo feio pros fãs, hein? Primeiro teve o Sonic 4 fanmade que absurdamente melhor que o verdadeiro, e agora isso?

Nunca menosprezem os fanboys!

Blog do Sybão! disse...

Eu tenho esse jogo, e dou o mesmo julgamento na parte sonora. E mesmo que consiga fechar o jogo em seus 100%, ainda vale colocar em uma fase, e deixar o som rolar, enquanto você faz outra coisa.

Tão tal que SoR é uma das trilhas sonoras que não sai do meu cartão de memória.

É isso aí!

Hikaruon Dekabase disse...

A desculpiha esfarrapada que a Sega deu para o SORR faz tanto sentido que queria ver elas impedirem os trocentos hacks de Sonic que existem por aí (terminados ou não).

mr.Poneis disse...

Legal isso daqui... currículos deviam ser feitos disso... a Sega em vez de restringir isso devia fazer um contrato e lançar isso para algum portátil!!

até mais ver
mr.poneis

ps.: Numa nota não relacionada...

DD Hokuto no Ken

Parece velho mas acredito que não vi nada mencionado por aqui,

[spoiler] (afinal é uma continuidade onde a 3ª guerra não destruiu a Terra, o que provavelmente faz deste título uma heresia entre os puristas...)[/spoiler]

mas pensei que valia a pena fazer uma menção (pelo menos é divertido...)

Uris disse...

Agora só falta um outro grupo de fãs ficarem putos de vez com a situação do Sonic e criarem um game baseado no ouriço tão digno quanto este!

Ótimo Post! Valeu Amer!

Keiju disse...

Lembrei que um fã tava querendo fazer o Remake do Sonic 2 com graficos remasterizados,e a demo que ele mostrou estava melhor do que o Sonic 4.

Mixirica disse...

"Brutalidade policial é isso ai"

vc é fã de Max Payne tbm Amer???

Wings disse...

Sempre que vejo jogos de Beat'em Up
me lembro de D&D: Shadow over Mystra e D&D: Tower of Doom que roubaram todas os trocados que tinha para o lanche.


Acho que hoje as coisas andam tão mecanicas que as vezes falta paixão.

As vezes.

Franken Stein disse...

LOL ja to baixando, é só escrever no google, o ´rimeiro resultado é um link funcional do Baixaki. Muito bom! Obrigado pela dica Amer!

juninho-ad disse...

Quando fiquei sabendo que tinha sido lançado, fui correndo e baixei tudo deles, e eu joguei, e fiquei impressionado, quanto as músicas, tudo leva a crer que foram refeitas mesmo, e com mixagem eletrônica das boas, e a jogabilidade ta realmente sensacional.

Esse jogo é sem dúvidas no meu ponto de vista o melhor Streets Of Rage de todos os tempos, e pensar que a Sega estava/está anunciando Streets Of Rage 2 para download de consoles modernos porém com filtro HD sem NENHUM acréscimo, vi isso numa revista e quando joguei o Remake eu vi que seria desnecessário.

E se a Sega tirou ele do ar, ainda bem que tenho a minha cópia do jogo bem arquivada, e digo mais, tenho dois backups dele...

precausão nunca é demais.

E sim, concordo contigo, isso que os fãs fizeram foi uma prova de que amam o jogo acima de qualquer coisa, e pensar que eles poderiam faturar uma nota simplesmente mudando o nome do jogo e os sprites...

Victor Alm disse...

Esse jogo é realmente bacana, mas realmente eu não consegui ir muito longe por estar desacostumado com esse tipo de jogo e por eu não ter uma boa coordenação motora. Preciso de um controle, pois acho jogar no teclado muito confuso.

Mudando de assunto eu acho que não vi nada aqui falando sobre o game God Hand do ps2. Você já o jogou?

Tchetchetchetche disse...

Amer, baixei há alguns meses atrás, joguei e recomendei para todos os meus amigos. Viva os games de porrada na rua!

Sobre pedido de jogos, tô doido para q vc comente logo sobre DUKE NUKEN FOREVER. Dedos dormentes, em figa!

Marcelo Hazuki disse...

streets of rage rules !!!!!!!!

Ótimo jogo, principalmente pra mim pois sou um fã da série.

A nota não poderia ter sido outra.

Ótimo post como sempre Amer!!!!!

monilu disse...

Boa noite, baixei o jogo no meu pc e comprei um joistick, mas nao consigo utiliza-lo Gostaria muito de usar o controle porque no teclado ´´e horrivel.Alguem pode me ajudar? grata pela atençao

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

Street of Rage Remake é fantabuloso para se dizer o minimo, só de poder jogar com o Adam e o Max numa fase de SoR 3 não tem preço. acho uma babaquice as empresas quererem boicotar projeto como esse e o Chrono Crimson Trigger, que ia ser a continuação do excelente rpg do SNES...seja lá quem a equipe do Bomber Games, eles já são heróis no meu coração e no de muito gamers também.

agora dá licença, vou jogar com a Blaze...porque ela é ágil.

muito ágil....

AAAAHHHHH SSSIIIIMMMM!!!!!!

*ARRAM*

Logan disse...

Muito boa a análise e o game, deviam fazer o mesmo com Golden Axe, outro clássico!

Gabriel // zGABRIELz disse...

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