sábado, 2 de maio de 2009

Crítica do Amer: Yakuza


São lançados tantos jogos todos os dias que as vezes deixamos passar títulos que merecem uma olhada.

Você sabe como funciona, ficamos jogando os mesmos games de sempre ou nos perdemos em meio as toneladas de títulos que prometem mudar nossa vida, mas que no fim não servem nem como encosto de porta e acabamos deixando passar muitos títulos menores.

Os motivos para isso são variados. Ou o jogo em questão foi meio ignorado pela mídia, ou algum de nossos amigos jogou mas não gostou e passou a fazer campanha contra ele (e estes geralmente são os amigos que não conseguem jogar nada mais complexo que Winning Eleven) ou o jogo simplesmente saiu perto demais do fim da vida do aparelho e já tinhamos partido para um console mais avançado.

Yakuza cai entre estes títulos menosprezados que todos deveriam jogar.

O problema é que Yakuza reflete o eterno medo que os Ocientais em geral tem de qualquer coisa que remotamente pareça "Japonesa demais." O jogo levou quase um ano para chegar aos Estados Unidos após seu lançamento no Japão e mesmo assim, não chamou muito a atenção da mídia especializada.

Claro, sendo um título da Sega e a empresa estando como está nos dias de hoje, defendo o direito dos jornalistas o ramo se manterem cínicos em relação a Yakuza. Mas o fato é que este é o único game que a casa do Sonic produziu em tempos recentes que é realmente bom.

Vem comigo que eu te mostro.


Acompanhamos a história de Kazuma Kiryu, um mafioso Japonês inconcebivelmente durão e gente boa.


O enredo começa em 1995, quando Kazuma está prestes a fundar sua própria família dentro da Yakuza. Tudo vai bem até o dia em que Nishiki, o irmão de criação do herói, mata o chefão da família Fuma, ao qual Kazuma pertencia e nosso herói resolve assumir a culpa pelo assassinato, o que o faz passar dez anos na cadeia.

Quando finalmente é libertado, Kazuma descobre que Nishi se tornou chefe de sua própria família dentro da Yakuza e que a soma de 10 bilhões de Ienes foi roubada dos cofres do crime organizado do Japão, o que fez todo o submundo entrar em polvorosa e leva mafiosos de todas as famílias a procurarem por ele.

Kazuma acaba envolvido na história e conhece Haruka, uma menina em busca de sua mãe e que de alguma forma está relacionada ao roubo da fortuna da máfia, o que o obriga a se tornar o guardião da menina.

O enredo de Yakuza se assemelha ao de um bom filme de ação Japonês. A história prende o jogador e faz com que ele tenha um interesse genuíno em montar todas as peças do quebra cabeças que é o mistério do roubo do dinheiro.

Não apenas isso, mas o jogo recriou com perfeição todas as nuances a Máfia Japonesa, de suas tradições a seu modus operandi. Até o momento, nenhum outro game se deu ao trabalho de mostrar de forma tão profunda as relações internas de uma organização criminosa real e isso sem dúvida torna o jogo ainda mais fascinante.

Os personagens também são muito bem trabalhados e cativantes.

Kazuma é o arquetípico "durão de bom coração", capaz de arrebentar um bastão de baseball na cabeça de um oponente, mas que não tem coragem de recusar o pedido de uma menina que quer alimentar um cãozinho faminto.

Haruka não é a típica "criança prodígio" que vemos em certos games e se mostra uma personagem bastante verossímil. Poucos títulos se deram ao trabalho de criar uma personagem infantil tão realista (de cabeça, só consigo pensar em Nanako de Persona 4).

Por fim, todos os coadjuvantes tem personalidades marcantes, desde Shinji com a mudança drástica em sua personalidade desde a prisão de Kazuma até o detetive Date, com sua pinta de quem acabou de saltar de um filme noir dos anos 40.

A única coisa que tira um pouco o brilho dos personagens é a dublagem do jogo, mas falo mais disso depois.


Visualmente, o jogo é espantoso.


Os personagens em sua maioria são muito bem modelados e possuem ótimas texturas, cada um tem suas próprias características físicas e fazem muito bom uso da potência do PS2.

A cidade onde acontece a história é extremamente viva. A qualquer horário que você resolva dar uma volta pelas ruas, verá dezenas de pessoas indo e vindo, mulheres fazendo compras, colegiais vadiando, mendigos caídos pelos becos, pilantras arrumando confusão, prostitutas trabalhando, enfim, há muitos elementos na cidade e mesmo com a tonelada de pessoas ativas simultaneamente, não há queda de frames ou slowdown durante o jogo.

Os transeuntes da cidade não possuem o mesmo visual detalhado de Kazuma e dos outros personagens chave da trama, quando comparamos, eles possuem um visual bastante simplório. Isso não chega a ser um problema, considerando que a maior parte do tempo eles serão vistos de longe, mas quano se aproximam, seus modelos são notavelmente feios.

O som é bem trabalhado, mas poderia ter sido melhor. A trilha sonora é bem composta porém discreta e em nenhum momento em especial irá fisgá-lo, o fazendo querer comprar o CD com as músicas do jogo.

A dublagem por outro lado, é o maior problema do jogo.

Foram escolhidos bons atores e atrizes para dar vida ao elenco (como Michael Rosembaum e Mark Hammil), mas infelizmente a maior parte dos membros do elenco parece não ter "captado" o sentio da trama, o que nos faz ter uma dublagem que varia entre o bom e o medíocre a maior parte o tempo.

Temos também o pouco cuidado dedicado a sincronização das falas com o movimento labial dos personagens durante as cenas do jogo. Em alguns momentos é extremamente notável que os lábios do personagem pararam de se mover, mas ele continua falando e é meio difícil levar a trama a sério quando esse tipo de coisa acontece.

Por fim, é simplesmente estranho ver um elenco de personagens totalmente Japoneses, em uma história notavelmente Japonesa, todos falando Inglês e alguns até mesmo com sotaque.

O excesso de palavrões colocado na versão Americana também não combina com o aspecto solene demonstrado por grande parte dos personagens, o que demonstra que a localização do título merecia ter sido mais bem trabalhada.


A jogabilidade é bastante variada e oferece muitas coisas para se fazer entre os momentos mais importantes da trama. A cidade é totalmente aberta e você pode ficar correndo de um lado para o outro dela, embiusca do que fazer.


E coisas a fazer é o que não falta aqui.

Você pode sair resolvendo mini-quests, que envolvem desde retomar a bolsa de uma mulher que foi roubada, até atender os chamados de um misterioso celular encontrado em um cadáver e obedecer as ordens que lhe são dadas para assassinar uma pessoa.

Um mini game extremamnte divertido e viciante é visitar os "Hostess Bar"

Para quem não sabe, existem bares no Japão onde é possível pagar uma quantia e escolher uma moça para lhe fazer companhia e conversar com você enquanto bebe. Kazuma pode frequentar estes bares, escolher moças diferentes para lhe acompanharem e se conseguir agradá-las o suficiente, ganha o direito de ter um "super encontro" com elas fora do bar.

Se é que você me entende...

Tais mini games consistem basicamente e responder corretamente as perguntas das garotas e comprar bebidas que elas apreciem para agradá-las. Não é física quântica, mas também não é tão fácil quanto parece e você vai gastar uma boa grana (e muito tempo) até conseguir agradar todas.

Claro que um game envolvendo a Yakuza vai ter também um bocado de ação. Há muitas cenas de luta no jogo, tanto em momentos chave da história quanto em ocasiões em que Kazuma estiver simplesmente andando pela cidade.

Kazuma é bastante forte e possui um bom arsenal de golpes, que podem ser ampliados conforme ele derrota meliantes e sobe de level. Com a devida dedicação, Kazuma pode se tornar um verdadeiro tanque de guerra, mais do que apto a enfrentar tudo qu o jogo mandar contra ele.

Não é preciso enfrentar a todos com suas mãos, pois o game disponibiliza uma boa quantidade de armas espalhadas pelo cenário, desde canos de chumbo e adagas até cones de sinalização e bicicletas, há uma infinidade de coisas que podem ser usadas para facilitar os combates e os tornar muito satisfatórios.

Há também a barra de "Heat", que carrega sempre que Kazuma golpear um adversário e quando estiver em seu máximo, pode ser utilizada em golpes extremamente brutais que minarão bastante a energia dos oponentes.

Infelizmente, o jogo não permite que possamos travar a mira em um adversário, o que faz com que muitas vezes acabemos usando o combo em um espaço vazio, já que o bandido saiu de seu campo de ação. Não é algo que prejudique o jogo, mas pode ser frustrante em alguns momentos.


Yakuza é um daqueles títulos que chamou pouca atenção quando foi lançado, mas que criou um público pequeno e extremamente leal. Se a Sega passasse menos tempo bolando novas formas e emascular o Sonic e se dedicasse mais a títulos como esse, talvez ela não tivesse ido a bancarrota e sido forçada a parar de produzir consoles.


Caso tenha interesse em conhecer melhor o submundo do crime organizado Japonês, ou simplesmente procure uma boa história de ação no PS2, não há como errar com Yakuza. São poucos os títulos da atualidade que ofereçam estes dois itens com qualidade tão inquestionável.

E poder estrangular um agiota com um taco de golfe sem dúvida acrescenta um bocado à equação.

Cheers!!!

32 comentários:

Bruno disse...

Eu aluguei esse game, mas não curti muito.

Mas, ele me lembra Bully em alguns aspectos, e isso bom, já que Bully é meu game predileto.

Scariel disse...

Esse tipo de jogo estilo GTA nunca foi mto meu gênero mais eu sempre tive uma curiosidade em jogar Yakuza.
Gostei da review vou ver se compro ele.
Persona msm foi um título q passou mto despercebido por um bom tempo, mas msm os games do PS1 são ótimos.

Fernando disse...

Bom ......

Ja que o amer falou tanto do jogo e meu ps2 ta parado a algum tempo, vo baxar e dar uma olhada
Gosto muito desses jogos "freeroam" em que vc tem liberdade pra ir onde quiser quando quiser =D

Caio C. Kapps disse...

Jogos "freeroam" são muito bons mesm, e se o hamer manda eu vou baixar esse jogo...
abraço

Pudim de Kana disse...

Yakuza é simplesmente genial!

Só não concordo com a parte da dublagem. Não sei se por costume, ou pela comodidade de se ouvir as falas em um idioma menos complexo pra mim do que o japonês, mas eu sempre achei a dublagem bastante boa, principalmente se tratando de Kazuma e do Nishiki.

E, só pra constar, uma curiosidade: em 2007 foi rodado um filme baseado na história de Yakuza, com o título de "Like a Dragon" (Ryû Ga Gotoku: Gekijô-Ban). Infelizmente, como grande parte das produções orientais, o acesso ao filme aqui é bem difícil, mesmo na grande rede.

Paulo_HT disse...

eu conheço esse game e até achei legal mas ja tenho GTA: San Andreas, The Warriors e Bully então queria saber o que este game tem de "novo" em relaçao à esses outros.

Amer, que tal um review de Valkyrie Profile 2: Silmeria?

Thyago disse...

@Bruno, bully é seu game predileto?
...
realmente gosto é coisa de cada um XD

Enfim, Amer, se não me engano já lançaram o Yakuza 2 pro PS2 e o Yakuza 3 deve estar saindo em breve para o PS3

Amer H. disse...

Acho que não cabe comparar Yakuza com GTA ou Bully, pois estes são games estilo sandbox, um estilo bem diferente do que temos neste jogo.

Yakuza é mais parecido com Shenmue que com os games mencionados. E assim como Shenmue, seu ponto forte é sua história.

Ou seja, se você é daqueles que tem ódio de títulos com uma história para se acompanhar, passe longe desse.

Yakuza 2 e 3 já foram lançados. O 2 eu tenho aquie pretendo jogar qualquer hora dessas, e o 3 é pro Ps3 e ainda não tem data de lançamento na América, portanto, sei lá quando o jogarei.

Otávio disse...

Isso que eu ia perguntar...

Por que nenhuma referência a Shenmue no artigo? Parecia que o jogo gritava "Shenmue" o tempo todo durante a leitura. Estava esperando o final para saber se você comentaria algo a respeito, onde supera, onde não supera, como é jogar algo parecido depois de tanto tempo...

E, se a Sega ainda pode fazer um desses, por que não a(s) continuação(ões)?

Avalanche(Lance) disse...

*Snedo chato*

Tecnicamente a Yakuza é uma gangue e não uma máfia....

Bruno disse...

Sim Thiago, o Bully é meu game predileto, já zerei umas 5 vezes.

E a última, foi 100% sem detonado.

Eu sou o cara.

E Amer, eu não comparei o Yakuza com nenhum jogo, disse que ele é um pouco parecido com o Bully.

RF Victor disse...

Damn! Quero jogar isso! Parece muito bom...

Amer H. disse...

Lance, a Yakuza é um grupo de famílias fechadas em uma organização dedicada a atividades ilícitas.

Da mesma forma que a máfia Italiana o é.

Procure o artigo sobre a Yakuza no Wikipedia em Inglês, que você vai aprender bastante coisa.

Atenção, no Wikipedia EM INGLÊS, pois no Wikipedia em Português, como tudo que há lá, as informações são ridículas e mal escritas.

UnderHell86 disse...

Yakuza é muito bom, um dos melhores jogos de ambiente aberto que já tive!

O problema com a mira sempre me incomodou bastante, porque todas as lutas acabavam demorando mais do que o necessário, mas isso, como você bem lembrou, não atrapalha a ação do game.

rafael disse...

Esse jogo é bem ruinzinho. O principal problema dele é o excesso de lutas. Mesmo que a história e a ambientação sejam legais, toda hora você está lutando e isso enjoa rapidinho. Uma pena.
Mas eu vou pegar o Yakuza 2, ou vi falar que corrigiram esse problema.

the peste disse...

tu podia fazer uma analise de mad world e um bom título e se não me engano e da sega

Otávio disse...

Ei, Amer, você não me respondeu...

Por que a falta de referências a Shenmue no artigo? Achou superior em alguma coisa? E inferior?

Te dá esperanças?

João Victor disse...

Não sei porque mais odiei esse jogo. Joguei no lixo...

Amer H disse...

Madworld não vou fazer porque não tenho Wii, nem pretendo ter tão cedo.

Não fiz referências a Shenmue porque não considero Yakuza uma "continuação espiritual" de Shenmue como tantos outros.

Apesar de possuirem alguns sistemas semelhantes, os dois jogos são bastante diferentes em sua essência e jogabilidade.

Amer H disse...

Todos, pra ser sincero.

Bruno disse...

Huahuahuahuahua, essa foi da hora.

...

Concordo contigo.

Leandro disse...

um amigo me emprestou esse game uma vez, mas nem dei muita importância. Talvez eu o compre amanhã.

Leandro disse...

eu acho o wii legal, mas apenas pra jogar world of goo

Thyago disse...

eu pegaria o wii apenas pra jogar metroid e zelda, depois dispensava .-.'

Scariel disse...

Jogar Wii na casa de amigo é legal são não vale a pena comprar um.

Caio C. Kapps disse...

concordo, o wi eh muito bom na ksa de um amigo, mais pra vc comprar um ai a coisa fica diferente...

Caio C. Kapps disse...

Hammer, na sua opinião qual o MELHOR, THE BEST GAME OF PS2 ?

Amer H. disse...

Você não me manda ruivas. Deve ter me confundido com outro Amer.

Vou atualizar os dois blogs na Quarta, vá fazer algo saudável enquanto isso.

Nunca parei pra pensar em qual seria o melhor game do Ps2. Talvez um dia eu tenha a resposta para isso.

Matheus Vitorino disse...

Eu gostei muito de yakuza,e gostei ainda mais do yakuza 2

Amer tem como travar a mira sim,é so ficar segurando R1

Gabriel // zGABRIELz disse...

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Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

Yakuza é um daqueles games que víamos nas locadoras entre 2003 e 2008 nas prateleiras do PS2, Mas ninguém se arriscava a joga-lo. Pelo menos, das locadoras do meu bairro, nunca vi ninguém jogando Yakuza. Também pudera, GTA San Andreas e outros jogos da série já haviam alienado Boa parte dos jogadores na época. Eu mesmo nunca o tinha jogado por estar mais concentrado em JRGPS.

Somente anos depois, praticamente esse ano que resolvi dar uma chance ao game após muitos falarem do Yakuza Kiwami (um remake do primeiro jogo para o PS4) e resolvi testar esse game e acabei surpreso. Kazuma Kiryu mesmo tendo a aparência estoica, É fácil simpatizar com ele do que alguns protagonistas de GTAs. É pelo que joguei ( estou no quarto capitulo) parece que vou tentar acompanhar o resto da saga do Kazuma Kiryu quando eu zerar esse game.

Leandro"ODST Belmont Kingsglaive" Alves the devil summoner disse...

Simples, Persona 4. É qualquer outra resposta, estará errada.