quinta-feira, 22 de abril de 2010

Crítica do Amer: Street Smart


Artigo atrasado porque fiquei sem internet a noite inteira e parte da manhã de hoje. Agora que está tudo explicado, vamos ao review.


A molecada de hoje sem dúvida perdeu experiências gamísticas (e isso lá é uma palavra?) que os velhos como eu tiveram. Uma delas era a clássica garimpada em locadoras de games as Sextas Feiras.

No último dia útil da semana, tínhamos a gloriosa tarefa de correr até a locadora mais próxima e escolher os títulos que levaríamos para casa e aproveitaríamos no Sábado e Domingo. Certos games tinham precedência sobre outros: Double Dragon era preferível a Whomp’Em, Final Fight era melhor que Ultraman Towards the Future e Revenge of Shinobi era uma escolha bastante superior a Last Battle.

Mas para conseguirmos tais games, precisávamos ter noção de timing. Era necessário ir até a locadora logo após o final da aula, logo antes do almoço, uma hora mais tarde... e tudo que teríamos para escolher seria Dick Tracy, Yo! Noid e Robin Hood: Prince of the Thieves.

Aposto que muitos de vocês lembraram agora daquelas Sextas Feiras onde todas as crianças presentes em uma locadora estavam com uniforme escolar, com o casaco amarrado na cintura porque aquelas roupas eram quentes feito a peste.

Como muitas crianças não podiam ir as locadoras sem autorização de seus pais (afinal, eram sempre eles que pagavam a locação), só lhes restava jogar o refugo que os demais não quiseram levar para casa.

E foi assim que muitos de nós conhecemos Street Smart.

“Mas Albatross, Street Smart é um game muito legal, você pirou?”

Não não pirei.

E Street Smart não é um game legal. Qualquer um que diga esta atrocidade não o joga desde 1991, tenho certeza.


Então, o game é sobre um torneio de luta que se passa nas ruas. O objetivo é ganhar uma quantidade de dinheiro obscena e torrar tudo com mansões, iates, carros esporte e mulheres.


Sim, exatamente como o Pica Pau sonhava em fazer.

Para participar deste torneio sem regras e cheio de adrenalina, o jogador pode escolher um de dois mestres em artes marciais: Karate Man e The Wrestler!

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Não, espera... isso é sério?

Os heróis do game se chamam Karate Man e The Wrestler?

KARATE MAN E THE WRESTLER?????

Santa falta de inspiração, Batman! Os criadores deste game realmente queriam sair mais cedo do trabalho.

Aliás, o enredo é só esse mesmo: lute e ganhe grana.

Street Smart possui dois finais: um em que seu lutador (KARATE MAN!!!) ganhou milhões, descolou um carro e uma esposa troféu, e outro em que ele vira um mendigo que se veste com sacos de compras, pois perdeu tudo que tinha.

Inspirador.

Eu juro, nunca mais reclamo do enredo de Gears of War.


Os gráficos são simples, não de todo ruins, mas nada especiais também.


Nem personagens nem cenários possuem muitos detalhes, o que é aceitável para um game de 1991. O único problema é que Street Smart possui gráficos um tanto escuros, nada que atrapalhe a partida ou que não possa ser resolvido mexendo-se no brilho da tevê, mas é algo que enfeia um pouco o visual.

Os personagens não possuem um design muito criativo, todos são variantes de “capoeirista”, “cara grande”, “gêmeos loiros”, “cara muito grande”, “dupla de caminhoneiros”, “cara grande grande mesmo” e por aí vai.

Lógico que vindo da equipe que achou que KARATE MAN seria um bom nome para um protagonista, essa seleção pouco imaginativa de personagens não chega a ser uma surpresa.

A animação dos personagens é inconsistente. Alguns movimentos possuem uma quantidade aceitável de quadros de animação, enquanto outros parecem um daqueles animes baratos em que a Manchete tentava fazer emplacar com o sucesso dos Cavaleiros do Zodíaco.

O som possui altos e baixos... bom, mais baixos do que altos pra falar a verdade.

Embora a maior parte das músicas seja péssima, algumas são bem compostas. Infelizmente, toda a trilha sonora deste game parece ter sido executada com um mini teclado da Casio.

Você lembra deles, não? Que som horrendo produziam, ideal para afastar vampiros!

Os efeitos sonoros também não são grande coisa. Os golpes soam como tortas de coco acertando a barriga de caras gordos (desculpem, foi a melhor analogia que consegui pensar), não com socos ou chutes.

Só se destaca o som da platéia assobiando e torcendo ao final da luta, provavelmente porque a chatíssima batalha que estavam assistindo acabou e agora podem voltar para casa e assistir A.L.F.

Diabos, por que não ficaram em casa de uma vez?


A jogabilidade... ohhhh céus... a jogabilidade...


Street Smart foi lançado antes que Street Fighter II e Fatal Fury começassem a definir como um game de luta deve se portar em público, e assim sendo, ele toma diversas liberdades e não sabe se é um Beat’em Up ou um Fighting Game.

Seu personagem (KARATE MAN!!!) possui movimentação livre pela tela, como em um Beat’Em Up, mas só enfrenta um oponente de cada vez (bom, as vezes dois), como em um Fighting Game.

Os controles são simples: soco, chute e pulo. Você pode executar uma voadora e um golpe especial também, se quiser.

O saco é que o controle é terrível e a detecção de colisão ainda pior.

Os personagens respondem bem quando se usa comandos simples, mas executar os ataques especiais é terrivelmente difícil. É preciso apertar os três botões ao mesmo tempo, mas dificilmente isso ativará o ataque especial e mesmo que aconteça, há uma chance enorme do golpe não atingir o oponente.

De facto, metade de seus ataques não acertam o oponente. Mesmo que ele esteja bem na sua cara, o computador não detecta que seus golpes deveriam lhe causar dano.

Logicamente, o mesmo não acontece com os lutadores do computador.

Street Smart é um jogo deslealmente difícil, pois seus ataques nem sempre atingem o adversário e mesmo quando o fazem, não causam um dano considerável nele. É preciso bater MUITO em cada inimigo para reduzir sua energia, enquanto meia dúzia de golpes bem aplicados dos miseráveis é mais que o bastante para acabar com sua vida e o fazer praguejar contra Margot Kidder.

E eu nem vou comentar o fato de que os personagens podem deslizar pelo cenário enquanto golpeiam, quase como se estivessem lutando sobre a maior barra de manteiga do mundo.

Seu personagem possui vidas extras e é extremamente difícil vencer um oponente sem perder ao menos uma. Para piorar, os Continues são limitados, o que complica sua vida caso queira terminar o game.

Ao longo do jogo, é possível gastar pontos de evolução em seu personagem e aumentar sua força, defesa e energia. Ironicamente, este sistema torna as últimas batalhas bem menos difíceis do que as primeiras. Santo bacon, quem criou este game não entendia nada de progressão de fases.

Finalmente, há o sistema de apostas. Cada vez que vencer uma luta, você ganhará uma graninha. Na batalha seguinte, pode apostar este dinheiro em você ou em seu oponente e dependendo do resultado de sua luta, ganhará uma bolada.

Claro, para ganhar ao apostar em um oponente, é preciso perder todas as vidas e gastar um Continue. Você pode faturar milhares de dinheiros com isso, mas diminui consideravelmente suas chances de chegar ao final do jogo, então... qual o sentido dessa opção?

Não, sério! Qual o sentido disso? Há quase vinte anos tento entender!


Street Smart é um game imbecil.


É interessante perceber que muitas pessoas ainda tem boas lembranças dele, o que demonstra que nos áureos tempos das locadoras, tínhamos que fazer nosso fim de semana valer a pena. Se tudo que tínhamos para jogar era Street Smart, então, por Deus, nós o aproveitaríamos como se fosse Mortal Kombat II.

E eu não consigo me conformar com o KARATE MAN! Sério, que diabos?

Se bem que... seria um bom nome pra se dar a um filho. Aposto que um guri como nome de Karate Man nunca seria aloprado pelos seus colegas de escola, eles o temeriam como se fosse um semi deus.

Ou o zoariam e bateriam nele com o dobro da força.

Hmmm, se tiver um filho, farei o teste, até lá, conservarei esta dúvida.

Cheers!!!

17 comentários:

Scariel disse...

Pena que eu não peguei a fase do NES, eu fazia isso na época do SNES.
Mas é verdade,quando pego pra jogar um game que achava bom antes, acabo me decepcionando.
A idéia do jogo até que é legal, só mal executada.
E Karate-Man é foda demais! XD

Thyago disse...

comigo era no master system. nossa, quanta merda eu jah tive que tentar jogar, como dick tracy.

e amer... KARATE MAN!

The Sandman disse...

Por essas e outras que eu sou feliz de ter nascido na era Digital! XD

Paulo_HT disse...

quem capa mais tosca..

Avalanche(Lance) disse...

Gostei do patrocinio do torneoo (TRECO)

GreenJacket disse...

Amer... Me surpreendi com o fato de você não ter feito nenhuma piada com o nome da empresa que criou o jogo, a "Treco".

Marco Antonio disse...

Boas lembranças. E olha a "produtora" (ao menos está na camisa da garota e na caixa do jogo) "treco". Eu sempre zoava isso enquanto garoto.

Hikaruon Dekabase disse...

Grande resenha Ammer , posso dar uma sugestão de jogopara você fazer a resenha? Two Crude Dudes

Rodrigo disse...

HAHAHAHAHAHA!
Nunca cheguei a jogar isso ai, mas me lembro que você escreveu sobre a capa dele no artigo sobre as capas mais imbecis de game (Não me lembro se no primeiro ou no segundo). Sempre imaginei se o game seria pior que a capa... Agora eu vejo que sim!

Cosmão disse...

Nossa, que jogo HEDIONDO!
Eu passei por essa fase de esperar a LOCADORA ABRIR pela manhã pra alugar os melhores jogos, ainda bem que não tive o azar de alugar esse, mas já peguei outras bombas como o jogo do Barney, pro Mega....
Aliás, bem que vc poderia analisá-lo também e sentir toda a dor que senti na época uahauhauahu.
Abraços Amer, dá uma passada no meu blog quando puder, o SHUGAMES.

pepa games disse...

cara vc me lembrou com este post os tempos de muleque quando nos iamos alugar fitas e acabavamos nos degladiando para poder ter posse daquelas mais legais
o tempo bom sem preocupaçoes
mas este jogo nunca havia jogado
talvez por empre ter chegado a tempo para poder alugar as mais legais rsrsrsrs
mas fiquei curioso e acabei jogando ele no emulador
tbm vi um post no seu outro blog com as piores capas de jogos
cara vc e muito fera
valeu

GORDON FREEMAN disse...

A capa de STREET SMART também é uma porcaria!Eu vi em outro site que a capa deste game está entre as piores capas de games do mundo!!!

brjcweb disse...

Eu tive um Master. Joguei poucos jogos ruins. A maioria era jogaço: Alex Kid (MW e SW), Sonic (1,2 e Chaos), Phantasy Star, Mickey (CoI e LoI), Donald, Vigilante, Double Dragon, Turma da Mônica. Muito boa essa época.

BAH disse...

Joguei muito Street Smart...

Tão somente porque um amigo teve durante muito tempo apenas um cartucho duplo de Mega Drive com Sonic e essa joça.

F. disse...

Osu!

Amer, eu vi em alguns websites, que no canonicamente que o Karate Man seria um jovem Takuma Sakazaki Do Art of Fighting (Ambos games são da SNK, o character design dos 2 é identico, levando em conta a versão do arcade, não a versão do Mega Drive).

Isso faria sentindo, para alguem que se auto-denominou Mr. Karate quando velho. Se denominar Karate Man quando jovem é molezinha.

Gambit disse...

Estou ficando com um sentimento de nostalgia ao acabar me lembrando do Mortal Kombat II que eu jogava para Master System......

Leandro" Leon Belmont" Alves the devil summoner disse...

Street Smart é um game imbecil.


li o seu post e nessa parte, rachei bico. estou jogando ele e rapaz...difirci da gota serena. para quem gosta de sofrer num beat up, esse jogo é ideal.

e pior que não foi mencionado, se o tempo acabar, o Takuma morre

imbecil...Takuma Sakazaki.esse o futuro pai de Ryo e Yuri e não sabe dar um maldito Haoh-Shokoukren no jogo..e na zerada tá lá ele rodeado de mulheres, óculos a la Johnny Cage e roupão...

esse é o pai do Ryo? isso só prova como os jovens são...sei-lá

Street Smart é um game imbecil.

palavras mais sábias jamais foram ditas...

Hee-Hoo!