sábado, 18 de setembro de 2010

Crítica do Amer: Phoenix Wright - Ace Attorney


Eu adoro Visual Novels! Peregrino, como adoro!

Vocês sabem, aqueles games onde vemos imagens semi estáticas na tela, há um quilo de texto e é necessário tomar decisões cruciais em determinados momentos, que poderão fazer a história se desdobrar de diversas formas diferentes.

Claro que o jogador com dois neurônios ativos sabe que a maioria esmagadora dos títulos deste gênero são games eróticos para PC, como True Love, Hitozuma Hime Club, Sagara Family e mais um quilo de títulos sobre os quais só farei review no dia em que tiver um colapso nervoso.

Algo que está cada vez mais próximo, mas estou divagando.

Felizmente, uma vez a cada mil anos, uma grande produtora lança um ótimo game do estilo, onde o objetivo principal é um pouco mais profundo do que deixar meninas de Anime peladas e convencê-las a agarrar seu Poodle. É o caso de Phoenix Wright: Ace Attorney, título de Game Boy Advance que eventualmente foi adaptado para o Nintendo DS.

Aliás, não comprei um Nintendo DS. O única coisa que me possibilita escrever este review é a generosidade de uma amiga muito querida que me emprestou seu DS sobressalente feito à imagem e semelhança da moto do Kaneda. Que Zangief a abençoe.

Sigam-me os bons!


Aqui, seguimos a vida e aventuras de Phoenix Wright, advogado extraordinário, recém saído da faculdade de direito. Para cúmulo do azar (ou da sorte, sei lá como profissionais desta área encaram isso), Phoenix só pega casos de assassinato cabeludos, e precisa fazer das tripas coração para inocentar seus clientes, ao mesmo tempo que tenta incriminar os culpados.


Como Phoenix é um advogado da ficção e não da vida real, o rapaz precisa ir até as cenas do crime, investigar provas, interrogar testemunhas burlescas e encontrar pistas que o possibilitem vencer seus casos. Ele não está sozinho em sua empreitada, pois terá a ajuda de Maya, sua assistente “médium em treinamento” o tempo todo.

Sabiamente, os produtores do game decidiram fazer dele uma comédia. Apesar dos assassinatos, PW:AA possui um clima leve, que não se leva muito a sério na maior parte do tempo. Mesmo em um momento de alta tensão durante um julgamento, um acusado pode arrancar a peruca e arremessar na cara de Phoenix.

A história também é conduzida magistralmente pelo excelente elenco do game. Os personagens não são exatamente originais... pra falar a verdade, são todos estereótipos clássicos presentes em Animes e Mangas desde tempos imemoriais.

Phoenix é o típico herói Japonês, que vence desafios e se torna mais forte e confiante a medida que a história progride, Maya é a adolescente fofinha, infantil e pululante, cuja ajuda é indispensável para o sucesso do herói, Miles Edgeworth é o rival arrogante que faz de tudo para atrapalhar o protagonista mas eventualmente toma as decisões corretas, Dick Gumshoe é o detetive grandalhão e rude, pouco  competente em seu trabalho, mas bem intencionado e corajoso, e por aí vai.

Verdade seja dita, qualquer Anime de ação dos últimos dez anos possui personagens feitos nestes moldes, mas o elenco do game é muito bem trabalhado, cada personagem possui maneirismos próprios e um individualismo bastante claro, o que os torna extremnamente gostáveis ou odiosos.

Prova deste individualismo são as personagens Mia Fey e April May, ambas seguem o mesmo arquétipo (gostosa peituda com um eterno decote), mas são opostos magnéticos. Você irá adorar uma, enquanto desejará esfaquear a outra na cabeça com uma colher.

Não sei se é possível fazer isso com uma colher, mas enfim.


Considerando que Phoenix Wright nasceu como um título para Game Boy Advance, sua apresentação não chega a ser impressionante, mas é tremendamente competente naquilo que se propõe a fazer.


Os gráficos são em 2D, sempre um cenário estático com a imagem de um personagem sobre ele. Os personagens movem apenas os lábios e /ou piscam enquanto conversam com Phoenix, mas novas reações surgem a medida que o diálogo progride.

O áudio também não foi atualizado para a versão DS e mantém seu charme da época do GBA, com trilhas sonoras que soam muito como algo nascido no Super Nintendo. Isso não é ruim, pelo contrário, traz um grande ar de nostalgia ao game, o que com certeza é um atrativo para macacos velhos da geração 16 Bits. A música é bem composta e acompanha bem o ritmo das cenas da história.

Nenhum diálogo do game foi dublado, tudo permanece em texto, com exceção dos momentos em que Phoenix grita “OBJECTION”, “HOLD IT” e “TAKE THAT”. Considerando como a dublagem de certos games vindo do Japão ficam mais cafonas que o Adam West, talvez isso seja uma benção disfarçada.


A história de Phoenix Wright: Ace Attorney é dividida em casos, que por sua vez, são divididos em duas etapas distintas: a investigação e o julgamento. Vamos por partes então.


Durante a investigação, Phoenix deve conversar com seu cliente, interrogar testemunhas e (se existirem) outros suspeitos, recolher provas no local do crime e tentar descobrir como todas as informações que reuniu podem ser usadas para inocentar o acusado.

Toda a ação nesta etapa é feita através de menus, localizados na tela inferior do DS. Todas as perguntas que queira fazer a alguém, as diferentes locações que pode visitar ou os itens encontrados até o momento devem ser acessados por aqui, através da Stylus, ou usando o direcional mesmo.

A tela inferior também serve para investigar pontos específicos do cenário, com um pequeno cursor, que é movido e ativado através da Stylus. Com ele é possível investigar mais a fundo a cena do crime e recolher as provas necessárias para o julgamento.

Na etapa do tribunal, uma testemunha dá um depoimento preparado, é possível interromper a declaração a qualquer momento e questionar o indivíduo a seu respeito, o que lhe permitirá encontrar falhas e contradições no mesmo. É aqui também que se faz necessário o uso das provas recolhidas, para provar que a testemunha não está sendo totalmente honesta em seu discurso.

Dito isso, PW:AA é um game que não segura a mão do jogador em momento algum (com exceção do primeiro caso, que é praticamente um Tutorial). Reunir provas e declarações não significa uma vitória, pois é necessário imaginar em que contexto as mesmas se encaixam, a arma do crime pode não ser o que parece, e uma declaração sem importância de um dos interrogados (como por exemplo, o que o suspeito almoçou) pode ser a chave para sua vitória no tribunal.

Usar a massa encefálica é fundamental para o progresso no game, pois os casos se tornam mais longos e cabeludos à medida que a história progride, as pistas se tornam maiores em número e menores em relevância, e procurar pêlo em ovo se torna a única tática funcional. PW:AA não exige que o jogador tenha as capacidades dedutivas do Batman, mas cobra um certo raciocínio dele, arriscar chutes só o levará até um certo ponto, de onde só é possível prosseguir fazendo uso da inteligência.

O mesmo vale para as etapas de julgamento. Nem sempre é fácil encontrar falhas no depoimento das testemunhas e apresentar provas que não mostrem contradições no depoimento contam penalizações, após cometer cinco, o réu é condenado e você perde o caso. Felizmente, é possível se ouvir as declarações quantas vezes forem necessárias antes de se apontar algo, o que dá um tempo muito necessário para se raciocinar.

Esta necessidade de bancar o detetive/advogado de verdade pode parecer um problema, mas é a tônica do game. Ao ser forçado a participar ativamente das investigações e usar a cabeça para realmente desvendar o mistério, o jogador interage de verdade com o game, ele se torna parte do game, ao invés de ser um mero observador externo.

Infelizmente, o sistema de jogo não é perfeito. Em algumas ocasiões, é preciso encontrar uma pessoa ou objeto específico e o game não aponta de forma clara onde possam estar, isso obriga o jogador a revisitar as mesmas locações inúmeras vezes até se deparar com aquilo que precisa. É necessária uma dose cavalar de paciência sempre que se chega a um destes pontos.

Em outros momentos, é preciso se fazer jornadas desnecessárias, como na etapa em que é preciso conseguir cards para um menino, a fim de que ele testemunhe na corte. Tais buscas não acrescentam nada sólido a história e parecem existir apenas para aumentar as horas de jogo.

Outro ponto fraco de PW:AA é seu fator Replay, que não é dos mais altos. A graça da história está em se desvendar o mistério e descobrir como as provas e pistas podem ser usadas a seu favor, não há muito estímulo para se jogar o game uma segunda vez quando já se sabe como vencer cada caso.


Phoenix Wright: Ace Attorney é a prova de que um game não precisa de gráficos fotorealistas, som Dolby Surround 5.1 e Multiplayer com a capacidade de um MMORPG para ser bem sucedido. Um game simples mas bem construído ainda é mais que o suficiente para motivar uma pessoa a segurar um joystick.


Como estamos falando de um game da Capcom, Phoenix logo ganhou sua própria franquia, com direito a inúmeras continuações, spin-offs e um musical Japonês bastante bacana. Seria demais esperar uma aparição do advogado em Marvel VS Capcom 3? Só o tempo dirá.

Ah sim, o game possui uma funcionalidade muito legal! Sempre que interrogar uma testemunha ou apresentar uma prova em corte, é possível ativar o microfone embutido do DS e gritar “HOLD IT”, “OBJECTION” OU “TAKE THAT” para fazer suas respectivas ações acontecerem.

Obrigado Capcom, por possibilitar a seus fãs que pareçam completos lunáticos ao jogarem este game em público!

Cheers!!!

24 comentários:

Vagabundo da Lei disse...

Amer, cara, que saudade de vc.

Fico feliz por estar melhor e ter voltado, sobre o novo visual, vou demorar um pouco pra acostumar, mas acostumo.

Belo texto cara. Seja bem vindo de volta.

Scariel disse...

Saudade do Amer tbm!^^
Bom ver vc de volta,tenho acompanhado seu twitter nesses dias^^
Espero que vc esteja melhor.

Ótimo game,pra volta do Blog,adorei cada minuto desse jogo!

Phoenix Wright em MvsC3? Duvido que a Capcom faça uma coisa legal dessas,até hj sonho em ver Ryu de algum BoF...

Johnny Von Arthoneceron disse...

O bom filho a casa torna!

Que bom que está de volta, meu caro!

A parte do replay é realmente um problema. Com a dose cavalar de missões que tem que se fazer na parte da investigação do quinto caso me sugou toda a vontade de jogar esse game novamente.

Mas quem sabe eu não aprendo a jogar adventures depois desse? :D

Falando nisso, bem que seria legal um review do Monkey Island, do XBox 360.

Mal voltou e eu pedindo um review... pode me ignorar, se desejar...

Enfim, bem vindo e não desapareça, meu velho!

Pensamentos e Idéias disse...

Deu vontade de jogar esse jogo

Pensamentos e Idéias disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Avalanche(Lance) disse...

Aeee um post novo do amer!

"Eu adoro Visual Novels! Peregrino, como adoro!"

Ahh vai toma no cu vovó!

*sai*

Tanuke_sem_camisa disse...

The boy are back in town.

Bom te ter de volta,e nada é tão bom quanto gritar OBJECTION no meio da rua.

Dark_Yamatoman disse...

Excelente review Amer, e é ótimo ver você de volta! =D
Espero que faça um review do resto da série no futuro também! ;)

PedroMS disse...

Aeeeee, finalmente vc voltou cara, tava achando q ia desistir de postar, mas eu estava errado, bom te ver de novo Amer!

Lucas Sena disse...

The Hammer is back!

Bom ter você de volta cara!

Agora se me dá licensa, vou voltar e ler o review porque não consegui me conter quando vi isso aqui.

joaopaulo.bacn disse...

O Amer voltou!! HOORAY!!! *___*
BTW, o novo visual ficou foda! ♥

Sobre o game: nunca joguei, mas gostaria de jogar... quero um DS! XD

O Jogador disse...

Bem vindo de volta, camarada. E by the way, se gosta de jogos inteligentes jogue Professor Layton and the Curious Village, nem que seja por emulador. Vale a pena comprar um DS só pra jogar ele e as duas continuações [E The World Ends With You, mas esse fode a tela de toque do DS]

E.D.I disse...

Ainda não li o artigo, mas estou felizão que o Amer voltou Aêêê

Sergio disse...

finalmente o review de um dos meus jogos prediletos. fico feliz que o blog voltou com um otimo retorno como esse.

matheus disse...

Bom te ver caro Amer!

Enfim! Duvido muito que o Sr.Veríssimo esteja em MvC3, pois a Capcom já queria ter posto ele no Tatsunoko vs Capcom.

Mas tiraram ele por dois motivos.

Primeiro porque seria meio tenso fazer o seus ataques(Só haveria objection).

Segundo porque seria dificil traduzir o seu golpe para o americano, visto que em japones, é Igiriari ou algo assim.

O número de kanjis é menor que o número de letras de Objection, ou algo assim...

Desculpas, desculpas.

Otto disse...

Ah, here it goes,
here it goes,
here it goes again.

Escolhemos o mesmo momento para recomeçar? Como você, acabei de reentrar na internet.

Não obstante também voltei com o blog. Tá, na verdade fiz um blog teste e só agora o oficializei. Fiquei duas semanas sem postar porque tive que escrever três contos de terror.

Sabe, eu tenho um certo receio de mostrar meus contos na internet, você acha que corro riscos de cópia? Na verdade eu acho que ninguém dá muito valor a copiar contos e se nomear autor, mas... Tem cada louco.

Ah sim, inclusive eu gostaria que você retirasse o link da Infopix do seu mainblog e colocasse o do novo: www.cultto.net .

Lá tem um post que eu gostaria bastante que você lesse porque é um visual novel que eu sei que tu gostaria, que se chama Saya no Uta.

Quanto ao post, excelente. É legal ver outros analisando jogos porque tem sempre uma característica que você sabe que não teria citado.

Eu também não tenho DS, mas minha vontade de jogar foi tanta que baixei um simulador e completei o game. Eu realmente adorei o game e não vejo defeitos a citar (Tá, admito eu me cansei da longevidade do último caso, mas isso não é defeito).

Cara... Deve ter uns seis Ace Attorneys e eu ainda estou no início do início do segundo. Sem previsão de tempo para jogar.

Enfim, that´s all.

See ya.

Rafael disse...

MALDITO,me obrigou a checar TODO OS DIAS os seus 3 blogs procurando alguma atualização...
vc fez falta cara, bem vindo d volta

Germano, vulgo Gê disse...

Aweeeee!!! O Amer voltou!!

Bia Chun-li disse...

Voltou!!!!!!!!!!!!!!!! =D

Eis um game que sempre tive vontade de jogar. ^^

Sasoriman disse...

Eu morrendo de vontade de terminar esse jogo... E quando vejo, dá o Amer falando dele. É...

Aliás, Amer, o único personagem que daria certo no MvC3, seria a Franziska Von Karma, porque ela tem um chicote.

Aliás, ela é do segundo jogo...
Anyway, bom review. /o/

Rodrigo disse...

AMER IS BACK!! GREAT!!!
Cara que saudades! Tava faltando cultura na mina vida!

Blimbou disse...

Milagre!
Um game de DS!
Eu te indico ainda: Kirbs canvas curse, Ninja gaiden, zelda phanton hourglass

Vagabundo da Lei disse...

Amer. Já jogou Dead Space? Se sim, já pensou em fazer um review dele algum dia?

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

ainda tenho que jogar Ace Attorney, desde que passei a jogar Myst, adquiri gosto por games cerebrais. boa pedida. exceto para os jogadores de "Wing Elevi" pois um game desses faria seus cerebros explodirem em fezes...