Crítica de Games: Red Dead Redemption

Eu sou um Gamer dedicado há quase vinte anos, e em todo esse tempo, há um gênero que eu vi ser meio deixado de lado pelas produtoras: Western.

Claro, temos games que se passam no Velho Oeste, como Sunset Riders, Cowboy Kid, Wild Guns, Call of Juarez, só pra citar alguns. Mas mesmo assim, são muito menos games nesse estilo do que digamos, de guerra ou ficção científica.

Pra cada quatro games da série Contra, temos um Sunset Riders, para cada seis Call of Duty, temos dois Call of Juarez, e por aí vai. Esta era tão desbravada nos cinema permanece ainda relativamente intocada nos games.

Mas tenho a impressão de que isso vai mudar a partir de agora.

Red Dead Redempton foi anunciado em 2009 pela Rockstar e deixou muita gente com o dedo coçando. Seria como um GTA no Velho Oeste? Com roubo de diligências ao invés de furto de automóveis?

Me alegro em dizer que SIM! É basicamente isso.

E mesmo hoje, com toneladas de games do gênero, devo dizer que é um presente aos jogadores quando a Rockstar lança um destes títulos. Vamos lembrar que a produtora praticamente criou o paradigma dos jogos em mundo aberto e conseguiu se reinventar a cada novo Grand Theft Auto e Bully.

Teria a Rockstar recriado a roda com sucesso mais uma vez, ou Red Dead Redemption merece ser jogado no estrume como foi feito com Buford “Mad Dog” Tannen?

Vamos descobrir, peregrino!

A história acontece na virada do século 19 para o século 20. Estradas de ferro cortavam o território Norte Americano, a urbanização do país começava a se espalhar a partir do Leste e a era dos Cowboys chegava ao fim.

Seguimos a história de John Marston, um homem com um passado violento, o qual ele tenta deixar para trás. Tudo que quer, é viver em paz com sua esposa e filho e cuidar de sua fazenda, deixando que o tempo lave o sangue de suas mãos.

Infelizmente, os pecados do passado não são facilmente esquecidos e o destino obrigou John a confrontar Bill Williansom, um colega dos velhos tempos. O encontro não foi tão bem e John acabou com uma bala no estômago, não fosse a bondade de uma mulher que por ali passava, a história teria acabado ali mesmo.

Recuperado, resta a John partir no encalço de Bill, fazendo contatos, ajudando aqueles que encontra pelo caminho e tentando sobreviver nesta terra nada amigável que é o Oeste Selvagem.

Ao criar John, a Rockstar optou por fazer dele não um criminoso, mas um homem que teve uma vida dura e que tenta reparar os erros do passado. É bastante fácil sentir empatia por este sujeito plenamente capaz de matar, mas que evita ser violento sempre que tem a chance.

O elenco de apoio é igualmente tridimensional e crível, desde a rancheira durona com coração de ouro que salva John no início da história, até o velho caloteiro que vende “remédios milagrosos” para os povoados por onde passa. Todos os estereótipos clássicos do gênero Western podem ser encontrados aqui, o que torna toda a experiência deste game muito mais genuína.

Sergio Leone ficaria orgulhoso.

Os gráficos são fantásticos, com personagens muito bem construídos e dotados de personalidades únicas. Eles não são foto-realistas como em Mass Effect, mas isso não é necessário aqui. O estilo artístico da Rockstar permanece único e é um dos responsáveis por dar a este game toda a identidade que ele precisa.

As texturas são muito bem feitas, couro parece couro, pêlo parece pêlo, um terno de linho parece linho e um poncho surrado... bem, parece um poncho surrado. Isso para não mencionar nas pessoas eternamente sujas de poeira, algo que dá muita autenticidade ao jogo.

Os personagens se movem de forma realista e reagem de maneiras imprevisíveis durante a partida. Ao balear um homem montado em um cavalo, ele pode cair do animal ou ficar preso à sela enquanto é arrastado. As animações de morte dos inimigos são um show a parte.

Mas é óbvio que muita dedicação foi dada aos animais do game, com cavalos, lobos, cães, burros, coelhos, pumas e muitos outros representados de forma belíssima e movendo-se como suas contra partes reais. Ao cavalgar, tente prestar atenção a perfeição de movimentos de sua montaria, é algo quase hipnótico.

O som também é um show a parte e complementa ainda mais a ação.

Os animais soam exatamente como devem, o que com certeza exigiu horas e horas de capturas de sons de bichos variados por parte da equipe de produção do jogo.

As armas do game também soam como equipamentos da época, ou pelo menos com o que nos acostumamos a ouvir em filmes de Western. Nenhuma pistola ou rifle soa como uma Desert Eagle ou outro armamento moderno e agradeço aos céus e a Jack Palance por isso.

Finalmente, a dublagem é fantástica, com atores de primeira categoria emprestando suas vozes aos personagens, algo que já se tornou tradição da Rockstar.

Para quem curtiu GTA: The Lost and the Damned, um presentinho extra: John Marston é dublado por Scott Hill, que emprestou seus trejeitos de durão a Johnny Klebitz.

Acreditem quando eu digo que faz diferença, a presença de Scott Hill no elenco nos faz sentir como se estivéssemos reencontrando um velho conhecido. Isso sem dúvida passa algum conforto no início do game, quando tudo é novidade e ainda não sabemos direito pra que lado correr.

No início do texto, me referi a este game como um Grand Theft Auto no Velho Oeste, ou seja, se você estiver acostumado ao esquema de jogo de GTA, vai se adaptar rapidamente a este.

Ok, para as duas pessoas do mundo que nunca jogaram GTA (sério, qual o problema de vocês?), o game funciona mais ou menos assim: o mundo é aberto desde o início e você pode fazer o que lhe der na telha, seja simplesmente caminhar pela cidade, cavalgar pelas planícies ou iniciar um tiroteio, é possível fazer uma cacetada de coisas para se passar o tempo.

Assim que decidir avançar na história do jogo, pode ir até determinados locais marcados no mapa e realizar missões para personagens específicos. As etapas iniciais o ensinarão os comandos básicos do jogo e as demais colocarão suas habilidades a prova.

O sistema de tiro é muito eficiente, a mira é controlável o suficiente para permitir que qualquer parte do corpo do inimigo seja alvejada. Você pode atingir as pernas de seus oponentes, desarmá-los com balaços que acertem seus revolveres, ou caso esteja sentindo-se especialmente folgado, pode arrancar seus chapéus sem causar um Headshot.

Um sistema que auxilia muito no tiroteio é o Dead Eye, que causa um efeito de Slow Motion na tela e o permite mirar em quantos alvos quiser enquanto o efeito durar (todos serão baleados ao fim da câmera lenta). O Dead Eye é especialmente eficiente em momentos que você seja cercado por gangues sem ter um local para se proteger.

Por falar nisso, o sucesso nos combates depende quase que exclusivamente de cobertura. Ocultar-se atrás de uma cerca, parede ou rochedo é vital para sua sobrevivência, uma vez que avançar pra cima dos inimigos como se fosse o Rambo não funciona tão bem quanto alguns de nós gostaríamos.

Dinheiro é uma necessidade vital em Red Dead Redemption, com o qual você pode comprar casas, novas e melhores armas, mapas e cavalos mais velozes, entre outras coisas. Todas as missões dão uma graninha, mas existem outras formas de se aumentar seu capital, entre elas jogar Poker, participar de disputas de queda de braço, trabalhar como guarda noturno em vilarejos ou simplesmente sair para caçar.

Diga-se de passagem, caçar animais selvagens é uma das coisas mais divertidas aqui presentes. Todos os animais do jogo podem ser abatidos, o que permite remover sua pele, carne ou penas, dependendo do bicho. Logicamente, animais mais perigosos rendem mais dinheiro, mas suas chances de sair vivo do confronto são muito menores.

Quando der de cara com um urso pardo, vai me entender.

Também é preciso saber qual arma usar na hora da caça. Um rifle com certeza é indicado para se derrubar um lobo ou puma, mas vai literalmente explodir um coelho, o que não deixará pele ou carne para ser recolhida.

Outra forma de se conseguir dinheiro é caçando foragidos. Posteres com os mais procurados são esporadicamente colocados na delegacia, caso aceite a missão, você deve ir até o último local onde os sujeitos foram avistados, eliminar suas gangues e decidir se irá capturá-los vivos ou não.

Logicamente, capturá-los vivos é mais rentável, mas bem mais difícil.

John possui um arsenal bastante variado, que traz diversos tipos de pistolas, rifles, espingardas e garrafas incendiárias, e mesmo que compre novos armamentos, aqueles que já possui continuam disponíveis.

Ou seja, se quiser utilizar uma arma de longa distância, pode optar entre uma carabina ou um rifle, o que lhe permite economizar a munição de seu armamento preferido para os momentos mais casca grossa.

Mas disparado, a arma mais divertida é o laço, que você pode usar para prender cavalos selvagens (entre outros tipos de animais), foras da lei e tudo mais que lhe der na telha. Caso queira bancar o facínora, é possível laçar alguém e cavalgar enquanto o arrasta pelo chão.

E por falar nisso, o game possui um sistema bastante interessante de honra e fama. Conforme a história avança e John realiza os mais diversos atos, ele se torna conhecido pelo território, o que pode ser bom ou ruim... é o que o medidor de honra determina.

Faça boas ações (salve inocentes de bandidos, não roube nem mate ninguém que não o atacar, etc) e sua honra aumentará, as pessoas o receberão bem e você terá desconto nas lojas, entre outras coisas.

Agora, se quiser ser um lazarento, pestilento, sarnento, sujo e vil, gato polar, fique a vontade. Só não reclame quando sua honra cair além do aceitável e você for recebido a bala em todo lugar que vai.

Diferente de Fable II, não é muito fácil inverter o medidor de honra uma vez que se escolhe um caminho. Se jogar de forma desonesta até a metade do game, é mais fácil começar um novo Save do que tentar mudar sua fama.

Red Dead Redemption é acima de tudo um trabalho de amor. É claro que sua equipe de produção tem um carinho enorme por filmes de Faroeste como Três Homens em Conflito, Django, Sete Homens e um Destino, Rastros de Ódio, Os Imperdoáveis e tantos outros.

Com Red Dead Revolver, os produtores conseguiram fazer uma homenagem mais do que merecida a este gênero tão incrível e pouco valorizado hoje em dia.

E o melhor de tudo, é que este game devolve a virilidade típica dos Cowboys, tão em baixa nos últimos anos e que rendeu tantas piadinhas nas mãos de gente que não sabe reconhecer hombridade genuína.

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BROKEBACK MOUNTAIN, VÁ PRO DIABO QUE TE CARREGUE!!!

Cheers!!!