sábado, 11 de julho de 2009

Crítica do Amer: Manhunt


Vamos ser muito francos agora, video games são uma forma de diversão violenta. Que outro tipo de entretenimento lhe permite passar horas matando desconhecidos das mais variadas formas?

Claro, eu não acredito de forma alguma que games possam levar seus jogadores a cometerem atos de violência real. Passei minha vida inteira jogando coisas violentas e sou o primeiro a fugir de brigas quando as mesmas se apresentam.

De fato, sou sempre o cara que perde quando as famosas "brincadeiras de mão" começam, porque me recuso a reagir.

Pois é, sou um pacifista.

Mas isso não me impede de gostar de games violentíssimos onde a brutalidade total contra o próximo não é apenas recomendada mas necessária para o progresso na história, e é aí que entra Manhunt, possivelmente um dos games mais doentios, sombrios e violentos de todos os tempos.

Este game foi lançado na época que a Rockstar já havia atingido o estrelato com a série GTA e queria se fixar como uma empresa única no gênero. Manhunt cimentou a reputação da Rockstar como a produtora que teria culhões para lançar os títulos que outras empresas não tocariam nem com uma vara de sete metros.

Faça melhor, Square Enix!!!


O astro da história é James Earl Cash, um prisioneiro sentenciado a morte por injeção letal. Em momento algum é revelado qual o crime que James cometeu mas dado o teor do jogo, não é muito difícil imagina.


James recebe a injeção, mas acorda algumas horas depois com um ponto eletrônico no seu ouvido. Uma pessoa começa a falar com ele através do ponto e revela que ele foi apenas sedado, e que terá sua liberdade caso consiga sobeviver a um pequeno jogo do qual passará a fazer parte agora.

O sujeito que fala com James é conhecido como Starkweather e é um notório diretor de "Snuff Films", você sabe, filmes que mostram cenas de mortes reais.

Pois bem, James precisa atravessar diversos pontos da dilapida de Carcer City, enfentar e eliminar todos que estiverem em seu caminho das formas mais grotescas e violentas que conseguir, enquanto Starkweather filma tudo através das câmeras de segurança espalhadas pela cidade e mantém o "herói" do jogo sob controle através de seu exército particular de mercenários.

Claro, James não gosta da situação mas a aceita... pelo menos até colocar as mãos em Starkweather e acabar com seus joguinhos.

Como está em desvantagem numérica e com muito menos armas que seus inimigos, James deve usar da astúcia e de seu instinto natural de assassino para sobreviver. Começa então uma caçada humana, onde James precisa ser paciente e aguardar o momento certo de atacar cada oponente para então executá-los com aquilo que tiver em mãos.

O enredo do game é simples e em nenhum momento faz mais que arranhar a superfície do universo em que se passa, mas isso acaba funcionando a favor de Manhunt. A falta de informação a respeito do que está acontecendo faz com que tudo realmente pareça genuíno, ilegal e perigoso, o que sem dúvida acrescenta muito ao tenso clima do jogo.

Mas o maior trunfo de Manhunt é fazer o jogador simpatizar de forma questionável com seus protagonistas. Os únicos personagens da história com quem acabamos tendo um contato mais aprofundado são James e Starkweather, mas nenhum deles é um ser empático.

James é um criminoso condenado a morte que elimina dúzias de adversários sem pensar duas vezes, enquanto Starkweather "dirige" a ação e está constantemente falando com James através do ponto eletrônico.

É curioso sentir algum sentimento que não seja de repulsa por personagens tão imorais e violentos, e é quase impossível não se entusiasmar com o carisma de figurão de Starkweather ou com a pinta de "durão calado" de James.

O que apenas prova que a Rockstar sabe como fazer não apenas jogos polêmicos, mas histórias que nos façam questionar nossa própria moralidade e valores.

Faça melhor, Miyamoto.


Os gráficos são muito bons. Embora não sejam tão detalhados quanto outros games da época, eles fazem um excelente serviço em passar a ambientação correta do jogo.


Tudo é sujo, dilapidado e com pouca iluminação. Cada etapa do jogo se passa em um ambiente único, indo desde uma vizinhança aparentemente tomada pelas gangues, passando por um shopping center abandonado, um jadim zoológico interditado e chegando a um bairro razoavelmente bom da cidade.

Cada gangue possui seu próprio tema. Temos esteriótipos clássicos como a gangue dos supremacistas raciais, os paramilitares, os arruaceiros comuns e até mesmo a corrupta polícia de Carcer City.

Embora a idéia de gangues temáticas só tenha funcionado direito quando lançaram o filme The Warriors, aqui ela serve muito bem ao propósito do jogo, especialmente porque os membros das ditas gangues são retratados como sendo tão grosseiros e sujos quanto o ambiente do qual fazem parte.

As execuções são retratadas de forma bastante inovadora, cada vez que se aproximar de um inimigo e conseguir as condições necessárias para execução, a imagem irá mudar para o ponto de vista de uma câmera (já que Starkweather está filmando tudo) e seremos recompensados com uma cena bastante gráfica de homicídio.

James usa aquilo que tiver disponível para executar seus oponentes, então veremos pessoas sendo sufocadas com sacos plásticos, sujeitos tendo o crânio estourado com bastões de baseball, outros sendo decapitados com machetes sem mencionar cacos de vidro sendo enfiados em gargantas alheias, entre outras coisas.

Não é exagero dizer que Manhunt é um dos games mais violentos de todos os tempos, quiçá o MAIS VIOLENTO DE TODOS OS TEMPOS, então eu falo séio quando digo que é preciso ter estômago para jogar este título.

Sem brincadeira, já presenciei pessoas passando mal ao verem algumas das execuções mais cruéis.

Pois bem, os gráficos são bons, mas o áudio é onde Manhunt brilha de verdade.

Ao longo do jogo, é preciso avançar pelos cenários eliminando os inimigos que encontrar. No combate corpo a corpo, James é facilmente subjugado, portanto é preciso esperar pelo momento certo para atacar.

Como é tudo muito escuro e voce vai passar boa parte do tempo escondido (falo mais disso daqui a pouco), é preciso ficar com os ouvidos bem atentos aos sons que os inimigos geram. Passos, assobios, reclamações e provocações, isso tudo permitirá a você localizá-los e poder se posicionar da melhor forma para poder se livrar deles.

Não dá pra esquecer de Starkweather que ficará quase qu a totalidade do jogo apitando em seu ouvido com o ponto eletrônico e ao mesmo tempo que irá provocá-lo, também o ajudará em alguns momentos.

Claro, Starkweather não teria metade da gaça caso não fosse a interpretação magistral de Brian Cox no papel. Ele consegue alternar a personalidade de Starkweather entre um sujeito repelente e um homem de negócios surpreendentemente carismático com extrema facilidade.

Fora isso, existe muito pouco áudio no jogo, mas novamente a ausência de músicas simplesmente melhora o clima de tensão de Manhunt. Jogue a noite, com todas as luzes apagadas e em silêncio total para ver como a Rockstar fez um bom trabalho nesse sentido.

Claro, eu não me responsabilizo se você não dormir depois.


Na jogabilidade, Manhunt pega o princípio dos jogos stealth e o eleva a quinta potência.


Como já mencionei, James está sozinho enfrentando hordas de inimigos e precisa usar aquilo que tiver em mãos para eliminá-los. Um saco plástico não é oponente para um pé de cabra, então é preciso agir como um caçador.

Precisamente, é necessário se esconder em algum ponto sem luz, esperar os inimigos se aproximarem e então os atacar pelas costas. Assim que estiver caminhando atrás de um oponente, basta segurar o botão de ataque para que uma mira apareça sobre ele e assim que soltar o botão, James irá executar o inimigo com a arma selecionada.

Há três níveis de execução, sendo o "nível 1" o menos violento de todos e o "nível 3" o mais extremo e gráfico. Enquanto segurar o botão de ataque, a mira sobre o inimigo muda de cor, representando o nível da execução que será usada.

Quanto mais demorar para eliminar o inimigo, maiores são as chances dele o perceber e retaliar, mas por outro lado, o jogo o recompensa de acordo com o grau de violência nas execuções que usar. Depende unicamente do que o jogador considerar mais importante.

A inteligência artificial dos inimigos responde muito bem, eles reagirão a qualquer som e correrão para investigar sempre que perceberem um barulho suspeito ou se virem James de relance. Isso pode ser usado pelo jogador para chamar a atenção dos inimigos e deixá-los com a guarda aberta para serem executados. Claro, o tiro pode sair pela culatra e James pode acabar encurralado por uma gangue inteira de adversários que facilmente o subjugarão.

Infelizmente, Manhunt leva a idéia de ser um jogo stealth a sério demais e a mecânica de combate é totalmente sem refinamento. Caso acabe em uma luta com um adversário, você sofrerá um dano absurdo mesmo que vença o duelo, e se acabar enfrentando dois oponentes de uma vez, só por um milagre você conseguirá sobreviver.

Outro problema é que Manhunt abandona quase que totalmente a jogabilidade de se esconder e executar a partir do meio do jogo e a ação passa a se focar mais em tiroteio do qu execuções. Infelizmente, a Rockstar parece ter gasto tempo demais refinando as mecânicas stealth do título e não fez o mesmo com as etapas de tiro.

Muitas vezes a mira das armas não responde como devido e é fácil acabar subjugado por um número grande de oponentes que atiram muito melhor que você. É uma questão de se acostumar, mas após passar três quartos da históia se escondendo e executando gente com rolos de arame farpado, é difícil se acertar com a mudança brusca na ação.

Aliás, Manhunt é um jogo bastante difícil, você vai morrer um bocado e repetir as mesmas fases diversas vezes até finalmente pegar o jeito de cada uma e conseguir terminá-la. Este não é um game para aqueles que desistem facilmente.


Considerando tudo, Manhunt é um excelente jogo.


Deixando de lado a polêmica causada pelo título (como ser culpado pelo assassinato de um garoto na Inglaterra), este é um game bastante diferente e único, daqueles que são muito falados mas que poucos acabam realmente jogando.

Se tiver estômago e não acreditar que games podem influenciar o comportamento e a mentalidade de um indivíduo, ou se simplesmente adora filmes de terror com excesso de violência, dê uma chance a este título, que eu acredito que voce irá gostar.

E aproveite que Manhunt não foi censurado como sua continuação.

Mas isso é uma outra história para outro dia.

Cheers!!!

13 comentários:

E.D.I disse...

existem dois jogos que eu joguei de noite uma vez, e ainda estou criando coragem pra voltar a jogar de noite, manhunt e Fatal Frame 2.

jocker disse...

ótimo post amer agora tenho um jogo para você fazer o review
SUPER METROID
sincera mente eu odiei o jogo
sério...
pare de me olhar assim...
olha eu baixei o emulador joguei por meia hora e bocejei umas duzentas mil vezes foi um saco
em fim me convença de que é um bom título q eu talvez re considere
talvez...

Pudim de Kana disse...

Ótimo jogo. Bem melhor que o 2, que apesar de bom é bem bugado.

Zé Abrão disse...

curti Amer. Aliás, posso te fazer um pedido? Eu quero fazer uma postagem sobre a história dos games e queria saber se você poderia me enviar material. Diga se sim ou não aqui nos comentários, se sim, eu coloco meu e-mail aqui, se não, eu fico calado né...

Amer H. disse...

Que tipo de material?

Zé Abrão disse...

podem ser textos ou artigos que contem a história dos video games, mas com maiores detalhes, pois é fácil achar resumos por aí, queria algo melhor como os consoles e jogos mais marcantes, enfim, o que você tiver sobre o assunto que poderia me ser útil

Zé Abrão disse...

algo como fontes bibliográficas, até mesmo videos, que eu possa usar para tirar as informações necessárias

Zé Abrão disse...

se vc topar, meu e-mail é jgabrao@hotmail.com

jocker disse...

o amer eu tenho uma pergunta:
por que amer?
tem alguma coisa a ver com Homer Simpson?,
seria esse um segredo de estado?,
você não faz idéia de porque picas?, você inventou esse nome?,
d)todas as anteriores?
ou eu não dei uma dentro e errei todas as opções?
dúvidas,DÚVIDAAAAAAS...
...

jocker disse...

putz só faço merda!!!!!!
foi mal amer tanta gente poe no nick name um nome falso que (eu por exemplio)que nem me passou pela cabeça que as pessoas poe seus próprios nomes de vez em quando.
bem agora todos os que comentarem(ou lerem os comentários)desse blog vão ver o meu natural talento de queimar o meu próprio filme...
bem pelo menos você respondeu um dos meus posts pela primeira vez e isso já compensa a minha pagação de mico.
...

Zigga disse...

Okay, toda vez que eu leio o nome Manhunt eu penso no site de relacionamentos de mesmo nome e não consigo levar o jogo a sério como deveria. Carai, quando eu ouvi falar do jogo pela 1ª vez, eu achei que fosse um jogo estilo Cho Aniki.

Eu tenho problemas...

Mr. Ace disse...

Eu tava com Manhunt encostado aqui no meu porta CD faz um tempo, depois que li o artigo passei a noite inteira jogando...
Você poderia fazer o próximo review sobre algum jogo de terror como Fatal Frame (1, 2 ou 3), Silent Hill, Syren e etc. Que ficaria bem legal.

João Pedro disse...

Ilman, você já jogou Rock n' Roll Racing?